Rodeado de livros sobre fantasma e aparições, passei o dia todo pesquisando sobre isso e me assustei com cada coisa que li. Soltei um grito frustrado e queria poder socar alguém – sim, eu estava uma merda hoje.
Olhei pro meu quarto completamente quieto e percebi que não tinha sinal do Garparzinho faz um dois dias.
Meus olhos se arregalam ao ouvir a companhia tocar e como uma lâmpada acendendo em minha cabeça eu percebi que tinha esquecido que meus amigos estavam vindo. –PORRA.... – Gritei, recolhendo todos os livros e jogando-os em meu guarda- roupa. – Merda, merda... – Resmungo baixo e ouço a companhia tocar novamente. – Já vai... – Maldito sindico que não anunciam eles.
Me olho no espelho rapidamente e vejo um cara cansado e com a barba para fazer. – Estou horrível. –Pensei, caminhando até a porta e abrindo-a.
Observo Ethan, Aiden e Isaac. Os três sorriam animadamente e vi-os soltar uma gargalhada alta com alguma piada interna deles.
– Sabia... – Os gêmeos disseram juntos.
– Mas que merda... Por que sempre estão com roupas iguais? – Perguntei irritado, pois sabia que isso era só uma maneira de me confundir.
Mas confesso que as vezes confundo de verdade.
– Bom dia Derek. – Isaac ignorou meu comentário e aproximou-se, batendo em meu ombro e me abraçando rapidamente. – Como está hoje?
Cumprimentou os outros dois e deixei-os entrar, meus olhos percorreram a sala e percebi que ela estava bagunçada demais, com caixa de pizza pra todo o lado.
– Passou um furacão aqui? – Aiden perguntou, fazendo uma pequena careta.
– Furacão chamado Derek. – Ethan soltou uma risada maldosa e começou a recolher todos as sujeiras, soltando alguns palavrões as vezes.
– Deixa ai... A mulher que me ajuda a limpar já está vindo. – Falei, indo até o balcão e pegando a chave de casa. – Estava indo dar uma corrida. – Menti, vendo que ainda estava com minha roupa de treino.
– Sério? Em um sábado? – Isaac resmungou.
Os gêmeos concordaram e logo estava ao meu lado, saímos juntos do apartamento e ignorando totalmente nosso amigo sedentário.
– Como está tudo por aqui? – Ethan perguntou no elevador.
– Tudo muito calmo. – Disse calmamente.
Calmo nesses últimos dias... –Pensei.
– Que bom e que pena também que está longe da gente, bate uma saudade da porra. – Aiden disse, fazendo todos rirem.
– Nem me fala... Vocês são os melhores amigos de todos. – Falei com sinceridade e vi o elevador parar no térreo. Quando parou, comecei a correr para fora do mesmo e deixei que meu corpo se acostumasse com a velocidade.
Virei minha cabeça rapidamente para trás e vi os três me seguirem, tendo um Isaac bem atrás.
– Vocês são moles. – Gritei e comecei a correr mais rápido á caminho do parque.
No meio do caminho Ethan começou a cantarolar uma musica de 30stm – No I'm not saying I'm sorry. One day, maybe We'll meet again…
– No I'm not saying I'm sorry. One day, maybe We'll meet again… – Aiden continuou.
– No No No No – Eu e Isaac gritamos juntos, fazendo eu soltar uma risada e o estresse que estava sentido foi se esvaziando aos poucos.
Os idiotas sabiam me divertir.
– Can you imagine a time when the truth ran free? – Falei mais como uma pergunta e analisei a mesma.
– The birth of a song… – Isaac gritou e percebi que algumas pessoas nos encaravam, como se fossemos loucos.
É... Talvez fossemos mesmo.
–The death of a dream… – A morte de um sonho.
Será que o Gasparzinho tem sonhos?
Porra.
Por que tudo me faz pensar nele? É como se de alguma forma estivesse me sentindo culpado por não ajuda-lo.
– Closer to the Edge...
Terminamos a ultima parte juntos e diminui os passos, esperando-os ficar ao meu lado. – Caramba... Como gostam de me fazer pagar mico. – Murmurei.
– Falou a pessoa que nem cantou. – Ironizou Ethan.
Revirei meus olhos. – Sou um ótimo amigo que não quer que vocês sejam lixados nessa cidade... – Dei de ombros, mostrando a língua para ele em uma forma muito infantil.
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Voltamos da caminhada todos cansados e quando abri a porta do meu apartamento, a primeira coisa que fiz foi me jogar no sofá.
– Tô morto. – Isaac choramingou, jogando-se no chão gelado.
Os gêmeos fizeram o mesmo.
Ficamos quietos por um bom tempo e olhei a hora. – Quem faz a comida? – Indaguei.
– Somos visitas... – Isaac murmurou.
– Visitas? Por favor... Até cueca de vocês tem aqui. – Retruquei. – Me de dois dias de rei e me deixem quieto.
– Só porque somos bons amigos a gente faz. – Um dos gêmeos disse e quase comemorei. – Vamos fazer macarrão.
Ouvi passos á caminho da cozinha e me mantive com o rosto escondido no travesseiro.
– Cadê o macarrão? – Ouvi Ethan gritar.
Bufei alto. – Porra... Procura merda, não sabe abrir as portas não?
Ouvi Isaac rir baixo e os meninos me xingaram, fazendo-me rir.
Até que estava com saudades de implicar com eles.
– E o seu fantasma? – Ouvi Isaac perguntar baixo.
– Sei lá. – Respondi. – Pera... Não é meu fantasma. – Levantei um pouco a cabeça e encarei-o, vendo que ele estava com os olhos focados na parede.
– Verdade, é do seu amigo. – A sua palavra soou um pouco sarcástica, mas ignorei-a. – Você está bem mesmo?
– Estou e não estou ficando louco... Ok? Só estava estressado esses últimos dias. –Fiz uma careta, sentindo meu corpo resmungar quando me sentei.
– Não estou dizendo que está ficando louco Derek... Mas se estiver vendo coisa você pode me contar. –Isaac me fitou e concordei.
– Ok, mas não estou vendo nada. – Dei de ombros.
– Tá. – Ele deu de ombros e ficou me fitando. – Nadinha mesmo?
Soltei uma risada. – Estou falando que não...E você está vendo algo Isaac?
– Se eu estivesse vendo eu contaria pros meus melhores amigos. –Senti a indireta, mas sabia que ele não tinha certeza de nada.
– Então vamos esperar você ver. –Pisquei para ele. – Não queimem minha cozinha, gêmeos. – Gritei alto.
Fui ignorado por eles, que nem fizeram questão de me responder.
– Que tal irmos para uma festa hoje? Naquela boate maneira aqui perto... – Isaac voltou a ficar animada, ultimamente ele estava assim, ainda mais por estar solteiro. – Vamos nos divertir, beber e encher a cara. Topa?
Abri um sorriso malicioso e concordei. – Claro que topo... Estou precisando disso. – Acabei sendo contagiado pela animação dele e entramos em um assunto aleatório sobre o seu trabalho.
Os gêmeos voltaram depois com a panela de macarrão e todos comemos na sala, com uma cerveja de acompanhamento. – começamos cedo.
Ria algumas vezes dos meninos e de suas palhaçadas.
Depois disso ficamos á tarde toda conversando, até que todos começaram á se arrumar.
Eu fui o primeiro a terminar, depois Isaac e os gêmeos.
Quando saímos para ir a boate, pedi educadamente que eles não sumissem, mas uma baita injustiça, porque depois de vinte minutos eles não estavam ao meu lado.
– idiotas. – Foi o que pensei naquele momento, mas acabei me distraindo com um rapaz que me chamou para dançar e não recusei, acabamos dançando diversas músicas e bebemos muitas doses aleatórias de bebidas alcoólicas. Como em todas as vezes que vou, eu sai de lá nos beijos com ele.
Sim, puta que pariu...
O caminho até meu apartamento foi rápido e já estávamos sem blusas no elevador. O rapaz cujo o nome era desconhecido, sorria maliciosamente o tempo inteiro e me senti em uma brincadeira de sedução.
Seus olhos me analisavam atentamente e quando abri a porta do meu apartamento, não tive tempo de fecha-la, pois seus lábios foram de encontro aos meus e suas mão caçaram o zíper da minha calça.
– Ai... –Ouvi o cara gemer e olhei-o desconfiado, pois eu nem o tinha tocado nele direito. – Minha bunda... Não bate tão forte, vai ficar marcado. –Ele dizia meio arrastado e fiquei totalmente confuso.
Eu não bati na bunda dele.
Estava bêbado, mas não idiota.
Ignorei, pois provavelmente ele estava bêbado demais.
– Puta que... – O rapaz resmungou depois de um barulho alto de estralo ecoar por nós e arregalei os olhos ao perceber que ele me fuzilava com o olhar. –Você é algum sádico? Vai se ferrar, cara... – Totalmente irritado, ele levantou-se e saiu com passos rápidos.
Fiquei confuso e me joguei no sofá, tentando entender o que acabou de acontecer.
– Que merda foi essa? – Falei sozinho.
– Não sou obrigado a ver vocês se pegando... – Ouvi uma voz atrás de mim e quando virei meus olhos se depararam com uma pessoa incomum.
– Gasparzinho?
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