Eu encaro meu reflexo no espelho.Estou horrível.Meu cabelo loiro,com corte chanel,está opaco e de aparência quebradiça,estou com olheiras terríveis e meu rosto está inchado.
Não dormi bem essa noite,bem,essa e todas as outras, nas últimas duas semanas.Maldito Coringa!Eu realmente sonhei com ele,mas não acho que foi o tipo de sonho que o Palhaço queria que eu tivesse,agora todas as noites eu sonho que ele mata o Batman.É terrível e eu sempre acordo chorando,ás vezes gritando;então eu me levanto e vou chorar nos braços do meu primo,ou ele vai até meu quarto me consolar.
-Você não vai trabalhar mais no Arkham -escuto uma voz atrás de mim e vejo Bruce me olhando seriamente -Sem ofensas,mas você está mal,Leigh.E a culpa é toda minha -diz com remorso brilhando em seus olhos.
-Não diga isso.Eu vou continuar e será porque eu quero.Bruce,eu faria tudo por você.
-Não quero que isso continue,o Coringa está te deixando louca,querida.
-São apenas sonhos,primo.O Coringa não está fazendo isso,você sabe.
-Eu duvido -resmungou - Acho que ele é capaz de tudo.
-Ora,vamos,você não acha que está ficando um pouquinho paranóico?O Coringa apesar de ser um dos maiores vilões do mundo,é apenas um ser humano. -Disse enquanto lavava o rosto.
Ele suspirou alto.
-Você é muito teimosa.
-Eu sei -falei dando um beijo em sua bochecha. -Ele já está conversando mais comigo,logo logo eu descubro alguma coisa.
-Ok,ok,só...tome cuidado.
_ . . ._
O que eu disse para Bruce era verdade,o Coringa está mesmo confiando um pouco em mim.Me contou algumas coisas como :sua família,seu dia-a-dia,seu interesses e problemas e sua relação de ódio com o Batman.Devo assumir que fiquei chocada com a história do tanque de ácido,confesso que até mesmo fiquei com um pouco de pena.Mas mesmo ele estando mais comunicativo,ele continua uma incógnita.Nunca sei o que realmente se passa na cabeça dele e ás vezes tenho certeza que ele mente sobre si mesmo.
Estou me encaminhando para nossa sala de consulta quando esbarro do Dr.Baker.
-Olá,srta.Moritz.
-Olá,doutor.Tudo bem com o sr.? -pergunto educadamente.
-Estou ótimo,e você?
-Também estou ótima. -lembro-me de algo -Eu queria pedir um favor.
-Se estiver ao meu alcance.
-Eu...eu queria pedir uma permissão para o Coringa comer junto dos outro residentes.
Seus olhos se arregalaram
-Ele põe medo nos outros residentes,srta. Pode não ser seguro.
-Ele reclamou disso para mim no meu primeiro dia de trabalho,sr. -então me vejo dizendo -E se eu comer junto com ele?Aí seria seguro não acha?
Ele pensou por uns momentos.
-Olha,senhorita,eu pensarei nisso,ok?E pedirei permissão para meus superiores.
-Oh,muito obrigada! -exclamo alegremente - Acho que isso pode ajudar meu paciente,quem sabe ele até mesmo converse com os outros.
-Só faço isso porque está fazendo um ótimo trabalho com o 306.
-Realmente muito obrigada,doutor. -me despeço dele e entro na sala.
O Coringa está sentado na mesma cadeira de sempre,mas dessa vez não usa uma camisa de força.
-Boa tarde,docinho -sorri alegremente para mim.
-Boa tarde,Coringa.Vejo que não está usando a camisa de força.
-É,como fui um bom garoto esses dias eles apenas me algemaram na cadeira -fala enquanto sacode o pulso fazendo a corrente tilintar.
-Bem,tenho uma boa notícia para você: pedi uma permissão para que você coma com os outros! -digo sorrindo.
Ele fica sério.Sua postura fica rígida e seus olhos se tornam frios.
-Por quê fez isso?
-Não gostou? -pergunto cautelosamente.
-Só quero saber o motivo,ninguém faz nada de graça.Principalmente para mim - veneno escorre de suas palavras.
-Não tenho motivos ocultos.Pensei que gostaria,já que reclamou disso no primeiro dia - assim que as palavras saem de minha boca percebo que é verdade.Não fiz isso pensando no plano de Bruce,fiz isso porque acho que irá ajudá-lo.
Ele me olha atentamente,esquadrinha meu rosto procurando falhas e mentiras.Quando percebe que sou honesta,relaxa contra a cadeira e volta a abrir seu sorriso zombeteiro.
-Ora,ora, acho que amoleci seu coração em,docinho? -disse maliciosamente.
-Por favor,vamos manter o profissionalismo,sim?Eu apenas pensei que isso poderá melhorar sua relação com as outras pessoas - franzi o cenho - Também já não te disse para não me chamar de docinho ? -Tirando o primeiro dia em que estava assustada demais para reclamar sobre o apelido,durante essas duas semanas eu praticamente implorei para que ele não me chamasse pelo nome "carinhoso".
-E eu já não te disse que não obedeço ninguém,docinho? -Simplesmente suspiro.
-Só tem um detalhe: eu irei comer no refeitório com você.
-Ho,ho,ho, isso quer dizer que teremos um encontro!Oh,estou tãaaaao feliz! -seu sorriso fica cada vez maior e insanamente infantil.Bufo mentalmente.
-Primeiro:não será um encontro;vou apenas para fazer companhia e te monitorar.Segundo:nem ao menos sei se meu pedido vai ser aceito.Terceiro: não faça mais "ho,ho,ho",pensei que você fosse o Príncipe Palhaço do Crime,não o Príncipe Noel do Pólo Norte.
-Eu adoro seu senso de humor! -sua gargalhada me dá arrepios.
-E eu adoro quando prosseguimos com as consultas sem pausa para piadas -digo severamente.
-Ah,docinho,você seria uma ótima Arlequina.
-Esse é um ótimo tópico,gostaria que me explicasse o que exatamente são as "Arlequinas",as quais você tanto menciona.
-Oh,são as minhas amantes.Veja bem,eu escolho uma mulher que seja interessante,a seduzo e depois a enlouqueço.Então ela se torna perfeita para ser minha Princesa -então ele suspira -Mas veja só,depois de um tempo eu peço que elas façam uns servicinhos para mim e então,BENG,ela vai lá e falha em alguma coisa.Aí eu preciso arranjar outra Arlequina.
Anoto tudo que ele falha,me sentindo levemente perturbada que ele pense que eu seria uma boa Arlequina.
-Relação profissional,se lembra?
-Bem,isso não impediu de Harleen Quinzel de se tornar minha Arlequina -fala parecendo satisfeito consigo mesmo.
É claro que eu sei sobre a dr.Quinzel,na ficha do Coringa há uma pequena parte falando sobre como ele fez Harleen se apaixonar por ele.Conversamos mais alguns minutos sobre as "Arlequinas" e depois de um tempo,um guarda abre a porta dizendo que é hora dos pacientes jantarem e que ele irá nos acompanhar até o refeitório.
-Parece que você é muito persuasiva ,docinho -diz o Coringa perto demais da minha orelha,me causando calafrios.
-E o você é abusado demais - sua gargalhada soa estridente demais no corredor quase vazio.
O guarda olha pra mim de maneira estranha.Ele é bonito,de um jeito comum.Cabelos e olhos castanhos,alto,deve ter uns 25,26 anos.Quando o Coringa percebe o olhar,arreganha os dentes.
-Pare de babar por ela,cachorro.Ela é minha docinho e se tocar nela,arranco seu coração e faço você comê-lo antes de chegar ao chão.
O.Quê.Foi.Que.Ele.Disse?
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