1. Spirit Fanfics >
  2. My light, my hope (J-Hope) >
  3. Humana?

História My light, my hope (J-Hope) - Humana?


Escrita por: Pam_Hoseok

Notas do Autor


⚠(CAPÍTULO REESCRITO - 14/01/18)⚠

Olá pessoal! ❤
Sejam muito bem vindos! É minha primeira fanfic, então resolvi dar as honras ao meu utt J-Hope, esse solzinho lindo! ❤

AVISO: Não haverá cenas HOT aqui, e provavelmente não haverá menções também.

A fanfic se passa na Coréia, porém, eu não entendo de grande parte dos costumes, cultura e tradições de lá. Peço perdão se eu errar de alguma forma ou desrespeitar algo ou alguém. Não é de maneira nenhuma a minha intenção. Meu desejo é apenas fazer uma história de fantasia legal com nossos meninos amados. ❤

Boa leitura e perdoem os erros! ❤

Capítulo 1 - Humana?


Fanfic / Fanfiction My light, my hope (J-Hope) - Humana?

A vida é realmente uma caixinha de surpresas. Uma hora você está bem, feliz, achando que sua vida está feita, achando que nada de ruim pode acontecer. E de repente o trajeto muda... Seu mundo desaba num piscar de olhos. Bom, foi exatamente o que aconteceu comigo. Digamos que eu nunca tive uma vida fácil, mas me diga: Quem tem? Apesar da vida difícil, eu sabia me cuidar. Sabia resolver qualquer problema que atravessasse meu caminho... Mas agora é diferente. Algo assim nunca aconteceu antes... Eu não sei o que fazer. 

Eu preciso de ajuda! Vi uma luz forte me cegando e um barulho ensurdecedor tomou conta do lugar que segundos atrás estava puro silêncio. Alguém me ajude! Eu não entendo! Tudo o que me lembro é sair correndo pelas ruas e de repente... vi apenas borrões e sangue. Muito sangue. Tudo ficou escuro. Tentei me levantar, mas não consegui, minhas forças foram embora... A dor era insuportável. 

Eu não conseguia me mover! 

Algumas horas atrás... 

Olá, meu nome é (S/N), tenho 18 anos. Moro em Seul na Coréia do Sul, acabei de me formar e não faço ideia do que vou fazer a partir de agora. Nunca tive pensamentos sobre meu futuro, mas agora precisava pensar em qual faculdade entrar. Precisava de um emprego, ter meu próprio dinheiro, porque não achava certo ficar o tempo todo às custas do meu pai. 

Mas, o bom disso tudo é que nunca mais precisaria voltar para aquela escola. Não que eu odiasse estudar, o problema eram os alunos. Nunca fui de ter muitos amigos, as pessoas não se aproximavam muito de mim. Não por eu ser chata ou arrogante, e sim porque tinham medo. Digamos que eu era forte demais comparado à uma pessoa comum – várias vezes acabei me metendo em encrenca por não medir muito minha força. 

Porém, mesmo com todo aquele medo que as pessoas tinham, acabei fazendo dois amigos: Sook e Jack. 

Sook eu conheci no começo do 3° ano. Ela insistia em querer me conhecer. No começo achei estranho o desespero dela em se tornar próxima, mas depois de um tempo fui me acostumando com ela e hoje ela é minha única amiga.  

Já Jack, conheci no 1° ano. Ele disse que achava muito maneira essa minha força de outro mundo, por isso começamos a conversar nos tornamos amigos e hoje somos namorados, sem contar que foi ele que me apresentou Sook. 

Hoje é aniversário dele e planejei fazer uma surpresa. Desde a formatura temos nos encontrado pouco já que Jack trabalha muito e sobra pouquíssimo tempo para nós. Isso nos distanciou e esfriou nossa relação, mas hoje eu tentaria melhorar as coisas, tentaria nos aproximar novamente. 

Levantei da cama e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal – aquela água fria do jeito que eu amava capaz de espantar qualquer vestígio de sono. Depois de alguns minutos saí do banho e procurei algo para vestir pelo guarda-roupa. Uma blusa cinza com mangas longas, um short preto que batia no começo das coxas e uma sandália simples. Peguei meu celular em cima do criado-mudo e saí do quarto.  

Desci as escadas e fui para cozinha tomar meu café da manhã, dando de cara com meu pai sentado em frente à mesa,  observando a janela, pensativo e em total silêncio. Sentei na cadeira de frente para ele, mas o tal não parecia ter me visto, estava com a cabeça nas nuvens. Percebi que seus braços estavam apoiados na mesa com uma xícara de café fresco em mãos.  

 — Akira, se continuar assim seu café vai esfriar — avisei interrompendo seus pensamentos, trazendo-o de volta a realidade. 

— Ah, obrigado por avisar (S/N). Eu estava... — parou de falar e olhou rapidamente pra mim, desviando o olhar logo depois. —... Viajando um pouco. 

 — Aconteceu alguma coisa? Parece preocupado — perguntei ao perceber seu jeito inquieto. Deixei o celular na mesa e peguei a garrafa de café, enchendo a xícara que Akira tinha colocado ali.  

— Não é nada. — Sorriu levemente. — Só estou um pouco cansado. Voltei ontem de viajem e estou completamente exausto — explicou colocando as mãos no ombro e torcendo um pouco o pescoço. 

— Engraçado... Nunca me falou onde trabalha... E olha que moro com o senhor faz um bom tempo — resmunguei depois de tomar um gole do meu café.  

— Um dia você vai saber, não seja apressada — disse levantando um pouco da cadeira, brincando com meu nariz. —Tudo tem seu tempo, criança.  

— Aff. Não me chame assim, não sou mais criança — afirmei emburrada, fazendo Akira rir com gosto.  

— É sim! É a minha criancinha! — provocou com um tom de deboche, e logo após me mostrou a língua. 

— É vergonhoso.  

— Não é — sorriu com doçura.  

— Com certeza é! — exclamei e ele parou a brincadeira, ainda sorrindo. Ficou em silêncio apreciando o sabor do café, que naquelas horas não estava mais tão quente.  

Fiquei calada, observando-o. Nós realmente tínhamos uma boa relação, além de ser meu pai era um bom amigo. Com certeza era a pessoa que eu mais confiava no mundo. Afinal, mesmo podendo soar um pouco ingrato, eu não conseguia confiar cem por cento em Jack e Sook – não sabia bem o porquê, mas não confiava.  

Akira não era meu pai biológico. Meus pais morreram quando eu era bem pequena, então fui enviada para um orfanato e lá fiquei até meus seis anos. Depois fui adotada por Akira, que quando me viu agiu como se tivesse encontrado um baú de tesouro. Eu não conseguia entender o porquê de tamanha felicidade, mas resolvi deixar para lá.  

Mas, por mais que eu tentasse, não conseguia chamar Akira de pai. Não por ele não ser meu pai biológico, e sim por ele aparentar ser muito novo. É sério, ele parecia ter a mesma idade que a minha. Desde que eu fui adotada Akira pareceu não ter envelhecido nem um ano sequer. E isso é bizarro! Toda vez que perguntava sua idade ele desconversava ou apenas dizia que tinha muitos anos de vida. 

Aquilo era realmente estranho, mas eu não podia falar nada. Afinal, eu tinha uma força bem longe do normal, era mais resistente do que outras pessoas, então não era justo pensar que ele era estranho sendo que eu era uma estranha também. 

Fiquei em silêncio por mais alguns minutos até que subitamente me lembrei de Jack. Peguei o celular, disquei seu número e esperei ele atender, enquanto levantava da cadeira e caminhava em direção à sala. Precisava saber se ele iria trabalhar hoje – mais um que não me conta sobre seu trabalho. 

 

 Alô?  

— Alô, Jack? — vi Akira me seguindo e parando na beirada da porta que ligava a sala a cozinha, encarando-me desconfiado. Ele realmente não gostava de Jack, mas era normal. Afinal, que tipo de pai não fica com ciúmes da filha? 

— Ah, oi princesa, o que aconteceu pra você me ligar a essa hora? — perguntou curioso. Tinha que despistá-lo, ele não poderia desconfiar que eu planejava fazer uma visita surpresa pra ele hoje à noite. 

— Nada de mais, estava pensando se a gente não podia sair hoje. Estou com saudade e também hoje é seu aniversário, queria ficar junto de você nesse dia tão especial. — Akira me fuzilou com os olhos, mas simplesmente fingi que não era comigo e ignorei. 

— Foi mal linda, mas hoje não vai dar. Tenho trabalho e só volto de tardezinha, estava até me arrumando pra trabalhar quando você me ligou. 

— Ah, tudo bem. Mas só uma pergunta: Que horas você volta do trabalho? — Meu plano até aquele momento estava indo perfeitamente bem. 

— Acho que umas nove horas da noite por aí, por quê?  

— Nada não. Vamos deixar pra outro dia então?  

— Claro, foi mal mesmo (S/N). Eu realmente queria muito ficar um tempo com você, estou com muita saudade da minha lutadora! — Que mania boba esse garoto tem de me chamar assim. Akira ouviu o apelido e fez uma cara de nojo que me fez querer rir, mas consegui segurar. — Assim que eu puder, eu te aviso pra gente passar o dia junto, tudo bem? 

— Tudo bem... Não tem problema Jack, eu entendo. Vai lá, vai... Vá se arrumar.  

Um beijão, minha linda!  

— Beijo. 

  

Desliguei o celular e Akira olhou pra mim com uma cara nada boa. 

— Lutadora? — perguntou, arqueando uma sobrancelha. 

— É... Quando nos conhecemos ele havia me contado sem querer que tinha uns valentões a fim de bater nele. Teve um dia que eu fui a casa dele depois do colégio, pra fazer um trabalho, aí... — parei assim que percebi o que estava falando. Sabia que se eu continuasse talvez levaria bronca. 

— Continue, criança — pediu e eu hesitei. — Vamos, (S/N). Quero ouvir o final — mandou, aproximando-se um pouco mais. Respirei fundo e continuei. 

—... Aí eles nos barraram no meio do caminho. Queriam bater em Jack, então resolvi ajudá-lo. — Olhei pra Akira e ele me pareceu meio contrariado. 

— O que você fez pra ajudar, (S/N)? — perguntou elevando um pouco o tom de voz. 

— Eu fiz o que tinha que ser feito.  — O encarei com confiança. 

— Me diga o que você fez! — Segurou meus braços. 

— Eu defendi Jack, Akira. Só isso. — Tentei inutilmente tirar as mãos dele de mim. Sabia que eu era forte e que poderia tirá-lo de perto de mim no momento em que eu quisesse, mas eu não queria de maneira nenhuma machucá-lo no processo. 

— Você bateu neles? — Fiquei em silêncio. — Bateu (S/N)?  

— Bati. — Ele olhou fixamente meus olhos e logo depois me soltou. Parecia angustiado. E também muito irritado. Caminhou em círculos bagunçando seus cabelos loiros e resmungando algo que não conseguia entender. 

— Por que fez isso? — perguntou girando seu corpo, ficando de frente pra mim novamente. 

— Eles nos barraram no meio do caminho e começaram a avançar em cima de Jack. O que eu poderia fazer? Ficar parada vendo aquela cena e esperar que eles terminassem de bater nele? Claro que não! Eu tive que ajudá-lo! — expliquei, tentando ao máximo manter a calma. 

— Tinha necessidade de bater neles, (S/N)? Tinha? — deu um grito que me fez recuar um passo. 

— Tinha sim, se eu não o ajudasse eles teriam o matado. Eu salvei Jack! Primeiramente eu só os ameacei, mandei se afastarem, mas os caras não largavam! Tive que interferir — respondi já aborrecida. 

— Você sabe que vai contra meus conceitos! — exclamou colando as mãos na cintura, ofegante. 

— Eu não podia ver meu amigo apanhando daquele jeito e não fazer nada! — tentava me defender, mas era em vão. 

— Você não pode usar sua força contra ninguém, está me ouvindo? Não deve! Contra nenhuma pessoa! Vai contra meus conceitos... Nossos conceitos! — gritou enraivecido. Àquela altura eu já estava ficando preocupada, nunca o vi daquela maneira. Por que esse incidente o afetou tanto?  

— N-nossos conceitos? Do que está falando? — perguntei, agitada com sua gritaria. 

— Não podemos tocar em um fio sequer de cabelo de um humano! Vai contra tudo o que somos! — gritou completamente irado, mas no segundo seguinte sua expressão mudou completamente. Sua fúria de repente se transformou em arrependimento. Olhou rapidamente pra mim e logo desviou para o chão, em seguida saiu da cozinha rapidamente, indo direto para as escadas. Eu o segui. 

— Por que fala como se não um humano também, eim? Você é um E.T? Por isso você é tão enxuto? — questionei, seguindo-o enquanto subia as escadas. Akira parou no último degrau e eu parei mais atrás, ainda no segundo degrau, apoiando minhas mãos no corrimão. 

— Que bobagem! É apenas força de expressão! — exclamou olhando-me. 

— Por que está nervoso então? Passei tão perto assim da verdade? — perguntei meio desconfiada. Tinha algo muito errado acontecendo e ainda iria descobrir o que era. Mais cedo ou mais tarde. 

— Nada (S/N), nada. Esquece isso. — Aparentemente havia se acalmado. 

— Então por que você brigou comigo por algo que aconteceu há muito tempo atrás? — O olhei e fechei a cara, em brincadeira. Seu olhar se fixou em mim, desceu os degraus e me puxou pra um abraço. 

— Desculpe... mas você sabe que eu não gosto de violência. — Levantei minha cabeça para olhar seus olhos verdes e seus traços misturados. 

 — Mas o senhor sabe que não tive opção, não é? Sabe que só fiz aquilo para salvar Jack.  

— Eu sei. — deu um beijo rápido e leve no topo da minha cabeça. — Mas você sabe que não deve pagar o mau com o mau, não é? Não use a força que você tem pra machucar os outros. Use-as para o bem.  

— Hmn, não consigo imaginar muitas formas de usar algo assim para o bem — comentei rindo. 

— Têm tantas coisas que você ainda não sabe sobre o mundo, filhinha — disse rindo em tom divertido e misterioso, soltando-me logo depois. Subiu em direção ao seu quarto e eu o segui, afinal não é todo dia que ele está em casa. Akira viaja quase todos os dias por causa do misterioso trabalho, então quando ele está em casa eu aproveito o máximo de tempo com ele. E não quero passar o pouco tempo com brigas.  

Vi ele sentado em sua cama, retirando as meias dos pés. Fiquei encostada na lateral da porta apenas observando seu rosto. Ele tinha alguns traços asiáticos, mas também alguns estrangeiros, como a cor dos cabelos e dos olhos. Ele me viu, se levantou da cama e andou até seu guarda-roupa. 

— O que foi? — perguntou curioso. 

— Me desculpe... — pedi finalmente, um pouco constrangida. 

— Pelo o quê?  

— Eu sei que não foi certo o que eu fiz. 

— Tudo bem, você mesma disse que foi somente pra protegê-lo. — Ele se virou, encarando-me. 

— Não... — eu disse, balançando a cabeça. — O que o senhor não sabe é que eu poderia apenas tirar os caras de cima de Jack e fugir, mas me deixei levar pela raiva e acabei os espancando. Eu lembro bem do sangue deles em mim, eu quase os matei. Fui impiedosa. Para salvar meu amigo... eu quase tirei duas vidas. — Observei minhas mãos. — Não quero usar minha força desse jeito. 

Akira parecia surpreso. Suspirou e depois olhou para mim. — Tudo bem, tudo bem, já passou — disse sorrindo. — A propósito... Por que eles queriam tanto bater no seu namorado? — perguntou franzindo o cenho. 

— Bom, como eu posso dizer... Ele é do tipo atrevido. Não mede as palavras e acaba se dando mal no final. Não faz por mau, eu acho — expliquei e ele começou a rir. 

Continuamos a conversar sobre coisas aleatórias, até que ele saiu da frente do guarda-roupa e caminhou até fim do grande quarto, e eu involuntariamente o segui. Ele estava andando até que parou bruscamente e se virou pra mim. Não tinha visto que ele tinha parado e como consequência trombei forte nele. 

— O que foi? — perguntei confusa. Ele me encarava com desconfiança no olhar. 

— Vai mesmo me seguir até aqui? — continuava olhando pra mim com semblante desconfiado. 

— E qual o problema? — Não estava entendendo onde Akira queria chegar. Eu sempre o seguia para todo o lado e ele nunca parecia se incomodar.  

Ele me olhou como se visse em sua frente a garota mais lesada do mundo. Olhava-me como se a resposta fosse a mais óbvia do mundo. E só depois de vagar meus olhos atrás dele é que eu fui notar o que ele queria dizer.  

Só naquele momento é que fui perceber Akira só de calça indo diretamente para o banheiro. Minha cara foi ao chão com tamanha vergonha. Eu estava seguindo-o até o banheiro e nem havia notado.   

— Por que não tinha me avisado antes? — questionei irritada.  

Akira caiu na gargalhada. — Pensei que quisesse tomar banho comigo como nos velhos tempos — brincou em meio às risadas altas.  

Eu não aguentei com a brincadeira sem graça. Algo dentro de mim se agitou em fúria. Descontrolei-me por um instante e quando dei por mim, me vi dando um soco com força na barriga dele. Quando percebi já era tarde demais. Não tive intenção, algo dentro de mim cresceu e uma raiva incontrolável tomou conta de mim. Não consegui parar. 

Esses meus ataques de raiva eram bem raros, mas vez ou outra acontecia. Mas por Akira viver fora, nunca tinha testemunhado antes, muito menos sendo o alvo deles. 

Mas algo me surpreendeu ainda mais. Quando eu dei o golpe ele não pendeu para trás como os outros e sim permaneceu imóvel, como se minha força não fosse nada demais. Fiquei paralisada e ele também. Ficamos por um breve momento em silêncio processando o que havia acabado de acontecer. 

— O... O que aconteceu? O senhor não sentiu meu ataque? — perguntei assustada.  

— Você acabou de bater no seu pai, (S/N)? — reclamou, tentando desconversar. 

— Foi sem querer, eu não tive intenção! Agora a questão é: Por que quando te bati o senhor não sentiu nada? Eu bati com toda minha força e o senhor nem pareceu sentir! — exclamei em espanto. 

— Então realmente quis me bater, se foi com toda sua força! — acusou na tentativa de mudar o rumo da conversa. 

— Não muda de assunto Akira, sabe muito bem que não tive intenção! Agora vai me explicar isso direitinho. Um humano comum teria voado longe! — confrontei aproximando-me um passo. 

Ele olhou para os lados desesperadamente à procura de uma saída. — Tenho que tomar banho! Depois nós resolvemos isso! — Bateu a porta na minha cara. Mas que audácia! 

— Sabe que se eu quiser arrombo isso agora mesmo! — gritei batendo na porta, não medi minha força e acabei rachando-a sem querer. 

— Eu não faria isso se fosse você! Com certeza não vai querer me ver no estado que estou agora! — gritou de dentro do banheiro. 

Dei grito em reprovação.  

Isso não vai ficar assim. Não vai mesmo! 

— Não pode ficar aí pra sempre, uma hora o senhor vai ter que sair, e quando sair... Eu vou estar te esperando, Akira. Conte com isso... Não pode fugir de mim pra sempre! — exclamei com a voz mais sombria que eu pude reproduzir. Senti lá de dentro que Akira estremeceu com minha voz. 

— Isso é o que veremos! — confrontou tentando parecer firme, mas percebi em seu tom o nervosismo. 

— Eu vou te deixar em paz no momento, porque vou sair pra comprar umas coisas! Mas quando eu voltar teremos uma conversinha. 

— Essa frase é minha, mocinha! — gritou do outro lado da porta, rindo no final. 

Ele estava escondendo muita coisa, por isso resolvi assustá-lo um pouco, para aprender que não deveria esconder nada de sua preciosa filhinha.  

Ri com meu próprio pensamento.  

 Akira... — chamei em um sussurro intimidador e sombrio. Nem parecia que tal voz vinha de mim.  

Ele ficou em silêncio. Depois de alguns segundos ele resolveu responder. — O que é? — Fiquei em silêncio tentando me segurar para não rir. — O que é? O que foi (S/N)? — Pela voz parecia estar ainda mais nervoso do que antes. Eu tinha certa aptidão pra terror psicológico, aparentemente.  

 Akira... — sussurrei novamente. 

— Pare com isso, já chega! — O medo era evidente em sua voz. 

Está bem. Já havia assustado o pobrezinho o suficiente, certo? 

Hm, ainda não. Só precisava fazer mais uma coisinha. 

Fiquei quieta, esperando Akira se acalmar. Então, assim que decidi ser a hora certa, golpeei a porta com toda a força, fazendo-a voar aos pedaços em todas as direções do banheiro.  

Entrei no cômodo assim que ouvi o grande estrondo dos entulhos se chocando contra os móveis e as paredes. Procurei por Akira, vendo-o se levantar rapidamente de um canto e observar o estrago que eu havia feito. Estava perplexo e muito surpreso.  

Corri para o meu quarto o mais rápido possível assim que seu olhar esverdeado se voltou para mim. Assim que botei os pés no corredor pude ouvir um “SUA MALUCA” ecoar pela casa inteira. Ri maldosamente ainda correndo, imaginando o que me aconteceria depois.  

Entrei no meu quarto, tranquei a porta e lentamente deslizei meu corpo até chegar ao chão. Fiquei em silêncio por um tempo, apenas observando a janela aberta no fundo do quarto. Meu sorriso se foi repentinamente... E eu sabia bem o porquê.  

— O que há de errado afinal? — sussurrei. 

Tudo não fazia mais sentido pra mim. Essa força... Essa resistência... Sentia que algo estava faltando. Sentia que eu precisava saber de algo muito importante. 

E Akira com certeza tinha as respostas certas para tirar essas sensações do meu peito. 

Eu sempre tive uma força sobre-humana, mas nunca me perguntei exatamente o porquê de ser dessa forma. Pensava que eu era uma daquelas pessoas superdotadas que sempre via na internet e na televisão. Mas agora descobri que Akira também tem algo de incomum.  

Não pode ser coincidência... Não pode ser. 

Eu posso ser tudo, mas uma humana comum com certeza não sou.  

E sei que Akira também não é. 

— O que ele é afinal? O que eu sou?  


Notas Finais


Obrigada por terem lido!
Espero que tenham gostado do primeiro capítulo! ❤


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...