P.O.V Barbara
Terminei de envolver o corpo do pequeno Joseph para que o frio que se faz no exterior não atinja o seu corpo frágil e este fique doente. Executava a minha ação cuidadosamente para não acordar o menino dono de uns lindos olhos verdes. Em seguida, pego-o ao colo e Joseph remexe-se, possivelmente, aconchegando-se nos meus braços. Assemelha-se a um anjo. A sua pele macia num tom claro, seus olhos verdes cristalinos, seus lábios rosados lindamente desenhados e seus cabelos castanho encaracolados tornavam-no um anjo. Amo esta criança como se fosse meu filho.
Desde que Harry regressara ao palácio com Joseph no braços, soube que cumprira a devastadora promessa de afastar o filho da sua verdadeira mãe. "Apresento-te Joseph Styles, o meu filho", dissera o Styles com um sorriso radiante desenhado no rosto. Amara de imediato o menino. Sabia que ele iria crescer a chamar-me de mãe, a contar-me os seus segredos, a pedir-me conselhos. E eu acompanharia todo o seu crescimento bem perto, desde os seus primeiros passos e primeiras palavras até ao seu casamento.
De certa forma, magoa-me saber que a verdadeira mãe de Joseph perderá cada momento importante da vida do filho e que nunca o ouviria a chama-la de mãe. Não gostaria que fizessem o mesmo comigo, mas foi uma decisão do pai e não possuo qualquer direito de opinar. Além disso, Harry é irredutível e qualquer decisão que tome é definitiva, sem oportunidade de ser pensada um segunda vez.
Hoje apresentaríamos o infante ao povo escocês. Esperamos que os dias chuvosos cessassem para executar o nosso desfile pela rua em frente ao palácio. Sinto medo de o fazer, já que todos nos encontramos em perigo por causa da decisão de Harry. As suas ações trouxeram consequências catastróficas e temo que algo de mal aconteça a alguém no palácio. Reforçamos a segurança e permanecemos mais tempo no interior do castelo. O meu principal objetivo é proteger Joseph.
- Barbara, podemos ir? - ouço a voz de Harry e viro-me, assentindo - Está a dormir?
- Como um anjo. - sorrio largamente.
Harry aproxima-se e acaricia o rostinho de Joseph. Este sorri ligeiramente, levando a que nós sorríssemos também. Habituou-se rápido aos nossos toques.
- Vamos? - assinto.
Harry coloca a mão nas minhas costas e guia-me para o exterior do palácio. Aconchego Joseph nos meus braços com o intuito de o proteger dos perigos externos. É tão indefeso e inocente para ser exposto aos perigos do mundo.
O nosso transporte espera-nos e eu caminho reticente até ao mesmo. Temo que tentem fazer mal a Joseph e cada passo faz-me arrepender de ter ousado aceitar apresentar a criança ao povo.
Assim que entro no meio de transporte, vejo Luke caminhar apressadamente com um homem ao seu lado. Tento reconhecer a pessoa, mas todos os meus esforços são inúteis e somente perceciono perfeitamente o cabelo loiro.
A minha atenção é desviada para Joseph quando o sinto remexer-se nos meus braços. Vejo os seus pequenos olhos abrirem-se, oferecendo a bela visão da imensidão verde das suas íris. Sorrio-lhe enquanto acaricio as suas bochechas.
- Dormiste bem, meu amor? - inquiro carinhosamente, atraindo a atenção de Harry - Hoje vamos conhecer o nosso condado com o pai.
Vejo-o sorrir, como se entendesse o que eu profiro num tom carinhoso. Tão pequeno e já tão inteligente. Sinto-me realmente feliz por poder acompanhar cada segundo do seu crescimento. É maravilhoso o sentimento de ser mãe, mesmo que Joseph não seja verdadeiramente meu filho.
Recrimino todas as mães que rejeitam os seus filhos. Todas as crianças necessitam de um lar e de uma família que lhes ensine as necessidades básicas da vida, que os acompanhem no percurso perigoso da vida e que os aparem nas suas quedas. Todas as crianças necessitam de sentir o amor fornecido pela família. É extremamente desumano rejeitar uma criança inocente e frágil, que não possui qualquer culpa dos erros dos progenitores e abandona-las, deixando-as serem embaladas pelos perigos do mundo.
O povo acenava à nossa passagem, sorrindo alegremente e nós acenávamos igualmente enquanto Joseph brincava com uma mecha do meu cabelo. Algumas pessoas deixavam lágrimas deslizarem por suas faces. Talvez de felicidade por conhecerem o infante escocês.
Entre a multidão vejo George e Dianna e aceno-lhes. Cresceram imenso e estão cada vez mais bonitos. O corpo de Dianna desenvolveu, o que alerta para algo extremamente importante na sua vida.
A um momento, o meio de transporte para e o conselheiro real ergue-se. Minha família encontra-se no coche que nos segue e observam a oficial apresentação da criança.
- Donzelas e cavalheiros, o príncipe e a princesa apresentam-vos o novo membro da família real: o infante Joseph. - uma onda de festejos inunda o espaço como um tsunami.
No instante em que o conselheiro se aproxima para pegar Joseph e apresenta-lo oficialmente ao povo escocês, um som ensurdecedor é ouvido. Um som de tiro, que gera uma onda de confusão na rua.
Movo o meu rosto rapidamente na direção onde o som foi produzido e meu olhar foca-se no corpo de Harry caído com a mão no peito enquanto gritos apavorados se espalham pela rua e Joseph chora no meu colo.
A respiração de Harry falha e percebo que ele fora o alvo e não lhe restam muitos minutos de vida. As suas roupas manchadas de sangue, assim como a sua mão. Seus olhos lutam para se manterem abertos na minha direção e deixo lágrimas formarem rios invisíveis no meu rosto.
- Harry... - choramingo enquanto tento acalmar Joseph nos meus braços - Fica comigo, por favor!
- Cuida do Joseph por mim. - a voz de Harry sai num sussurro e meu choro intensifica-se - Promete-me que vais cuidar dele, Barbara.
- Eu prometo, Harry, eu prometo.
Vejo-o tossir e fechar os olhos, gemendo de dor. Em seguida, abre-os lentamente, esboçando um sorriso fraco e sofrido.
- Eu amo-vos, Barbara. - confessa.
Num ato involuntário, ajoelho-me e choco os meus lábios contra os de Harry.
- Nós também te amamos. - sussurro com a voz embargada.
Em seguida, vejo os seus olhos se fecharem lentamente e sei que Harry não está mais connosco. Deixo o meu choro juntar-se ao de Joseph e minha memória guardar a imagem dos olhos cintilantes se Harry se fechando enternamente.
Harry sabia que eu não o amava como ele me amava. Ele sabia que o meu coração ainda pertencia à mesma pessoa e nunca mostrou nenhuma tristeza. Amou por nós dois e fez o nosso casamento dar certo. Possivelmente, ele esperou que eu também o amasse igualmente. Mas tenho a certeza de que ele sempre será o amigo que tanto amo, o meu companheiro, o meu marido.
Sinto Joseph ser retirado dos meus braços e levanto o olhar alarmada, temendo que tenham raptado o meu menino. No entanto, acalma-me vê-lo nos braços da minha mãe, que o tenta acalmar. Logo sinto uns braços ao meu redor, a puxarem-me com o intuito de me fazer levantar enquanto ouço gritos a pedirem para abandonarmos o transporte. Mas eu não me movo. Quero ficar com Harry.
- Precisamos de ir, Barbara.
Reconheço o timbre e foco o meu olhar nos seus olhos cristalinos. Um sorriso triste rasga-se nos seus lábios e tenta novamente fazer-me levantar.
- Não posso, Niall. Harry precisa de mim.
- Não podes permanecer aqui, Barbie. - ele insiste - O Harry estará seguro, prometo.
As suas palavras acalmam-me e fazem-me ceder ao seu pedido. Movo o meu corpo na vertical com o auxílio dos braços de Niall e, em seguida, deixo que ele me encaminhe para longe do corpo inerte do meu marido, enquanto deixo o meu olhar preso a Harry.
Na minha mente o sorriso encantador reproduz-se inumeras vezes e o som da sua rouca e melodiosa voz ecoa incessantemente juntamente com o som agradável das suas gargalhadas. Estavamos tão bem. É irónico como os horríveis acontecimentos ocorrem sempre em momentos maravilhosos.
Tinhamos o nosso futuro planeado. Um futuro com Joseph e, quem sabe, com mais filhos, mesmo que eu não o amasse da forma mais correta. No entanto, fora tudo destruído pela bala que perfurara a sua carne e o levara para bem longe de mim. Uma bala destruiu um futuro lindo que se estava a construir.
Quando me já é impossível ver Harry, entrego-me totalmente ao choro e deixo Niall abraçar-me fortemente e ser o meu suporte, uma vez que já não confio nas minhas pernas fracas.
Mesmo em péssimas circunstâncias, sinto-me segura e calma nos seus braços. Mesmo após tanto tempo, ainda me sinto da mesma forma nos seus braços. Os mesmos braços que me magoaram hoje acolhem-me como um refúgio.
- Vai ficar tudo bem, eu estou aqui. - Horan sussurra, depositando um demorado beijo nos meus cabelos.
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