Irene
Saí para buscar água apenas como uma desculpa para dar um pouco de privacidade para elas e não pude conter o sorriso ao voltar e encontrá-las se beijando mas, infelizmente, tive que interromper e bancar a chefe chata.
- Detesto ter que atrapalhar o casal, mas preciso falar com você, senhorita Park, vá para minha sala já. – falei o mais séria possível e tive que me conter para não rir da cara assustada das duas. – Se apresse e me espere lá.
Claro que não achei ruim ver as duas juntas, afinal, eu mesma aconselhei a Joy a tentar, mas não posso deixar de brigar com ela por ter se arriscado no local de trabalho, ela deu sorte de ser eu a ver e assim o estágio dela está salvo, mas seus ouvidos não, ela vai ouvir um bom sermão! Elas se separaram com relutância, Joy se levantou e passou por mim relutante. Me aproximei da minha paciente, que me olhava um tanto assustada.
- Não se preocupe, eu não vou prejudica-la por causa do que eu vi, eu só preciso alertá-la pelo perigo que vocês correram, mas fique tranquila. Você se esforçou muito hoje, beba a água, troque de roupa, seu motorista já está lá fora te esperando. – disse, entregando o copo a ela.
- Obrigada, doutora e desculpe por isso, é que...
- Não precisa explicar, Yeri, eu sempre soube que vocês sentem algo, mas tomem cuidado, certo? Não quero que ela perca o estágio e nem que você se prejudique. Apenas vá para casa e relaxe. – falei acariciando seu rosto e sorrindo.
Ela assentiu e retribuiu o sorriso, mesmo que fraco e foi se trocar. Esperei por ela e a acompanhei até onde o motorista a esperava para leva-la para casa.
- Até a próxima, doutora, obrigada. – a pequena disse de despedindo.
- Descanse, nada mais de esforços hoje. – recomendei e segui para me consultório.
Entrei e encontrei a Joy sentada, olhando fixamente para parede a sua frente, sentada na cadeira. Me sentei na minha, em frente a ela e suspirei.
- Joy, eu não te chamei aqui para acabar com seu estágio e seus sonhos, relaxe. – comecei a falar e ela apenas assentiu, sabendo que tenho mais coisas a dizer. – Mas preciso te alertar, sei que foi levada pela emoção do momento, mas foi um risco enorme que correu, sua sorte é que fui eu a pessoa a entrar na sala naquela hora, mas poderia ser muitas outras, inclusive o diretor e tudo pelo que você se esforça tanto iria por água abaixo! Como sua superior, é meu dever cuidar para que nada interfira na sua carreira e para que siga as éticas profissionais.
- Eu sei, eu errei feio, não sei o que deu em mim, é só que... Eu não consegui resistir, ela estava ali, tão perto, vulnerável, eu só queria fazê-la se sentir o quanto é especial e que a condição atual dela não muda isso e não pensei, apena agi.
- Eu te entendo, e até fico feliz por isso, já tinha te dito para parar de fugir dos seus sentimentos, mas fora do hospital, onde ninguém possa ver e nenhuma de vocês se prejudique.
- Eu não sei o que farei daqui para frente, eu não quero machucá-la, unnie.
- Não pense nisso agora, tenha calma, mantenha a cabeça no lugar, temos mais uma sessão com a super estrela agora, então se recomponha e vamos ao trabalho. – falei, me levantando.
Voltamos para a sala de fisioterapia e encontramos a Yuri na porta, conversando com a Krystal, enquanto Jessica mexia no celular, parecendo alheia as tentativas da minha prima de chamar sua atenção.
- Doutora Kwon, o que faz por aqui? Não tem trabalho a fazer?
- Na verdade não, estava de plantão até agora pouco, vim ver minhas dongsaengs favoritas antes de ir para casa descansar. – respondeu sorrindo e eu rolei os olhos.
- Jessica, Krystal, peço perdão por qualquer incômodo que essa idiota possa ter causado.
- Incômodo nenhum, ela foi bem gentil, não se preocupe. – Krystal respondeu, amável.
- Só a presença dela já é um incomodo. – Jessica disse, azeda. – Podemos parar com a ladainha e começar a sessão? Ainda tenho outros compromissos hoje.
Já vi que hoje a fera está atacada, então melhor não contráriá-la.
- Claro, vamos. – disse, abrindo aporta e permitindo que ela entrasse. – Unnie, faça companhia a Krystal, mas sem gracinhas! – avisei e ela levantou as mãos em rendição e eu entrei na sala. – Como se sente hoje? Teve algum desconforto esses dias?
- Não, doutora, está mais fácil fazer as coisas, já consigo segurar as coisas e não sinto mais a fraqueza ao pegar objetos, consigo abrir e fechar a mão sem sentir nada.
- Isso é muito bom, significa que o nervo e o músculo estão se recuperando bem e logo poderá retomar sua turnê. - Falei e vi seu olhar se iluminar com isso. – Vamos começar com o elástico e depois passaremos para o peso. – avisei, entregando a ela o objeto e como ela já conhece o exercício, logo começou.
- Você parece ser bem íntima daquela médica metida a besta.
- Está falando da doutora Kwon?
- Se for esse o nome daquela abusada...- falou aparentemente desinteressada.
- Ah sim, somos bem íntimas, a muito tempo. Por quê?
- Por nada, só que ela me parece estranha, algo nela me incomoda... – disse distraída. Humm, ai tem coisa. – Vocês tem algum relacionamento? – perguntou.
- Defina relacionamento. – respondi, tentando entender onde ela quer chegar.
- Sei lá, vocês namoram? Ficam? – disse e eu acabei rindo.
- Cruzes, não, amo a Yuri, ela é maravilhosa, mas somos primas, quase irmãs.
- Ah sim...
- Por que essas perguntas? Está interessada nela?
- Eu? Interessada naquela pateta?! Até aprece. - Respondeu desviando o olhar.
Hummm, estou te sacando Jessica Jung. Troquei olhares divertidos com Joy, que se mantinha calada enquanto fazia o relatório da sessão da Yeri.
- Certo, então vamos passar para os pesos. – falei, voltando a me concentrar no trabalho.
A sessão se passou tranquilamente, pude comprovar o avanço que a Jessica teve e fiquei feliz por ela, claramente ela se esforça pra se recuperar pois quer voltar a fazer o que ama: cantar, estar com seus fãs e ver que está próxima disso é incrível.
- Bem, é isso por hoje, seu progresso e determinação é impressionante! – falei, enquanto saíamos da sala.
-Obrigada, doutora, sem você, isso não seria possível.
- Claro que seria, qualquer fisioterapeuta poderia te ajudar, com a sua vontade, tudo se torna mais fácil.
- Nem todos tem a sua competência e sua paciência, doutora.
- Isso é verdade, unnie, você tem diferenciais de outros profissionais, por isso é tão conhecida no país, mesmo tão nova. – Joy disse.
Saímos e encontramos Krystal e Yuri conversando como se fossem velhas amigas, rindo e percebi que a Jessica não gostou nem um pouco disso.
- Soojung, já terminei por aqui, então diga bye bye para sua nova amiguinha e vamos, tenho reunião na Coridel. – a Jung mais velha disse, fria e saiu andando sem se despedir de ninguém.
- Aish, não sei oque está acontecendo com a unnie, me desculpe por isso. Até a próxima. – Krystal disse se despedindo e se apressando a seguir a irmã.
- Eu hein, que bicho mordeu aquela louca? – Yuri disse chocada.
- Não se preocupe, unnie, ela só anda com a cabeça cheia, mas não é má pessoa, espero que você tenha a chance de descobrir isso.
- Não sei se quero essa chance com ela, já com a irmã...
- Kwon Yuri, nem pense em brincar com a Krystal, ela não é o tipo de garota que você está acostumada! – alertei e ela fez bico.
- Credo, pare de presumir coisas erradas, ela já me disse que está envolvida com alguém, estamos apenas criando uma amizade, afinal, eu só tenho vocês por aqui.
Pensando bem, isso é verdade, ela passou muito tempo fora do país e não tem amigos por aqui, talvez se aproximar da Krystal talvez seja bom para ela, uma boa influência para ver se toma jeito e não faça nenhuma besteira.
- Tudo bem, tem um ponto, mas olhe lá o que vai aprontar hein!
- Tenha um pouco de fé em mim, poxa.
- Eu tenho, unnie, e acredito que essa amizade possa ser boa para você, apenas tome cuidado ok?
- Pode ficar tranquila, eu já aprendi com meus erros. – disse séria. – Bem agora tenho que ir, estou morta de cansaço e preciso dormir. Vamos marcar um dia desses para sairmos.
- Claro, podemos ver isso, agora vá e descanse. Cuidado ao volante, unnie.
- Vou tomar, bye garotas.
- Tchau, unnie. –eu e Joy falamos juntas.
Caminhamos até meu consultório em silêncio, que só foi interrompido pela Hyeri.
- Doutora, o paciente das 16 ligou dizendo que não poderá vir hoje, então adiantei as outras duas sessões, tudo bem?
- Ótimo, fez muito bem, obrigada Hyeri. – respondi sorrindo e entrei no consultório.
- Tenho que ir para a faculdade resolver algumas coisas, te vejo amanhã, unnie. – Joy disse.
- Até amanhã, Joy. E não se esqueça do que conversamos ok?
- Não vou esquecer, pode ficar tranquila. Tchau.
- Tchau.
Estou sozinha no consultório e a próxima sessão será só daqui a meia hora, então vou falar com o Heechul oppa, ver como anda a preparação para a cirurgia da Seulgi amanhã. Pensar nela me fez sorrir, não vejo a hora de começar as sessões e poder vê-la sem precisar inventar desculpas.
- O drº Kim não se encontra no consultório agora, está em cirurgia. – uma enfermeira me informou.
- Ah sim, obrigada.
Bem , o jeito é ficar no meu consultório mesmo, vou rever alguns prontuários dos meus pacientes, estudar até a hora da próxima sessão, que por acaso é um paciente novo, um garoto que se machucou jogando futebol e passou por uma cirurgia no joelho. Preciso ver qual exercícios, aparelhos e métodos usarei em sua recuperação. E assim que acabar o expediente, verei minha futura paciente, já que ontem não pude vê-la.
Seulgi
A cirurgia é amanhã e me sinto cada vez mais ansiosa, um misto de esperança e medo que me deixa inquieta e de mau humor, o que significa que a Wendy está tendo que ter muita paciência para lidar comigo.
- Bear, ficar olhando no relógio não vai fazer o tempo passar mais rápido. Se acalme.
- Eu estou tentando, mas é meio difícil sabe, amanhã é o dia que tudo vai começar a mudar, não ficar ansiosa é impossível!
- Eu sei, eu também estou, mas você está muito agitada, isso não ajuda. Aliás, você avisou seus pais?
- Sim, eles chegarão hoje a noite e virão para cá.
- Então tente conter sua ansiedade para eles te verem bem e animada e não se preocuparem.
- Vou tentar... – falei, olhando as horas novamente, vendo que ainda faltava muito para o fim do expediente da doutora... Será que ela virá me ver hoje?
Meu coração acelerou com a ideia de vê-la, sinto falta dela já que ontem ela não veio, afinal me acostumei com ela aparecendo todos os dias e foi estranho não vê-la, não ouvir a voz suave dela...
- Pela sua cara de boba, aposto que está pensando na doutora, acertei? – Wendy disse rindo e me despertando.
- O que te faz pensar isso? Só estou pensando que vou matar as saudades dos meus pais. – respondi, tentando disfarçar.
- Ah qual é, bear, você sabe que não me engana, você está caidinha pela doutora.
- Você está louca, e mesmo se estivesse certa, nada poderia acontecer entre eu e ela.
- Por que não? Ambas querem e são solteiras.
- Mas existe a ética de relacionamento médico-paciente, não podemos nos envolver porque ela será minha fisioterapeuta.
- Mas ela não será para sempre.
- Mas até o tratamento acabar, ela pode conhecer outra pessoa que pode dar a ela tudo que eu não posso... – falei, externando minha insegurança.
- Pelo jeito que ela olha para você, mesmo sem você “poder dar tudo” que outra pessoa pode, eu arrisco dizer que não há chances disso acontecer.
- As vezes acho que você é mais iludida do que eu, esquilinha. – ri... de nervoso.
- E eu tenho certeza que você é mais lerda que uma tartaruga. – ela disse rindo.
- Você sente prazer em tira onda com a minha cara, né? – falei irritada.
- Sim, é muito divertido.
- Foi uma pergunta retórica, idiota.
- Eu sei, mas eu quis responder, pois é realmente muito divertido.
- As vezes eu realmente te odeio...
- Odeia nada, você me ama demais. – disse piscando e mandando um beijo soprado e não aguentei, acabei rindo.
- Você é ridícula, Wendy.
- E você me ama.
Não respondi, voltei a ficar em silêncio e perdida em meus pensamentos e acabei pegando no sono. Acordei algum tempo depois, com meu celular tocando, meio confusa e sozinha no quarto no quarto escuro e atendi, vendo que era minha mãe.
- Oi, mamãe.
- Oi, filha, como está se sentindo?
- Estou bem, um pouco ansiosa, mas fora isso, tudo está ótimo.
- Que bom, liguei só para avisar que eu e seu pai já estamos na cidade, acabamos de chegar ao hotel e daqui a pouco sairemos para o hospital.
- Omo, sério? Pensei que só chegariam mais tarde.
- Nós adiantamos a viagem, queremos passar algum tempo com você antes da cirurgia e dar uma folga para Wendy.
- Ah sim, isso é ótimo, ela não reclama, mas sei que está cansada de ficar trancada aqui comigo. Ela tem uma amiga aqui, talvez possa sair com ela e relaxar um pouco.
- Ótimo, então chegaremos logo. Tchau, baby bear.
- Tchau, mãe.
No momento em que desliguei, a porta do quarto abriu e a Wendy entrou e se assustou ao me ver acordada.
- Aish, eu pensei que voltaria antes de você acordar, desculpe.
- Tudo bem, acordei porque minha mãe me ligou e você não tem que ficar comigo 24 horas dia, oras.
- Eu sei, mas não queria que acordasse e estivesse sozinha. Eu fui até em casa tomar um banho e...
- Não precisa explicar, Wen, está tudo bem. Meus pais daqui a pouco chegam, ai você pode aproveitar para sair, liga para a Amber e vai se divertir, relaxar.
- Mas você opera amanhã, bear, como espera que eu saia para me divertir?!
- Exatamente, eu opero amanhã, e meus pais estarão aqui comigo. Você já fez tanto por mim, tem sido meu porto seguro desde que acordei e descobri que não podia mais andar, abriu mão da sua vida, sua família, para vir para Seul comigo, eu te amo e sou muito grata por isso, mas não tem que deixar de viver por minha causa.
- Você fala como se eu estivesse sendo obrigada a fazer isso, mas não sou, eu escolhi estar ao seu lado, por te amar, por querer te ver bem, porque você é importante demais para mim.
- Eu sei, mas olha, você pode continuar ao meu lado e também viver sua própria vida, fazer as coisas que gosta, se divertir.
- Mas eu não quero fazer essas coisas sem a minha melhor amiga. – disse fazendo bico.
- Mas vai ter que fazer, pelo menos por agora, enquanto eu ainda não posso , então aproveite por nós duas, ok? – pedi sorrindo.
- Certo, vou fazer o que está dizendo, mas não pense que vai escapar de mim, só saio depois que seus pais chegarem e estarei aqui antes da cirurgia amanhã. – disse decidida e eu ri.
- Tudo bem, mas aproveite bem, se divirta, conheça alguém e tenha uma noite incrível. – falei maliciosamente.
- Já que tocou no assunto, estou realmente precisando de uma “noite incrível”.
- Então pronto, vai ligar para a Amber.
- Daqui a pouco eu ligo, depois que seus pais chegarem.
Ficamos conversando e rindo por mais algum tempo e, pouco mais de uma hora depois, meus pais chegaram e o encontro foi muito emotivo, de todas as partes, mas principalmente de minha mãe, já que sempre fomos muito grudadas e agora ela não me tinha ao seu lado todos os dias.
- Minha baby bear, você parece tão bem agora, tão diferente de quando deixou Jeju, realmente foi uma boa decisão vir para cá. – minha mãe disse sorrindo em meio as lágrimas.
- Eu estava bem em casa, mãe.
- Não estava, não tinha mais esse brilho no olhar e é muito bom voltar a vê-lo, agora sinto que terei minha menina de volta de verdade.
- Sim, nossa Seulgi já parece ser novamente a garota alegre e brincalhona que nos divertia. – meu pai disse.
- Ah, isso porque vocês pegaram ela em um bom momento, só eu sei as patadas que levo dessa cavala quando está de mau humor! – Wendy disse rindo e mostrei a língua.
- Olha, querido, parecem as mesmas crianças de sempre, não crescem! – minha mãe riu.
- Realmente, parecem as mesmas que nos davam trabalho na adolescência com as com peripécias que aprontavam.
- Isso porquê vocês ainda não viram a Seulgi toda boba apaixonada... – Wendy disse e eu taquei o travesseiro nela.
- CALA A BOCA PESTE!
- Como assim, apaixonada? Você conheceu alguém, filha? – meu pai perguntou.
- Não, pai, a Wendy está falando besteira, como eu poderia conhecer alguém nessas condições? – respondi sentindo meu rosto esquentar.
- Ihh, olha lá, ficou vermelhinha! – Wendy me provocou. Aish, eu ainda mato essa maldita.
- Pode abrindo o jogo filha, quero saber já quem é a pessoa que conquistou seu coração. – minha mão disse.
Tudo conspirava contra e, para piorar, no momento que minha mãe fez essa pergunta, a porta do quarto abriu e a doutora Bae entrou, me olhou sorrindo e disse:
- Eu também gostaria muito de saber quem é essa pessoa sortuda.
Meu coração começou a bater loucamente, parecendo que ia saltar fora do meu peito a qualquer momento... E agora, como faço para responder essa pergunta? E como disfarçar quando a pessoa está na minha frente me encarando com o sorriso mais lindo que já vi na vida?
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