História My New Hope - Minha Nova Esperança

Sempre pensei sobre o fim dos tempos, o caos total, o apocalipse. Só não imaginava que seria assim. 

Cinco quilômetros, só mais cinco quilômetros. Repeti à mim mesma. Logo, logo eu chegaria e ganharia água, comida, abrigo. Assim espero. 
O tecido da alça de minha mochila arranhava minha pele, a sola gasta de meu sapato fazia meu pé doer, meu cabelo pingava suor e minhas pernas ameaçavam desabar a qualquer minuto. Mas eu não podia parar. Não me lembrava qual foi a última vez que comi, só me lembro de beber a última gota de água ontem a tarde. 

O sol escaldante não dava folga e andar nos trilhos descobertos não estava ajudando. Continuo minha caminhada, rezando para que nenhum zumbi aparecesse, até que um barulho ensurdecedor ecoa por todo os trilhos. Merda!

Respiro fundo e começo a correr em direção a floresta, alguma coisa tinha acontecido, alguma coisa grande. Tento equilibrar a mochila em meus ombros mas foi em vão, caio no chão. Praguejo de dor e xingo mentalmente. Corro os olhos pelo local procurando algum zumbi mas não havia nenhum, só uma grade. A grade pro Terminus. 

Solto minha mochila no chão e me arrasto até lá. Alguns tiros eram audíveis, mas eram em pouca quantidade, algo estava errado. Eu sentia isso. 
Me encostei na árvore e analisei minha perna. Ela tinha um corte não muito fundo acima do joelho, o pior é que não posso nem lava-lo. 

Respiro fundo e pego minha mochila. Tinha somente duas pistolas, uma faca e uma foto de minha família. Sorri involuntariamente. Precisava de um lugar pra ficar por um tempo, mas estava muito longe da cidade, teria que ficar aqui. 

Volto a olhar pela grade, nada. Só os zumbis que ainda pegavam fogo pelo terreno e corpos mortos no chão. Seja quem for o responsável por isso, não seria legal se o encontrasse. Coloco minha faca em mãos e fecho os olhos, tentando esquecer. Eu era boa nisso, pelo menos temporariamente. 

- vamos pegar as armas e voltar. - diz uma voz. 

Merda.

- Rick, acabou! Não tem como sair vivo dali. 

Passo os olhos pela floresta a procura de um lugar pra me esconder, teria que me virar com a árvore. Apoio minhas mãos no galho acima de minha cabeça e dou impulso com meu pé, me penduro com dificuldade até finalmente conseguir me sentar. Tento olhar por entre as folhas. Um grupo enorme entra em minha vista.

- eu escondi as armas, estão aqui. - disse um deles se abaixando. 

- Rick, isso também é seu? - pergunta a voz de uma mulher. Droga, eu esqueci a mochila.

- não. Alguém esteve aqui, e já deve estar voltando. 

Todos do grupo se viram para a floresta com as armas em mãos. 

- alguém do terminus? 

- não sei. 

Vejo o que parecia ser o Rick se abaixar e pegar minha mochila, tirando minhas armas e por último a foto. Ele a analisou por muito tempo, até que disse algo. 

- Maggie. - chama ele. 

A foto vai pra um mulher que estava de costas pra mim, e que tinha seus cabelos curtos. E que depois a passa para um homem com cabelos escuros que também estava de costas. Meu coração se acelera.

- é a minha família.

Arregalo meus olhos e sinto minha faca escapar de minhas mãos, fazendo um baque surdo no chão. Armas são apontadas pra mim.

- quem está ai? - pergunta a mulher de cabelos brancos. 

- isso importa? 

- importa.

- como você se chama? - pergunta o barbudo.

- como você se chama? 

- não sei se posso confiar em você, então pode descer? Ou vamos atirar.

- eu também não sei se posso confiar em você.

- olha, você está sem armas. Se não descer agora vamos ter que atirar. 

Eu não queria descer. Estava com medo de descer e ver toda essa esperança que agora nasceu em mim ir embora. Aquele podia não ser quem eu procurava, aquele podia ser um truque ou algo do tipo, ele podiam me matar. Ou coisa pior. 
Respiro profundamente e me preparo pra descer, as vezes temos que se arriscar.

Me agarro a árvore, e desço calmamente até o chão. Não me viro. Fecho minhas mãos em um punho. 

- nome? 

- Nina Rhee. 

Um silêncio mortal se instala, sentia como se pudesse ouvir o ar entrar e se esvair do meu pulmão, a batida do meu coração ou até mesmo um meteoro passando na órbita do planeta. 

- Nina? - diz uma voz conhecida. 

Um sorriso brota em meus lábios. Me viro para eles, vendo exatamente quem eu queria ver. Seus olhos estavam se possíveis mais desacreditados do que o meu, e ele estava diferente. Sinto uma lágrima escorrer por meus olhos e vou até ele, o abraçando. Quando senti seu toque meu coração se preencheu, se preencheu de esperança. Já sabia o que isso significava, significava que ele iria viver. Nem que eu morresse pra protegê-lo.

- senti sua falta. - digo.

- eu também.