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História O santuário esquecido (Interativa) - O Sacerdote e o Monge


Escrita por: SirenSong

Notas do Autor


Helooooooooooow todos

Ultimo dia de férias pra mim hoje.
Mas não de preocupem, não vou abandoná-los ^^

Espero que gostem do cap, ele meio que demorou mais tempo pra ser feito do que eu previa
i.i

Pensei que ia dar pra fazer dois hoje.
Capa: Yuzuru e Shigaraki - respectivamente.

Capítulo 10 - O Sacerdote e o Monge


Fanfic / Fanfiction O santuário esquecido (Interativa) - O Sacerdote e o Monge

Shigaraki estava chateado, havia caminhado bastante do monastério até a loja dos Yushida para comprar seu saquê. Infelizmente, o carro que iria trazer a bebida estava com problemas e não havia uma previsão certa para quando iriam resolver. Restava ao monge duas opções: comprar um saquê qualquer em uma loja qualquer ou viajar meio mundo até a fazenda de produção. Seria de se estranhar que um bêbado preferisse a segunda opção, mas Shigaraki não era um simples bêbado.

Os Yushida eram uma família grande, mas humilde, eles tinham uma fazenda no interior e uma simples na cidade. Eram bastante tradicionais e faziam tudo à moda antiga. Seu saquê era incrível.

Shigaraki não tinha problemas em passar muito tempo fora do monastério. Os velhos de lá só sabiam criticar sua conduta. Sequer consideravam que ele era um verdadeiro monge e diziam que seus “votos” eram muito convenientes para sustentar sua vida de fanfarronice. Shigaraki não era realmente desleixado, ele apenas não via motivos para perder seu tempo com certas coisas.

Apreciar a beleza da vida, beber uma boa bebida, ter boas conversas e bons amigos. Ah, isso sim elevava a alma.

Havia um certo tumulto na calçada. Havia um policial e dois outros homens discutindo com um idoso.  O velhote rugia como um dragão, com uma energia inesperada para a sua idade. Havia um carro estacionado com o selo da New Nihon, uma empresa de planejamento urbano e um carro da polícia estacionados na rua. Um pouco ao lado da discussão, dois homens fardados com o emblema da construtora estavam encostados em uma placa que, aparentemente havia acabado de ser colocada no local. Provavelmente esperavam a discussão acabar para continuar seu serviço.

Shigaraki se aproximou dos dois com uma curiosidade inquieta.

— Hey amigo! — Chamou a atenção de um dos homens batendo a mão em seu ombro.

— Pois não, senhor. — Respondeu nitidamente desconfortável com a “invasão” do estranho no seu “espaço pessoal”.

— O que é que tá rolando? — Shigaraki perguntou indiferente ao olhar do homem.

— Nós viemos colocar a placa. Este senhor viu e começou a fazer uma confusão. Chamou a polícia e tudo mais. O monge olhou para a placa tentando entender o motivo de tanta revolta.

“REVITALIZAÇÃO DO PARQUE NATURAL KOUKI

Em breve mais um empreendimento da New Nihon.

Um espaço para você e sua família

(Área de lazer, praça de alimentação, estacionamento)

Conheça esse e outros projetos no site...”

— Da outra vez foi a mesma confusão. Nós estávamos com todo o maquinário aqui para começar o serviço e tivemos que voltar. — Completou o outro homem.

— Mas o que tem aí? Ele mora na floresta?

— Parece que tem um templo abandonado no lugar.

Shigaraki olhou para a discussão. O velho homem berrava “Desrespeito! Desrespeito com o templo!” sem se importar com os olhares de repreensão daqueles que passavam ou com os sussurros de censura, “a família dele deve estar envergonhada”, “porque não vai arrumar outra coisa pra fazer e para de atrapalhar o trabalho dos homens”, “Deve ser a idade, ele deve estar louco”, “deveriam colocá-lo em uma casa de repouso”. Ninguém se importava com o que ele defendia, estavam muito mergulhados em sua hipocrisia de aparência social. Igualmente o senhor parecia não se importar em estar “atrapalhando o serviço” ou de estar “fazendo uma cena”.

Mas que velhinho de fibra...

— Não existem ritos nem mesmo um sacerdote nesse templo. Por que o senhor não vai fazer sua orações em outro lugar? Esse lugar está abandonado — Argumentou um dos homens de terno.

O monge se aproximou chamando a atenção com um pigarro alto.  

— Com licença, senhores. — Se intrometeu Shigaraki — Eu gostaria de dizer que o templo tem um fiel. Logo, é um local de culto, não está abandonado.

Os homens olharam para Shigaraki dos pés a cabeça com desdém.

— Pelas suas vestimentas, devo supor que o senhor é um monge, certo? — Perguntou um dos engravatados.

— Sim, sou — Respondeu Shigaraki orgulhoso.

— Deve então saber que existem santuários particulares e públicos. Os particulares devem estar dentro de uma propriedade privada. Um templo ou santuário público deve ser reconhecido como tal e ser registrado e atestado por hierarca da fé.

— Eu posso atestar esse templo como local sagrado. — Respondeu Shigaraki comprando a briga.

— Não, o senhor não pode. É necessário um sacerdote ordenado para fazê-lo. O senhor fez votos, isso é louvável, mas não lhe dá autoridade.

Os dois se encararam por um momento até que uma outra voz se intrometeu na conversa.

— Com licença, algum de vocês seria Ryurei? — Perguntou um jovem alto, de traços finos e cabelos negros, longos, presos num rabo de cavalo. Ele era tão bonito que Shigaraki teve que olhar duas vezes para ter certeza que não se tratava de uma mulher.

— Eu sou Ryurei. — Pronunciou-se o velho.

— Eu sou Yuzuru Harukawa, venho do santuário de Ise. Sou a resposta a sua carta — Curvando-se numa reverência. — É um prazer conhecê-lo.

Shigaraki  riu alto, verdadeiramente satisfeito.

— Parece que o seu hierarca da fé chegou. — Provocou.

Yuzuru deu uma olhada em Shigaraki tentando entender a situação o homem parecia um monge Shinto, mas não se comportava muito como um. Talvez simpatizasse com algum deus do saquê.

— O senhor é um sacerdote? — Perguntou um dos homens de terno.

— Sim, aqui está a carta assinada pelo Grande Sacerdote de Ise.

— Eu sou Inamori Satou — Apresentou-se um dos homens com uma reverência — Podemos trocar algumas palavras?

***

 

Yuzuru estava a alguns passos conversando com Inamori, o homem era um dos encarregados pela revitalização do parque e aparentemente estava tendo problemas com o senhor idoso que havia enviado as cartas aos templos.

— Eu não quero desrespeitar um ancião, mas não podemos ser tolos. Nem todas as pessoas do mundo são boas e honestas. Este homem é um velho, sem família que está morando no templo e se aproveitando da boa fé dos passantes para arrancar dinheiro deles. Ele deveria estar em um abrigo, não na rua.

— Senhor, eu vim para averiguar se este templo pode ou não ser registrado como um santuário. Não se preocupe, eu não tenho a intenção de corroborar com qualquer ato que desrespeite a sociedade ou ao divino.

— Eu entendo, eu quero apenas expor a situação. Nós temos um prazo, as obras estão embargadas. Nós temos um compromisso com os nossos clientes e com os nossos funcionários. Este homem diz lutar por um templo de um deus que nem ele mesmo conhece.

— Isso será levado em consideração. — Respondeu Yuzuru inalterado.

— Eu poderia saber quais são os critérios para que este templo seja considerado sagrado?

— Ele precisa ser a residência de um deus, ou um canal para falar com ele.

— Burocraticamente falando.

— Bom, dado o tamanho do local e a situação que o senhor informou, ele precisa ser capaz de realizar um matsuri, um festival. Se ele conseguir, ele pode receber o selo, se não....

***

 

O sacerdote subiu os degraus de pedra incomodado. Estaria um senhor de tão avançada idade realmente cometendo tamanho sacrilégio? Respirou fundo com um certo pesar. Sabia que isso acontecia, que as vezes pessoas tentavam de aproveitar e até mesmo assaltar os templos. Mas esse não era o maior problema. Muitos santuários surgem dedicados um deus ou outro por todo japão, os motivos variam desde sonhos proféticos até campanhas políticas. Santuários tendem a ser - ou se tornar - grandes fendas entre o mundo físico e o espiritual. Quando o local de construção de um novo santuário é escolhido, põe-se em prática uma série de ritos, destinados a purificar o lugar e a invocar a presença do kami, para que se digne vir habitar naquele local. Os rituais abrem cuidadosamente um canal entre os dois mundos. Quando um santuário é abandonado por algum motivo ou transferido para outro lugar, existem os ritos inversos, pelos quais se convida delicadamente o kami a retirar-se e se fecha a conexão entre os dois mundos. Iniciar um templo sem o devido preparo, apenas rasga o véu dos mundos de qualquer forma. Igualmente abandonar o lugar sem cuidados é deixar um buraco aberto. De uma forma ou de outra, a ação de pessoas despreparadas mexendo com o que não sabem costuma gerar consequências pesadas entre os dois mundos.

Yuzuru sentia que estava entrando em um lugar assim, as energias estavam completamente desbalanceadas. Mas o estranho não era isso, o estranho era a densidade de energia que havia ali. O que esse velho estava fazendo naquele templo? Foi arrancado de seus pensamentos pela mão pesada do monge em seu ombro.

— Fica calmo — Shigaraki Sussurrou — Mas parece que tem uma raposa do seu lado.

— Ela deve ser de alguém — disse o velho se abaixando casualmente — Ela está toda pintada vejam.

Um nó na garganta de Yuzuru se formou. Eles estavam vendo a Ukemochi? O quão fina a barreira entre os mundos estava nesse local? De fato o sacerdote andava com um shikigami, um protetor espiritual a seu lado, mas ele não deveria poder ser visto por olhos comuns. No meio do caminho, o pequeno animal começou a se eriçar esperando uma ameaça invisível no topo da escadaria. Os gritos de uma garota foram ouvidos. Um jovem de pele alva e cabelos negros veio correndo pela escadaria, rapidamente um outro rapaz moreno apareceu atrás dele e lhe deu um chute, fazendo o primeiro rolar degraus abaixo.

Tanto o sacerdote como o monge estavam atônitos. O velho foi o único que continuou subindo as escadarias tranquilamente.

— Não se preocupem. Não foi nada de mais. Sejam bem vindos à familia.

***

Yuki estava animada, o ingresso de dois sacerdotes para o templo era algo muito bom. Mikazuki estava mais calmo uma vez que tinha entendido o que havia “invadido o território”. Haru estava curioso com os novos visitantes e bastante inquieto com a ausência do corvo.

Depois de uma explicação breve sobre a situação do templo, bem como a existência de deuses nele, começaram as apresentações formais.

— Eu sou Baek Yuki. Deusa da juventude e esse é Mikazuki, meu guardião. Ele é uma raposa também. — Yuki olhou para Haru esperando alguma implicância, mas ela não veio. O garoto apenas continuou tamborilando os dedos na mesa.

—  Eu estou honrado em conhecê-los. — Apresentou-se formalmente o sacerdote — Eu sou Yuzuru Harukawam, kannushi* do santuário de Ise, dedicado a Ōhirume-no-muchi-no-kami.

— Quem? — Perguntou Yuki confusa

— Amaterasu-ōmikami — Respondeu Yuzuru.

— Que incrível... Você já viu Amaterasu? — Perguntou Yuki com os olhos brilhantes.

— Não, eu ainda não me consagrei o suficiente para entrar no Hoden.

— Os Grandes deuses não vivem aqui, ô estúpida. Eles moram na Takamagahara, a alta planície do céu — Resmungou Haru antes de se dirigir ao sacerdote, mais precisamente à pequena raposa branca ao lado dele —  Mas por que um humano anda por aí com um shikigami?

— Quem você chamou de estúpida? 

— Vai catar pulga no teu cachorro e deixa o sacerdote responder.

— Senhor Haru — Intercedeu Yuzuru — Não há motivos para tamanha grosseria com a moça.

— Que saco… Ela é uma deusa, não precisa ser defendida não. Podemos voltar pro assunto?

— O quê você tem? — Interrompeu Yuki — Ta nervosinho hoje…

— É, eu fico nervoso de ter aturar você alisando seu demônio de estimação.

— Ele não é um demônio! E a culpa é sua que não me ensina a o ritual pra transformar ele no meu guardião.

— Não vem jogar a culpa das suas merdas pra cima de mim não. Não fui eu que mandei você ir passear com um espírito selvagem na cidade e mostrar a ele que humano é bom de comer.

— É mas se você já tivesse me ensinado o ritual, não teria nenhum risco. — Yuki argumentou 

— Ah você faz a merda e a culpa é minha por demorar a limpar, é?

— Vocês poderiam... — Yuzuru tentava apaziguar — vocês podem… vo…

— Fica na tua aí!

—  Não grita com elem, não! Ou a deusa dele vem e te parte em três!

— Tu nem sabia quem era a deusa dele, agora já tá falando por ela?!

Shigaraki apenas gargalhava, a muito tempo não tinha uma noite tão divertida.

A porta abriu com um forte estalo chamando a atenção.

— Boa noite senhores. —  Cumprimeitou Kaito com uma reverencia.

— Ah... Kaito, sente-se, sente-se — disse Ryurei agitando a mão. — Eu fiz chá, sirva-se. Conheça os novos moradores do santuário.

— Agradeço senhor Ryurei. —  Passando para sentar ao lado de Haru que já estava calado e quieto a essa altura. — Então, o que houve antes de minha chegada.

— O Haru estava chamando o Mika e pulguento e ofendeu o sacerdote de Amaterasu. — Yuki delatou rapidamente.

— Quem seria essa ilustre figura? — Perguntou desistindo de sentar. Yuki apontou com o dedo enquanto Yuzuru se levantava para cumprimentar o moreno. — Eu humildemente peço perdão por qualquer ofensa que lhe tenha sido feita.

— Tudo bem. — O sacerdote respondeu em voz suave, seria aquele o outro deus que habitava o templo?

— Ok... ok… Podemos voltar ao fato que um humano tem um shikigami? — Haru interrompeu sem muita cerimônia

— Haru… — o corvo censurou sutil. O moreno apenas argumentou com um "Mas é algo intrigante. Oras" deixando um ar de expectativa no ar.

— Não tem problema na verdade. Acho que dada as companhias, ninguém vai achar um absurdo. — Atalhou Yuruzu com um sorriso gentil — Eu nasci com uma condição rara chamada: “O olho para o oculto”. Eu consigo enxergar espíritos.

— Tipo um médium?

— Algo assim... O problema disso é que uma vez que você olha para o abismo, o abismo te olha de volta. Eu fui atacado algumas vezes por alguns ayakashis. Então me deram essa raposinha branca a quem chamo de Ukemochi no templo. Ela me protege de influências espirituais.

— É um prazer conhecer a ambos — Agradeceu o corvo antes de se virar ao outro estranho — e o senhor?

— Ah, eu sou Shigaraki Kami.

— Kami escrito como “deus”? — Antecipou Yuki

— Não, Kami escrito como “bela flor”.

— Ah ta.

— Bom, eu fiz alguns votos, sou um monge. Não tenho essas coisas fantásticas de espíritos guardiões que vocês tem mas, eu sei fazer saquê. Além disso, sou bom em trabalhar com madeira.

— Nós estávamos precisando de gente como você — Resumiu Ryurei estendendo um copo de chá para o homem, que lhe empurrou um copo de saquê em troca.

— Pelo divino, finalmente vamos conseguir trocar o torii. — Soltou Haru encostando a cabeça na mesa.

— Mas o senhor é um monge — perguntou Yuki meio confusa — não tem problema para o senhor…

— Problema? Não! Meus companheiros não iriam se incomodar de eu mudasse para um santuário. E, hey, eu não me divertia assim à anos. Além disso, quem seria eu se negasse uma mão a quem precisa?

Ryurei riu bebendo o saquê que Shigaraki havia posto.

— É, a família está crescendo...

*** ALGUMAS HORAS DEPOIS ***

— Como foi com Altherion? — Perguntou Haru deitado no telhado como de costume.

— Bem... ela perguntou por você. — Respondeu o corvo — É bom você ir visitá-la qualquer dia desses ou ela pode acabar aparecendo por aqui... 

Haru respirou fundo 

— Não teríamos conseguido hoje sem ela, não é.

— Honestamente, foi muito coincidência as pessoas que nós precisávamos terem chegado no momento exato e oportuno.

— Saco...


Notas Finais


Aki uma colinha pra galera que não pegou quem é quem
https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/0b/f9/f2/0bf9f24743c144f7e696a269b507eb56.jpg

Shigaraki enviado por @Avioteto
Yuzuru enviado por @Mutsu
Raposa protetora de Yuzuru: http://imgur.com/a/HAUHr

Bom, antes de qualquer coisa, peço desculpas aos autores das fichas se algo ficou fora do imaginado.
Como de costume, sintam-se a vontade para sugerir curso de ações dos personagens, e até mesmo para corrigir alguma coisa que eu tenha colocado muito fora do papel.


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