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História My New Hope - A Esperança Nunca Morre


Escrita por: walkerzei

Notas do Autor


oie, voltei
COMENTEM POR FAVOR AAAA
espero que gostem

Capítulo 20 - A Esperança Nunca Morre


Uma luz branca e forte me cegou por alguns instantes até ouvir um grito. Agudo, longo e angustiante. Me viro para o lado e sigo o som pela mata escura. Tropeço várias vezes em pedras e até mesmo em meus próprios pés, outro grito invade o ar. Era mais forte, mais firme, era um grito de homem. Continuo a correr, desesperada e sem saber o que fazer, minha visão estava embaçada e a floresta extremamente escura, não conseguia distinguir o que era chão, o que era céu e o que era eu.

⁃ ELES SE FORAM - gritou mais alguém.

A voz se parecia com a de minha mãe. Sorrio por um instante até a ouvi-la gritar. Um grito de dor, desespero, de medo. Acelero meus passos o mais rápido que posso, até ouvir um outro grito. E eu conhecia aquela voz. Tropeço e caio em uma parte totalmente iluminada, parecia a rua em que morava. E detrás de um carro prateado saem quatro zumbis. O primeiro era alto, corpulento, com algumas rugas de expressão, uma barriga saliente e um terno, que um dia chegou a ser novo.

A segunda era pequena, usava maria-chiquinhas e meia três-quartos, ela abriu a boca mostrando todos os dentinhos pequenos mas prontos pra me devorar. A terceira usava um vestido verde, tinha rugas de expressão mas não a transformava em velha, a deixava com cara de mãe. E o quarto era magro, levemente forte, seu rosto era redondo e usava um boné. Mas seus olhos, seus olhos puxados não me enganavam. Todos avançaram, famintos e prontos pra me matar. Grito.

Acordo saltando na cama.

⁃ O QUE ACONTECEU? - grita Carl. Por um momento havia me esquecido que ele estava ali. - Por que está chorando?

Como assim estava chorando? Passo a mão por meu rosto e o sinto molhado. Merda.

⁃ Foi só um pesadelo. - digo me livrando do lençol que me cobria e calçando minhas botas.

⁃ Não quer contar? Dizem que contar ajuda.

⁃ Eu prefiro nem lembrar. - respondi e entrei no banheiro.

Fiz minhas necessidades e parei em frente o espelho, refletindo por um minuto. Esse sonho não podia se tornar verdade, eu não ia perder toda minha família pra isso, eu não lutei até aqui pra perde-lo. Ele estava vivo, e eu acreditava nisso, nem que seja apenas por algumas horas.

Lavei meu rosto e prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo malfeito. Saio do banheiro e vejo que Carl não estava mais lá, o maldito nem me esperou! Tiro minha blusa verde e coloco um moletom cinza, que com certeza era de um homem, coloco minha arma carregada na barra de trás da calça, minha adaga no bolso e vou até a cozinha. Abro a geladeira tirando um pouco de suco e me sirvo, beberico o copo em silêncio observando o entra e sai do grupo na casa.

Essa casa tinha muitos quartos, mais do que a outra, tantos quartos que pude ficar com o meu próprio depois que Rick resolveu tirar Judith do meu. Talvez ele me achasse um pouco descontrolada. Não o culpo, a maioria das vezes sou uma louca, e a outra parte eu divido entre encher o saco de Glenn e Carl e arranjar briga com o Daryl. É, ele tem total razão em tirar Judy de lá.

Me levanto da mesa e saio lá pra fora a procura de Rosita, prometi a ela lhe ajudar com as aulas. As ruas estavam menos movimentadas que o habitual, principalmente depois da chacina de ontem. Poças de sangue seco ainda estava nas ruas, as deixando com uma cara deprimente. Achei Rosita, que me olhou com uma cara aliviada.

⁃ Desculpa a demora.

⁃ Hoje eu desculpo. - sorriu. - Vamos lá galera, vamos começar.

Todos se juntaram perto de nós, inclusive Eugene. Uma vontade de rir tomou conta de mim, mas não o fiz. Só por consideração.

⁃ Tem que se ter cuidado ao usar a faca, não quer acabar arrancando um pedaço de seu próprio dedo. Nunca coloque a mão perto do alvo onde quer atingir, supondo que seja a cabeça de um zumbi, segure assim - ela demonstrou - pela nuca. E nunca afunde demais a faca, sempre o suficiente, pois ela pode agarrar ou furar sua mão pelo outro lado.

⁃ Tem crânios que são mais fáceis de penetrar, geralmente de corpos que estão mortos a mais tempo. - comecei. - Mas não é sempre que isso acontece. A última coisa que vai querer que aconteça é prender a faca na cabeça de um deles enquanto está cercado. Uma dica é: tire a faca na mesma posição da qual a colocou. Tente mexer o mínimo possível, pode parecer difícil no começo, mas com o tempo vocês pegam o jeito.

Rosita assente pra mim e passa um movimento para todos repetirem. Fico de olho neles e os ajudo em algumas dúvidas. Eles lembravam a mim no começo disso tudo, um pouco perdida e um tanto desesperada. Agradeço até hoje a meu pai por nos arrastar nas férias para matar patos. Devia estar mais de 20 minutos ali quando vejo Maggie, ela ainda estava ali. Desde ontem de noite!  

Me viro para Rosita.

⁃ Posso ir agora? Preciso falar com Maggie.

⁃ Claro, acho que dou conta por aqui.

Sorrio em agradecimento e ando pelas ruas verdes e bem planejadas da comunidade. Essas casas com certeza eram para ricos, com tantos quartos e tanto verde os cercando. Ainda mais com tantos sistemas econômicos.

Depois de alguns minutos encontro o posto de vigia, Rick estava descendo de lá.

⁃ Como ela está? - pergunto.

⁃ Esperançosa. - abre um sorriso. - E você? Como está?

Tá bom, essa me pegou de surpresa.

⁃ Isso é importante pra você?

⁃ O bem estar de todos importa pra mim. Mas você é irmã de um dos caras que mais me ajudaram e ajudaram o grupo, talvez o maior deles. Se não fosse por ele eu não estaria aqui. Além de ser algo do meu filho, algo que ainda não descobri. Então sim, eu me importo com você.

Ele simplesmente acabou de falar e continuou a andar. O quê?!

⁃ Hey! - o chamei e ele se virou. - Estou bem, esperançosa.

Ele sorriu e concordou com a cabeça. Fiquei parada, perplexa por alguns segundos, até perceber que isso não ia me levar a nada. Subo as escadas e paro ao lado de Maggie.

⁃ Nenhum sinal dele? - pergunto.

⁃ Nenhum.

O silêncio se instala, e incomodava. Incomodava muito.

⁃ Já pensou em um nome para o bebê? - puxo assunto.

⁃ É meio cedo pra isso, não? - se vira pra mim.

⁃ Talvez.

⁃ Acho que Hershel, era o nome de meu pai. Ou Beth. - diz sorrindo.

⁃ Sabe, Glenn também tem familiares. O bebê não é só seu. - disse isso e ela riu.

⁃ Eu sei, mas como poderia se chamar? Não estou aceitando Nina.

Dei a língua. Pensei por alguns segundos.

⁃ Kenna. Era o nome de nossa irmã.

A expressão de Maggie se suavizou.

⁃ Vou pensar no seu caso. Sabe, Glenn nunca falou muito da família, acho que ele só aceitou, aceitou que estão mortos. Vocês tem isso em comum, não choram pelos cantos.

⁃ Que estranho, ele era bastante medroso, e bem chorão. Minha mãe disse que quando ele era menor tinha medo do gato do apartamento ao lado, e dormia todo coberto pelo edredom.

Ela riu.

⁃ Realmente eu não sei muita coisa sobre a vida antiga dele. Não tivemos tempo pra isso, não em meio à isso tudo.

⁃ Eu entendo. Sabia que ele usa óculos?

⁃ Não. - respondeu um pouco surpresa.

⁃ Ele usa, mas é só pra ler. Ele não curte muito, costumava dizer que acabava com o charme dos olhos dele.

Nós duas rimos. 

Antes que pudesse voltar a falar ouço Eugene gritar lá de baixo.

⁃ ATIREM NOS ZUMBIS.

⁃ Aonde? - pergunta Maggie.

⁃ Perto de Spencer, ele caiu.

Minha boca se abre em um "O". Vou até a beirada e procuro por Spencer. O que ele tinha na cabeça?!

⁃ Ali. - digo apontando para o pequeno amontoado de zumbis que o cercava.

⁃ Toma. - ela me entrega uma arma, feita pra atirar à distância.

Não usava muito esse tipo de arma mas, vamos ajudar. Coloco a mira em todos os zumbis que se aproximavam dele, até ele conseguir entrar novamente.

⁃ Muito bem. - diz Maggie sorrindo.

Dou um sorriso e faço uma reverência.

⁃ Vou ficar lá em baixo. - digo. - Esse mar de monstros não está me fazendo muito bem.

Ela assente e eu desço as escadas. Vou para uma casa desocupada no final da rua e me deito na varanda. Gostava de olhar o céu. Me remetia a paz. Por isso não gostava da noite, na noite o céu deixava de ser azul, o mar deixava de ser azul, e até olhar de Carl deixava de ser azul. Eles ficavam quase negros, sombrios até. E quando Carl sentava a beira da fogueira, e as chamas laranjas passavam na frente de seu rosto, um ponto azul de seu olho se iluminava, me lembrando de que ainda era azul, me lembrando de que nada é sempre o que parece.

O céu também me lembrava Kenna, com sua ingenuidade e comentários engraçadinhos. Dos finais de semana quentes em que íamos ao parque com meu irmão, e nos deitávamos na grama seca para observar as nuvens. E ela ria como ninguém, ria de alegria, ria a cada comentário bobo que saía de nossas bocas. Ria por ter apenas cinco anos e por ter um mundo inteiro lhe aguardando. Aquela risada leve, fofa, e aguda, que eu nunca mais iria ouvir.

Azul era a minha cor favorita. Cor do uniforme do colégio, cor da pedra no anel de casamento de minha mãe, cor da logo bordada no uniforme da empresa que meu pai trabalhava... Me controlo para não chorar e fecho meus olhos. Lembrar do azul doía.

⁃ Achei você.

Me sento rapidamente e volto a me deitar quando percebi quem era. Carl.

⁃ Eu me escondo realmente muito bem. - brinquei.

O vejo andando até mim e se deitando ao meu lado.

⁃ Você está bem? - perguntou.

⁃ Os Grimes realmente tiraram o dia para se importar comigo. - pensei alto.

⁃ Oi?

⁃ Nada, é que seu pai me fez essa mesma pergunta.

⁃ E você respondeu...?

⁃ Que estou bem. - digo. - Eu acho.

Ele assentiu duas vezes e fechou os olhos. Seu rosto de algum modo me acalmava, não só seu rosto, sua presença também. E do mesmo jeito que me acalmava ele também me tirava de mim, ativava meu lado insano, meu lado rebelde. Ele abre os olhos e me vê olhando pra ele, não desvio os olhos, estava cansada de fugir dele. Me inclino em sua direção e encosto nossos lábios rapidamente, apenas por alguns segundos. Me deito novamente, mas dessa vez seu braço está envolta de meus ombros.

⁃ O que estava pensando? - pergunto.

⁃ Na minha mãe, ela iria gostar desse lugar. - responde ele com sinceridade.

⁃ A minha também.

O silencio se instala e fecho meus olhos. Sentia o chão duro contra minhas costas, os dedos de Carl passeando em meu braço, um cheiro doce vindo de alguma casa e a brisa leve que bagunçava meus cabelos. Sentia como se aqui eu tivesse perto de ter uma vida normal, apesar de estar bem longe disso. Passo alguns minutos de olhos fechados e fui amolecendo cada vez mais, estava quase dormindo quando sinto o ombro de Carl me chacoalhar.

⁃ Nina! - ele me chama, viro meu rosto pra ele.

⁃ O que?

⁃ Veja isso. - ele apontou pro céu com um sorriso nos lábios.

Fitei o céu procurando por algo de diferente, algo novo, até que encontrei. Alguns balões com nós malfeitos pendiam no ar, a brisa os levava para todos os cantos, mas não se separavam. Ouvi dizer que verde era a cor da esperança, e agora mais do que nunca isso se encaixou perfeitamente. Verde é minha nova cor favorita.

Um sorriso enorme brota em meus lábios e me levanto rapidamente. Corro em direção ao começo da comunidade, para onde o balão estava indo. Maggie também corria, ela vinha de outra direção e com um sorriso se possível maior que o meu. Paramos as duas perto de Rick.

⁃ É o Glenn. - diz ela. 

Rick assente algumas vezes e abre um sorriso. Eu e Maggie nos abraçamos. Ele estava vivo! Nada estava perdido, eu tinha um chance, chance de ajuda-lo. Assim que me solto de Maggie vejo Carl, um pouco atrás de nós e com um sorriso.

Olho para o céu novamente e, antes de ter a chance de falar algo ouço o barulho de algo se partir. Todos olhamos pra torre que se inclinava cada vez mais, Rick coloca o braço em minha frente me dando um leve empurrão pra trás e nesse momento a torre bate ao chão, levantando poeira e levando minha esperança embora.  


Notas Finais


espero que tenham gostado <3


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