História My letters to you - Second letter

Reli a carta quatro vezes. E cada vez que eu lia, eu tentava me lembrar de Violet olhando para mim e me analisando, mas não conseguia, para mim ela se quer notava a minha altura, quanto mais no meu andar ou nas minhas reações. Mas talvez eu que não tenha reparado nela. Meus pensamentos foram interrompidos quanto alguém bateu na porta de meu quarto

-Pode entrar – gritei escondendo as cartas –Oi pai

-Vim trazer isso – ele falou colocando a bandeja com alguns biscoitos e um copo de leite em cima da mesinha –Sua mãe quer que você coma algo, já que não sai desse quarto mais

-Mamãe está exagerando – disse revirando os olhos – Mas obrigado, diga a ela que vou tentar comer

-Claro – meu pai disse, mas permaneceu a onde estava

-Mais alguma coisa pai?

-Hmm, é verdade que a filha dos Sylvan escreveu cartas para você?

-O que? Como que... Mali, ela te contou não foi? Essa garota não consegue guardar um simples segredo – disse irritado, pronto para brigar com minha irmã

-Não foi culpa dela, eu a perguntei e a pressionei para contar o que você estava fazendo no quarto – meu pai disse se sentando na cama – Ela me disse que você já começou a lê-las

-Sim, li só a primeira até agora e sinceramente não sei se vou conseguir ler todas

-Você tem que ler Cal, sabe – meu pai falou – Violet era uma boa garota, porém pelo o que conversa com seus pais era tímida, não expressava bem seus sentimentos, então se ela escreveu cartas para você é por que é algo realmente importante

-Pai, ela se declarou para mim, na primeira carta falou que me amava – eu disse– Imagina o que ele deve ter escrito nas outras

Meu pai riu de leve e se levantou, indo em direção para a porta

-Só tem um jeito de descobrir, e esse jeito e lendo as outras cartas – ele falou abrindo a porta –Tente filho, era isso que ela queria, que você lesse sem ressentimentos

Meu pai saiu me deixando mais uma vez com meus pensamentos, tomei um gole de leite e tirei a segunda carta da gaveta

“Hey Calum,

É obvio que eu não te amei de primeira, não acredito em amor à primeira vista e você? Eleanor diz que amou Michael desde o primeiro momento em que o viu. Bom, comigo isso não aconteceu. Você se lembra do dia em nós conhecemos? Se não, irei refrescar a sua memória

Eu havia acabado de chegar na vizinhança, nada de novo na minha opinião, já que durante esses 17 anos eu me mudei 11 vezes. Sim, minha família é nômade, mas isso iria se estabilizar já que eu me formaria e meu pai iria se aposentar. Eu estava terminado de organizar alguns livros na prateleira quando a campainha tocou, eu sabia que mamãe estava no andar de baixo então não dei muita atenção. Após alguns minutos ouvi vozes vindas do andar de baixo, de uma mulher extremamente animada – sua mãe, ela realmente parecia empolgada – até que meu pai chamou pelo meu nome. Sabe Calum, de todas as 11 vezes que eu mudei, só a sua mãe foi tão receptiva conosco, alguns vizinhos sequer iam nos dar boas-vindas e só nos cumprimentávamos quando por acaso, estivéssemos saindo de casa na mesma hora. Enfim, quando cheguei ao andar de baixo sua mãe me olhou e me deu um sorriso, um sorriso sincero, eu sei distinguir um sorriso forçado de um sincero, não me pergunte como

-Nossa, mas que menina linda – ela disse ainda sorrindo

Eu sorri de volta e agradeci pelo o elogio, não sei bem reagir a atenção

-John você desempacotou os pratos? Temos visitas para o jantar

Sua mãe parecia ainda mais animada, mas minha mãe sempre fazia isso, sempre que - os poucos – vizinhos fossem nos receber ela oferecia um jantar. Sua mãe concordou e disse que iria chamar o marido e as crianças, mas logo estaria de volta. Pode rir de mim, mas eu realmente achei que você e sua irmã fossem crianças, então imagine minha reação quando ela voltou meia hora depois com Mali e você, que era um adolescente enorme que tinha a minha idade. Seu pai estava logo atrás também expondo um sorriso sincero. Enquanto nossos pais conversavam e Mali havia ido ao banheiro, eu te observei. Você não parecia tão animado, estava de cara fechado e mal havia dado um ‘boa noite’, sabe o que eu pensei? “Puxa, esse garoto parece extremamente irritado, melhor eu não falar com ele”. E foi isso que eu fiz, quando você me encarou eu apenas acenei e você não se deu ao trabalho de responder, confirmando que você não estava em um dia bom.

Ao contrário de você, conversei com Mali bastante aquele dia. Eu sou filha única – e acredite eu tentei reverter essa situação várias vezes- por isso quando sua irmã veio conversar comigo não pude deixar de pensar se o relacionamento de você era bom. Durante o jantar você falou pouco, e sua irmã te chamou de idiota algumas vezes, me fazendo rir baixo. Não sabia se você era realmente um idiota ou se era implicância de irmão – Eleanor tem mais três irmãos em casa, e todos se chamam de idiota.

Entende o motivo deu não ter amado aquele dia? Você estava zangado, com raiva de algo e eu tentei não me aproximar muito, apesar de que tinha a convicção de que você me achava uma idiota toda vez que eu abria a minha boca.

Sua, Violet”

 Eu me lembrava daquele dia. Eu havia marcado de sair com os garotos, mas mamãe havia dito não, já que nos iriamos na casa dos vizinhos jantar, eu estava com tanta raiva que não me importei de ter tratado eles mal. Agora eu entendi por que Violet evitou por um tempo olhar e conversar comigo. Eu havia sido um babaca. Guardei a carta novamente no envelope, colocando a atrás da primeira.

Não pude deixar de pensar que se naquele dia, eu soubesse que ela não estaria mais aqui, eu teria a tratado melhor?