Dois dias depois,lá estava eu encarando a fachada do Arkham. Realmente,o lugar era tenebroso,parecia uma mansão abandonada,com hera cobrindo algumas partes das paredes cinzentas."Ah diabos,quem foi o maldito que pensou que uma mansão mal-assombrada seria um bom lugar para tratar de pessoas mentalmente perturbadas?"Pensei comigo mesma.
Respirei fundo,ajeitei minha bolsa-carteiro sobre o ombro,amaldiçoei Bruce e cruzei os portões do Arkham. Me apresentei na recepção e logo um homem alto e ruivo,que tinha por volta dos quarenta anos,guiou-me pelos corredores.
-Meu nome é Nicholas Baker - disse ele oferecendo um aperto de mãos- Bem,eu serei meio que o seu supervisor durante o estágio.Eu vi o seu histórico e fiquei surpreso com suas classificações,então aprovei o seu pedido de ajudar no tratamento do Coringa.
Eu simplesmente fiquei em silêncio,acenando a cabeça ocasionalmente,enquanto ficava imaginando que tipo de vingança armaria contra Wayne.
-Bem,senhorita Moritz,tem alguma pergunta? - Indagou ele,quando paramos em frente a porta que dava para a sala onde o Coringa estava.
-Só uma:ele estará com camisa de força,certo?
-Sim,senhorita.Como ele é um dos residentes mais agressivos e astutos,ele fica quase sempre com a camisa de força.
Ufa!Estou um pouco mais aliviada.Não acho que a camisa de força seja sempre algo bom,mas o Coringa era uma exceção para quase tudo em que eu acreditava.
-Muito obrigado,Dr.Baker.Acho que eu posso assumir daqui. - Falei,tentando não fugir dali como o Diabo foge da cruz.
-Ótimo,se precisar de ajuda,é só apertar um botão embaixo da mesa ou gritar,que os guardas- disse apontando para cada um dos homens com armas que estavam encostados na porta - virão ajudá-la.Depois disso, ele foi embora.Encarei a porta por mais uns segundos e então entrei.
A sala era completamente branca e nela só havia um mesa e duas cadeira,uma de frente para a outra,numa delas estava sentado um homem.Suspirei baixinho e me aproximei da mesa lentamente.O homem de cabelos verdes estava encarando a mesa enquanto cantava uma música estranha,que depois reconheci como "Oh,Suzanna".Sentei-me de frente para ele e fiquei observando seu rosto por uns momentos.Ele era bonito e ao mesmo tempo não era.Os cabelo verdes estavam penteados para trás,o que permitia ver as tatuagens em sua testa e bochecha,assim como as finas cicatrizes em seu rosto.Então,ele olhou pra mim.Perdi o fôlego ao encarar seus olhos.Lindos, e azuis,e cinzentos e lindos mais uma vez.
-Olá,meu nome é Raleigh e eu sou sua nova pscicóloga.
Ele sorriu.Um sorriso muito louco.
-Bem,doutora,acho que você já sabe quem eu sou,mas permita-me me apresentar: Coringa, o Princípe Palhaço do Crime,ao seu dispor. - Disse de forma galante.Levantei minhas sobrancelhas e abri minha bolsa,tirando de lá uma pasta.
-Paciente 0801.Nome:Desconhecido.Idade:Desconhecida.Psicopata,bipolar,insano.Prefere ser chamado de Coringa.Bem,sr Coringa, você é muito enigmático Que tal começarmos o seu tratamento conversando sobre isso? -Perguntei.
-Doutora,meu passado é tão irrelevante,que eu suspeito que tenha até mesmo o esquecido.Que tal falarmos sobre você?
-Sr.Coringa ...
-Pode me chamar apenas de Coringa,docinho. -Disse me interrompendo.
-Bem,Coringa,eu sou a psicóloga aqui,então sou eu que faço as perguntas.Além disso,posso assegurar que não sou interessante.
-Eu a acho interessantíssima,mas se você diz o contrário...Só não prometo responder todas as suas perguntas. - Disse com um sorriso permanente nos lábios vermelhos.
-Como você está se sentindo?Está satisfeito com as acomodações no Arkham?
-Estou me sentindo ótimo no presente momento e a minha cela não é o pior lugar em que dormi.Às vezes tenho vontade de ir lá fora,mas como eu sou perigoso,nem comer com os outro residentes eu posso.- Disse fazendo um leve biquinho (que eu NÃO achei fofo,não mesmo).
-Entendo - disse anotando suas palavras em meu bloquinho - O que você faria se pudesse ir lá fora?
-Eu tentaria fugir,é óbvio,ou mataria todos que cruzassem o meu caminho. - Mantive meu rosto impassível.
-Sua sinceridade é...refrescante. -Não pude impedir a provocação e ele simplesmente riu -Você sempre tem o desejo de matar?
-Às vezes sim,às vezes não,às vezes depende do meu humor.
-Você...você quer me matar neste momento? - Perguntei meio receosa,meio curiosa.
-Uhmm...Não.Quando eu soube que arranjaram outro doutor para mim,pensei em diversos tipos de tortura para deixar você louca,mas...até que a senhorita não é tão ruim. -Disse ele se inclinando para frente e tombando levemente a cabeça.
-Oh,fico feliz que eu não seja tão ruim.E que você não queira me matar nesse momento.
-Ha ha ha,até que a doutora tem senso de humor.Isso é raro nos caras aqui dentro. - Riu ele.
-Humph,a maioria não entende minhas piadas,ISSO quando percebem que eu estou apenas brincando.O único que compreende meu senso de humor é meu primo. -Deixei escapar,e depois me repreendi mentalmente.
-Oh,a senhorita finalmente contou-me algo sobre si mesma. -Seu sorriso ficou ainda mais largo,se é que isso fosse possível.
Fiquei em silêncio.
-O gato comeu sua língua,doutora? -Perguntou sarcasticamente.
-Não,senhor Corin...
-Já disse que é pra me chamar apenas de Coringa! - Exclamou exaltaltado.
-Calma,se...Coringa.Eu apenas me esqueci. -Falei levantando as mãos.
Ele respirou fundo e se aclamou.Simplesmente o olhei.
-Você sempre tem ataques de raiva?
-Tenho quando não fazem quando eu mando. - Resmungou.
-Então você é dominador.Porque você acha que todos devem te obedecer?
-Porque eu sou mais inteligente que quase todo mundo,ora.- Disse como se fosse óbvio - Olha,docinho,o papo está bom, mas estou ficando irritado e logo,logo vou machucar a senhorita.Como não quero ficar sem comida,sugiro que vá embora.
-Ok -disse um pouco assustada -Só mais uma perguntinha.
Ele bufou e imagino que se tivesse as mãos livres,apertaria a ponte do nariz ou puxaria os cabelos.
-Só.Mais.Uma. -Murmurou pausadamente.
-Porque odeia o Batman?
-Porque foi ele que me deixou assim.Agora,vá embora,docinho.
Suspirei enquanto me levantava.
-Sonhe comigo,ok?-Disse ele com uma piscadinha.
Ah,mais que maldito vilão bipolar e metido a engraçadinho!
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