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História My Little Sweet - Oh,meu coração se parte a cada passo que dou.


Escrita por: RozaBlue

Notas do Autor


Capítulo da bad,por isso só músicas da Lana Del Rey,vulgo diva soberana da depressão:
Dark Paradise
Religion
Born To Die

Só isso.Sem curiosidades,porque elas acabaram por enquanto,eu acho.

Capítulo 49 - Oh,meu coração se parte a cada passo que dou.


1 semana,2 dias,9 horas e 53 minutos depois.

O tempo parece ter parado,mesmo que eu continue contando-o.Meu homem morreu há 13790 minutos.E há 13790 minutos estou me sentindo tão morta quanto ele.

Hoje parece estar pior.Dever ser porque é o funeral dele e apenas eu e Alfred estamos aqui,mesmo que eu suspeite que o mordomo somente esteja me vigiando em nome de Bruce. Aimee e Loius já passaram por aqui,e nem ao menos pude ficar feliz em reencontrar minha amiga.Eles trocaram palavras de consolação,e foram embora após verem que eu não seria uma companhia minimamente razoável.

Não choro.Sinto que minha lágrimas secaram pouco a pouco nos últimos nove dias.Agora,não resta mais nada dentro de mim.

Minha parte racional diz que devo seguir em frente.Ela diz que meu luto deve se abrandar com o tempo,mas já se passaram 827400 segundos e minha dor não se abrandou nem um pouco.Minha parte irritantemente racional diz que estou exagerando,e quero mandá-la ir tomar no cú,porque o cara que amo está morto e eu nem ao menos tenho um corpo para enterrar.

Não acharam nada,a não ser cinzas.Tudo foi completamente consumido pelas chama e penso ser um castigo divino que aquela maldita tempestade não tenha apagado o fogo para que pelo menos eu tivesse os ossos dele para por nesse caixão ridiculamente caro e adornado.

Gastei metade de tudo que tenho na minha conta para bancar esse funeral.O caixão era preto e decorado com entalhes de demônios,anjos e cenas da bíblia,mas eu peguei-o e eu mesma o pintei do tom mais berrante de roxo que pude encontrar.Ficou lindo.

Todas as flores também são roxas.Bem,nem todas,algumas amarelas,e estão espalhadas aqui e ali,porque pensei que tanta monocromia o teria irritado.Enchi o esquife* até a borda de flores,cartas de baralho e qualquer tranqueira que achei interessante e que sei que ele iria gostar.

Agora,estou sentada ao lado dessa caixa de madeira que não guardará nada de importante a não ser uma ideia,e estou sozinha.Tirando Alfred,é claro.

Quando crianças,nunca pensamos em como será nosso funeral.A ideia de morte não é de nosso interesse e não é uma preocupação imediata.Mesmo quando outra pessoa morre,raramente damos importância ao fato de que um dia será nós,ali,deitados e esticados num caixão,cercado de pessoas que nos amaram e que choram e tomam cafézinhos,conversando sobre como eramos quando vivos e todas as coisas que fizemos.Duvido que o pequeno Jack tenha pensado em como seria seu funeral,e duvido ainda mais que tenha pensado em como seria solitário e que só haveria uma mulher loira,de rosto pálido,vestindo um vestido verde-esmeralda,que realmente sentiria sua falta.Nem mesmo Harley Quinn veio.Admito para mim mesma que em sinto decepcionada e traída,porque pensei que ela,pelo menos,viria até aqui e compreenderia o buraco negro que o desespero e a tristeza formaram em meu peito.Ela teria me entendido.E mesmo assim ela falhou comigo.Falhou com ele.

Aimee e seu noivo vieram apenas para me consolar,e não compartilhar do meu sofrimento.Eles se importam comigo,e não com a ideia que enterrarei a sete palmos da terra.Penso que aquele homem teria dito na minha cara que tudo isso é só um meio de me sentir melhor,e o maldito insensível teria rido na minha cara pela dor que eu estava sentido,além de falar que seria completamente imbecil que alguém enterrasse cartas de baralho e flores roxas apenas para sua sessão de autocomiseração.

Meu Deus,como eu daria tudo para ter ele aqui e agora troçando de mim.

Estou rindo silenciosamente com o pensamento de ele filosofando na minha frente.A conversa seria gloriosa e profundamente insana e completamente sem noção e acabaríamos fazendo sexo em frente ao caixão porque esse seria o tipo de blasfêmia que ele  teria adorado compartilhar comigo.Porque era esse tipo de homem que ele era.O tipo de homem que eu amava.Que eu amo.

                                                                                                     _ . . . _

A cada pá de terra jogada dentro da cova,recito em minha mente pouco a pouco da conjugação do verbo amar,retirando qualquer tipo de pretérito,pois quando se ama de verdade,o sentimento nunca fica no passado.

A cena de longe deve ser completamente cômica e levemente triste.Uma mulher de vestido verde,um mordomo segurando um guarda-sol acima da cabeça dela e um caixão roxo sendo coberto pelo coveiro.

Não há padre,nem coisa semelhante.Não tem discurso.Não jogo flores lá dentro.Mas no final de tudo,conto uma piada:

"Dois loucos fugiram do asilo, mas teriam que atravessar um precipício para finalmente conseguirem escapar, nisso um fala para o outro: -Vamos lá, eu acendo a lanterna e você atravessa por cima do feixe de luz.

E o outro responde: - Você acha que eu sou louco? Vai que você apaga a lanterna e eu caio lá embaixo!"

Alfred me olha como seu eu fosse louca quando começo a rir,até que lágrimas comecem a rolar por meu rosto,provando que eu estava errada e que ainda posso chorar.

Meu confiável mordomo parece se sentir compadecido e envolve meus ombros enquanto me guia para fora do cemitério sob o sol forte do meio-dia.Meu coração se parte a cada passo que dou,me surpreendendo,pois eu jurava que tinha acabado de enterrá-lo junto àquele caixão de gosto duvidoso.

Um carro está nos portões,apenas nos esperando.No banco de trás,está meu primo,parecendo sério e turrão como sempre.Não consigo olhar em seus olhos azuis,pois os meus estão embaçados pelo choro.Quando entro no veículo,ele também envolve um braços ao redor dos meus ombros,assim Alfred pode dirigir.

Todo o caminho até a casa dos Wayne em Central City é percorrido em silêncio,com somente uma ocasional fungada ou soluço vindos de mim.Enterrei-o aqui em Central,pois é será aqui onde morarei de agora em diante.Voltei para Gotham apenas para ir até o nosso apartamento,e não pretendo ir para lá outra vez.

Bruce concordou com a minha mudança,mas com a condição de que eu morasse em sua mansão.Aceitei,pois foi a única coisa que me ocorreu naquele momento para que eu pudesse evitar uma briga entre nós.

Durmo com as roupas dele todos os dias.O cheiro de café continua impregnado em algumas delas,e até mesmo roubei seu travesseiro quando fui até o apartamento e o abraço durante a noite,mantendo meus olhos abertos e visualizando seu corpo pálido e quente ao meu lado,com o cabelo verde brilhando sob a luz da lua que entra pela janela.As vezes,minha memória cria uma imagem tão vívida que estendo minha mão para tocá-lo,apenas para me dar conta de que não é real.

Saio do carro e os dois homem me acompanham.Entro na casa e começo a subir as escadas,parando no meio do caminho ao escutar meu primo me chamar.Viro-me no degrau,olhando-o de cima.

-Vai almoçar com a gente,Leigh?

-Não - digo suavemente,as lágrimas tendo deixado minha voz um tanto gutural,mas Bruce me escuta e diz severamente:

-Não pode continuar desse jeito,Raleigh. Há quantos dias não faz uma refeição completa?Só fica mordiscando coisas,e está começando a definhar diante meus olhos!Não pode continuar desse jeito por causa do Cor...

-Não fale o nome dele,Bruce.Não fale...nada - interrompo-o,sentindo a raiva começando a correr por minha veias.

-Eu falo,Leigh!Tenho que falar!E preciso que você me escute:você está se matando!Apenas porque seu amante criminoso morreu!Você age como se eu nunca tivesse perdido alguém,como se eu não soubesse como é acordar,virar-me na cama e esticar o braço na direção de alguém que nunca mais estará lá!E agora você também está morrendo,Raleigh Moritz!E está tentando me deixar como ele te deixou!

O desabafo de Bruce é surpreendente.Ele está corado pela exaltação e acho que nunca o vi tão...decomposto.Gostaria de ter presença de espírito o suficiente para ir até lá e dizer que eu nunca irei ficar bem de novo,que a vida é assim:às vezes,nós simplesmente quebramos e não podemos ser consertados.Gostaria de dizer que o amo e que ele também seria a minha vida,se ainda restasse um pouco dela para ser vivida.Não morrerei agora,é claro.Tenho coisas a fazer,preciso me certificar de que Bruce ficará bem depois que eu for para onde quer que meu amor esteja.Por essa razão,apenas digo a frase que resumi tudo o que sinto pelos homens que se apossaram da minha vida:

-Bruce,sabe por que eu ainda amo tanto ele?O por que de eu ter continuado com toda a loucura?Não foi pelo dinheiro,pela aventura,pelo desejo,pela insanidade ou pelo carinho.Não foi pelo romance,nem pela sensação de estar viva.Foi pelas piadas,primo.Só fiquei com ele por causa delas.Eram todas horríveis.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Quebrei muito os coraçõezinhos de vocês?Espero que não,porque você precisarão deles pulsantes para os próximos capítulos.
Quem aí reparou que a Leigh não mencionou os nomes do Palhaço durante todo o cap?Foi tenso escrever isso,mas acho que não ficou tão ruim e deu todo um toque extra de dor aos pensamentos dela.
Beijos horríveis e sonhem com caixões roxos,minhas piadistas!


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