História My Idol - Tears and Asks

      POV CAMILA

   Lauren já dormia há mais ou menos duas horas enquanto eu ainda olhava para aquela infinidade de água que trouxe tanto trauma para a morena.

    Hoje eu não teria ensaio. Liguei para Dinah e de primeira ela gritou comigo por conta da peça que eu tinha pregado na mesma, mas depois que falei de Lauren para ela, o ensaio foi cancelado na mesma hora.

    Vi que a morena dos olhos verdes estava acordando, então voltei para o quarto sentando-me na ponta da cama ao seu lado.

- Como que você está? - perguntei entrelaçando nossas mãos e com a mão livre iniciei um cafuné.

- Me desculpa por ter descontado toda minha tristeza em um dia que era pra ser especial para você - ela me abraçou forte - Eu achei que já tinha superado a morte deles, mas logo quando passei pela porta desse quarto meu coração já começou a disparar relembrando da última vez em que os vi.

- Fica tranquila, meu amor… Eu estou com você para o que der e vier - dei um beijo na sua cabeça e senti ela relaxando em meus braços. Não, eu não a chamei de amor no sentido literal da palavra e sim apenas como um apelido carinhoso.

- Sabia que você é a melhor ídola do mundo? - me encarou com os olhos marejados - Eu não poderia ter me apaixonado por uma pessoa melhor… Me diga, que ídolo faz isso por um fã?

- Quantas vezes eu vou ter que te dizer que você é minha amiga e não uma fã? Não que eu não faria o mesmo para outros fãs, até porque em o que eu puder ajudar, eu vou estar lá, mas você é minha amiga, Lo… Se eu te abordei daquele jeito que todos me contaram, foi porque na hora senti algo especial em você. Fora que você sabe, nossa amizade tem um ponto colorido… Eu gosto muito de você e nós já conversamos o porque não estamos juntas no momento, mas eu realmente consigo enxergar algo para nós duas daqui um tempo.

   Foi quase instantâneo, seus olhos brilharam tanto que um sol com seus raios poderosos perdiam para toda aquela luminosidade que se enxergava em suas jóias verdes. Lhe dei um selinho rápido e ela sorriu me puxando para deitar junto.

- Já pensou se vai falar com seus pais? - perguntei novamente mordendo meu lábio inferior. Eu sabia que aquele era um assunto delicado, mas nós precisávamos trazer a felicidade de Lauren novamente.

- Só vou se você for junto - escondeu seu rosto em meu pescoço. A morena estava com mania de fazer isso… Mas eu não me importava, é claro.

- Só vou porque você pediu, mas você vai junto.

       FLASHBACK ON 

    Lauren não se acalmava e eu não sabia mais o que fazer, por tanto, a única ideia que tive foi colar meus lábios nos dela. Nossas bocas se conectavam cada vez mais em um dançar de lábios até que eu pedi passagem com a língua, o que foi aceito com vontade. Lauren chupou meu lábio inferior e logo chupou minha língua recomeçando um novo beijo, nos perdendo em um sentimento reprimido por ambas as partes.

- Você não disse que não queria se envolver agora? - ela perguntou enquanto nossas bocas ainda se colavam em selinhos.

- Eu estou tentando ajudar e tanto mostrar que estou aqui para você independente de tudo, não quebre o clima - lhe dei o último selinho e lhe abracei com toda força que pude.

- Camz… E se a culpa foi realmente minha? - franzi o cenho e ela olhou para o horizonte - Naquela noite, minha mãe disse que era pra eu trancar o quarto porque meus irmãos estavam aprontando e ela tinha descoberto, então eu era da sua equipe e trabalharíamos juntas para deixar meus irmãos em casa… Porém, quando fui trancar a porta, a chave não estava lá, então apenas fui para a cama e dormi.

- E onde poderia entrar sua culpa no meio dessa história? - eu entendi o que ela queria falar, mas não poderia deixar Lauren se culpar por algo que ela não tinha culpa nenhuma.

- Eu não tranquei a porta, Camz… A culpa foi minha! - seus olhos já estavam deixando algumas lágrimas escaparem novamente, virei seu rosto para mim a fazendo me encarar.

- Nunca se culpe por algo que foi acidental, Lauren. A chave não estava no trinco, provavelmente seus irmão pensaram nisso antes de sua mãe e a pegaram, então não se culpe por algo que você não tem a menor culpa - limpei algumas lágrimas que insistiam em cair.

- Depois disso que meus pais começaram a me odiar, Camila… Eles disseram que toda a culpa foi minha e desde então me trataram mal - Lauren se soltou de minhas mãos e escondeu seu rosto em meu pescoço - Digamos que quando eles souberam que eu era lésbica, foi o estopim, mas antes eles já me tratavam com o maior desprezo do mundo.

- Você não pode ligar para isso Lo… Eu sei que eles são seus pais e dos nossos pais nós só esperamos amor e carinho, mas você é melhor que isso e sabe muito bem… Você já pensou que talvez seus pais começaram a te tratar mal porque alguém tinha que carregar a frustração deles e essa pessoa escolhida infelizmente foi você? Eu não quero os defender, estou bem longe disso, mas ficar longe deles faz mal para você e eu não consigo te ver desse jeito… Se eu te vi mal hoje, essa vai ser a primeira e a última, porque daqui pra frente nós vamos enfrentar todos seus medos e demônios juntas e os venceremos de lavada - senti um sorriso se formar - O que você acha de conversarmos com seus pais? - sugeri mordendo os lábios de nervosismo e então ela voltou a me encarar com o cenho franzido.

- Camila, eu me prometi que nunca mais iria falar com eles e não estou disposta a quebrar essa promessa - novamente seu olhar foi para o horizonte.

- Mas você tem que entender que não vai conseguir ser verdadeiramente feliz enquanto não se resolver com seus pais… Tudo bem, eu sei que eles que são os errados da história, mas se dermos um empurrãozinho, quem disse que eles não vão ceder?

- Eu não sei Camila, eu…

- Vamos fazer o seguinte - a interrompi - Vamos descansar um pouco e nesse tempo você pensa, pode ser?

     Ela não disse nada, apenas levantou e seguiu para a cama me puxando com a mão. Deitamos de conchinha, eu atrás dela para poder fazer cafuné e em dez minutos a morena já estava em um sono profundo. Como eu sabia que não iria conseguir dormir, me levantei e voltei para a sacada. A visão era linda, mas a história uma tristeza.

       FLASHBACK OFF

  Hoje seria o dia da entrevista em que eu revelaria alguns segredos de minha vida e o que realmente tinha acontecido no acidente para a imprensa. Nossa gravadora não ficou muito contente, mas faltavam apenas uma semana para o início da tour e eu fazia questão de tudo isso. Ally e Dinah também estavam sentadas comigo atrás daquela mesa branca comprida onde do outro lado vários jornalistas e suas câmeras se preparavam para começar. Minhas amigas sabiam que as perguntas seriam muito mais pra mim do que para elas já que o tema dessa entrevista era eu, mas insistiram em vir junto do mesmo jeito. Lauren e Normani também estavam ali, só que no fundo da sala apenas nos observando. Emily começou a falar e logo deu a palavra aos jornalistas.

- Camila, eu sei que estou sendo direto demais, mas nesses três meses ficamos sem informações nenhuma sobre você, só víamos você entrando e saindo dos lugares, sempre com um capuz ou touca para disfarçar… Afinal, o que aconteceu com você há três meses? - um homem de terno que estava com uma caderneta na mão perguntou.

- Bom, antes de tudo, eu queria dizer que a verdade não foi dita por decisão conjunta de minha família, amigos e eu, achamos melhor os ânimos primeiro se acalmarem e depois eu contaria… Pois bem, aqui estou. Eu sofri um acidente de carro e bati muito forte a cabeça, então acabei com uma perda de memória. Meus últimos quatro anos de vida foram simplesmente apagados de minha mente.

- Mas como você continua na Criminally? Você perdeu seus últimos quatro anos da memória e sua banda tem apenas quatro anos - um senhor que estava mais afastado questionou.

- Ótima pergunta… Bom, Dinah, Ally e eu somos amigas de longa data e sempre tivemos o sonho de criar uma banda. Por sorte, o último dia que estava guardado em minha cabeça, era um dia que tínhamos ensaio, em uma época que estávamos planejando a Criminally. Com muita paciência de minhas amigas e minha família, fui entendendo tudo que se passava na minha vida nesses último quatro anos.

- A tour começa daqui uma semana, como irá fazer? - uma mulher também mais velha perguntou.

- Graças a deus a parte da memorização não foi afetada, consigo memorizar tudo o que me é passado, por isso sumi nesses três meses. O primeiro foi para recuperação, o segundo e o terceiro para ensaios com minha banda.

   E assim foi se seguindo com muitas perguntas. Perguntaram o porque de eu sempre estar escondendo minha cabeça quando saia na rua, então tirei a peruca que já usava mostrando que estava careca e expliquei que raspei o cabelo por conta de algumas falhas. Citei Lauren e contei que ela foi um dos grandes motivos para eu ter confiado em mim e raspado o cabelo sem medo de ser rejeitada. Algumas perguntas foram dirigidas também as meninas, então a entrevista se estendeu bastante. Depois da última pergunta, quando todos estavam preparados para arrumar sua coisas e ir embora, pedi para que todos novamente ligassem a câmera pois tinha algo muito sério que eu queria compartilhar com o mundo. 

     Chegou a hora da verdade.

- Desde pequena eu já sabia muito bem o que queria na minha vida, sempre fui uma criança decidida e sabia que queria ser cantora. Porém, teve uma coisa que me pegou de surpresa depois que tive algumas decepções amorosas. Por três anos fui obrigada a esconder o que eu sentia, mas sempre tive apoio de minha família e amigos mais próximos. Hoje, o que eu vou falar, eu não quero que seja algo para chocar o mundo e nem muito menos para trazer uma fama maior, só  quero poder liberar logo o que sinto e ser livre para amar. quero poder inspirar para que outras pessoas façam o mesmo e parem de se questionar se estão errados… Eu gosto de mulheres, sou lésbica e não tenho vergonha nenhuma de dizer isso.