Hoje foi o dia da compra do mês, resolvi comprar mais besteira que o normal. Por que? Bom, eu sabia que tendo os meninos como hospedes meu apartamento ficaria uma loucura e minha geladeira vazia.
Nunca vi amigos tão folgado como eles. – Pelos deuses... No primeiro dia que eles me visitaram até entupiram a minha maldita privada.
Claro que isso acontece nas melhores famílias... Mas no primeiro dia? Por favor, isso é foda.
Solto um suspiro profundo enquanto colocava as sacolas em cima do balcão e começo a guardar aos poucos as coisas em seu lugar.
Vou até o telefone e aperto para ver as mensagens, para ver se alguém tinha me ligado e percebo que tinha duas.
Aperto para ouvir a primeira.
Mudo.
Aperto novamente e fico inquieto ao perceber que ficou um minuto em silencio.
– ... Droga... Isso... certo... – As falas eram cortadas e demorava um pouco para ouvi-las. – Você... livro... eu... Vejo... – Me irrito um pouco com a falha na ligação e percebo que as palavras não faziam sentido para mim. – Fantasma...
Uma voz desconhecida falava e logo o telefone ficou mudo novamente.
Ok, por que de toda a merda que falaram a única palavra que ficou na minha cabeça foi fantasma? Porra, provavelmente Isaac está me zoando.
Filho da mãe.
Reviro os olhos e apago as mensagens de voz.
Ouço um barulho alto ecoar pela cozinha e corro em direção da mesma, vendo o meu saco de salgadinhos caído no chão.
– Mas que merda... – Grito alto e recolho tudo do chão, colocando em cima do balcão novamente. Mas novamente um dos sacos de doritos cai no chão e arqueio a sobrancelha.
Ok, primeiro: não tem vento nenhum para cair.
Segundo: Isso foi estranho.
– Ok... Tem alguém ai? – Sim, estou ficando louco mesmo. – Porque estou começando a me irritar... – Suspiro. – Se tiver alguém do além ou uma alma a solta faça o doritos cair novamente.
Pego novamente o saco de doritos e coloco no balcão, olhando para o mesmo atentamente e fico uns dez minutos olhando-o e nada acontece.
Viu Derek..?. Nada.
Viro para ir á sala, mas sou impedido com o barulho já familiar e viro-me novamente e me deparo com o doritos no chão novamente.
NÃO ENTRE EM PÂNICO.
NÃO ENTRE EM PÂNICO.
Um.
Dois.
Três.
Um grito alto ecoa por meus lábios e sinto minha garganta arder com essa atitude.
– Ok... – Falo sozinho, tentando recuperar meu controle.
Tem um fantasma aqui... Só isso Derek. – Penso.
– Quem está aqui? Porra... Sai da minha casa, procure alguém que possa ajudar você, eu nem acredito em fantasma. – Falei sarcasticamente. –Ok, se eu estou falando com você é porque acredito agora... Mas não sou a pessoa certa para ajudar. – Sim, eu estava gritando alto e provavelmente vou levar uma bronca do sindico.
Começo a andar de um lado pro outro na sala, tentando pensar em algo. – Cara... ou mulher, sei lá... Eu não vou mexer com tabuleiro Ouija, copos, lápis ou qualquer merda que envolva o lado maligno da vida... Apenas me deixe em paz, vai procurar um amigo, parentes, cachorros falantes ou um outro fantasma para você casar.
Com os olhos nas minhas compras, vejo todas caírem no chão e bufo irritado. – Muito maduro jogar tudo no chão... Nossa, maduro demais. – Começo a bater palma. – Quer me ligar agora? Jogar uma praga? Colocar fogo na minha cozinha? – Pergunto sarcasticamente. – Porra... Eu não tenho culpa do seu estado, merda...
Pov Stiles vulgo fantasma.
Meus olhos poderiam fuzilar esse idiota. Quem ele pensa que é pra zombar de mim? Ok, eu entendo sua situação, eu provavelmente taria pirando nesse exato momento e contrataria o caças fantasmas. – Se essa merda existe. – Pensei, bufando e aproximando mais perto de Derek.
Uau... Que cretino bonito. Será que ele é algum tipo de modelo? Não sei porque algumas pessoas tem que nascer tão bonitas. MALDITA SORTE.
Qual é, eu sou fantasma e não cego.
Tento toca-lo e vejo minha mão passar por seu corpo, meus olhos não escondem a decepção. Fazia algum tempo que me via preso nesse apartamento, mas o problema é que isso não é a primeira vez. – sim, as vezes tenho flashback de outras pessoas, outros casos. É como se eu estivesse procurando algo.
Mas o que?
Derek estava com o rosto contorcido de raiva, seu corpo estava tenso e caminhou novamente para pegar suas compras.
Eu confesso que só me irritei um pouco com suas palavras e agi por impulso.
Acho que raiva é a forma que consigo me comunicar.
Eu poderia tentar lembrar o que me irritava, mas esse é o problema... Eu não lembro de nada da minha vida de humano. Será que eu sempre fui fantasma? Mas como eu sei que sou um? Será que sou mesmo?
Eu deveria ter essas respostas, mas não tenho.
Atrás dele, fico observando-o. Derek era uma pessoa estressada, parecia sempre preocupado – não que ele fosse algum antissocial ou algo do tipo.
Seu celular sempre estava tocando e eu via ele trocando mensagem o tempo todo, umas até mesmo hot. – Não que eu estivesse lendo suas conversando com uma fulaninha loira ai. Ele até mandou nude, sim... Isso me chocou também. Não gostei nadinha dele ficar mandando foto dele para qualquer um, qual é...
– Eu só quero entender... – Falei sozinho e mordi meu lábio inferior. – É uma merda ficar preso aqui e não ter nada para fazer.
Em uma atitude infantil, solto um grito alto e arregalo os olhos ao ver Derek pular aonde estava e seus olhos virarem em minha direção, mas sabia que ele não via nada. – Só quero entender... – Gritei mais alto.
Ele apenas olhava pro nada e esse nada era aonde eu me encontrava, queria que ele me visse.
– Entender o que? – Sua pergunta soou alta.
Ele me ouviu? O que?
Dou pulinhos animado. – Quero saber o que sou... – Gritava, sentindo meu corpo estremecer e um cansaço me invadir.
Minhas mão estavam mais transparente que o normal e me senti sendo puxado para uma outra dimensão. Forcei-me a ficar na sala, até mesmo porque isso era incomum.
– Como se chama? – Vendo-o tão confuso e perdido naquela conversa estranha entre pessoas desconhecida, soltei uma risada amargurada.
– Eu não sei...
Minhas palavras soaram alta, e uma dor em meu peito me consumiu.
Quem eu sou?
Quem é ele?
Por que estou aqui?
Essas perguntas me perseguiram até eu sentir meu corpo desaparecer e meus pensamentos adormecerem.
POV DEREK.
O fantasma é homem.. Ouvi-lo pela primeira vez foi estranho e ao mesmo tempo doloroso. Seria possível eu sentir a dor de alguém que eu não conhecia?
Era como se ele quisesse dizer tanto e não poder dizer nada.
Como ele não sabia seu próprio nome? – Aquela pergunta me atormentou durante a noite e pensei em como ele estava se sentindo.
– Ei, Gasparzinho... Eu irei ajuda-lo... – Falei alto e desejei que ele pudesse ouvir, pois naquele momento eu senti uma determinação me atingir e nem mesmo o medo e a confusão iria me atrapalhar no meu novo proposito.
Eu vou ajudar esse cara, nem que eu tenha que ir pro hospício.
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