História My light, my hope (J-Hope) - Visões

...

Depois de tudo o que aconteceu comigo e Namjoon, Taehyung decide me levar para a cozinha para tomar uma água. Ele levanta da banheira sem se desfazer do meu abraço. Entrelaça nossos dedos e me puxa delicadamente para fora do banheiro.

Durante todo o trajeto permaneci calada, minha mente se encontrava concentrada na expressão arrependida de Namjoon. Eu não consigo entender. Namjoon nunca seria capaz de me agarrar sem meu consentimento... E aquela expressão em seu rosto... Algo me diz que ele não fez por querer. Tinha... Tinha algo o controlando.

Mas apesar de tudo, apesar de eu saber que não foi intencional... Foi assustador... Aqueles olhos vazios; aqueles olhos transbordavam impiedade... Trasbordavam algo... Selvagem.

Chegamos à cozinha, Tae puxou uma cadeira e pediu para que eu me sentasse. E assim fiz. O mesmo andou até a geladeira e a abriu, observou por uns segundos e logo tirou de dentro uma jarra de água... Pegou um copo que estava em um prato no centro da grande mesa de jantar e o encheu de água. Logo depois veio até mim me oferecendo.

— Obrigada! — falo baixo pegando o pequeno copo, e bebendo um pouco logo em seguida.

— Me diga (S/N), o que aconteceu lá? — pergunta Taehyung pegando uma cadeira e a colocando em minha frente, sentando-se logo depois.

— E-eu não sei bem. Foi tudo muito rápido... Ele simplesmente me pegou por trás, me jogou na banheira e em seguida começou a me beijar! — digo cabisbaixa, olhando sem animo para o copo em minhas mãos.

— Ele te beijou? — questiona alterando um pouco a voz. Olho em seus olhos e vejo sua irritação.

— Não exatamente, só meu pescoço! — digo tombando minha cabeça um pouco para o lado expondo um pouco meu pescoço e mostrando as marcas que Namjoon me fizera.

— Isso é beijo? Ele te marcou toda! Isso tá roxo, pequena! — diz Tae irritado, passando as mãos levemente pelo meu pescoço.

— Não se preocupe, já vai sarar. — comento tentando o acalmar.

— Eu nunca pensei que o Namjoon hyung fosse capaz de fazer algo assim! Ele é tão bondoso, carinhoso com todos... — diz Taehyung batendo seu punho na mesa á sua direita.

— Não TaeTae... Não vamos ser precipitados, eu sei que ele nunca teria coragem de fazer uma coisa dessas... — digo colocando o copo na mesa, e colocando minha mão em seu ombro.

— Mas fez! — diz olhando para o copo de vidro com desdém.

— Eu sei, mas... Tinha algo de errado com ele, eu conheço o Nam há pouco tempo, mas sei que ele não seria capaz de... Bom... Com certeza aconteceu alguma coisa, ele ficou confuso, e acabou fazendo o que fez! Não vamos culpa-lo sem saber o que aconteceu realmente está bem?  — digo tombando levemente minha cabeça para o lado. Lancei-lhe um sorriso gentil. Ele desvia seu olhar da mesa para olhar-me.

— Está bem pequena, vamos confirmar primeiro... — diz me dando um sorrisinho de canto. Em um momento rápido ele pega minhas mãos e as segura fortemente. — Mas, me responda... — sussurra olhando diretamente em meus olhos.

— Você ficou com medo? Ele te machucou? — pergunta franzindo o cenho.

— N-não me machucou, mas... Foi horrível essa sensação... Eu tenho certeza que ele não fez por querer, mas... Foi angustiante. Sentindo aquelas mãos frias me tocarem sem permissão... — digo cabisbaixa. Resolvo parar de falar sobre isso. Não quero continuar pensando nesse assunto tão delicado.  — Mas não vamos falar nisso não é? Eu já o perdoei, é passado! — digo soltando uma gargalhada nervosa.

— OK (S/N), você venceu... Sobre o que quer falar então? — questiona me lançando um lindo sorriso quadrado. Já disse que esse sorriso é lindo? Não? Pois é... É muito bonito.

— Hm, sobre os rapazes... Aqui está muito quieto. Sabem onde eles estão? — pergunto olhando em volta no cômodo. 

— Bom... Nós estávamos no campo treinando nossas habilidades... — diz dando de ombros.

— Ah é? Então como que você foi parar no banheiro de uma hora pra outra, moçinho? — questiono cruzando os braços e o lançando um sorriso brincalhão.

— Você sabe que eu sou sensitivo. Eu tive uma sensação ruim... Tinha algo me incomodando sobre você... Uma sensação que você estava correndo perigo... Por isso sai do campo o mais rápido possível e fui a sua procura... Estava passando na porta do quarto quando ouvi sussurros, logo depois um grito... Rapidamente corri em direção ao banheiro e vi você naquele estado... — diz começando a se irritar novamente. Antes de ele terminar, bato de leve em seu ombro.

— AU! — resmunga colocando a mão no lugar onde bati.

— Eu disse para esquecermos esse assunto até segunda ordem. — digo fingindo raiva.

— Está bem está bem! — resmunga soltando uma gargalhada baixa. — Então deixa eu te perguntar... Como vai o coração de nossa pequena luz? — questiona bagunçando os meus cabelos.

— Meu coração? Bem... Não tenho problemas cardíacos que eu saiba! — digo levando a mão até a boca, e brincando com meus lábios.

— Depois falam que eu que sou bobo... Deixa-me ser mais direto... Hoseok (S/N)! — diz me lançando um sorriso de canto.

— O que tem ele? — pergunto alterando minha voz, surpresa.

— O que você acha? Já se declarou pra ele? — pergunta me olhando com uma carinha inocente.

— Me declarar? Como assim? Eu não gosto dele! —exclamo me levantando em um pulo.

— É claro que gosta! Está tão na cara! — diz ele fazendo uma careta bem... Maliciosa.

— Claro que não! É mais fácil eu gostar do Suga do que ele! — exclamo claramente nervosa.

— É do jeito que vocês dois brigam... Pode até rolar um romance! O famoso entre tapas e beijos! — diz entre risadas altas.

— Kim Taehyung! — grito, irritada. Sinto minhas bochechas pegando fogo.

— To brincando, to brincando! — diz me puxando para sentar na cadeira novamente. — Mas não tem como esconder... Você está caidinha pelo Hoseok! — diz me lançando um sorriso imenso.

— V-você acha? — murmuro preocupada, será que eu realmente estou gostando dele? Talvez... Talvez...

— Claro... Se não fosse isso, por que o perseguiria tanto? — pergunta estreitando um pouco seus olhos.

— Você não entenderia! — comento.

— É só você explicar que eu vou entender! — diz escorando-se na mesa.

—Hoseok sofreu muito no passado. Ele perdeu toda sua família. E ele acha que todas essas perdas foram causadas indiretamente por ele... Acha que todos os que fazem laços com eles, amigos, familiares, morrem por estar com ele. Por serem próximas de Hoseok. — digo olhando com tristeza para Tae, que continua escorado.

— E o que isso tem haver com você? — pergunta.

— Ele não tem amigos por causa disso. Acha que se ele se aproximar de alguém, essa pessoa vai morrer. Por isso Hoseok não tem amigos, por isso ele é sozinho... — continuo contando.

— Tá, eu ainda não entendi onde você entra nessa história... — diz sem animo enquanto brinca com seus cabelos castanhos.

— Eu quero provar que tudo isso que ele pensa não é real... Eu quero me aproximar de Hoseok, ser sua amiga e provar que ele pode sim se aproximar das pessoas sem mata-las indiretamente. — digo fazendo gestos com minhas mãos.

— Tá deixa eu ver se eu entendi o plano; você quer ser amiga dele, para botar na cabeça de Hoseok que não é perigoso, e também para tira-lo da solidão que é viver sem amigos... — diz V gesticulando também. Aceno positivamente enquanto pego o copo em cima da mesa e os levo em meus lábios. 

— Então vamos supor que você se aproximou dele... Você vai continuar vivinha da Silva... Aí então com passar do tempo ele vai perceber que não é perigoso, e vai poder se aproximar das pessoas de novo... É isso? — pergunta V curvando-se um pouco para se aproximar de mim.

—... Você foi falou de uma forma muito confusa... Mas eu acho que é isso mesmo! — digo arqueando uma sobrancelha e colocando o copo de volta de onde peguei.

— E por que você quer fazer isso tudo? — pergunta apoiando seus braços nas coxas, e com uma mão segurando seu rosto.

— Eu sou uma guardiã da luz, é meu dever ajudar qualquer pessoa triste... Meu dever é consolar as pessoas solitárias, Hoseok se sente sozinho... Eu quero tira-lo dessa solidão e...

— Resposta errada!! — grita Taehyung batendo a palma da mão na mesa com força; com o barulho acabei me assustando, e com isso fuzilando o homem a minha frente com meus olhos estreitados.

— Hã?

— Você tá fazendo isso porque gosta dele! — exclama apontando o dedo na minha cara. Pude ver em seu rosto um sorriso malicioso. Se eu não estivesse sendo confrontada, eu garanto que iria rir dessa expressão.

— QUER PARAR COM ISSO? — grito virando meu rosto em direção à geladeira, e cruzando meus braços logo em seguida.

— Gosta dele! Gosta dele! Gosta de Jung Hoseok! — diz cantarolando enquanto passa a ponta de seus dedos na minha bochecha vermelha.  

— Alem de ser meu anjo da guarda quer ser meu cupido também? — questiono o olhando de canto.  

— Eu só quero fazer você parar de ser orgulhosa, e admitir que gosta do cara... E não vem não que ele é bem atrativo aos olhos! E tu reparaste naquele nariz? Aquele nariz é perfeito! — diz batendo de leve nas minhas pernas.

— Falando assim, até parece que é você que gosta dele! — digo sugestiva, e lhe lançando um sorriso.

— Eu sou hetero, mas não sou cego! Se o cara é bonito, o cara é bonito e ponto! — diz voltando a escorar-se na mesa.  

— Tá eu admito, eu sinto uma leve atração... — sou interrompida rapidamente.

— Leve? To sabendo! Gosta... De... Jung... Hoseok! — silabou de forma provocativa.

— TaeTae! — o chamo em reprovação. Isso de certa forma está me divertindo apesar da minha reação.

— Repete comigo...  Eu gosto de Jung Hoseok! — diz me provocando.

— Para! — repreendo.

— Eu gosto de Jung Hoseok! — diz fazendo biquinho.

— Kim Taehyung, eu vou te dar uma voadora! — alerto.

— Eu gos... — ia dizer novamente, mas eu interrompo de imediato.

— Eu gosto de Jung Hoseok! OK? Melhor assim? — exclamo pulando da cadeira novamente.

— Já se convenceu cabeça-dura? — questiona revirando os olhos.

— Convenci... Eu gosto sim do Hoseok, satisfeito? — falar isso foi bem constrangedor. Admito... Mas eu acho que é verdade... Eu realmente gosto dele.

— Vou ficar satisfeito quando você tascar um beijão nele, e me chamar para o casamento pra comer bolo... Fora isso, só dá para o gasto! — diz dando um sorriso cínico. De repente ele se aproxima segura gentilmente os meus braços e me olha fixamente.

— Olha, não negue seu sentimento. Reconheça-os... Você estará arrancando um enorme peso do seu coração... Às vezes você poderá chorar... Se alegrar... E sofrer por causa disso... Mas pelo menos você poderá dizer pra si mesma: Eu tentei. — diz colocando uma mão sobre seu peito, no intuito de parecer poético.  

— Isso não fez sentido nenhum, TaeTae! — comento deixando escapar uma alta gargalhada, ele me solta e se escora na mesa outra vez, rindo também. — Mas valeu a intenção. — digo lhe lançando uma piscadinha.  

— O cupido pode ser bobo, e não falar coisa com coisa... Mas não perde a oportunidade de flechar os corações! Admita isso tocou bem lá no fundo... — diz mordendo o lábio e fazendo gestos, como se tivesse em mãos um arco e flecha.

— Bobo... — digo dando leves tapas em seu braço.

—... Feliz! — acrescenta.

Ficamos ali um tempo, conversando sobre coisas aleatórias. De vez em quando Taehyung continuava com suas provocações em relação à Hoseok. Mas eu não liguei mais, apenas desconversava quando ele tocava no assunto.

Até que em meio a uma conversa avulsa, Taehyung começa a ficar estranho. Seus olhos se arregalaram, estava ofegante, e por um breve momento, me pareceu que sua consciência não estava junto de seu corpo. As evidencias são claras... Ele estava tendo uma visão.

Ele olhou para um ponto fixo por alguns segundos, que para mim foram uma eternidade. Pela expressão que fazia, parecia que estava tendo a visão do inferno... Segundos depois ele olhou de repente para seu colo, assustado.

— V, você está bem? Teve uma visão? —pergunto me levantando da cadeira para eu me aproximar mais dele. Em fração de segundos, Taehyung segura meus pulsos com firmeza; pude perceber suas mãos tremulas. Olhava-me com temor... Uma sensação ruim passou pelo meu corpo no instante que nossos olhos se encontraram, com certeza o que ele viu não foi nada agradável.

— (S/N)... O que eu vi foi bem preocupante... — murmura franzindo os lábios.

— O que você viu? — pergunto preocupada.

— E-eu vi você... Estava tudo muito escuro; a visão não era clara, apenas passaram flashes, mas... Eu pude ver claramente seu rosto. — murmura enquanto passa seus dedos por entre seus cabelos. Levemente os puxava, na tentativa de se acalmar.

— T-tae, o que eu estava fazendo? — pergunto angustiada.

— Você segurava uma pessoa no colo, um cadáver. Não consegui ver o rosto, mas pelo porte parecia ser um homem. Provavelmente um dos rapazes aqui! — diz colocando as mãos no rosto, tentando miseravelmente esconder a preocupação.

Congelei no mesmo instante. Um dos meninos vai morrer? Como assim?

— O que mais? Conte-me absolutamente tudo! — berro enquanto grudo a cadeira mais perto de Taehyung.

— V-você estava com um corpo de um rapaz nos braços, você chorava muito. Estava sentada em uma poça enorme de sangue... Todo seu corpo, incluindo o do homem morto, estava coberto com sangue. Você berrava, e o apertava forte... Olhei em volta e tudo ao redor estava repleto de cabeças, e corpos mutilados. Em um dos flashes, deu um close em seu rosto... E digamos você é linda, mas naquele flash... Você estava assustadoramente sombria. — comenta tremendo logo após mencionar o meu rosto.

— Tae... V-você acha que... Bom... Nessa visão... Você acha que eu fiz aquilo tudo? Que eu me descontrolei, e acabei matando um dos rapazes aqui? — pergunto suando frio.

— E-eu não sei pequena... Eu estou tão assustado quanto você... Nunca tive uma visão dessas! — diz me olhando com apreensão.

— A visão é clara... Vai acontecer algo... Quer dizer que se eu me descontrolar... Eu vou acabar matando alguém aqui! — murmuro jogando meu corpo contra a cadeira, inconsolável.

— Então tudo o que nos resta é nos precaver... (S/N), você não pode se irritar, ouviu bem? — diz ele pegando minha mão, e olhando em meus olhos.

— Vou tentar... Eu não quero matar ninguém aqui... Mas sobre essa visão, você vai contar pra alguém? — pergunto.

— Bom... Acho que sim, para a Morte... Ela é a mais experiente daqui... Com certeza vai saber o que fazer... — diz passando as mãos no cabelo, nervosamente.

— Ok...

— Pequena, eu preciso sair pra respirar, venha comigo... Se eu for sozinho é capaz de eu enlouquecer. — diz se levantando, assenti e me levantei também, o acompanhando.

(...)

Enquanto passeamos pelo chalé, vejo Namjoon sentado na varanda, em cima do muro... Olhando para a paisagem... Parecia abatido...

Não adianta, meu instinto me diz para ir falar com ele.

Quando eu estava prestes a me aproximar, Tae segura meu pulso me impedindo de continuar. Olho para ele em reprovação; ele pensa um pouco, e logo me solta de suas mãos.

— Namj... — antes que eu pudesse chama-lo, ele pula rapidamente e corre em direção à floresta, desaparecendo rapidamente... Para um homem que é guardião da Terra ele é bem rápido.

— Kim Namjoon... Você está escondendo alguma coisa... — murmuro pra mim mesma, estreitando meus olhos.

— (S/N)! Olha a Morte ali, ela vai levar o Hoseok para ir com ela matar as pessoas! — diz apontando para eles no jardim.

— Você vai contar agora sobre sua visão? — pergunto, enquanto sou puxada rapidamente por Taehyung que corre descontrolado para o jardim.

— Ainda não... Vou fazer algo bem melhor! — diz me olhando e sorrindo de canto... To com uma sensação que ele vai aprontar.

Morte estava abrindo um enorme portal, olhei através dele e pude ver um beco... Acho que alguém vai morrer em um beco de uma cidade violenta.

Ela entrou e logo após Hoseok entrou também, e o portal foi se fechando aos poucos.

Até que finalmente me dou conta do que Taehyung pretende.

TaeTae me empurra com grande força pra dentro do portal, enquanto o mesmo se fechava... Dou de cara com Hoseok no meio do caminho. Com o grande empurrão que levei eu acabei me trombando com ele, que caiu de bumbum no chão logo depois.

— Até aqui, você me persegue! Qual o teu problema comigo afinal? — questiona se levantando. E retirando a poeira de seu enorme manto negro. Que pelo pó não estava mais tão negro assim. Olhei para trás e o portal havia se fechado. Que merda Taehyung!

— Não vim porque quis, vim porque me empurraram! — digo irritada.

Olho para Morte e a mesma me olhava com desanimo.

— Não tenho tempo pra te mandar de volta... Vai ter que ficar com a gente! — diz se virando.

Que ótimo... Vou ver dona Morte em ação... Ótimo Kim Taehyung... Que ideia de gênio.

Olho em volta e vejo um beco cheio de latas de lixo, sacolas e mais lixo espalhados ao redor. Estava escuro, pois já estava anoitecendo... Olhei para frente e vi um homem de boné e vestes escuras assaltando um senhor já de idade, meio gorducho. Passa a carteira, passa a carteira. Era o que dizia o assaltante apontando uma faca de cozinha na garganta do coitado. Aparentemente não estavam nos vendo... Com certeza Morte fez algo para ficarmos invisíveis.

Ela se aproximou dos dois e esperou sua deixa.

— Isso é horrível... — murmura Hoseok, enquanto escorava-se em uma parede ao meu lado.

— O que é horrível? — Hoseok aponta com a cabeça, olho e vejo o assaltante esfaqueando o senhor... Uma, duas, três... Seis facadas no total.

O assaltante fugiu levando a carteira do coitado. O senhor já ferido, escorou-se pela parede até chegar ao chão. Estava ofegante, e em sua camisa podia ver a grande quantidade de sangue que o mesmo perdera.

E foi aí que Dona Morte entrou em ação. Ela se aproximou do homem... E o mesmo se assustou.

— Q-quem é você? O que quer comigo? — questiona o mais velho aflito.

— Eu sou a Morte, e chegou sua hora! Vim aqui para te buscar! — diz Morte.

 Murmurou algo que não compreendi. No mesmo instante, encostou sua foice no peito do homem. Que imediatamente caiu no chão, morto. Olhei outra vez, e a alma do velho gorducho saiu dele... Gente! Que bizarro...

— Como essas pessoas tem a capacidade... A coragem de tirar uma vida humana assim tão facilmente. Elas não pensam que estão tirando desse mundo uma vida cheia de experiências, cheia de sonhos, desejos. Não percebem que quando tiram a vida de um, tiram um pedaço de vários outros indivíduos... Amigos, familiares... Enfim... Muitos sofrem... — murmura Hoseok. Eu fiquei estática após ouvir isso.

 Olhei para ele surpresa... Jung Hoseok... Isso foi tão... Tocante, eu nunca iria imaginar que ele pudesse pensar dessa maneira.

— Sobre essas pessoas que matam simplesmente por dinheiro ou diversão... Eu queria poder muda-los... Poder salvá-los... Queria poder ajuda-los.  — diz cabisbaixo. Eu nunca vi esse lado tão solidário de Hoseok.

— Então você não gosta desse trabalho? — pergunto o observando fixamente.

— Pra mim a maior aflição é ver seres morrendo e não poder fazer nada para ajudar... Somente observa-los... Isso é uma angustia que sempre senti. — diz ele suspirando.

Continuo o observando descaradamente, realmente... Hoseok é uma caixinha de surpresas. Dessa vez me surpreendeu... Ele não é sombrio. Ele é uns dos melhores tipos de pessoas.

Se antes tinha dúvidas agora não tenho mais. Eu estou mesmo gostando dele. De verdade... Nossa está até me dando um frio na barriga.  

— Sabe... Antes, quando eu conversei contigo pela primeira vez... Eu achava você um cara super arrogante, e frio... Mas agora vejo que isso era tudo uma máscara que você colocava, para as pessoas não se aproximarem de você...  Para não verem o quanto você é legal. — digo enquanto continuo o olhando. Ele olha pra mim, e logo em seguida me dá um sorriso de canto. 

— Ta aí o famoso ditado dos humanos... Não julgue o livro pela capa! — diz me lançando um sorriso de orelha a orelha. — Ei, desculpe de novo... Por gritar contigo...

— Tudo bem! Eu já me acostumei... Então você não está mais bravo comigo? — questiono me aproximando um passo.

— Eu não consigo ficar bravo com ninguém... Quando eu me irrito apenas ajo de acordo com a emoção. — diz suspirando. — Não importe o que eu faça ou diga... Você nunca vai mudar de opinião em relação a se aproximar de mim, não é? — pergunta desanimado. Faço um não com a cabeça.

— Tá bom... Eu estive pensando muito e então resolvi te ouvir... — aquelas palavras foram como música para meus ouvidos, não deixei de comemorar. Aproximo-me mais um passo perto dele, claramente eufórica.

— Verdade?

— Verdade... Talvez... Talvez eu realmente não seja amaldiçoado...  Não... Eu não sou amaldiçoado. — diz com firmeza, olhando diretamente em meus olhos.

— Então, vamos tentar? — estendo a mão para que ele apertasse.

— Vamos... Mas no meu ritmo... Não quero correr riscos. — diz apertando minha mão. Por um momento, vi suas bochechas ficarem vermelhas.

Será que agora finalmente poderei ajuda-lo?  

— OK... Então podemos nos considerar amigos? — questiono o olhando com uma feliz expressão.

— Não exagera... Conhecidos por enquanto... — diz sorrindo de canto. Impressão minha ou ele está com vergonha?

— Tá... — murmuro, achando graça da situação.

— Mas ainda acho que é loucura... Se meter comigo é suicídio. — murmura Hoseok olhando pra parede, tentando disfarçar.

— Hoseok não começa... — digo o repreendendo. Mas antes que eu pudesse continuar a falar, Morte abre um portal e nos olha misteriosa.

— Já chega vocês dois... Vocês não param de falar um segundo... Oh casalzinho mais falador... — diz nos olhando com desdém. Ela se aproxima e pega o meu pulso e o de Hoseok. Puxa-nos até o portal e nos empurra.

Agora estamos em uma floresta; e já está de noite.

— Vão... Preciso de paz pra fazer meu trabalho. — diz dando uma última olhada, até que o portal se fecha por completo.

E aqui estamos... Sozinhos no meio da noite e em uma floresta... Isso de certa forma me lembra das noites que eu saia escondida do chalé para treinar com Hoseok... E me lembro da ultima noite... Aquele beijo...

Só de pensar já me subiu um arrepio, aquela sensação na barriga... Não é possível... Taehyung não só convenceu meu coração, como também convenceu meu corpo. Eu não reagia assim quando me lembrava do beijo de Hoseok.

— Hoseok... Você conhece essa floresta? — pergunto olhando para a densa floresta... Como sempre... Florestas á noite são tenebrosas.

— Claro que sim, (S/N)... Era aqui onde treinávamos! — diz em meio a uma gargalhada.

Eu sorri sem graça pelo fato de eu não recordar desse lugar.

— Vem... Vamos para o chalé! — diz sorrindo simpático.

Nós realmente somos estranhos... Algumas horas atrás nós estávamos brigando um com o outro e de repente tudo se ajeitou... Como se nada tivesse acontecido... Mas acho que é melhor assim não é?

Conversamos coisas avulsas ao decorrer do caminho, Hoseok mudou drasticamente... Ele está mais simpático e sorridente... Aquela pose de fodão que ele tinha não passava de uma máscara.

Até que de repente sinto algo, um calafrio... Uma sensação esquisita... De repente ouço um barulho estranho... Algo como um bramido de algum animal... Um urso talvez. Com certeza não é importante...

Novamente escuto o bramido... Estava longe, mas eu conseguia ouvir... Se for apenas um urso porque estou tão apreensiva?!

Hm... Vou verificar...

Sai da estrada e andei pelos arbustos e árvores. Hoseok me chamou, mas não dei bola... Ouvi uma reclamação, mas logo pude ouvir ele me seguindo.

— O que foi agora? — pergunta Hoseok se aproximando de mim, enquanto atravesso a floresta.

— Ouvi algo estranho... Ouvi um urso! — digo rapidamente.

— É obvio (S/N), aqui é uma floresta! — diz Hoseok me olhando com estranheza. Mas eu o ignorei completamente.

Até que chego até o barulho, observo tudo entre as árvores...

Estávamos em um espaço aberto, cheio de pedras com uma ENORME árvore tapando grande parte da Luz...

Até que vejo um vulto lá no meio da sombra da árvore, estava totalmente escuro... Não dava pra enxergar nada naquela sombra... Mas apesar de tudo eu vi um movimento. Ouço novamente bramidos... Tinha algo lá...

Quando eu ia me aproximar, Hoseok pega minha cintura e me puxa pra perto dele novamente.

— O que foi? — murmuro confusa. Hoseok nada fala, apenas aponta o dedo indicador no local onde vi o vulto.

Fico observando o local, até que vejo um par de olhos brilhantes, se movendo entre o escuro local. Os olhos eram vermelhos... Vermelhos intensos como sangue.  

— Aquilo é um... — sussurro, preocupada.

—... Vampiro... — sussurra também. — Pra trás (S/N)... Vamos nos afastar devagar... Ele está se alimentando agora, não vai querer enfrentar um vampiro faminto... É morte na certa. — diz se afastando em passos delicados. Puxa minha mão delicadamente, mas eu fico parada olhando para o par de olhos. Ouço os barulhos de sangue sendo sugado até que ouço um gemido vindo do vampiro...

— Espera aí um pouquinho... — murmuro atordoada. Não pode ser...

— O que foi? — murmura Hoseok.

— Espera aí. — saio dos arbustos rapidamente, assustando o vampiro. O mesmo lança um grito ensurdecedor para me intimidar. Hoseok vem logo atrás para me “salvar”.  Ele me abraça, caso o vampiro nos ataque.

— Não... Não pode ser! — murmuro atordoada. — Agora tudo faz sentido! — murmuro outra vez.

— (S/N)? — ouço sua voz nas sombras... Ouço seus passos vindos em minha direção com cautela. O vampiro sai das sombras e vai para a luz me possibilitando ver seu rosto coberto de sangue e suas presas a mostra. E com seus olhos totalmente vermelhos.

— Na... Namjoon... — sussurro o olhando com compaixão.

— Não queria que me visse nesse estado. — diz cabisbaixo, correndo para as sombras novamente na tentativa de se esconder.  — Ainda está com medo de mim?

— Nam... Venha aqui... Não estou com medo de você. Eu já o perdoei por aquilo, mas agora eu consigo entender um pouco o porquê do incidente de mais cedo! — comento com o tom de voz mais doce que pude reproduzir. Tento ir em direção a ele, mas Hoseok me segura. Faço-o me soltar para tentar conversar com Namjoon.

— Deixa eu te ver melhor... Nam... Eu sou sua amiga... Não fuja de mim, por favor! — digo me aproximando com cautela.

Ele pensa um pouco, mas logo atende meu pedido e reaparece na luz.

Eu chego mais perto e acaricio suas bochechas sujas de sangue de animal.

— Agora eu entendo quando você disse a um tempo que todos nós temos um passado sombrio. — digo lhe lançando um sorriso doce. O mesmo retribui e acabo vendo seus dentinhos salientes.

— Você... Você é um hibrido? — pergunto, olhando para seus olhos vermelhos. Nunca tinha encarado os olhos um vampiro antes.

— Não... Não sou hibrido. — diz rapidamente.

— Então é o que? Você é um vampiro... — digo curiosa.

— Eu não nasci com sangue de vampiro. Eu fui transformado... Fui mordido pela... Minha ex-namorada! — diz bagunçando seus cabelos; passa o dedo indicador nos lábios e logo após olha o sangue que ficou em seu dedo. O lambendo logo depois. Tenho que admitir não me senti bem ao ver essa ceninha.

— Nam... Você pode me explicar agora? Quer dizer... Sobre o incidente de hoje e tudo mais... — digo me afastando um pouco.

Eu tenho minhas dúvidas, então todo aquele papo de cheiro irresistível, fome... Era tudo sobre meu sangue... E pensar que ele tentou me morder. Mas várias vezes ele beijava meu pescoço... Teve muitas oportunidades... Então por que não mordeu quando teve chance? Eu tenho que tirar essas dúvidas de mim.

— Claro... Eu vou explicar tudo, apenas se acalme...

...