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História My New Hope - Vamos Lutar


Escrita por: walkerzei

Notas do Autor


Oie
No capítulo de hoje tem um pouco do passado da Nina, e como ela se sentia estando sozinha
Gosto muito de todos os comentários que vocês deixam, então, leitoras fantasmas apareçam
Espero que gostem

Capítulo 21 - Vamos Lutar


Hoje fazem três semanas desde o sumiço do meu pai, desde o dia que realmente percebi o quão sozinha eu estava. A um mês atrás enquanto lia um livro sentada no sofá de minha casa, eu me perguntava como era se sentir vazio. Pra mim era impossível, não tem como não ter nada dentro de você, não tem como você não sentir nada. Mas agora, eu sei exatamente como aqueles personagens clichês se sentiam, principalmente porque me sinto igual. 

Sentia falta de minha mãe e tinha pesadelos sobre a última vez que a vi, com seu rosto pálido e sem vida, o rosto cheio de sangue e grunhindo como um monstro. Não fui capaz de matá-la, e nunca seria. Minha irmã com suas habituais maria-chiquinhas, franjinha cobrindo a testa e meias três quartos nunca mais sorriria pra mim e nunca mais pegaria minhas coisas sem autorização. Meu pai com seu terno bem passado e barriga saliente nunca mais estaria na cozinha quando eu chegasse, com as panelas no fogo fazendo comida.

E meu irmão, meu "irmãozinho" oito anos mais velho que eu não vai mais me irritar, revirar os olhos ou me chamar de otária. Ele vai permanecer em silêncio para sempre, com minha última memória de seu beijo em minha testa. Eu não sabia o motivo pelo qual continuava lutando, só sentia que não podia morrer assim. Todos que conhecia se foram, mas isso não significa que tenho que ir também, certo? Eu não sei mais o que fazer, me sinto perdida mas não vou desistir. Uma Rhee não desiste. 

Ouço um sussurro agonizante vindo da estrada, a voz me parecia de uma criança. Tiro minha pistola da bainha da calça e sigo para lá ouvindo minha bota esmagar as folhas secas. Uma criança que não devia passar dos cinco anos estava deitada olhando para o céu, seu cabelo ruivo e cacheado estava esparramado pelo chão e ela mantinha uma mão ao peito. 

- Mamãe. - o menino chama com dificuldade, e eu guardo minha arma. 

Me ajoelho ao seu lado, o fazendo notar minha presença. Seus olhos azuis se cruzam com os meus e noto que ele fora atingido por um tiro na barriga, meu coração se aperta. 

- O que houve? 

- Um homem mau apontou a arma pra mim, e depois atirou. - ele diz com naturalidade. 

- Onde está sua mãe? - pergunto, pensando no que poderia fazer para ajudá-lo já eu não tinha muita água e nem experiência em ser enfermeira. 

- O homem mau atirou nela também e ela me mandou correr. Mas não consigo mais, isso está doendo. 

Engulo em seco. 

- Qual seu nome? 

- Simond. 

Dou um sorriso. 

- E o seu? - ele pergunta, ainda encarando o céu. 

- Nina. 

Foi a sua vez de sorrir.

- Nina é nome de gato. - brinca ele. 

- Minha mãe tem um gosto estranho pra nomes. - concordo. 

Ele faz uma careta de dor. 

- Eu não posso te ajudar. - digo, com um bolo na garganta.

- Eu sei que vou morrer. 

Suspiro, até uma criança sabe o que aguarda nesse novo mundo
 
- Sua mamãe morreu também? - ele pergunta, com mais dificuldade que antes. 

- É, toda minha família morreu.

- A minha também. 

Me sento ao seu lado e seguro sua pequena mãozinha, ele geme de dor e tosse sangue que escorre por sua bochecha. 

- O que eu posso fazer por você? 

- Eu só quero ver minha mãe. - ele pede.

- Não posso fazer isso. 

- Mas eu quero. 

Lágrimas se acumulam em meu rosto e tiro minha arma da cintura novamente, ele merecia isso. Era demais passar por uma morte lenta para uma criança tão pequena, eu queria ajudar mas não podia. Não tinha acampamento, pessoas, suprimentos, água ou qualquer outra coisa do tipo. Eu só me virava. 

- Canta. - pede ele.

Destravo minha arma e ele fecha os olhos. Abro minha boca e começo a cantar minha música favorita: 

How can a heart like yours

Even love a heart like mine

 

Posiciono minha arma em sua cabeça...


       How could I live before
       How could I have been so blind 

... e atiro.

- You opened up my eyes. - sussurro, vendo o sangue escorrer pelo asfalto e minhas lágrimas pingarem no rosto do menino. 

Agora, todos são monstros. E sou só outro monstro também.
Acordo do meu transe e começo a tossir descontroladamente. Uma fumaça densa me cerca e cerro meus olhos tentando enxergar melhor mas não tive um bom resultado. Ouço grunhidos vindos de todo o lado e um certo pânico se apossa de mim. Tiro minha arma da parte detrás da calça e quando ia me mover mover sinto um braço me puxando. Era Maggie. 

Ela me puxa para um lado sem tanta poeira e começa a falar, não consigo ouvi-la. Somente concordo com tudo que ela diz. Ela sai andando na frente e a sigo, matando todos os zumbis que se aproximavam. Eram muitos, vindos de todas as direções. Um zumbi aparece atrás de Maggie e o mato rapidamente. Puxo Maggie pelo braço e nos encostamos no muro. 

- Vamos ficar cercadas. - digo, estourando a cabeça de um dos bichos. 

Maggie olha para os lados como se procurasse algo. 

- Vamos subir lá. - diz ela, apontando pro posto de vigia. Era uma linha reta até lá, se corrêssemos rápido o suficiente daria para subir.

- Tudo bem. - concordo. 

Ela sai em disparada até lá, corro atrás dela afastando todos os zumbis que se atreviam a chegar perto de nós. Maggie coloca o pé no primeiro degrau da escada e eu me viro pra trás não querendo deixar nenhum deles se aproximar. Dei meu máximo mas não foi o suficiente, eram muitos. 

- NINA! - grita Maggie, que já estava lá em cima e me estende a mão. 

Lhe entrego minha arma e coloco meus pés no primeiro degrau. Maggie matava os zumbis que se aproximavam de mim e quando estava prestes a chegar o degrau se parte. Um grito desesperando escapa de minha garganta e me agarro a base de madeira. Maggie agarra meus braços enquanto eu mexia minhas pernas rapidamente tentando não ser mordida. Maggie me puxa em sua direção e finalmente consigo apoiar minha perna. Me impulsiono pra cima e tanto eu quanto Maggie caímos deitadas no chão de madeira. 

Só conseguia ouvir nossas respirações descompassadas. Tento me acalmar. Estávamos num posto de vigia que ameaçava desabar a qualquer minuto, cercadas por zumbis e sem munição alguma, não tinha como piorar. Seguro a mão de Maggie e ela aperta meus dedos tentando me passar segurança. Encaro o céu azul ainda vendo os balões verdes de Glenn, que agora mais do que nunca simbolizavam esperança. 

- Vamos sair dessa. - sussurra Maggie. 

E eu acreditava nela. 

[...]

Outro pedaço da madeira cai, logo na cabeça de um dos zumbis. Me equilibro na ponta em que eu estou e olho desesperada para Maggie. Estávamos cada uma em uma extremidade, tentando equilibrar nosso peso, o suficiente para não acabarmos caindo. Não tínhamos que fazer isso, ele não ia cair agora, mas prolongar o tempo de vida dele parecia algo importante. A noite já havia chegado e as vezes ouvíamos um tiro, que afastava um pouco os zumbis mas não o suficiente. 

- EI! VENHAM PRA CÁ! - ouço gritarem. 

Eu e Maggie nos viramos ao mesmo tempo e vimos Glenn. Um sorriso brota em meu rosto mas logo o alívio se transforma em preocupação, esse coreano era louco?! Sozinho, no meio de centenas de zumbis e só com uma arma. Se isso não é suicídio eu não sei o que é. 

- Merda! - praguejo. 

Aponto minha arma pros zumbis que se aproximavam dele e começo a atirar. Enid aparece do meu lado, com uma corda em mãos.

- Temos que descer. - ela diz. 

A ignoro e continuo atirando, ela não iria me tirar daqui. Não até ver meu irmão bem. Ele estava sendo cercado, totalmente. Não tinha pra onde fugir. 

- GLENN! - eu grito com toda minha força. 

Tento continuar atirando mas eu não tinha mais balas. 

- GLENN! - grito de novo, desesperada e noto que Maggie me acompanha. 

Ele se joga contra o muro e abaixa, sumindo totalmente da minha vista. Um soluço escapa de minha garganta e começo a chorar. 

- EI! - grita alguém. 

Me viro pra trás vendo Abraham e Sasha, eles estavam com armas. As apontam pros zumbis e atiram, os matando completamente. Glenn se levanta e finalmente me dou ao luxo de sentir alívio. Agora eu não estava com medo, nem me preocupando com ninguém no momento. Eu não ouvia mais nada, nem via mais nada. Eu sei que vamos acabar com isso. 

[...]

O sol nascia no horizonte mas a rua ainda não estava completamente iluminada. A comunidade estava limpa, todos juntos conseguimos isso. Glenn estava ao meu lado, e vejo Maggie acenar da varanda de uma casa. Seguimos para lá vendo todos ali, mas estava faltando alguém. 

    ⁃    Onde está Carl? - pergunto, sentindo meu coração se apertar. 

Michonne fecha sua expressão, e suspira. 

    ⁃    O que houve? 

    ⁃    Ele levou um tiro. Ele está estável , Rick está com ele. 

Meu coração se desmanchou dentro do peito. Sinto uma mão em meu ombro e me viro, vendo Glenn. 

    ⁃    Preciso ver ele. - sussurro, tentando não derramar nenhuma lágrima de meus olhos marejados. 

    ⁃    Rick está com ele, deixe eles ficarem sozinhos. 

- PRECISO VER ELE! - eu grito. 

Ele suspira.

- Rick é o pai dele, ele sabe exatamente pelo que você está passando. Sente-se ai e espere, o moleque é forte. Ele vai ficar bem. 

Respiro profundamente e me sento na escada. As lágrimas desciam de meu rosto e meu peito ardia, como se tivessem ateado fogo nele. Eu vou esperar, poderia esperar pra sempre.

[...]

Denise tinha feito tudo que estava ao alcance dela, e isso graças à deus foi o bastante para deixá-lo estável. Rick já tinha ficado com ele por várias horas mas, meu irmão conseguiu o convencer de que ele precisava comer e descansar, então acho que só tenho alguns minutos. 

Me sento na cadeira ao lado de sua cama e junto nossas mãos. Encarei seu rosto tranquilo e sereno, mas suas feições estavam sem cor. Sem vida. Sinto um bolo em minha garganta, e algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto. 

    ⁃    Eu estou com medo. - digo. 

Um soluço segue minha fala, e eu tento me controlar. 

    ⁃    Eu não tenho nada à dizer, nada motivador. Só saiba que eu estou aqui, esperando. Lute para que eu te veja em breve, é tudo que eu peço. - respiro profundamente ainda encarando seu rosto. - É estranho saber que um coração como o seu possa amar a mim. Mas eu também amo você, cowboy. Eu amo muito você. 

Me apoio na cadeira ainda segurando sua mão e fecho meus olhos. Sinto uma pressão contra meu dedos e olho para minha mão, ele estava a apertando. Ele me deu um sinal de que iria ficar bem, e eu precisava acreditar nele. 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado e por favor comentemmm


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