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História My Immortal - Capitulo II- Os Olhos do Pôr do Sol


Escrita por: ysm_ozean

Notas do Autor


YOOO MINNA-SAAAN \O/
Sono... Eu tô... Com MUITO SONO! T~T MAS wharever! Eu vou postar mais um capitulo, pq sim \õ/ Porque eu quero começar uma nova fic, mas queria postar essa primeiro e... (Ninguém liga >.>) ENFIM! Não vou falar nada sobre o capitulo, apenas o leiam com calma, tá? <3 ^^'
Nos vemos lá em baixo o/
OBS: Leiam as notas finais. A partir desse capitulo, todos os outros terão informativos sobre o problema pelo qual o Fubuki está passando.

Capítulo 3 - Capitulo II- Os Olhos do Pôr do Sol


╰Os Olhos do Pôr do Sol╮

╰☆╮

— Shirou... Vamos, não chore, foi só uma feridinha.

— Você diz isso porque não é o seu joelho que está ardendo!

 Abraçando à suas próprias pernas e deixando o soluço embargado em seu choro ainda mais audível, Fubuki reclamou franzindo o cenho olhando para o irmão, em seguida voltou a deitar a cabeça sobre seus joelhos. A risada disfarçada de seu irmão menor foi ouvida por ele e então seu choro piorou, agora também com raiva do menor por ele estar zombando dele.

— Você não pode chorar em todas as vezes que você cai, Shirou... Isso não vai adiantar nada! Sem falar que se você fizer isso, a mamãe não vai mais deixar a gente sair pra jogar!

— Mas eu me machuquei... –Seus olhinhos grandes e brilhantes fitaram o garoto de pé a sua frente, ainda com algumas lágrimas a escorrerem, ele fungou- Tá doendo...

— Eu sei que dói... –Atsuya se abaixou para ficar a altura do mais velho colocando a mão sobre seu ombro, sorriu para ele assoprando suavemente o corte feito em seu joelho depois dele cair enquanto fazia uma finta- Mas você precisa ser forte, você se lembra do que o papai disse quando eu cortei meu rosto no arame sem querer?

 Fubuki enxugou os vestígios das lagrimas em seu rosto com o peito da mão olhando para o band-aid colado na bochecha direita de Atsuya e pareceu pensativo, até lembrar-se do que o outro se referia.

— Ele disse que homens não choram...

— Sim! Você é um homem de verdade, né?

— Eu sou um menino ainda...

— Mas você vai crescer! –Seus olhos encheram-se de um brilho radiante enquanto apertava com um pouco mais de força os ombros do de cabelos platinados- E você vai querer que as pessoas te achem um bebe chorão?

—...

— Vai, Shirou?!

— Não... –Respondeu baixo.

— Eu ouvi que você vai?! –Atsuya fez uma cara cômica de surpresa, no fim ele só estava tentando fazer o mais velho rir, e ele conseguiu.

— Não, eu disse não! –Gargalhou.

— Então vamos! Você consegue andar, certo?

— Uhum, consigo. –Shirou sorriu e levantou-se do tronco em que estava sentado, seguindo seu irmão de volta para casa enquanto este discursava e dizia o que ele deveria falar para seus pais sobre o machucado. Para muitos, inclusive para Fubuki, Atsuya era quem parecia ser o irmão mais velho. Apesar de terem a mesma idade por serem gêmeos, Fubuki nasceu alguns minutos antes e isso fazia dele o maior, mas em questão de personalidades os dois aparentavam o contrario. Atsuya era decidido, protetor, responsável e corajoso, esquentado sim, mas isso apenas contribuía para que ele parecesse ainda mais o primogênito dos Fubuki. O que não era bem o caso. Mesmo assim, Fubuki o admirava por ele ser daquela forma: destemido, corajoso e com um incrível aspecto de líder. Ele era tudo o que Fubuki queria ser.

╰☆╮

— Fubuki!

 Rapidamente ele levantou a cabeça da mesa e olhou a sua volta assustado, ainda estava na escola e ao seu lado, belos olhos castanhos o olhavam com curiosidade.

— Desculpa, eu acabei cochilando na mesa... –Esfregou os olhos e de imediato lembrou-se da cena de seu sonho, quando chorava e seu irmão tentava consola-lo. Engoliu e seco parando aquele ato.

— Eu vi... –Ela sorriu- Não queria te acordar, mas o professor tá vindo e não vai gostar de te ver dormindo.

— Obrigado –Sorriu gentilmente- O Hiroto e o Midorikawa ainda estão lá fora?

— Sim... –Seu olhar pareceu preocupado- O Midori não está se sentindo bem, o Endo, o Hiroto e o Kazemaru foram com ele na Diretoria.

— O que ele tem?

— Dor no estômago, acho que ele vai ir pra casa.

—... Espero que ele melhore...

 A morena sorriu para o albino, este desviou o olhar para a porta assim que seus amigos entraram conversando e logo atrás dos três, o professor também entrava com uma típica pasta de baixo do braço.

— Ele vai ir embora? –Perguntou assim que cada um foi para o seu lugar.

— Ah, a Yasmin te contou... Sim, vai. –Hiro respondeu serio e tratou de abrir seu caderno- E você vai jogar com a gente hoje? –Sorriu fraco, provavelmente preocupado com o melhor  amigo.

 Assim que a pregunta foi feita ao albino, Kazemaru e Endo pararam de conversar e também se interessaram na resposta que ele daria.

— Ahh, eu... Não sei se devo...

— Claro que deve! –Endo, como sempre super entusiasmado quando o assunto era o seu esporte favorito, correu até o garoto e deu o seu melhor e maior sorriso. –Por favor, Fubuki! Você sempre diz que vai pensar e nunca joga!

— É, e já faz um mês que você chegou, não custa nada vai, só uma partidinha? –Hiroto lançou seu cover do olhar do Gato de Botas e Shirou suspirou.

— Tudo bem, eu jogo hoje.

— Sério?! –Mamoru só faltou pular em cima do rapaz para comemorar.

— Sim, eu jogo com vocês.

 Todos gostaram da ideia, até mesmo Kido, que parecia sempre bravo e desconfiado, menos Fubuki.

 Eu amo futebol. Com ele eu descobri coisas incríveis, fiz amigos pra vida toda, me encontrei em um lugar onde eu imaginei que nunca me encaixaria... Mas depois de tudo o que se passou comigo e... Com a minha família, eu não consigo dizer que jogo como antes...

 Nada mais é como antes.

— Vai mesmo jogar hoje? –Sua voz baixa retirou-me de minhas lembranças. Olhei-a com um meio sorriso enquanto rabiscava a capa o meu caderno.

— Depende, se eu não conseguir fugir de vocês até a hora do treino, eu jogo... –Ela me olhou com uma mistura de surpresa e indignação enquanto ria.

— Ah é?! Pois eu vou ficar grudada em você! Não vou te deixar escapar.

— Como quiser, mas saiba que eu tenho muita facilidade em me esconder.

— Hahaha, tudo bem. –Ela virou-se para frente ainda sorrindo e eu fiz o mesmo, antes olhando para os meus outros colegas e amigos. Já fazia um mês que eu estava na Raimon, e eu já conhecia melhor todo mundo. Hiroto era exatamente do jeito que o conheci: extrovertido, gentil, um pouco maluco (ele sempre saía da sala no fim de cada aula, mesmo quando o diretor estava passando pelos corredores. Isso, pelo menos pra mim, é loucura), mas ainda assim uma ótima pessoa. O Endo... Ah, o Endo... Eu acho o Hiroto meio maluco, mas ele consegue se superar. Sempre faz treinamentos impossíveis pra melhorar como goleiro, e até hoje eu não conheci uma pessoa que tenha saído bem depois de falar mal do futebol perto dele. O Kazemaru é o mais sério, e parece ser bem próximo do Endo e da Yasmin, nós não nos falamos muito. Já o Midorikawa é o oposto, ele consegue ser muitas coisas; brincalhão, sério, meio bobo, comilão, mas se tem uma característica que o define é o seu perfeccionismo. Simplesmente não aceita fazer menos do que o seu melhor em tudo! E por ultimo, a Yasmin. Felizmente, depois de conhecê-la no decorrer dos dias, vi que ela estava mesmo de TPM quando nos conhecemos, pois ela é completamente diferente do que vi.

╰☆╮

 Todos se aqueciam no banco, inclusive eu, já que havia prometido que jogaria. O céu estava nublado, fazia muito frio e eu podia usar meu cachecol sem nenhuma restrição.

— Você joga em que posição, Fubuki? –Kazemaru perguntou se aproximando ao lado de Kido e Endo, atrás dos dois pude ver Goenji me olhar.

— Defesa e ataque.

— Os dois?! Que demais!

— Mas... Em qual você vai jogar? –Kido olhou-me desconfiado.

— Bom...

— Vamos fazer dois tempos. –Goenji se pronunciou aproximando-se de nós depois de nos assustar- No primeiro ele joga na defesa, e depois vemos como ele se sai no ataque. Tudo bem pra você?

— Claro, sem problemas. –Shuya sorriu ou fez algo parecido e se afastou conversando com Kido.

— Ei, eu que deveria dizer aquilo.

— Foi mal, você não disse nada, Kido...

— Hum, tá bom. Vamos para as nossas posições.

 Todos os jogadores foram para os seus lugares, Yasmin era a única garota a jogar no time, apenas nos bancos estavam as demais gerentes, inclusive Haruna, a garota que eu já considerava como uma grande amiga.

— Vamos lá, Fubuki! –Gritou Endo no gol acenado pramim.

— Certo! –Correspondi, ainda sentindo o nervosismo percorrer minhas veias. Era como se uma dose de adrenalina houvesse se espalhado pelo meu sangue e eu simplesmente não conseguia me acalmar. –Apenas seja você, Shirou. Vai ficar tudo bem.

 O apito soou e a partida treino começava, logo todos os jogadores começavam a se movimentar pelo campo. Com Goenji e Someoka na frente e os meias do time adversário avançando para tomarem a bola do goleador de fogo, a defesa se pôs em formação para impedir que o outro time conseguisse marcar algum gol caso tomassem a bola de Shuya. Quando isso aconteceu e Hiroto voltou para o campo adversário na intenção de marcar, Endo deu a ordem para apenas Fubuki tentar defender, já que provavelmente Heigoro falharia. Em poucos minutos, Kiyama já estava a poucos metros do gol, o time havia o deixado passar justamente para colocar Fubuki a prova. Seus olhos verdes brilharam ao ver o albino correr em sua direção para tomar-lhe a bola.

— O que você tem pra mim, Fubuki?! –Shirou sorriu.

— Chão de Gelo! –Em um instante o garoto congelou o campo em Hiroto corria e tomou a bola de seus pés. Sorriu ao finalizar a jogada.

— Você viu isso?! –Endo gritou de empolgação.

— Vi, ele é muito bom. –Kido sorriu surpreendido com a facilidade em que o albino conseguiu livrar a pequena área do time A.

 Agora com a bola em sua posse, Fubuki passou para Kazemaru e avançou para o campo adversário.

— Defesa, fiquem alerta! O Fubuki agora vai atacar, caso ele não consiga, vocês devem suprir a ausência dele!

— Beleza capitão! –Kurimatsu, Kabeyama e Max disseram.

 Shirou era realmente muito rápido, sua velocidade em campo chegava a se igualar e até mesmo superar o atleta do time, Kazemaru. Com o time A contra atacando e com o passe de Ichinose para Yasmin, e em seguida passando para Kido, não demorou muito até a defesa do time tentar impedi-los.

— Você não vai passar daqui, Kido. –Fudou Akio, com sua inconfundível maldade em sua voz, tentou parar o estrategista, mas com um simples passe para trás Yuuto conseguiu livrar-se dele. Infelizmente para o time B, a bola havia chegado aos pés de Goenji, que rapidamente fez um passe longo para Fubuki.

— Marca Fubuki!

 Vamos lá.

 Ele recebeu o chute e com a mão em seu cachecol o apertando com firmeza, sorriu parando de correr em frente ao gol.

— Prepare-se para perder!!!

— O que?! –Tachimukai pareceu assustado ao olhar para o rapaz preparando-se para chutar a sua frente.

— Você consegue, Tachimukai! –Hiroto o incentivou.

— M-mas... E-ele...!

— Destrua tudo! –Fubuki abaixou-se concentrando todo seu poder na bola, saltou, girou e realizou um chute fantástico. – Vendaval... Eterno!!!

— Essa não... –Hiroto exclamou ao ver a potencia da técnica.

— GOOOOOL! A técnica nomeada como Vendaval Eterno acaba de entrar no gol do time B em menos de dez minutos de jogo!

— Caramba Fubuki, você é...! –Yasmin se aproximava correndo até Fubuki com um enorme sorriso, ao se aproximar dele e encarar seu rosto ainda fitando Tachimukai caído sobre o gol, ela se afastou um pouco- Mas... O q-que...

— Vamos! Essa partida só começou! –Fubuki virou-se para o lado de seu campo sorrindo e com os olhos completamente diferentes do que os azuis acinzentados habituais.

— O que houve? –Endo perguntou vendo as expressões assustadas dos outros jogadores.

— O-o-os o-olhos dele, capitãozinho... –Kurimatsu sentiu calafrio ao dizer, ainda mais porque Shirou corria em grande velocidade para sua posição atual.

— Estão laranjas! –Kabeyama terminou sentindo o mesmo que seu amigo, Endo fez uma expressão surpresa, mas nada disse sobre aquilo.

— Vamos, o Fubuki está certo. Temos que marcar mais!

— T-tá...

— O que será que aconteceu com ele? –Kido perguntou a Goenji enquanto seguia a distancia Fubuki, já que sua velocidade não era o suficiente para acompanha-lo lado a lado.

— Eu não sei... –Goenji estava ainda mais pensativo do que o normal, analisava as jogadas precisas e violentas do albino. Ele era como se fosse outra pessoa.

— Você não vai marcar de novo! –Tsunami tentou impedi-lo, mas a resposta de Fubuki não foi muito positiva a aquilo.

— Cai fora e vê se não atrapalha! –Empurrou-o para longe com uma braçada, e em todas as vezes que era marcado, acontecia à mesma coisa. Alguns até reclamavam com o juiz por ele não marcar as faltas nas jogadas imprudentes dele, mas não adiantava.

 O que era algo péssimo para o time B, apenas favorecia o outro lado, que agora estava prestes a marcar seu 5° gol em menos de vinte minutos, e tudo com as habilidades de Shirou.

— Agora você vai ver! Vendaval...

— Ei!

 O grito repentino o fez parar, seus olhos encontravam-se azuis novamente.

— Ah, agora é assim?! Vai mudar de novo?!! Que droga é essa?!! –Akio parecia realmente furioso e assustado com o que vira há segundos atrás. Alguns jogadores concordavam com ele, era obvio em seus olhares o medo que sentiram de Fubuki. Ele não sabia como reagir, afinal...

— Fudou!

Estava acontecendo novamente. Demorou, mas finalmente descobriram.

— Fubuki... O que você... –Fudou interrompeu Hiroto.

— Eu não sei o que você fez e nem que droga é essa, mas eu não vou aceitar esse esquisito aqui!

— Eu falei pra você parar, Fudou!!

— Ele é uma aberração! O que você quer que eu faça?!!

— Cala essa boca!

— Gente! –Endo chamou a atenção de todos, aproximou-se do lado do campo B, mas antes que dissesse qualquer coisa, Fubuki fugiu dali ao ver o olhar de pena de Mamoru.

 Aquele olhar... Ele o odiava! Por que as pessoas sempre o olhavam daquele jeito? Ouviu os outros o chamarem, mas ele não ia voltar. As aulas já haviam acabado de qualquer maneira, ele podia sair dali sem maiores problemas. Foi para bem longe das vozes...

╰☆╮

 Sua respiração descompassada o obrigou a parar, não tinha mais folego para continuar a correr. Por sorte, estava bem longe da escola, de uniforme e sem seus materiais, ele tentava pensar em que desculpa daria para sua tia. Sentou no banco cimentado de uma lanchonete abandonada, distante de todas as outras residências. As palavras de Fudou sempre voltavam para atormenta-lo mais um pouco, os olhares que vira nos rostos de seus amigos assombrava suas lembranças, sem perceber as lagrimas já encharcavam seu rosto.

Por que ele tinha que ser tão fraco?

 Que droga... Por que... Por que isso tinha que acontecer logo agora?! POR QUÊ?!! –Tentava abafar seus múrmuros, mas era quase impossível- ele tá certo... Eu sou u esquisito... –Seu choro cessou- Um órfão solitário, tímido, paranoico... –Logo elas voltaram a molhar seu rosto deixando seus rastros ali, morrendo ao chegar em seus lábios- Por que você tinha que ir, Atsuya... Por que eu fiquei... Eu sou fraco, não consigo aguentar essa dor... Eu queria estar com você... Por favor, fica comigo!

 “Eu sei que dói... Mas você precisa ser forte...”.

Atsuya...

 Anos seguintes a cena se repetiu, Shirou abraçava aos seus joelhos enquanto chorava tanto quando aquela vez, mas sem seu irmão para consola-lo. A ferida não era em seu joelho, e também não seria tão fácil de ser curada. A dor em seu coração e a ferida do tamanho de um buraco que se abrira em seu peito não poderia jamais se fechar.

╰☆╮

 As folhas caiam e saiam voando na direção do vento, seus olhos ardiam ao tentar acompanhar aquele movimento, então os fechou sentindo o vento tocar seu rosto com mais força, bagunçando levemente seus cabelos. Suas costas doíam pelo tempo que ficou naquela mesma posição, encostado sobre a porta de ferro, mas não era nada comparada a solidão que o aprisionava. Sua tia devia estar extremamente preocupada com sua demora, mas ele não pretendia sair dali tão cedo.

— Finalmente te achei!

 Assustou-se com a voz, olhou para todos os lados procurando a dona dela, apenas percebendo a garota a sua frente depois de levantar do banco e vê-la na calçada, o observando com um singelo sorriso antes de correr para frente do estabelecimento, aproximou-se mais e deixou o guarda chuva que levava apoiado a porta de ferro na qual ele estava encostado. 

— Nós o procuramos por toda a escola... –Mostrou a ele a bolsa com seus materiais, Fubuki não soube o que dizer ao pegar sua bolsa, agradeceu com um sorriso e cabisbaixo, colocou as mãos dentro do bolso da blusa.

— Como me encontrou?

— Às vezes eu gosto de sair andando sem rumo pela chuva... –Fubuki a olhou- Eu tinha ido pra casa, mas sabia que você não estava lá, pois sua janela estava aberta, e você sempre deixa ela fechada.

— Entendo...

— Você não gosta muito da luz do dia, né? –Sorriu fraco fazendo a pergunta para ele, Shirou suspirou e negou com a cabeça.

— Às vezes eu chego cansado e prefiro ir dormir...

 Forçou o seu melhor sorriso contando outra mentira. Ele não sentia vontade de fazer nada, os programas na televisão eram chatos, não queria sair de casa sozinho, e quando não estava afim de conversar com sua tia, ele dormia ou tentava faze-lo. Ficava em seu quarto ouvindo musica em seu fone e sempre deixava a janela fechada, pois caso ele começasse a cochilar, não precisaria levantar para fecha-la.

— Você precisa sair mais... E precisa entrar pro nosso time!

— Eu... Não tô muito afim...

—... Por quê?

 Sua curiosidade estava começando a incomoda-lo.

— Só... Não quero jogar por enquanto...

—... E se saíssemos amanhã? Não vai o time todo, só o nosso grupo mesmo; eu, você, o Hiroto, o Kaze, o Midori, o Endo... Podemos ir pra casa do capitão a mãe dele é muito legal.

 Ela era muito insistente, estava disposta a fazê-lo sair de casa a qualquer custo. Esperava dele uma resposta enquanto contornava seus lábios com um esperançoso sorriso, ele a olhou sorrindo, mas com uma visível suplica de desistência da parte dela, Yasmin suspirou.

— Ok, você não quer mesmo ir...

— Podemos ir embora juntos... De todo jeito, somos vizinhos e você está aqui...

—... Tá bom, vamos!

╰☆╮

 O caminho foi silencioso, Shirou não estava mesmo a fim de conversar, Yasmin foi para casa e ele fez o mesmo, morava á umas duas casas depois da dela. Sua tia não estava lá, viu o bilhete na geladeira avisando que a mulher teria ido ao mercado e que quando chegasse, ela queria conversar com ele sobre sua demora. Não ligou muito, foi para seu quarto e pegou uma toalha dentro do guarda-roupa, despiu-se ali mesmo e enrolou-a em sua cintura, indo para o banheiro. Ligou o chuveiro na temperatura mais quente e o vapor já tomava conta de tudo, mas não adentrou. Olhou seu reflexo embaçado no espelho; os olhos inchados e avermelhados, em seu corpo as marcas ainda eram muito visíveis, braços com cicatrizes de cortes, manchas roxas em seu abdômen, mas nada disso o assustava; afinal, ele mesmo havia feito aquilo.  Odiava não ser como Atsuya era, provavelmente se o contrario tivesse acontecido, o menor conseguiria levar aquela situação com normalidade, mas ele não.

 Todo o dia sofria, tinha pesadelos horríveis, castigava-se por ser tão estranho, fraco, medroso, solitário... Odiava-se por não ser como ele. O alivio o esperava a centímetros dali, a dor física era menos agoniante do que a dor emocional, era uma espécie de troca equivalente. Pegou a gilete dentro da gaveta, fechou os olhos e suspirou... O barulho da água abafaria sua voz.

 De uma ponta a outra, da esquerda para a direita, e o sangue já coloria o piso branco e molhado. Ardia, mas aliviava – deixou o liquido escarlate manchar sua mão, escorrendo por entre seus dedos. Cerrou o punho e a dor consumiu-o mais um pouco, tirou a toalha e entrou debaixo do chuveiro, mordendo com força o lábio inferior para tentar segurar um grito de dor, a água quente entrava no corte a quase chegava a enlouquecê-lo de tanto que machucava. Mas a essa altura, em seus pensamentos apenas aquela dor momentânea o incomodava, havia se esquecido de como estava emocionalmente adoecido.

Aquele era o seu melhor remédio.

 

 

 

 

 


Notas Finais


Pessoas com transtorno de personalidade, bipolaridade e depressão (entre outras doenças auto destrutivas), possuem muita dificuldade em demonstrar como se sentem em relação a outras pessoas. Mesmo que elas sintam vontade de chorar, gritar, pedir ajuda, elas não o fazem por simplesmente não conseguirem, e acabam ficando aparentemente "apáticas" a situação.
//
Gostaram do capitulo? ;u; ~pedrada~ AHH EU SEI, também tô com pena do Buki </3
Espero que tenham gostado *-* reviews são sempre bem vindos hehehe >u>
KYSSUS!!! ^.~/ S2


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