Harry partiu o beijo e me puxou pela mão casa a dentro. Não encontramos vovó nem Cris pelo caminho até o meu quarto e quando entramos no recinto, Harry fechou a porta e me assustou quando me ergueu do chão e me beijou. Automaticamente eu enlacei sua cintura com minhas pernas e intensifiquei o beijo. Eu não sabia o que acontecia entre nós, eu não sabia o porque sempre as coisas terminavam em sexo e nem sabia o porque da atração que sentíamos, ou pelo menos eu sentia. Era tão incrível a maneira como íamos de ódio para desejo em um segundo.
Senti minhas costas baterem violentamente contra a cama macia. Harry havia me jogado sem nenhum cuidado, aquilo não deveria ter aumentado meu desejo, mas aumentou. Sem dar tempo para pensar, ele cobriu meu corpo com o dele e voltou a me beijar. Um calor começou a tomar conta do quarto mesmo que lá fora fizesse um frio do caralho e a chuva ficasse cada vez mais forte. Harry rapidamente tirou minha blusa, me fazendo ficar de sutiã e logo eu também já tirava seu casaco e sua blusa, deixando todas as suas tatuagens à mostra. Seus lábios traçaram um caminho até os meus seios parcialmente cobertos e logo o meu sutiã teve o mesmo destino que minha blusa. O chão.
Sua língua habilidosa trabalhava em meus seios me fazendo soltar gemidos que se perdiam através do som da chuva. Minhas mãos agarraram seus cabelos e eu o puxei para que me beijasse de novo, eu estava com pressa.
-As botas. -falei rápido demais e nem eu mesma entendi o que eu falei, mas Harry entendeu e logo retirou os calçados dos meus pés e também retirou dos seus.
Enquanto ele tirava a segunda bota, eu levantei e o esperei finalizar o trabalho. Em seguida, o joguei na cama e fiquei por cima dele, uma perna de cada lado. Me curvei para beijá-lo novamente e apoiei minhas mãos na cama. Dos seus lábios rumei para o seu pescoço e distribuí chupões e mordidas por toda aquela extensão. Procurei pelas mãos de Harry e entrelacei nossos dedos. Minha intimidade pulsava de desejo e eu comecei a rebolar em cima de sua ereção, me sentindo ainda mais agoniada. Harry suspirava enquanto eu trabalhava em seu pescoço, em um certo momento, ele colocou força nos braços e inverteu as posições. Sorri pelo ato repentino e Harry prendeu meus braços a altura de minha cabeça. Segurando meus braços com apenas uma mão, Harry abriu o botão da calça e novamente introduziu sua mão ali. Gemi pelo contato de seus dedos ágeis com minha intimidade escorregadia e tentei liberar meus braços, mas Harry aumentou a força com os que o segurava. Eu queria tocá-lo. Raspar minhas unhas em suas costas deixando uma trilha avermelhada em resposta do prazer sentido. Mas eu não podia já que o desgraçado não me soltava. Continuei tentando me soltar mas a minha luta foi em vão.
-Fica quieta. -sua voz baixa e mais rouca que o normal soou autoritária. Meus olhos, que antes estavam fechados, se abriram e encontraram duas orbes verde escuro. Os olhos de Harry estavam mais sombrios e eu não sabia como seus lindos olhos podiam ter tomado um tom mais escuro, mas eu sabia que havia gostado. Harry estava sério e ali eu entendi que ele estava no controle. Tudo que fizesse contrário a sua vontade poderia irritá-lo e que Deus me perdoe mas eu estava louca pra ver aquele homem irritado na cama.
Parei de me mover e Harry continuou os movimentos abaixo do meu ventre, porém, agora eles estavam mais lentos. Mexi meu corpo como que pedindo para que ele aumentasse a velocidade mas ele parou. O desgraçado queria brincar? Eu estava com pressa, não queria brincadeirinhas.
-Eu mandei ficar quieta. -ele sussurrou em meu ouvido e retirou a mão de dentro da calça. Eu ia abrir a boca pra começar a reclamar, mas seus lábios cobriram os meus num beijo calmo pra lá de sensual. Harry liberou meus braços e eu pude finalmente tocá-lo. Embrenhei meus dedos em seus cabelos e os puxei sem piedade. Sua mãos passeavam pelo meu corpo e suas unhas me arranhavam levemente.
Harry puxou minha calça pra baixo com auxílio de suas mãos e seus pés mas não parou o beijo. Eu abri minhas pernas de forma que Harry ficasse no meio delas. Com minhas mãos, abri o botão e o zíper de sua calça e e logo ela teve o mesmo destino da minha. Acariciei o seu membro -já duro- por cima da cueca e arranquei alguns suspiros dele. Harry voltou a dar atenção ao meu pescoço e eu coloquei minha mão dentro do pequeno pano que cobria seu sexo. A medida em que eu ia mais rápido, mais forte ficavam os chupões em meu pescoço e mais forte ainda ele apertava minha cintura. Ele estava se deixando levar por mim e eu adorei aquilo. Mas como se ele lesse minha mente, ele subitamente parou com os chupões e prendeu novamente minhas mãos.
-Que coisa feia, Sophie... Tentando me distrair com sua mãozinha. -ele ficou de joelhos e colocou as mãos em meu quadril. De repente senti meu corpo ser girado e caí de bruços na cama. O tapa forte em minha bunda que se seguiu me deixou completamente em choque. -Eu tenho vontade de te marcar todinha, minha pequena. De te deixar cheia de marcas pra todo mundo saiba que você é só minha. -Harry beijou minha nuca e foi descendo pelas minhas costas até chegar a minha bunda. Instintivamente, me empinei para ele. -Todinha minha.
Senti minha calcinha abandonar meu corpo e olhei pro chão fitando a peça em trapos e fiapos. Ele rasgou minha calcinha nova? O filho da puta rasgou minha calcinha nova. Um novo tapa ardeu na minha pele e logo os lábios macios de Harry acariciaram o local. Era como o famoso ditado "morde e assopra". Dedos encaminharam-se para minha intimidade e logo ele penetrou dois dedos sem nenhum aviso prévio. Agarrei os lençóis com força e enterrei minha cabeça nos travesseiros abafando os gemidos. O ritmo era lento, o que me deixava impaciente e agoniada. Eu queria mais. Movi meu quadril, rebolando em sua mão, mas ele parou. Quando ele começou a movimentar os dedos novamente, eu rebolei e ele parou.
-Peça. -ele não ia fazer aquilo. -Peça para ser minha. -Eu não iria me humilhar daquele jeito, então decidi provocá-lo.
-Styles, se você não fizer isso, eu tenho quem faça. -o tapa que eu recebi depois da frase com certeza ficaria marcado. Eu não deveria ter gostado daquilo, mas a dor só serviu para aumentar o desejo. Harry levantou meu quadril de forma que eu ficasse de joelhos com a cabeça na cama, então eu levantei os braços e fiquei de quatro. Quando sua cueca alcançou o chão, não se passou nem dois segundos e o membro de Harry já estava dentro de mim. Ele penetrou duro, completo e intenso. Eu não consegui conter o gemido quando a sensação de preenchimento de dominou. Provavelmente quem estivesse na casa ouviu e no momento eu não estava nem ligando mas sei que após a euforia do sexo, eu iria morrer de vergonha.
Harry ia e vinha numa velocidade incrivelmente satisfatória. Ele saía completamente de mim e voltava com força. O suor que já se acumulava em minha testa, o som de nossos corpos se chocando, sua mão agarrando meus cabelos com força enquanto a outra movia meu quadril pra cima e pra baixo me fazendo rebolar enquanto ele me penetrava... todos os fatores contribuíam para a formação de uma nova onda de prazer intenso.
Quando eu estava quase perto de gozar, Harry sai completamente de mim e senta na beirada da cama. Fiquei atordoada por um minuto mas então ele me chamou.
-Sente-se aqui meu docinho. -Harry soou autoritário e ofegante. Ele bateu nas suas coxas com a mão. Eu prontamente atendi sua ordem, nem sabendo como andar direito. Com uma perna de cada lado, deixei que meus joelhos tocassem a cama e me encaixei em seu membro lentamente. -Agora rebola pra mim.
Eu ia pra cima e pra baixo, pra frente e pra trás enquanto sua boca trabalhava em meu seio. O acúmulo de prazer crescia cada vez mais e eu sabia que estava chegando perto do orgasmo. Fechei os olhos e agarrei os ombros de Harry, deixando marcas róseas por lá. Seu corpo estava pegando fogo tanto pela febre como pelo desejo.
-Vem pra mim, meu docinho. Goza no meu pau. -Suas palavras foram o estopim para que eu me desfizesse em seus braços. Mordi meu ombro para não proferir nenhuma palavra feia ou gemer muito alto. Harry segurou meu quadril e continuou com os movimentos até atingir seu orgasmo também. Me joguei na cama e logo ele também se deitou, me puxando pra perto e me fazendo deitar em seu peito.
O único som no quarto era o da chuva batendo na janela e de nossas respirações descompassadas. Contornei algumas das suas tatuagens. Me perguntei se elas tinham algum significado.
-Por que tantas? -perguntei me referindo as tatuagens.
-Algumas são homenagens, outras são apostas perdidas, umas são só para eu me lembrar de algo... Foi acumulando -seu olhar estava fixo no teto. Eu não ia perguntar o significado, era invasão demais.
-Se arrepende de ter feito alguma delas?
-Não. Todas são importantes para mim. -ele se virou pra mim. Seus cabelos estavam todos bagunçados e isso o deixava completamente adorável. -Vou tomar um banho. Quer ir comigo?
-Não. Espero você terminar. -eu não ia aceitar o convite, apesar de estar tentada.
Harry se levantou e foi até o banheiro, mas não fechou a porta, como se dissesse que o convite ainda estava de pé. Eu já havia transado com ele duas vezes desde que ele havia chegado. E olha que isso foi hoje pela madrugada. Eu não tinha mais nenhuma dignidade para preservar. E então por que eu não aceitei seu convite? Por que não fingir que está tudo bem? Por que não me permitir esquecer de tudo isso por uns momentos? Levantei da cama e rumei para o banheiro. Fechei a porta e abri o box. Harry sorriu ao me ver e eu o puxei para um beijo calmo.
-Segundo round? -ele disse assim que nos separamos. Não foi preciso uma resposta, o meu sorriso malicioso foi suficiente.
[...]
-Já faz tanto tempo que eu não fazia isso. -Estávamos os quatro tomando chocolate quente e jogando bolinhas de papel na lareira. Vovó contava histórias de quando ela era criança e eu estava feliz. Feliz por estar com pessoas que eu amo e Harry. Por mais que eu não gostasse dele ou estivesse com raiva pelo que fez, eu gostava de sua companhia.
-Estou um pouco cansada, acho que vou tirar um cochilo. -eu sei que ela não estava cansada coisa nenhuma. Ela apenas queria que eu e Harry ficássemos sozinhos novamente. Eu estava praticamente ouvindo ela chamar Cris pra sair da sala ou então me trancar num quarto com Harry. Minha avó estava ficando louca?
Assim que ela saiu, um silêncio chato se instalou entre nós. Eu não queria ter que voltar a realidade, mas era preciso.
-O que você queria me propor? -perguntei, não me importando de Cris estar ouvindo.
-Você quer fazer algum acordo com ela? -Cris perguntou a Harry com um tom incrédulo na voz. -Pelo amor de Deus. O quão babaca você é Styles?
-Cris, que falar baixo? Vovó está aqui.
-Você não pensou nisso quando tava transando com ele. Dava pra ouvir daqui. -minhas bochechas esquentaram e eu olhei pra baixo. Cris estava chateada e brigando comigo, mas eu não consegui conter um sorriso. Eu parecia uma adolescente rebelde que tinha feito sexo e a mãe estava brigando com ela mas ela não se arrependia porque tinha sido bom demais.
-Entendo sua raiva, e até esperava. Você é a única família que a Sophie tem -além da Clarisse-, eu não esperava menos de você. Eu fui um completo babaca mas eu to aqui para me redimir. Eu quero ajudar. -eu não sei como ele fazia. Mas seu charme alcançava a todas. A expressão de Cris suavizou e eu pensei que Harry estava conseguindo o seu objetivo.
-Você está bem? -ela perguntou pra mim e eu assenti. -Tudo bem então. O que importa pra mim é você. Se ta tudo bem pra ti, está tudo bem pra mim.
Segurei em sua mão e agradeci com um sorriso. Em seguida olhei para Harry esperando uma resposta.
-Bem, eu descobri o "spa" onde sua mãe foi internada para a suposta recuperação. Tenho um amigo no FBI e ele me devia o favor. Niall me disse que fica em LA. Um manicômio judiciário para mulheres. -Minha boca se abriu. Eu jamais poderia acreditar. Depois de tantas histórias que vovó havia contado, minha mão estava num manicômio para pessoas criminosas? -Pedi que ele me desse a lista de pacientes e ele me deu. Ela estava registrada, mas dois meses depois saiu. Agora, estou revendo as pistas. Já conversei com o psiquiatra que era responsável por ela e ele me disse que Joseph precisava sair do país pois a sua sogra queria estar perto da filha num momento delicado. Sei que ele deu uma boa quantia em dinheiro para tirá-la de lá sem uma ordem judicial. Não só pra tirar, mas também para colocar.
-Houveram dois hospitais psiquiátricos aqui. O primeiro foi a uns 40 anos atrás, mas fechou. E o segundo está aberto e alguns funcionários do primeiro trabalham lá. Eu planejava ir lá hoje com Cris, mas o tempo não colaborou. Ela pode estar lá. -minhas esperanças que mamãe estava viva aumentaram.
-Podemos ir lá se a chuva passar. -assenti com a cabeça, me sentindo triste novamente. Foi tão terrível saber e pior ainda imaginar que ela, tão saudável, foi internada em um manicômio simplesmente por ser casada com um monstro. Quanto mais eu descobria sobre o caso, mas nojo eu sentia do homem que um dia chamei de pai.
Me levantei, querendo ficar sozinha um pouco e fui para a cozinha. Meu celular vibrou no bolso da calça. Peguei o aparelho e li a mensagem de Zayn.
"Espero que esteja tudo bem. Sinto sua falta, meu bem."
Respondi sua mensagem e deixei o celular na mesa. Ele vibrou novamente e eu o peguei para ler a resposta de Zayn, mas não foi bem isso que chegou.
"Esperava bem mais de você. Transar com Harry depois do que ele fez? Estou chateado, meu docinho. E quando eu me chateio, alguém morre."
Dizer que eu não senti medo era mentira. Eu sabia que algo ruim estava vindo por aí. Mostrei a mensagem para Harry e ele começou a fazer ligações.
-Nós precisamos voltar para NY e tem que ser hoje. -ele disse, e seu tom de voz não era muito feliz. -Lembra que Crowley e John fugiram? Pois é. Advinha pra onde eles estão vindo?
Merda. Eles estavam vindo pra cá.
-Precisamos ir embora e se nós queremos saber de alguma coisa nesse hospital psiquiátrico, temos que ir agora. Outra coisa, essa mensagem... você acha que o remetente pode ser o seu pai?
-Eu não me surpreenderia. -suspirei e retomei o assunto principal. -Como vamos fazer?
-Posso ficar aqui e levar Clarisse para o aeroporto. Albert não vai querer sair do país então posso falar pra ele ir pra outra cidade.
-Vovó não tem visto.
-Ele pode levá-la para outra cidade então. -Cris rapidamente deu a solução.
-Quem é esse? -Harry se manisfestou, perdido na história.
-Meu primo.
-Ok, então ficamos assim. Cris leva Clarisse para Albert e eles saem da cidade. Eu e Sophie vamos ao hospital e se ela estiver lá mesmo, a tiramos de lá se não ela pode amanhecer morta amanhã mesmo.
Cris subiu rapidamente as escadas e eu e Harry saímos no carro que eu aluguei. Minhas mãos suavam frio e eu fiquei o tempo inteiro olhando pela janela, temendo o que iria encontrar.
[...]
-Nós queremos saber se há uma mulher internada aqui chamada Vivian Smith. -Harry jogava charme para a recepcionista.
-Desculpe, Senhor. Mas não posso dar nenhuma informação sobre os pacientes.
-Acho que você não entendeu lindinha. -ele retirou o seu distintivo. -Eu preciso saber disso. -Seu olhar ameaçador fez até eu me amedrontar.
A moça digitou algumas palavras e disse que sim, havia uma paciente chamada Vivian Smith internada ali.
-Traga-a aqui. Essa mulher é vítima de crimes de cárcere privado, sequestro, tortura...
-Não temos tempo pra listinha, Harry. -Ele olhou para a moça e ela logo saiu. Eu sabia que o que nós estávamos fazendo era errado e até um crime, mas a situação não se importava com aquilo. Eu estava esperando a moça voltar enquanto tamborilava minhas unhas no balcão. Elas ainda precisavam de um trato.
No momento em que eu levantei a cabeça, eu juro que meu coração podia ter parado tamanho o impacto que eu senti com a cena. A mulher que eu via no quadro na mansão de papai era a mesma que vinha em minha direção. Mas a mulher do quadro estava sorridente, cheia de vida e alegre. A que chegava cada vez mais perto de mim estava tão magra que era possível ver os ossos que as maças do rosto escondiam. Olheiras profundas tomavam o local abaixo dos olhos, os cabelos estavam bagunçados e o seu andar era lento. O meu maior medo, era de que ela estivesse mesmo louca depois de passar todo esse tempo num local daqueles. Tomando remédios e recebendo tratamentos desnecessários.
O braço de Harry circulou meus ombros como se ele dissesse que estava ali. Lágrimas borravam minha visão e um sentimento profundo de tristeza tomou-me. Ela não mereceu aquilo. Eu vivi toda minha vida feliz enquanto ela estava presa. Meu Deus, eu estava com tanta raiva de Joseph por causa daquilo que eu teria coragem de matá-lo se ele aparecesse em minha frente.
-Aqui está ela. Essas são as coisas que vieram com ela. -A mulher sorriu e entregou uma pequena mochila a Harry. Eu não conseguia desgrudar meu olhar de Vivian. Ela estava aérea, parecia perdida e olhava para todos os lados. Limpei as lágrimas e a abracei. Mesmo que ela não retribuísse, eu a abracei para dizer a ela que tudo estava bem agora. Ela estava comigo, eu iria recuperá-la. Ninguém mais poderia fazê-la mal. A abracei pedindo desculpas por não saber de nada e por ter feito nada. Eu sentia tanto...
-Sophie, eles estão vindo. -Harry tocou meu ombro e eu soltei mamãe. Limpei as lágrimas e avisei a recepcionista.
-Estamos levando ela pois ela é vítima de um grave crime. E as pessoas que possivelmente fizeram isso com ela, fugiram da cadeia e estão vindo pra essa cidade. Por favor, chamem a policia para que fiquem protegidos. -então, eu Harry e mamãe saímos do hospital e fomos para o carro. Então outro problema surgiu. Ela não tinha visto, não tinha documentos e não tinha sanidade.
[...]
Sai do carro e entrei na casa correndo. Revistei todos os cômodos da casa de vovó e não encontrei nem Cris nem ela lá dentro. Voltei correndo para o carro e fechei a porta rapidamente.
-Tudo limpo. Vamos pra casa de Albert. -Cris não atendia o telefone de modo que nós não sabíamos onde ela estava. Antes de Harry sair, pela primeira vez eu ouvi a voz dela. Era fraca, doce e trêmula.
-Eu já estive aqui. É a casa de mamãe... -eu gelei. Uma nova onda de sentimentos me dominou e agora o que eu mais queria era fazer aquela mulher feliz. Era que ela ficasse saudável e recuperasse todo o tempo perdido. E ao mesmo tempo me sentia impotente por não poder fazer nada.
Harry saiu com o carro e novamente nós estávamos correndo pelas ruas da pacata Whitehorse.
-Precisamos parar no Hotel. Meus documentos estão lá. Fica no carro e cuida dela, senta no banco do motorista pois qualquer coisa quero que você saia daqui e não hesite em me deixar. -ele falava sério e fiz o que ele pediu. Eu olhava para mamãe através do espelho dentro do carro. Vez ou outra ela abria a boca para falar algo, mas se calava.
-Oi, Vivian. -ela olhou pra mim e eu virei minha cabeça para encará-la. -Eu me chamo Sophia Smith. Smith assim como você. -ela sorriu e meu coração acelerou. -Nós podemos ser amigas? -Ela não esboçou nenhuma reação, apenas continuou me olhando. -Eu não vou fazer nada de ruim com você. Não vou te obrigar a nada, você está livre agora.
-Livre. -ela repetiu minha palavra que parecia ter um significado muito grande para ela. Sim, mamãe... livre.
Harry não demorou a chegar. Ele abriu a porta, fechou, colocou o cinto e me mandou ir. Dirigi em alta velocidade até estacionar na casa de Albert. Harry desceu e bateu na porta.
-Nós vamos ver algumas pessoas agora. Você conhece uma delas. -Ajudei mamãe a sair do carro e fomos até a porta, que já estava aberta com Cris nos esperando. Assim que ela me viu, colocou a mão na boca. Seus olhos se encheram de lágrimas e tudo que ela falou foi perguntar se era mesmo mamãe. Assenti com a cabeça e logo ela entrou, eu a segui.
Estava preocupada com vovó e qual seria sua reação ao ver a filha que pensou estar morta de pé em sua frente. A casa estava uma zona. Albert estava num canto e vovó chorava em outro.
-Cris, o que está acontecendo? -mantive mamãe do meu lado.
-Eu tive que contar toda a verdade pra eles. Que desculpa eu iria inventar para tirá-los da cidade? -ela tinha razão.
-Sophie... não acha que ela merecem um reencontro? -Harry falou baixo para mim. Olhei para Cris e ela entendeu o que eu queria. Cris foi até vovó e falou alguma coisa. Ela se levantou devagar e quando se virou, dando de cara com mamãe, ficou em choque.
Soltei os braços de mamãe e ela caminhou lentamente até vovó. Seu olhar era confuso, ela estava tentando reconhecer a mais velha. Todos na sala atentavam na cena, cheios de expectativa. Lágrimas escorriam sem parar de vovó, ela estava parada esperando a reação de mamãe. Um tempo depois que pareceu ser uma eternidade, um grande alívio me tomou quando Vivian quebrou o silêncio.
-Mamãe? -minha avó não aguentou e quebrou a distância que as separava, unindo seus corpos num abraço apertado. Eu não sabia como era aquele sentimento. Jamais poderia imaginar naquele momento o que elas sentiam, mas eu estava feliz. Estava feliz pois tudo poderia dar certo. No final de tudo, o amor triunfaria igual nos filmes.
Coloquei a mão na barriga, feliz por ter mais alguém que me breve viria para aumentar a família. Harry me abraçou e eu vi que seus olhos estavam úmidos. Ele estava emocionado, assim como todos no local.
Alguns minutos depois, Harry conversava com Albert para acertar os detalhes e logo nos despedíamos. Em breve, eles também estariam em NY.
Abracei vovó e mamãe, que não se desgrudavam mais. Embora mamãe não soubesse muito bem o que acontecia, vovó não queria soltar a filha.
-Tome cuidado. Eu te amo muito querida.
-Também te amo vovó. Tome cuidado também. -dei mais um abraço nelas e fui falar com Albert.
-Cuide bem delas, primo. E se cuide também. E me desculpe os envolver nisso. -ele me abraçou.
-Estamos envolvidos por simplesmente sermos da mesma família.Ninguém tem culpa, comente Joseph. Tome cuidado sim? -assenti e o abracei mais forte.
-É hora de irmos, Sophie. -olhei mais uma vez para o meu porto seguro que eu estava deixando pra trás e entrei no carro. Saímos os dois carros juntos, mas tomamos caminhos diferentes. Agora a missão era outra, chegar em NY vivos.
[...]
O aeroporto estava cheio e por causa do mal tempo, os voos estavam sendo cancelados. Merda, eu precisava quem o voo para NY ainda estivesse disponível.
-Este voo foi cancelado, senhora. -a moça me informou.
-Não tem nenhum disponível? -olhei aflita para ela.
-Não, sinto muito. -sai do meio do tumulto e fui ate onde Harry e Cris estavam.
-Todos os voos cancelados. E agora?
-Precisamos sair daqui. -Harry empurrou o carrinho que suportava nossas malas. Nós estávamos nos direcionando para a saída quando eu os vi. A cabeleira branca e rosto nojento me viu e sorriu. Crowley estava ali com John logo ao seu lado e mais vários homens de preto.
-Harry... -eu parei e fitei os homens se aproximarem. Estava sem reação. -HARRY. -Gritei para que ele parasse e visse o que eu estava vendo.
-Porra. -ele sacou uma arma que eu não sabia onde ele havia arrumado. Também vi o exato momento que Crowley sacou sua arma e apontou na nossa direção. -PRO CHÃO. -Harry gritou e o local foi preenchido por barulhos de tiros e gritos. Pessoas correndo, policiais do aeroporto sacando armas, tiros e mais tiros... Eu estava abaixada atrás das malas. Harry estava atrás de uma coluna e Cris estava atrás de outra. Aquelas malas não iria parar uma bala.
-SOPHIA VAI PRA TRÁS DA COLUNA. -Harry gritou e eu me movi um pouco com o carrinho e quando achei que estava perto o suficiente da estrutura sólida, corri até ela.
Encostei na superfície gélida e senti um pouco de dificuldade para respirar. Olhei para Harry que atirava e se escondia, atirava e se escondia. Uma ardência enorme perto da minha costela. Estiquei meu braço e senti uma dor enorme, coloquei a mão onde estava a dor e quando a tirei ela estava avermelhada e uma mancha enorme se formava em minha blusa.
Minhas pernas não tinham mais forças e eu escorreguei até cair no chão. Não conseguia respirar direito e sentia uma dor infernal crescer, crescer e crescer. Nunca tinha sentido nada assim, parecia que eu ia morrer.
-SOPHIAAAA. -Senti meu nome sair na voz de Harry. Sua doce voz soou desesperada. Minha visão estava escurecendo e a dor estava cessando. O barulho ficava cada vez mais baixo e logo, tudo ficou num completo silêncio.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.