História My Little Sweet - Um jantar não tão romântico.

Eu sou várias coisas: estranha,teimosa,honesta,fiel,às vezes doce.Mas não sou impulsiva.Então eu me pergunto:POR QUÊ DIABOS EU ENTREI NA FRENTE DA MIRA DE UMA ARMA???

Isso aí.Tem uma maldita arma apontada diretamente pro meu rosto.

-Doutora,saía da frente,por favor - diz o guarda.

-Abaixe a arma - ordeno levantando as mãos no sinal universal de "se acalma,cara,e não atira em mim".

-Ele me ameaçou diretamente,deve ser trancafiado.

Lanço um olhar de raiva para o homem que está atrás de mim.Ele simplesmente dá um sorrisinho.

-Foi uma brincadeira.Vamos,abaixe a arma.Ele está algemado e não pode fazer nada - minha voz está calma,apesar de eu estar tremendo por dentro.

-Na verdade...

-Cale-se! - esbravejo com o Coringa.

-Senhorita,são as regras.Ele me ameaçou,deve ser preso - o guarda não está feliz com minha intromissão.Vejo um brilho sádico em seus olhos - Ele precisa ser punido.

-Olha,abaixe a arma,sim?Se você atirar vai ME machucar,e não a ele.

O segurança lentamente tira o dedo do gatilho e abaixa a arma.Graças ao Deus-das-psicólogas-impulsivas,vejo o dr.Baker virando um corredor.

-Doutor! - minha voz está levemente histérica quando eu o chamo.

-O que está acontecendo,Moritz? - pergunta se aproximando.

-Veja bem,doutor,meu paciente fez uma brincadeira de mal gosto e agora o guarda... - vejo o nome bordado em seu colete - Johnson quer mandar-lo para seu quarto.

-Isso é verdade,Johnson?

- Ela mente,doutor.Ele me ameaçou,disse que vai arrancar meu coração e me fazer comê-lo.

Dr.Baker olha para mim,então para Johnson e então para o Coringa.Suspira.

-Johnson,ele está algemado,pelo amor de Deus!Não pode fazer nada e, se tentasse,ao invés de dar um tiro nele você pode simplesmente usar uma arma de choque.E você,srta.Moritz,entenda que temos regras a serem cumpridas.Vou relevar dessa vez,pois é a primeira vez que o 0801 se comporta mal em duas semanas.

Engulo meu orgulho e assinto.

-Ótimo. Moritz,você conhece o caminho para o refeitório,certo? - assinto mais uma vez - Bem,pode levar seu paciente até lá sozinha.Johnson,volte para seu posto - terminada a bronca,dr.Baker se vira e vai embora.Faço o mesmo e ando ao lado do Coringa enquanto este sorri alucinadamente.O caminho inteiro sinto um olhar de ódio queimando minhas costas.

                                                                                                      _. . ._

-Eu estava certo.

Levanto o olhar do meu sanduíche de peru e olho para o vilão a minha frente.

-Estava certo sobre o que? - a raiva é  perceptível em minha voz.Por culpa dele levei bronca e ainda tive uma arma apontada para minha cabeça.

-Você é realmente interessante e daria uma ótima Arlequina.

-De novo esse assunto?

-Docinho,você entrou na frente de um guarda armado por mim.Por mim! Estou tão encantado que poderia desmaiar! - diz caçoando de mim e jogando-se para trás.

-Não desmaie,alguém pode tropeçar em você e se machucar.

-Assim você fere meus sentimentos - se lamenta ele.

Levanto minha sobrancelhas e pergunto com desdém:

-Que sentimentos?

Normalmente eu o trato como uma pessoa e não como o filho de uma piranha que ele é,mas depois daquilo estou um pouco abalada.Abalada e puta da vida.

-Você está brava. - seu sorriso desmancha - Porque está brava?É porque o guardinha te olhou?Já disse,você é minha docinho.Ele não vai chegar perto.

-Estou brava porque você o ameaçou! - exclamo - Eu consegui a permissão para você comer com os outros e você quase estragou tudo!

-Johnson não devia ter te olhado.

-Não sou sua!Não sou de ninguém!

-É sim,porra!Você é minha maldita doutora!Minha,minha,minha! - seus gritos ecoam pelo refeitório e vejo diversa cabeças se virando em nossa direção e um segurança se aproximando.

-Algum problema,doutora?

-Nenhum. - o guarda olha para nós dois e volta para seu posto.

Ficamos em silêncio.

-Me desculpe,Coringa - murmuro -Não devia brigar com você,entrei entre vocês dois porque eu quis.Me desculpe,realmente.

Seu riso ressoa pelo salão.Ele apenas ri e não diz nada por um tempo.

-O quê está comendo,docinho?

-Sanduíche de peru - respondo.

-Me dá um pedaço;a comida daqui é horrível - sua boca se contorce de nojo.

Olho para sua bandeja.Tem um purê de batata meio cinzento e uma sopa de consistência misteriosa.Vejo uns pedaços de carne boiando,mas não sei de que animal é.

-Não deve ser tão ruim assim.

-Se duvida,prove - diz estendendo a bandeja em minha direção e oferecendo uma garfolher de plástico.Uma de suas mão está algemada na mesa dificultando um pouco o movimento.

-Ok - pego o utensílio de sua mão e decido provar o purê,que parece menos ameaçador.Levo a comida á minha boca e no mesmo momento a cuspo em um guardanapo de papel.

-Viu só?Eu disse.Agora passe esse sanduba para cá.

-Isso é horrível!Como você come isso todo dia? - pergunto abrindo uma bala e pondo-a rapidamente na boca para tirar o gosto do Purê da Morte.

-Tem uma hora que você acostuma - diz devorando o que sobrou do meu sanduíche. -Isso está muito bom!

-Trago um para você da próxima vez - falo com pena do coitado. Péra,estou realmente com pena dele?Pena de um homem que assassinou centenas de pessoas?Estou com pena do homem que quer matar Bruce,a última pessoa que me restou? Eu.Me.Odeio.

-Você está com uma cara estranha,docinho.

-E-estou bem,s-só um pouco cansada.

-Sei. - fala desconfiado.

Ele termina de comer e eu arrumo minha coisas.Chamo um guarda e poço para ele acompanhar o Coringa até seu quarto.

-Tchau,Coringa.

-Até mais,doutora - diz sendo encaminhado pelo guarda - Foi um ótimo encontro! - suas risadas enchem o refeitório.

                                                                                                           . . .

Ainda escuto sua gargalhada enquanto saio do hospital e ando até a limusine parada no portão.Ainda escuto sua gargalhada no caminho para casa.Escuto sua gargalhada quando vou dormir e sei que meus pesadelos serão ainda piores esta noite.

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