- Bom dia.
Desejo enquanto ocupo o lugar vazio ao lado de Luke, interrompendo as conversas que fluíam. Os três sorriem e cumprimentam-me da mesma forma, voltando logo de seguida à conversa inicial. E sem perceber estou inserido nas conversas, mesmo sem perceber os assuntos conversados.
- Então, Niall, estás a gostar da tua estadia aqui? - a rainha questiona enquanto fixa o olhar em mim e me oferece um sorriso carinhoso.
- Muito. Têm sido todos bastante amáveis comigo. Agradeço imenso toda a hospitalidade. -sorrio abertamente.
Vejo a monarca abrir um sorriso iluminado e percebo que lhe agradou a minha resposta. Assim como a minha mãe, a mãe de Barbara também gosta que os seus "convidados" sejam tratados maravilhosamente.
Vezes sem conta, desvio o olhar para a entrada na esperança de ver Barbara entrar no espaço com Joseph como já é habitual. No entanto, tal não acontece e vejo-me a perguntar ao Luke sobre o seu paradeiro. Este informa que a princesa se encontra no jardim na companhia do seu filho. Decido deixa-la sozinha com a criança, uma vez que precisa de se habituar à ausência de Harry com Joseph. Ninguém mais, para além da frágil criança, pode fazê-la habituar-se à ausência do príncipe falecido, já que este é a sua família no momento. Confesso que desejo ser parte da família dela, mas por enquanto ser aquele que a magoou e que agora a apoia é o suficiente para mim.
Luke convida-me a acompanha-lo até ao centro da cidade para vermos alguns cavalos e eu aceito, uma vez que não intencionava permanecer no palácio sozinho e sem ter o que fazer. O guarda da família real acompanha-nos e as pessoas do povo vergam-se perante a nossa presença numa vénia majestosa. Luke acena e deseja os bons dias enquanto eu apenas aceno com a cabeça e sorrio. Ouço o Hemmings resmungar num tom baixo para perder a timidez e conversar com o povo ou não serei um bom rei no futuro e somente reviro os olhos. Sei que serei um bom rei no futuro, uma vez que fui treinado para tal e se tiver Barbara ao meu lado, serei melhor rei ainda.
Um vasto número de cavalos estão alinhados nas duas laterais, todos de diversas cores. São maravilhosamente lindos e bem cuidados. Enquanto Luke conversa com o dono dos cavalos, aproximo-me de um dos animais que me captou a atenção. O pelo do animal era castanho, brilhante e macio, bastante lindo.
- Bonito, não? - uma voz soa atrás de mim e identifico-a como sendo a de Luke.
- Muito. - sorrio - Já escolheste o teu cavalo?
- Sim. Daqui a pouco estamos de partida de volta para o palácio. - assinto - Então, Niall, tens sido um apoio fundamental para a Barbara.
Caminhamos em direção ao exterior novamente.
- Estou a tentar ser. Fui absurdamente horrível com ela, desumano. Agora, só me resta consertar o estrago que causei.
- A Barbara precisava imenso de ti.
- Isso é mentira e tu sabes disso. - discordo - Ela tinha o Harry que a fazia verdadeiramente feliz. Aceitei que a Barbara já não me ama e que nunca teremos futuro juntos. Aceita também, Luke.
- Não posso aceitar tal coisa, Horan, sou fiel a tudo em que acredito. - Luke sorri convencido.
Encolho os ombros e permaneço em silêncio. Luke diz sempre o mesmo todas as vezes em que tocamos neste assunto. Como primo da Barbara e conhecedor do que lhe fiz, deveria querer-me longe dela e não permanecer com esperanças de que iremos ter um relacionamento no futuro. É impossível a Barbara voltar a amar-me depois de todo o sofrimento que lhe causei. No fundo, também tenho as mesmas esperanças que o Hemmings, mas prefiro acreditar no oposto às minhas esperanças. Tudo o que necessito por agora é ter a amizade dela de volta. Tudo começou com uma amizade...
- Posso fazer-te uma pergunta, Luke? - questiono quando já estamos dentro do palácio escocês. Luke acena positivamente - Porque é que continuas com esperanças de que eu e a tua prima teremos algo no futuro?
O loiro abre um sorriso de canto e olha-me de canto. Em seguida, pigarreia e olha diretamente para mim.
- Tenho a certeza de que isso vai acontecer, Niall. Tu és o melhor para a Barbara e ela para ti.
- Com certeza, a Barbara é o melhor para mim, mas eu não sou o melhor para ela. Magoei-a psicológica e fisicamente das piores formas, logo não sou o melhor para ela.
- Horan, isso é passado, já não importa. Estás a tentar consertar o estrago que fizeste, isso é o que importa neste momento. O sentimento que possuis por ela, o facto de estares ao lado dela neste momento de luto, tudo importa e definitivamente és o melhor para ela. A Barbara percebe isso e é significativo para ela, não penses o contrário. E um conselho: não desistas nunca da minha prima.
Depois, o loiro não voltou a falar sobre o assunto, proibindo-me também de dizer fosse o que fosse. Então, decidi respeita-lo e acompanha-lo em silêncio, mesmo querendo que tivéssemos mais uma conversa sobre o assunto que me perturbava. Com certeza, ele sabe de algo, mas recusa-se a contar-me e de certa forma isso irrita-me.
Acompanhar Luke é como nunca ter descanso. O loiro possui imensas obrigações e não para um segundo sem que estas estejam totalmente resolvidas. Confesso que nunca pensei que o Hemmings estivesse tão ocupado, mas após ver os seus cavalos no estábulo, muito bem cuidados, percebi que era ele mesmo que cuidava deles. Sem contar com a imensa correspondência a que ele tem que responder. Ele será um ótimo rei no futuro e o reino que ele governar ficará, definitivamente, em ótimas mãos.
Confesso que durante o tempo que permaneci com Luke a caminhar de um lado para o outro no palácio esperei ver Barbara, mas todas as minhas esperanças desapareceram quando o rei escocês me pediu para o acompanhar. As portas do palácio desapareceram atrás de nós por longas horas e impaciente esperava eu para voltarmos e finalmente poder ver a minha princesa. No entanto, quando voltamos não existiam vestígios da Barbara, então perguntei a uma aia por ela, recebendo como resposta que a monarca encontrava-se nos seus aposentos com Joseph, uma vez que se tratava da hora deste dormir. Um pouco desiludido assenti e acompanhei a família real no jantar. Estes conversavam animadamente sobre o que tinham executado durante o dia e eu observava-os admirando a felicidade deles. Invejável definitivamente.
Assim que terminei o meu jantar, pedi licença e desloquei-me até aos meus aposentos, onde me sentei na escrevaninha e respondi às cartas enviadas pelos meus pais. Nas cartas, afirmavam terem imensas saudades minhas e questionavam-me sobre Barbara e sobre o pequeno Joseph. Também sinto imensas saudades deles, nunca permaneci tanto tempo longe deles. Sempre preferira o conforto dos braços protetores da minha mãe e a companhia de Barbara quando esta se encontrava em Inglaterra. Mesmo quando eu pensava que a odiava, eu permanecia no palácio por ela, porque de qualquer forma, eu adorava a sua companhia.
Pousei a pena sobre a escrevaninha após responder às cartas destinadas à minha pessoa e levantei-me, deixando o quarto. Caminhei lenta e prazerosamente até à varanda no piso superior do palácio, onde permaneci a admirar o luar. Sempre preferi o nascer e o pôr do sol por ser um hábito que partilhava com a Barbara, mas o luar também é algo digno de admiração. A forma como a noite é bela com o silêncio característico, uma paisagem prazerosa. Fechei os olhos, sentindo a brisa noturna beijar-me o rosto e sorri. Delicioso!
- Não sabia que gostavas de admirar o luar.
Abro imediatamente os olhos assim que a voz melodiosa entra no meu campo auditivo. Pelo canto do olho vi a sua silhueta posicionar-se ao meu lado e observar também o luar. Abri um sorriso e encolhi os ombros.
- Confesso que sempre preferi o nascer e o pôr do sol. Mas o luar também é uma paisagem maravilhosa, gosto deste silêncio e deste frio prazeroso. - afirmo - Como foi o teu dia?
- Normal. Esperei que viesses ter comigo, mas depois soube que estavas com os homens deste palácio. Foi para te fazer mais homem?
Encaro-a indignado e Barbara ri-se, fazendo com que me ria também. Em seguida, aceno negativamente com a cabeça e respondo-lhe:
- Não preciso de estar com outros homens para ser mais homem, posso provar-te, Hemmings. - decido entrar na brincadeira. Barbara cora violentamente e solta um riso envergonhado, então rio-me com vontade - Estou a brincar contigo, Barbara, não é necessário ficares assim.
Vejo-a rir-se de forma mais descontraída e posteriormente um silêncio instala-se entre nós. Permanecemos a observar o luar, apenas absorvendo a companhia um do outro. Mesmo em silêncio, agrada-me tê-la tão perto de mim sem discussões, sem acusações falsas, sem agressões, somente dois amigos de longa data como sempre fomos apesar dos altos e baixos da nossa amizade. O sentimento permanece no meu coração, Barbara ainda é a minha melhor amiga e sempre será, disso tenho a certeza.
- Precisamos de um novo começo. - afirma a princesa após um longo período de tempo em silêncio.
- Como?
- Precisamos de um novo começo. - repete - Tivemos um momento mau que estragou o nosso começo maravilhoso e agora precisamos de um novo começo, de uma nova amizade. Deixaremos todas as turbulências no passado e seguiremos em frente como novos amigos.
Barbara abre um sorriso tão radiante que me vejo a sorrir também e percebo que ela tem razão. Necessitamos de um novo começo para podermos ser quem eramos no passado, deixar tudo de mau no passado e sermos novas pessoas, novos amigos, termos uma nova oportunidade para sermos felizes.
- O luar pode ser o nosso novo hábito. - completa e eu assinto, sorrindo - Desta vez sem discussões, acusações e agressões. Seremos novamente a Barbie e o Ni.
O sorriso que a Hemmings me ofereceu de seguida foi algo que definitivamente nunca iria esquecer.
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