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História My new life - Descoberta (Segredos de família - Parte1)


Escrita por: MisakiMarcy e MarcelineQueen

Notas do Autor


Espero que gostem...

Capítulo 34 - Descoberta (Segredos de família - Parte1)


Fanfic / Fanfiction My new life - Descoberta (Segredos de família - Parte1)

 

“Mentiras e segredos andam juntos

Se um dia você ouviu que a verdade sempre vem à tona,

Saiba que se o mentiroso souber guardar segredo

Isso nunca acontece.

Na minha adolescência percebi que

Aquela velha frase de mentira tem perna curta

É a verdadeira mentira.

Quando você mente você esconde a verdade

Cria um segredo

E se trancá-lo a seta chaves

Ninguém jamais precisara saber...”

 

Capítulo 34: Descobertas (Segredos de família - Parte Um)

Finn...

Se tem uma coisa previsível na vida é que ela é imprevisível.

Lembro-me de ouvir essa frase e achar que entendia sua profundidade. Estava errado. Assim como em muitas outras coisas. Não entendemos o quanto a vida pode nos surpreender e nos derrubar, até que ela mostre o que tem de pior e nos jogue no mais fundo e escuro poço que ela encontrar.

“Isso dói tanto

Eu te amo tanto, que dá medo”.

Por alguns minutos eu não vi mais problemas, não entendi porque me segurar, porque simplesmente não beijá-la. Por alguns segundos eu apenas quis ir até ela e mostrar tudo o que eu sentia.

Mas isso durou pouco e logo acordei, lembrei que aquilo não funcionaria. Que era errado.

Foi por causa da maldita realidade que minha dor de cabeça voltou e meu coração apertou quando Marceline sorriu para mim.

Atrás da garota que eu amava estava Ela, aquele odioso anjo, me encarando.

Tive que me segurar com todas as forças para que minha expressão continuasse calma. Flame se aproximou de Marcy e sussurrou algo em seu ouvido, ela concordou e veio até mim. Olhei de relance para Ela, sua expressão era de reprovação, depois me voltei para Marcy.

-Finn: Eu...

-Marcy me parou: Depois conversamos direito, ok? Tenho que resolver um problema. Nós...

-Finn: Nos vemos amanhã. – Disse pegando sua mão, um desafio para o anjo ao mesmo tempo que tinha a realização de sentir sua pele fria em contato com a minha.

-Marcy: Até amanhã. – ela me deu um último sorriso e saiu.

Fiquei acompanhando-a entrar na mata com Flame em sua cola por alguns segundos.

- Você tem que parar com isso.

A ignorei e segui para o banheiro, o único lugar em que podia me livrar de seu olhar. No caminho, Marshall me parou.

-Marsh: Posso falar com você?

-Finn: Eu... – Tentei inventar algo e continuei andando, mas ele pegou meu braço e apertou com força.

-Marsh: É sério, Finn. – Seu rosto estava firme e parecia até mesmo irritado, por um segundo fiquei com medo dele. Ela apareceu atrás dele e foi clara com seu olhar “Não. Vá embora”. Juro que essa era a minha intenção, mas odiava fazer aquilo que ela queria.

-Finn: Onde podemos ficar sozinhos?

Vi o rosto dela se contorcer para me entregar o seu melhor olhar de repreensão.

- Finn, é sério! Pare com isso! Nem devia estar aqui!

Marshall olhou em volta, como se tivesse escutado, mas eu sabia que ele só deve ter sentido um zumbido próximo a orelha.

-Marsh: Vem. – Disse ignorando aquilo e me puxando para dentro da casa.

A anjo se mantinha próxima e eu sabia que ela não nos deixaria em paz.

Fomos até o segundo andar e o vampiro me enfiou dentro de um cômodo, soube na hora que aquele era seu quarto, ele me puxou até o banheiro e fechou a porta, se encostando nela. Ficamos um tempo sem dizer nada, Marshall parecia se segurar por algum motivo. Após alguns minutos suspirou, colocou sua bebida na pia e me encarou.

-Marsh: Você gosta ou não gosta da minha prima?

Olhei para o lado, vi os cabelos negros do anjo, Ela encarava Marshall com desgosto, mas vi desviar a atenção para mim por um segundo, também esperando a resposta.

-Finn: Acho que todos já sabem que sim. – Respondi olhando diretamente para Ela e seus olhos esbanjaram raiva.

Ela negou com a cabeça tentando se acalmar e então voltou aquele olhar de compreensão e piedade que ela tanto gostava de me dar.

-Marsh: Então qual é o seu problema? – Me voltei para ele. – Porque não diz a ela? Porque a beija e depois fica meses sem tomar uma atitude? Porque age estranho com ela em alguns dias e em outros lhe faz ter esperanças de novo? – Falou a cada pergunta se aproximando mais até estar a apenas alguns centímetros de mim.

Desviei o olhar para a anjo de novo e permaneci quieto. Esse era o meu problema. Vocês apenas não conseguiam vê-lo. E era um enorme.

Marshall me encarou por mais alguns segundos e o meu silêncio acabou o irritando, ele respirou fundo, passou a mão pelos seus cabelos e chutou a banheira ao seu lado. Na mesma hora ela rachou ao meio e em volta da área que havia sido acertada se quebrou em vários pedaços.

-Marsh: Escute aqui, Finn... – Ele me pegou pela gola da blusa e me ergueu no ar. – Você é meu amigo, mas Marceline é a pessoa mais importante que existe para mim. Se você magoá-la eu acabo com você. – Encerrou praticamente me jogando no chão e eu quase caí, por sorte consegui me segurar na privada.

-Finn: Acredite, a última coisa que quero é magoá-la. – Disse totalmente sincero, afinal isso também fazia parte do problema. Eu não queria magoa-la então mentia.

-Marsh: Faça logo alguma coisa então! Se você não fizer, eu faço! – Gritou cerrando os punhos, sabia que aquilo que ele fez com a banheira era o que queria fazer comigo. – Essa história tem que acabar! Não me importa que seja com vocês juntos ou separados, mas se for eu à tomar uma atitude, pode ter certeza que será separados! – Esbravejou por fim saindo do banheiro e batendo com a parta atrás de si. Ela também rachou.

Suspirei e fui até a pia. Molhei o rosto e quando me encarei no espelho vi que estava péssimo.

O anjo me encarava, mas não disse nada, vi o copo de Marshall na pia, o peguei tomando um longo gole e saí do lugar.

- Porque veio a essa festa?

Andei até a janela e vi as pessoas dançando, tomei mais um gole sentindo aquela queimação descer pela garganta.

- Não devia beber isso.

-Finn: Eu sei bem o que você acha que eu deveria fazer, mas e o que eu quero? – Perguntei irritando me virando para ela.

Ela me encarou, seu rosto firme, porém simpático. Por algum motivo quanto mais tempo passava mais falsa eu acreditava que essa simpatia era. Me virei novamente.

- Finn... – Ela se aproximou e tocou minhas costas. Aquela sensação esquisita me dominou de novo, como se eu estivesse flutuando na água, mas conseguisse respirar nela. A pressão e o frescor, a imensidão de estar no mar e a claustrofobia da aproximação da água. Era difícil explicar, só se você mesmo fosse tocado para entender. – Ei, me escute. – Disse colocando sua mão no meu pescoço e me fazendo encará-la. – Você sabe que as coisas...

-Finn: Não! – Disse me afastando dela e de seu toque. – Eu só quero que me deixe em paz! Que me deixe pensar. Todos vocês! – Saí do cômodo com ela na minha cola.

- Você só está se machucando sustentando isso tudo.

-Finn: E você só está me irritando! – Murmurei. Segui andando rápido mata a dentro, por uma das trilhas iluminadas, joguei o copo vazio em algum lugar durante o caminho. – Pare de me vigiar! Volte para o céu de uma vez e me deixe! – Gritei com as mãos na cabeça.

- Já disse que não sou um anjo, não moro no céu.

-Finn: Mestiça, tanto faz, só me esqueça.

Ela, Shoko, tinha cabelos pretos lisos, olhos puxados (o que indicava ser asiática) um rosto redondo e delicado, meio baixinha, corpo bem definido e não tinha um braço.

Eu queria poder arrancar o outro.

E bater nela com ele.

Um dia Ela mencionou que anjos sempre escutam quando são chamados pelo nome por alguém que conhece seus rostos. Tendem a atender ao chamado. Nunca mais usei seu nome nem mesmo em pensamentos.

- Acho melhor você ir para casa.

Não respondi, mas parei de andar e peguei meu celular, mandei uma mensagem para Jake.

“Já estou indo embora, nos vemos em casa”

- São duas horas a pé.

Eu sabia, óbvio, afinal moro aqui.

Ooo era cercada por cerca de cinco montanhas, Marshall mora na da floresta “assombrada” (depois dessa noite ninguém mais da nossa escola deve pensar isso) ela é a mais alta e fica no Norte, eu morava na montanha leste, cerca de quarenta minutos de carro, sem contar possíveis congestionamentos de transito.

Decidi que ia a pé. Cerca de duas horas.

Não era tão ruim.

Eu só queria que ela fosse embora.

- Porque continua com isso? Está enganando a si mesmo e a ela.

-Finn: Como se você se importasse com Marceline.

- Não me importo. Mas já está na hora de você parar de negar e começar a aceitar quem você é de verdade.

-Finn: Vai pro inferno. – disse apenas.

Continuei ouvindo um pouco de música vinda da festa por um tempo e sem que eu percebesse me lembrei de Marcy.

Marceline... Senti os olhos lacrimejarem. Aquela música... Nós. Será que um dia ainda poderia haver um nós? Shoko (esse nome me da enjoos) estava ali para provar que provavelmente não.

Só queria nunca ter descoberto aquilo. Ter continuado com minha vida.

E caramba! Como eu queria ir para longe daquele anjo! De tudo...

Minha cabeça e peito doíam sem parar, e eu já sentia meu estômago embrulhando. Me lembrava do porquê de eu estar naquela situação...

Foi pouco menos que três semanas atrás. Em uma quinta feira. Naquele dia Fionna saiu com Marshall e descobriu que na verdade ele e Marceline eram os herdeiros de um dos tronos shikis. Ela veio me contar no pior momento possível.

“Achei que devia saber”. Disse ao telefone.

E acho que foi esse o momento que a vida esticou os braços, empurrou minhas costas e deixou que eu caísse o mais fundo que já cheguei em toda minha vida.

 

-Três semanas atrás-

 

-Sorri e depois arregalei os olhos: Caramba, Fi! Desculpa! Eu que vim te perguntar como estava depois te deixei falando sozinha! – disse realmente me sentindo péssimo.

-Fi riu: Relaxa, não me deixou falando sozinha, você começou a viajar quando te fiz uma pergunta.

-Finn: E qual foi mesmo?

-Fi: Será que eu posso ir com você no orfanato qualquer dia desses? Estou com saudade dos shikis.

-Finn: Claro. Eu sabia que iam gostar deles, mas pensei que não teriam tanta pressa em voltar para lá, sabe... as histórias e tudo mais, é bem triste de se ver.

-Fi: Eu sei, acho que é por isso que quero vê-los. Você sabe, eu ando meio deprimida e... eles passaram por tanta coisa e estão sempre tão sorridentes. Acho que, pode parecer meio egoísta, mas quero vê-los por que acho que me fariam me sentir melhor. Te fazem esquecer dos problemas, porque eles mesmos não querem se lembrar deles.

-Finn: Entendo seu lado. Vou visitá-los amanhã ou, o que é mais provável, depois. Pode vir junto, te mando uma mensagem.

-Fi: Obrigada. – sorriu me abraçando.

-Retribui o gesto: Por nada. Eu sei como um coração partido pode ser difícil. Fico feliz em poder ajudar em alguma coisa.

-Fi: Você é ótimo, loirinho. – disse, se soltando do abraço.

-Finn: Então...

Conversamos mais um pouco e então Marshall chegou, Fionna e o moreno se despediram de mim e se foram. Procurei Jake e o achei próximo à saída com Iris, tive de esperar os dois namorarem um pouco até podermos ir.

-Finn: Agradeceria se me poupasse de ver você comendo sua namorada. O resto do mundo também.

-Jake: Me deixe em paz. Quer ir no cinema hoje? Você pode chamar a Marceline. – Sugeriu me dando uma cotovelada fraca e um sorrisinho.

-Corei e desviei o olhar da expressão sugestiva dele: Não dá, hoje é dia de ir no Jermaine.

Vi o rosto de Jake mudar completamente para um ar sombrio, seu sorriso sumiu e ele olhou para frente.

-Jake: Hum. – Sisse apenas e não falamos mais.

Era sempre assim.

Meu irmão mais velho Jermane viaja muito. Nunca soube ao certo com o que ele trabalhava. Dizia apenas que era algo como um caçador de tesouros. Ia atrás de objetos históricos e recebia um dinheiro da faculdade que o contratava por isso. A própria faculdade ficava na Itália então o Japão era um dos lugares em que menos ficava.

Palavras chave: viaja, caçador, Itália.

Ele ganhava muito dinheiro, mas não nos dava quase nada, dizia que a faculdade não bancava as viagens então precisava dele. E também que já tínhamos idade para nos sustentar em três. Jake tem outro ponto de vista.

Acha que Jermaine é apenas um ganancioso de merda que enchia o cú de dinheiro e um consumista do inferno que gastava mais nas viagens do que podia arcar. Concordei com ele por um tempo.

Hoje fico feliz por mal ter ganhado esse dinheiro sujo.

Mas vamos no concentrar no tempo em que eu ainda era ingênuo.

O dia de ir à casa do Jermaine.

A casa dele é a antiga da nossa família. Quando nossos pais desapareceram e os policiais não conseguiram nenhuma informação, Pen e ele conseguiram permissão para serem os responsáveis legais por mim e Jake, porém Pen era o único com emprego registrado e fixo (isto é, não precisava viajar) então foi ele que recebeu a guarda. Ficamos com a casa, mas ela era muito cara para se manter então depois de muito hesitar não tivemos escolha e decidimos vender.

Jermaine já estava a um tempo querendo um lugar próprio para ele e acabou comprando-a sem nos dizer. Quando descobrimos meus irmãos o confrontaram, queriam entender o porquê, afinal, ele tinha o dinheiro e simplesmente não nos dava para continuarmos morando lá. E foi então que a briga começou.

Jermaine deixou claro que queria uma casa só dele, que se ele quisesse poderia ter simplesmente comprado um apartamento, onde não caberíamos de qualquer forma, e assim teríamos perdido nossos pais e a casa deles, com todas as memórias, de uma vez só.

Com ele a comprando nós 3 teríamos ganhado o dinheiro de forma justa, ele teria seu cobiçado espaço e não perderíamos o lugar por completo. Mas é claro que não aceitaram isso.

"Nem fica lá, mas não aceita ajudar os próprios irmãos!" reclamavam Pen e Jake.

De qualquer forma tivemos que aceitar o “egoísmo” de Jermaine, não havia o que fazer. Só tinha um detalhe: alguém tinha que ir regar as plantas, arrumar a casa e cuidar do cão, que às vezes ficava para trás, do nosso caro irmão. Jake e Pen se recusaram obviamente.

Mas se nenhum de nós aceitasse ele simplesmente pagaria uma empregada. Então sobrou para mim.

Naquela tarde o mais velho ligou quase imediatamente ao chegarmos da escola, foi Jake que atendeu e eu soube quem era na linha quando ele voltou mais que irritado e disse "É pra você".

Fui até a cozinha e peguei o telefone.

-Finn: Oi, Jermaine.

-Jermaine: Hoje é dia de...

-Finn: Eu me lembro, não precisa ligar para isso.

-Jermaine: Só queria avisar que o Toby ficou dessa vez. Importa-se de deixá-lo na sua casa?

-Finn: Jake não vai gostar.

-Jermaine: É meu cachorro, não eu. Ele não tem culpa.

-Finn: Eram seus irmãos.

O ruivo suspirou do outro lado da linha.

Sempre achei engraçado isso. Os membros de minha família adotiva possuem cabelos que a cada geração ficam mais claros. Nosso pai Joshua tinha cabelos vermelhos (não eram apenas ruivos, eram vermelhos, muito fortes), Jermaine nasceu com os seus ruivos, de um laranja marcante e escuro, Pen um laranja mais claro e vibrante, Jake ficou muito perto do loiro, mas ainda ruivo se você reparar direito e então eles adotaram um loiro. As fotos de família que tiramos nos bons tempos eram bem divertidas.

-Jermaine: Finn você ainda é jovem, não entende.

-Finn: Pen tem quase sua idade e também não.

-Jermaine: Porque nem ele, ou Jake, estão preparados para isso. Deixam os sentimentos levá-los, são impulsivos e rancorosos. Você talvez esteja antes que eles.

-Finn: Não pense que te perdoei. Também estou magoado. Eu apenas...

- Jermaine: Tenta entender.

-Finn: Talvez.

- Jermaine: Eles não.

-Finn: Eles não estão errados.

-Jermaine: Eles não sabem toda a história.

-Finn: Conte-a então.

-Jermaine: Talvez. Um dia.

-Finn: Vou ver o que posso fazer sobre Toby.

- Jermaine: Você é uma pessoa boa Finn e mais sábio que seus irmãos.

Lembrei-me de quando éramos mais novos. Os três sempre diziam que eu era muito infantil e não entendia nada. Uma criança inocente.

"Mais sábio". Sei...

-Finn: Até mais Jermaine.

- Jermaine: Até. - disse por fim. Deve ter percebido que eu não queria estender essa conversa por muito mais tempo.

Desliguei e quando cheguei na sala fui recebido pelo olhar cortante e gélido de Jake.

-Jake: O que ele queria?

Nessas horas de raiva é que você mais pode perceber o quão maduro Jake pode ser, o quanto sua idade depende de seu humor e das pessoas a sua volta. Se o visse agora não lhe daria seus 16 anos, mas talvez 25.

-Finn: Toby pode ficar aqui?

-Jake: O cachorro dele? Porque ele não o leva consigo? Se quer ter um, que aprenda a cuidar.

-Finn: Pode ou não? - Perguntei novamente. Apesar de a contra gosto sabia que ele deixaria. Jake não descontaria sua raiva no animal.

-Jake: Que seja, mas eu não vou fazer nada por ele.

Da última vez que disse isso o vi brincando com o bichinho escondido durante a noite.

-Finn: Vou tomar um banho e ir então.

-Jake: Vê se consegue roubar alguma coisa.

Não respondi, apenas segui para o banheiro.

Jake achava que tínhamos que pegar o que fosse possível da casa de Jermaine. Mas por ele também deveríamos tê-lo espancado.

Seus conselhos nem sempre são bons.

 Admito que já furtei algumas moedas que achei caídas pelos cantos enquanto limpava, mas nada que não tivesse contado ao dono que fazia. Ele já chegou a mencionar que se eu achar uma nota posso pegar para mim. Consegui vários ienes com isso. Jermaine acha que uso para benefício próprio, que nem conto aos outros de casa.

Já paguei nossa janta várias vezes com esse dinheiro.

Tomei meu banho e desci a mata até chegar no ponto de ônibus, subi no primeiro que apareceu e no centro peguei um metro que ia até o fim da cidade, andei mais 10 minutos numa rua íngreme e estreita até finalmente chegar a casa ao estilo japonês clássico. A vizinha da frente estava do lado de fora e me cumprimentou.

-Aoi: Olá, Finn, dia de regar as plantas?

-Finn: Sim Aoi. É um prazer revê-la.

-Aoi: O prazer é meu. - Ela colocou os fones de ouvido e seguiu para sua caminhada matinal. Aoi está aí desde que me conheço por gente, já foi até minha babá, ela tem 26 anos hoje em dia.

Empurrei o portão e me vi de frente à entrada cheia de vegetação, um chão de cascalhos até a entrada e com uma “trilha” que levava para a parte de traz da casa.

Segui pela mesma até começar a ouvir o som do lago de carpas, passei por um Torii (N\A: aqueles portais vermelhos comuns no Japão) e já pude ver a água.

Fui até o galpão dos fundos, cercado por um jardim zen onde a areia já tinha se espalhado totalmente com o vento. Pensei em pedir um extra a Jermaine para que eu o arrume. Atravessei a ponte de bambu até a entrada do pequeno cômodo e peguei a chave que estava comigo.

Do galpão tirei tudo que eu poderia usar para fazer a limpeza, depois voltei à casa, subi os três degraus de madeira e abri a porta corrediça. Assim que deixei a luz e ar puro entrar, Toby se levantou e veio correndo em minha direção, pulou em mim e me lambeu animadamente.

Olhei para suas vasilhas e percebi que estavam vazias, Jermaine havia comprado um aparelho que as enchia com água e comida regularmente por até 5 dias, verifiquei os reservatórios e ainda possuíam o suficiente para mais um dia. O desliguei.

- Quer bacon, Toby?

O pequeno de pelos brancos abanou o rabo cheio de felicidade. Fui abrindo as portas e janelas para tirar aquela poeira acumulada enquanto deixava a frigideira esquentando em fogo baixo, o lugar era realmente imenso e tinha uma bela vista, era bem cuidado apesar de quase não possuir morador. Nem parecia que as coisas haviam mudado tanto desde que vivi ali.

Fiz uma grande fatia de Bacon para o cachorrinho e dois hambúrgueres com suco de frutas para mim. Meu irmão também deixava que eu esvaziasse a geladeira, já que o conteúdo iria estragar se alguém não o fizesse, em outras palavras haviam vantagens vir aqui.

Peguei um maçarico e fui acender as Toros, acompanhado sempre de Toby.

(N\A: Principal lanterna usada em jardins japoneses, também chamada de Yukimi-gata ou Ishidoro, Toros são esculpidas em pedra e podem ter várias formas e tamanhos. São colocadas em locais cuidadosamente selecionados e consistem em cinco partes que representam os cinco elementos da cosmologia budista).

Mesmo que estivesse de dia lembro que meus pais sempre gostavam de mantê-las acesas para “iluminar nossos caminhos” e “afastar espíritos sombrios”. Depois fui até a caixa de força liguei a energia da casa e os regadores automáticos, deixei-os funcionando.

Verifiquei o sistema de segurança, tudo certo.

Fui até a sala e liguei para o número do jardineiro, Jermaine havia pedido apenas para que cortasse as plantas então sim, eu poderia pedir um extra pelo terreno de areia, voltei para a cozinha, olhei a casa, suspirei e comecei o trabalho.

Geralmente eu levava duas tardes para limpar o lugar, alimentar os peixes, garantir se algo havia quebrado, entre outros pequenos serviços. Tudo para deixar o “lar” do meu irmão inteiro. Hoje ainda tive uma “bela” surpresa quando vi que Jermaine havia esquecido de fechar a porta do seu quarto e que Toby aproveitou para passar as noites por lá. Chegou a vomitar em cima da cama.

Encomendei um colchão novo pela internet.

Ao fim da tarde estava muito cansado, a faxina foi demorada e exaustiva como de costume, eu só precisava limpar a sala principal e poderia deixar o resto para o dia seguinte. A tal sala era o único cômodo da casa (além da cozinha) que não parecia ter sido tirada de um filme do Japão imperial. O chão era de madeira corrida escura com um tapete grande no centro, sofás escuros com várias almofadas coloridas e uma poltrona azul Royal, o resto dos móveis permanecia em tons pastéis, um teto catedral e um lustre de cristais, por fim uma lareira moderna com um quadro pendurado à cima.

E essa pintura sempre chamou minha atenção.

Nela uma mulher de cabelos loiros estava sentada na grama, usava um vestido vermelho que havia sido ilustrado de forma que, conforme chegava à barra, ele deixava de ser tecido e virava um líquido vermelho e viscoso que a cercava, lembrava vagamente sangue e estava em alto relevo. A mulher estava com o corpo meio encolhido e olhava para o céu. Lágrimas saiam de suas orbes e escorriam pelo rosto lindo de porcelana, ela parecia ser cega, a cor das íris dava essa impressão. Havia um colar de ouro em seu pescoço com uma rubi extremamente grande como pingente. Uma mão negra segurava seu ombro, mas não havia outra pessoa ali, como se o quadro tivesse sido parado no meio, mas não era isso, a mão simbolizava algo, só não sei o que. Atrás de si um pôr do sol, o céu em vermelho laranja e amarelo. Em chamas. E caído próximo a sua mão uma cruz, também de ouro, em decomposição, sendo enrolada pelas plantas e uma rosa branca.

Não saberia dizer o que mais me afetava ali, mas definitivamente era algo que mexia comigo. Dei de ombros.

-Finn: Arte. – Murmurei voltando ao trabalho.

Certo momento Toby começou a querer entrar na sala e eu tinha que tirá-lo o tempo todo, cansei-me na quarta vez e decidi mandá-lo para fora. Peguei-o no colo, mas o animal acabou se debatendo e fugiu. Corri atrás dele, ele virou para a cozinha e depois para a sala de jantar e pulou na mesa. Irritado, fui agarrá-lo, mas o cão saltou na direção da parede e acabou derrubando o quadro que havia por lá, o barulho o fez se assustar e me deu a chance de capturá-lo. Levei-o até o lado de fora enquanto brigava com ele e o prendi na coleira. Voltei para a sala de jantar e foi quando percebi aquilo.

Havia uma frase.

Não sei em que língua, não sei o que dizia, mas havia sido pintada na parede no exato lugar onde estava o quadro alguns minutos atrás.

Era muito estranho que algo assim estivesse ali, o que me deixou curioso. Peguei o celular e tirei uma foto, depois recoloquei a pintura em seu lugar e fui atrás de concertar a pequena bagunça que a caçada havia feito.

Já de noite, peguei Toby e o levei até minha casa.

(--x--)

-Finn: Você tem que ver, é hilário! – falei empolgado da imagem que tinha visto na noite anterior enquanto Jake dormia.

-Jake: Você salvou?

-Finn: Claro! – Peguei meu celular e assim que abri a galeria vi a foto das escritas na parede e a curiosidade me atingiu de novo. Olhei para Jake e então para Bonni, que parecia desocupada. – Só um minutinho, Jake. – Disse me levantando. – Tenho que ver um negócio com a Bonnibel rapidinho.

-Jake: Ok, mas volta logo, eu quero ver.

Concordei e segui até a rosada.

-Finn: Oi, Bonni. – Cumprimentei e ela sorriu.

-Bonni: Olá, Finn.

-Finn: Você poderia me dizer que língua é essa? E o que diz aí? – perguntei lhe mostrando o celular.

-Bonni: Onde você achou isso? – Como sempre ela queria todos os detalhes, mas eu duvidava que dizer que havia encontrado na casa do meu irmão adiantaria de algo para descobrir a língua. Ela encarou o celular por um tempo e seu rosto de repente empalideceu. - Finn... – Sussurrou cautelosa. – Onde você encontrou isso? – Perguntou com um ar sombrio.

-Finn: Numa parede perto do bairro do meu irmão... – Inventei. 

-Bonni: Isso é latim...

-Finn: Hm... e qual o problema?

-Bonni: O que diz aqui é algo como "Morte aqueles que foram abandonados pela luz" em tradução livre "Morte aqueles que foram abandonados por Deus". Finn... é uma “oração” para afastar e\ou matar shikis. Caçadores usam.

Continua...


Notas Finais


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