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História My Light - Help


Escrita por: Chessy

Notas do Autor


Olá olá olá!
Não era para eu estar postando esse capítulo agora, mas não me contive :')
Ah, eu quero já avisar que não tenho uma data definitiva para atualizar. Às vezes eu escrevo mais rápido, às vezes eu demoro meses.
Só para deixar claro mesmo. Não sei quando trarei o próximo.
Ainda assim, espero que gostem. Eu gostei bastante de escrever essa capítulo. Afinal, é aqui que a estória em si realmente começa.
Enfim, relevem os erros e boa leitura :3

Capítulo 2 - Help


"Estou no limite e estou gritando meu  nome

Como um tolo a plenos pulmões

Algumas vezes, quando fecho meus olhos, eu finjo estar bem

Mas nunca é o suficiente" — Echo, Jason Walker

 

Com o dinheiro que havia conseguido, pude ter um almoço decente. Não foi muita coisa, já que não havia tanto na carteira daquele homem, mas consegui comprar um lanche numa dessas lanchonetes de esquina qualquer. Percebi que todos me olhavam de modo estranho, mas também não pude culpá-los, provavelmente eu estava com uma cara horrível. 

Assim que terminei meu almoço pedi para que uma das garçonetes me indicasse o banheiro, precisava saber se a minha situação estava tão ruim assim. Cambaleando e com uma forte dor de cabeça fui até o local indicado e, assim que entrei, assustei-me com o meu próprio reflexo. Meus cabelos castanhos estavam mais bagunçados do que o normal, minha pele estava pálida e com algumas marcas de mordida, além dos meus olhos que estavam inchados e vermelhos por causa do choro. Sendo sincero, eu nunca estive pior. 

Naquele momento eu não soube mais o que fazer. Acho que a melhor opção seria caminhar pelas ruas e procurar por ajuda de alguém, ou até mesmo tentar convencer a polícia. Porém, eu estava tão cansado; senti meu corpo inteiro meio molenga e estava muito quente. A dor de cabeça não me deixava raciocinar direito e para completar minha visão ficara um tanto embaçada.

Ouvi de repente batidas na porta. Precisava sair ou era bem capaz deles chamarem a polícia e me prenderem por achar que eu era um ladrão, ou até mesmo um mendigo. Levei um pouco de água ao rosto, numa tentativa falha de melhorar minha temperatura e vista. O temporal da noite passada não me ajudou em nada. 

Então, antes que batessem novamente na porta, criei forças e consegui sair da lanchonete o mais rápido que pude. 

As ruas pareciam tão desertas naquele dia, como se só houvesse eu e o vento gélido que teimava em chocar contra o meu rosto, me fazendo cambalear e quase cair com tamanha coerção. Com ambos os braços ao redor do meu corpo, eu tentava me aquecer. Já nem sabia aonde estava indo, apenas deixava o meu corpo guiar-me sozinho pela cidade. 

Estava tudo estranho demais, eu sentia que algo estava acontecendo. Ou talvez fosse só a minha imaginação criando tolices; afinal, com o céu nublado e repleto de nuvens cinzas que ameaçavam outra tempestade, provavelmente todos estavam protegidos em suas casas. E era o que eu deveria estar fazendo também. 

Decedi que seria melhor procurar por um abrigo, com sorte eu conseguiria pagar por um quarto em um desses motéis baratos. Mas antes que eu pudesse pensar em procurar por um, ouvi passos apertados e bem silenciosos se aproximando. 

Com receio, olhei lentamente para trás, encontrando três homens de uniformes negros e gravatas cinzas encarando-me  com olhares severos. Todos eram altos e tinham quase a mesma aparência. Pareciam robôs fabricados para serem perfeitos e cumprirem difíceis obrigações. Tal pensamento, por mais besta que fosse naquele momento, me deixou receoso e com medo. 

Apressei o passo, colocando as mãos nos bolsos e tentando ao máximo possível passar despercebido. Entretanto, eu já presumia que eles queriam algo comigo. Afinal, só havia nós quatro no quarteirão inteiro. Dei uma rápida olhada para trás, não ficando surpreso pelo fato deles estarem me seguindo; a frieza estampada em seus rostos. Eu queria sair correndo na mesma hora, sentia o meu corpo começar a tremer só de pensar nos homens monstruosos que me seguiam. E confesso que estava a ponto de bater o pé e gritar por ajuda, mas, antes que pudesse reagir, uma voz grossa e firme fez-se aparente no meio de toda aquela tensão, causando pequenos arrepios pela minha pele. 

"Sam Milman." Disse um deles, aproximando-se de mim a passos largos e cautelosos. Nunca temi tanto por alguém dizer o meu nome. "Aonde pensa que vai?"

Na mesmo hora o meu corpo ficou estático. Eu conseguia sentir cada gota de sangue passear pelo meu corpo e os pelos da nuca arrepiarem. Meus instintos gritavam para que eu fosse embora dali o mais rápido que pudesse. Contudo, talvez pelo certo medo do que podia me acontecer caso eu tomasse uma atitude tão precipitada, virei-me lentamente para o dono da voz e tive a infelicidade de reconhecer cada um deles. Eram os capangas da minha madrasta, mas esses eram diferentes, eles não apenas serviam a ela. O da direita e com sobrancelhas de taturana era o guarda-costas mais confiável que ela tinha, forte e super musculoso, mas não era tão inteligente. E tanto o da esquerda que chamara o meu nome quanto o do meio eram um tanto espertos. Geralmente faziam o trabalho sujo, porém nunca recebiam punição já que realizavam alguns trabalhos secretos para a polícia.

Cada batimento forte do meu coração chocava-se contra o meu peito, quase pulando para fora. Tentei não demonstrar que sentia medo, mas a súbita tremedeira que tomou conta do meu corpo fez exatamente o contrário. 

"O que querem?" 

"A chefia pediu para fazermos uma certa tarefinha, e ela meio que envolve você." O do meio disse com um sorriso malicioso. Eles aproximavam-se lentamente, a cada sentença era um passo mais perto de mim.

"Eu não tenho nada para tratar com ela. Fui expulso e deserdado, o que mais ela quer de mim?" Respondi-lhe com a voz fanha, dando pequenos passos para trás e mantendo-os afastados.

"Não exatamente, garoto. Daremos as devidas explicações depois, agora precisamos que você nos acompanhe." Comentou o da esquerda. Ele parecia ser o mais inteligente dos três, e talvez o mais perigoso. "O carro está nos esperando." Completou, apontando para um corça preto atrás de si com as portas e janelas abertas. 

Não ousei me mexer, sabia que eles planejavam algo e que não seria nada bom se fosse com eles. Então permaneci parado no meio da calçada, aguardando por algum movimento destes que me sinalizasse quando a situação ficasse pior e eu pudesse fugir. Eu tentava traçar um plano de fuga em minha mente e o silêncio pairou na rua completamente deserta. Ah, como eu desejava que alguém aparecesse naquele momento, que me tirasse dali. 

Entretanto, parecia que o universo estava gostando de brincar comigo, e a falta de uma reação minha fez com que o da direita — que visivelmente era o mais forte e mais alto deles — se irritasse. Ele cerrou os punhos e bateu uma mão na outra, igual ao Hulk, demonstrando sua força.

"Como posso saber que não estão mentindo?" Perguntei, tentando desviar o assunto.

"Cala a boca e entra na porra no carro." O grandão ameaçou, trincando os dentes e praticamente rugindo para mim. Tinha a aparência de um animal selvagem. Não gostei muito da comparação. 

"Acalme-se, não queremos confusão lembra?" O da esquerda disse novamente, lançando um olhar afiado para o outro. "Não se preocupe Sam. Como eu disse, explicaremos tudo depois, por favor entre no carro."

"Acho que podem me contar aqui, afinal não há ninguém por perto." 

"Sam, garoto." Dessa vez fora o do meio que tomou a iniciativa, caminhando para mais perto de mim. Percebi que ele levara a mão ao bolso traseiro da calça, os outros dois fizeram o mesmo. Fiquei atento aos seus movimentos.

"Não torne as coisas mais complicadas."

Logo os dois comparsas também caminharam em minha direção, e foi naquele momento que eu percebi que estava em apuros. Talvez um deles tenha dito alguma coisa, mas eu não pude ouvir o que era, já estava correndo feito louco antes mesmo que percebessem. 

Eles corriam atrás de mim e gritavam para que eu parasse, mas eu sabia que não estaria seguro com eles. Alguma coisa dentro de mim dizia para que eu fugisse o mais rápido que conseguisse, e era o que eu estava fazendo. 

Mesmo com as dores no meu corpo e minha possível febre, ainda consegui apressurar-me para longe dos três homens que me perseguiam. É incrível como nessas horas em que sua vida está em jogo, a razão é a última coisa em que pensamos. Naquele momento nada se passou pela minha cabeça, nenhum plano. Nem nas dores ou se minha visão estava mais embaçada do que antes. Eu só corri. Como se a minha vida dependesse disso. E ela realmente dependia. 

Não percebi para onde estava indo, minha pernas pareciam ter criado vida própria e me guiavam para algum lugar. Ou talvez fosse os meus sentidos que estivessem indicando para onde eu devesse ir, por que eu virava em várias travessias como se soubesse o que estava fazendo. Em nenhum momento eu olhei para trás, mas acho que os despistei uns dois quarteirões antes de virar em uma rua sem saída. Eu estava perdido.

Estava quase dando meia volta quando reparei numa loja bem no final da rua. E havia alguém lá. Andei até a pessoa e notei que era um garoto alto, de cabelos negros, usava um tipo de uniforme de garçom e parecia estar colocando algumas sacolas numa grande lixeira verde. Não tive tempo para reparar em mais nada, estava praticamente gritando quando o alcancei.

"Por favor! Por favor... Eu... preciso de ajuda..." Minha voz falhou e ofegava a cada palavra. Minhas pernas ficaram bambas e eu tremia muito. "E-eles estão atrás de mim... Vão... Me... Matar..."

"O que?" O garoto assustou-se com a minha chegada repentina e me segurou pelos cotovelos, evitando que eu desse de cara no chão. 

"Por favor... Eles estão vindo... Me ajude..." 

Antes que ele pudesse responder qualquer coisa, um homem grande e barbudo pareceu atrás dele e me encarou fixamente. Ele me avaliava dos pés à cabeça e quando parou em meus olhos, senti uma áurea estranha evanindo dele, como se aqueles olhos negros pudessem ler toda a minha alma. E eu de verdade não duvidava que ele estivesse o fazendo. 

O garoto sussurrou alguma coisa para ele e sua expressão ficou séria. 

"Por favor senhor, me ajude! Eles querem me matar... E eu não tenho para onde ir."

Todos ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas a minha respiração descompensada ecoava pelo beco. Os dois me encaravam como se não soubessem o que fazer; nem eu mesmo sabia. Foi quando ouvimos passos apressados se aproximando. Meu coração parou no mesmo instante. 

O garoto virou-se para o homem mais velho, em nenhum momento ele havia me soltado. Então disse baixinho:

"Por favor pai..."

O homem que, ao que parecia, era pai da pessoa que me segurava com firmeza, franziu as sobrancelhas e estalou a língua no céu da boca. Por um momento eu pensei que ele fosse me enxotar dali e me entregar para os meus perseguidores, mas ele apenas sussurrou algumas palavras como se estivesse xingando alguém e concordou rápido com a cabeça. 

"Andem logo." 

O garoto me segurou pela cintura e me guiou para dentro da loja. A batida forte da porta se fechando fez com que o chão ao meu redor tremesse, portanto tive que me segurar em seu pescoço para que não caísse. Eu não via exatamente para onde estavamos indo, mas parecia que o corredor estava ficando cada vez mais estreito e sem iluminação. Estávamos indo para a parte mais funda e vazia do lugar.

Socos e gritos foram ouvidos, e todos pudemos perceber que viam da porta pela qual acabáramos de entrar. O pai dele foi até lá e disse alguma coisa ao filho. Eu não conseguia escutar mais nada, meus sentidos estavam ficando fracos. Ele então me levou para o fim do corredor e lá tinha uma espécie de tapete gigante cheio de desenhos e formas pendurado na parede. Rapidamente o tapete saiu de vista e apenas a cor amarela preenchia o espaço, os dedos do garoto encostaram em um certo ponto da parede e empurraram a mesma. Aos poucos um buraco retangular apresentou-se e fui levado para dentro deste. Não ousei perguntar nada, aquele não era o momento apropriado para saber por que alguém tinha uma passagem secreta atrás de um tapete num local como aquele. 

A porta fechou-se em instantes e tudo o que via era o breu. O garoto agachou-se e me sentou em alguma coisa macia e fofinha, um colchão talvez.

As nossas respirações misturavam-se no lugar abafado, e somente depois percebi que estava tremendo de novo. Senti as lágrimas escorrerem pelos cantos do meu rosto, a ideia deles me acharem e me matarem consumiu meus pensamentos. Eu estava com muito medo. Quando eu era pequeno e tinha pesadelos ia para o quarto do meu pai e dormia junto à ele. Eu queria abraçá-lo novamente, como quando fazia antes.

Com tais pensamentos vieram os soluços altos e o desespero. Tentei contê-los mas era impossível naquele momento. 

Foi então que algo me surpreendeu. O garoto – cujo nome eu nem sabia – passou os braços ao redor do meu corpo e me abraçou, colocando a minha cabeça em seu peito e me acariciando.

"Shh... Não se preocupe, vai ficar tudo bem." Ele sussurrou em meu ouvido, seus dedos compridos afagavam meus fios castanhos. "Você vai ficar bem. Eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você."

As minhas lágrimas caiam em sua camisa e a ensopavam por inteiro. Mas pela primeira vez em muito tempo eu me senti seguro e protegido. Retribui o gesto, respirando fundo e tentando segurar o choro. Ele cheirava a amaciante e morango.

Esperamos por um tempo, até que conseguimos ouvir vozes. Ele me abraçou mais forte, como se pedisse para que fizesse silêncio. Então ouvimos passos. 

"Estou dizendo, não há ninguém aqui." Reconheci a voz do senhor barbudo.

"Eu juro que o vi entrar, chefe." Essa era a voz do grandão guarda-costas.

Ficaram em silêncio. 

"Bem, como puderam ver não há ninguém. Somente eu e meu filho que não está agora."

Mais passos e alguns sussurros. 

"Tudo bem. Vamos embora, não podemos perder tempo com esse velho." 

"Sim, ele não deve ter ido muito longe."

As andanças ficaram distantes e ambos pudemos suspirar aliviados. Esperamos mais um pouco até ter certeza de que eles já estavam longe. Eu nunca me senti tão descarregado como naquele momento. Foi como se todo o peso dos últimos acontecimentos estivessem sendo retirados dos meus ombros e eu pudesse finalmente respirar em paz. Sem preocupações ou medos. Era como se estar nos braços daquele garoto acabasse com todos os meus reais pesadelos, deixou a minha mente em branco.

Escutamos novamente passos se aproximando e a porta secreta atrás do tapete foi bruscamente empurrada. Ficamos tensos por um momento, mas relaxamos ao ver o senhor barbudo. 

"Peter?" Ele disse, provavelmente chamando pelo garoto. Peter. Um nome bonito. "Pronto, eles já foram."

"Ufa! Essa foi por pouco, não é...?" Ele virou-se para mim, mas não pude dar uma resposta. 

Naquela hora foi como se todas as dores e machucados que, por alguns minutos, eu consegui esquecer, tivessem vindo a tona. Minha visão ficou turva outra vez e eu sentia minha cabeça em chamas. Pensei ter visto o meu pai por um momento e tentei dizer alguma coisa, mas a minha voz estava presa na garganta em um bolo de milhares de palavras. Eu estava caindo aos poucos na imensidão.

E então tudo ficou escuro. 

 


Notas Finais


Pessoas importantes apareceram, assim como novos problemas também.
A maior parte das questões serão resolvidas no próximo capítulo. As mais importantes no decorrer da estória.
Espero que tenham gostado!
Não deixem de comentar, gosto de saber o que pensam :)
Kissus da Chessy e até :3


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