História My Little Big Angel - Epílogo

(Pov Harry)

Tudo estava destruído. Arruinado. Logo ao florescer da vida, tudo foi despedaçado. Eu não sentia nem o vazio que diziam ser comum, aquilo foi substituído por um mar de emoções que me matavam um pouco a cada dia. Observar enquanto o seu corpo era cremado e as suas cinzas voavam contra o vento me causava uma sensação desgastante e eu me sentia fadigado. Eu guardava os seus olhos em minha mente e a sensação de tocar a sua pele acesa. Tudo estava enterrado e esmagado em meu coração e as lágrimas não se faziam mais presentes. Entre o céu e o inferno, a terra e o mar, o destino e as coincidências estava eu. Com o seu cheiro impregnado em meu travesseiro e o seu casaco esquecido em meu armário. A escova de dentes no banheiro e a risada ecoando pelo o meu quarto. No papel de parede do meu celular, estampando meu sorriso junto ao seu no porta retrato da cômoda. Sua inicial com letra formosa ao lado da minha escondida do lado direito da minha cama.

Respirava fundo algumas vezes tentando entender que aquilo era real. Real. Estava realmente acontecendo. Eu tinha minhas mãos estendidas aos céus, me queria livre das correntes. Meus joelhos sangravam refletindo o estado de meu coração. Eu tinha um sonho, e ela o levou junto. Não havia ninguém para me empurrar para fora da escuridão. Ela já não estava mais ali. Sim, ela era o meu sonho, e ela sempre ressurgia nas poucas noites em que eu conseguia cair no sono. Dentre os poucos sentimentos que restaram eram todos de minha avó. Chloe também não queria uma substituta para ela, como eu poderia querer? Sempre que a olhava me sentia perdido em lembranças por ela. Como todas as vezes que pude sentir seus lábios, sua pele, seu cheiro. Acariciava seus cabelos, sentia o seu calor, ouvia a sua respiração calma, a maciez de seus fios e a doçura de sua voz.

Aonde eu estava metido não havia volta, e eu a prometera que viveria, mas como poderia? Eu estava atolado na lama movediça, no fundo do poço. E todos os dias que se passavam eu tentava voltar a superfície, escalar as paredes lisas. Tudo me levava de volta ao começo. Mas eu não precisava disso, ela queria um recomeço. Eu o faria, mas sem ela.