História My Little Sweet - Capítulo dois.

Não pensei que poderia me abalar tanto quando chegasse em casa. Mas quando estacionei o carro e vi os peritos trabalhando na cena do crime, tirando fotos e analisando, eu me senti culpada. Seja quem fosse aquela mulher, foi morta por alguém que deixou um "presente" para mim. E se a única causa da morte dela, fosse para isso? Qual seria o sentido? 

Não fiquei para olhando os peritos trabalharem e subi as escadas até o quinto andar, já que o elevador estava quebrado. Abri a porta e vi Cristina sentada no sofá com os braços apoiados nos joelhos e as mãos apoiando a cabeça.

-Cris? -chamei baixinho e ela virou a cabeça para me olhar. Percebi seus olhos vermelhos.- Você está bem? O que aconteceu? 

-A Danielle. -sentei perto dela no sofá- É ela Sophie.

-É ela o que Cris?

-A garota morta.

Precisei de uns minutinhos para entender.

-Está me dizendo que a Dani está morta? Que ela foi morta no no beco perto de casa?

-Sim.

A Dani era amiga da Cris e eu na faculdade. Sentávamos juntas todos os dias e sempre que tinha trabalho em grupo, ela fazia conosco. Não eramos melhores amigas nem nada, mas eu sempre podia contar com ela. Danielle tinha um humor maravilhoso e era aquela amiga que sempre animava qualquer pessoa. Vivia em festas e bares, mas era responsável e dedicada e o fato de Harry ter dito que a morte fora brutal, me fez ficar ainda mais triste e culpada.

Abracei Cris e fiquei com ela até pegar no sono em meu colo. Levantei com cuidado e fui em direção ao banheiro. Precisava de um banho quente para relaxar ao menos um pouco. Tirei minhas roupas e adentrei no box. A água estava quente, na temperatura que eu adoro, e eu deixei-a escorrer pelo corpo, molhando meus cabelos e pele. Não podia acreditar que Dani havia morrido. Como teria sido a morte? Será que ela sofrera? Qual seria o "presente"? E por que ela? Por que a Dani? Por ela ser minha amiga? Deixei a água levar o shampoo dos meus cabelos assim como encobrir minhas lágrimas. Não estava entendo mais nada. Apesar de Mat ter morrido a mais de um ano, era como se tivesse sido a um mês. Duas pessoas próximas a mim estavam mortas e eu parecia ser a causa dessas mortes. O que estava acontecendo? Saí do banheiro decidida a dar o máximo de mim trabalhando na investigação, não queria que mais ninguém morresse e faria o possível para ajudar. 

Separei uma roupa e vesti as de baixo quando ouvi um barulho na casa.

-Cristina?? -nenhuma resposta- Cris é você? 

Novamente nenhuma resposta. Eu não queria sair do quarto, mas Cris estava na sala. E eu não iria deixar minha amiga dormindo na sala enquanto teria algum desconhecido em casa. Me enrolei bem no roupão vermelho e peguei o abajour na mesinha ao lado da cama. Abri a porta devagar e observei o movimento. Mais um barulho, dessa vez vindo da cozinha. 

-Que Deus me ajude. -sussurrei baixinho. Estava morrendo de medo. Mas se eu morresse seria por uma boa causa.

Meus passos eram silenciosos. Mas meu coração estava disparado. Apertei o abajour em minhas mãos, iria sair dali o mais rápido possivel e levaria Cris junto. So precisava atravessar o corredor e ja estaria na sala, mas para chegar la, teria que passar pela cozinha. Andei mais devagar afim de não fazer nenhum barulho e quando cheguei mais perto, fui mais rapido. Mas quando eu passei pela cozinha sentir alguém pular em cima de mim arrancando o abajour das minhas mãos. Cai no chão com o impacto.

-Sophie!!! Caramba!!

Olhei pra cima e vi Harry me olhando assustado. Mas que droga estava acontecendo?

-Harry? O que você ta fazendo aqui? E por que pulou em cima de mim?

-Alguem entrou aqui. Vi um vulto na janela da sua cozinha e decidi entrar. 

So ai eu percebi que estava deitada no chão com Harry em cima de mim, prendendo meus pulsos. Meu roupão estava todo bagunçado e meio aberto, deixando parte do sutiã aparecendo.

-Pode me soltar agora.

-Oh!! Me desculpe. -Ele pareceu lembrar de nossa posição e saiu de cima de mim, me ajudando a levantar.- Também queria pedir desculpas por hoje mais cedo. Fui um idiota e sem motivos.

-Tudo bem Harry, só espero que possamos ter uma relação amigavel. -sorri para ele.

-Também espero.

-Harry?

-Hum?

-Achou alguem aqui?

-Não. Me desculpe por entra na sua casa.

-E quando a Cris?

-Quem é Cris?

-Minha amiga. Ela estava dormindo no sofá qunado eu fui tomar banho.

-Shopia, não tinha ninguem quando eu entrei aqui.

Corri até a sala, passando por Harry e o sofá estava vazio. Tinha apenas um bilhete deixado em cima da almofada em que Cristina dormia. Meio receosa eu o peguei e li. E mais uma vez, os chão pareceu sumir dos meus pés.

"Peguei sua amiga emprestada por um tempo. Espero que não se importe, meu docinho. Nos vemos em breve."

Levei as mãos a boca. Aquilo não podia estar acontecendo. Primeiro Matt, depois a Dani e agora a Cristina. Onde aquilo tudo iria parar? Senti Harry pegar o papel em minhão mãos e pegar a arma novamente. 

-Precisamos sair daqui, Sophia. 

Ele me abraçou com apenas um braço e deixou o outro estirado com a arma na mão. Harry foi me guiando até estarmos fora do prédio e gritou alguma coisa com os policiais que estavam no beco, que rapidamente entraram no imóvel. Ele me fez sentar no banco de um carro, se agachando à minha frente e pegando minhas mãos. Acho que era uma coisa que os policiais faziam às pessoas que estavam em choque ou algo assim.

-Sophie. Olhe para mim. -permaneci com a cabeça baixa- Eu sei que é dificil, mas preciso que olhe para mim. -Como não obedeci, ele pedou no meu queixo delicadamente me fazendo levantar a cabeça e olhar para ele. Pela primeira vez, vi a intensidade dos seus olhos verdes.- Vamos encontrá-la, Sophia. Vamos salvar sua amiga. Preciso que não entre em pânico, sei que não tenho direito de pedir isso, mas Sophia, precisamos que você fique calma. -Ele olhava para mim de uma maneira piedosa e eu até ariscaria um preocupada também.- Quer que eu chame alguém para ficar com você aqui ou prefere que eu fique?

-Eu.. eu não sei.

No momento eu só queria que as coisas se resolvessem logo. Queria pegar quem quer que tivesse sequestrado Cristina e a queria de volta ao meu lado. Minha melhor amiga estava correndo perigo e eu não podia fazer nada para ajudar. Harry me afastou delicadamente e se sentou ao meu lado, colocou o braço envolta dos meus ombros e com o outro ele enviava uma mensagem para alguém.

"Envie homens para a casa da Sophia.

A amiga dela foi sequestrada e outro bilhete foi deixado. A garota morta se chama Danielle e era amiga de Sophia. Ligue para o John, ele vai te explicar mais.  -H."

Vi quando ele procurou o contato de Emma e enviou a mensagem. Harry guardou o celular e voltou a segurar a arma. Eu me sentia extremamente desconfortável com Harry ao meu lado, mas também não queria ficar sozinha. Me sentia desconfortável mas também protegida e ele era um ótimo policial, caso algo aocntecesse. Há um ano atrás, nada disso estava acontecendo. Minha vida era a de uma pessoa normal e agora estava tudo bagunçado. Não queria chorar, não com Harry do meu lado. Mas foi inevitável, so senti as lágrimas rolando pelo meu rosto e não fiz nada para impedir que elas caíssem. Harry não percebeu e eu tentei manter assim, mas então ele recebeu uma mensagem em seu celular. Quando Harry visualizou o conteúdo, meu coração disparou e o choro se tornou compulsivo. Era uma foto de Cristina amarrada à uma cadeira, com uma mordaça na boca. Ela parecia tão assustada. A foto vinha acompanhada de uma legenda.

                                                              "Ela ainda está viva."