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História My new life - O peso da verdade (Segredos de família - Parte 5)


Escrita por: MisakiMarcy e MarcelineQueen

Notas do Autor


Oie! Como vcs estão? ~MarcelineQueen falando ;D
Esse capitulo já foi revisado e está agora atualizado! Assim como o anterior, não ocorreu nenhuma mudança no enredo, só algumas correções. Peço desculpas pela quantidade de capítulos que foram postados sem a devida correção, eu me enrolei na organização nessas ferias e prometo que vou me esforçar para que isso não ocorra novamente.
Boa leitura xoxo
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(nota original da ~MisakiMarcy de quando o cap foi postado)
Olá meus anjos, shikis e humanos! Como estão?
Vocês não fazem ideia do quanto eu estava me segurando para não postar isso, ontem passei a noite em claro lendo porque se eu estivesse fazendo qualquer outra coisa parava e corria para o computador pensando "ah, não faz mal". A questão é que a minha co-autora ainda esta viajando (se não me engano), de toda forma está ocupada e eu meio que estou dando muito trabalho para ela nessas férias, por isso ela ainda não pode revisar esse capítulo, então ele deveria estar cheio dos errinhos que deixo passar. Mas eu não me aguento! Quero postar logo e ver o que vocês acham! (Mesmo que são pucos os que comentam, mas vamos lá, o último cap teve 2 comentários! É um avanço e eu sei que mereço isso por ter deixado vcs no vácuo por meses).
De toda forma espero que gostem da história e da nova música (que estará completa nas notas finais)

Capítulo 38 - O peso da verdade (Segredos de família - Parte 5)


Fanfic / Fanfiction My new life - O peso da verdade (Segredos de família - Parte 5)

 

-Finn: Marceline, eu vou te falar tudo que está acontecendo e porque eu estou agindo tão estranho ultimamente, cada detalhe, só preciso que me prometa uma coisa.

-Marcy franziu o cenho: O que?

-Finn: Que vai ouvir até o final. Não importa o quão ruim se tornar você precisa saber de tudo.

Marceline me analisou por alguns segundos e então se sentou no chão.

-Marcy: Então me diga toda a verdade.

-x-

“Ele é um proibido. Nasceu de amor, não de pecado. Salvem-no, por favor.”

 

Capítulo 38: O peso da verdade (segredos de família - Parte 5)

 

“Espere um segundo, me deixe respirar

Sei que você está falando

mas não consigo escutar

Vejo o tempo passando pela janela

Nós dois sabemos que aquilo tudo já era...”

Finn...

Olhei para a garota sentada no chão, seus olhos vermelhos me encaravam fazendo meu coração bater mais rápido. Tentei organizar tudo que tinha a dizer, mas não conseguia. Passei tanto tempo pensando em como ela reagiria, como convencê-la a ficar ao meu lado que não pensei em como lhe contaria a verdade.

Marceline esperava paciente, olhei para seu rosto e não me contive em pensar: como conseguia?

Eu fui péssimo com ela a semanas, por causa da minha insegurança fiquei meses sem tomar uma atitude verdadeira, cheguei a evitá-la deliberadamente, e lá estava ela. Sentada, calma, me dando todo o tempo que eu precisasse.

Eu...

-Finn: Eu te amo, Marceline.

Vi seus olhos se arregalarem e sua boca abrir levemente. Até eu me surpreendi um pouco, mas já estava mais que na hora de dizer aquilo. Para que o resto saísse, eu precisava que ao menos isso ela tivesse certeza: meus sentimentos.

-Finn: Eu sei que tenho agido estranho, sei que você pode estar brava ou triste e eu sinto muito, por tudo, mas tanta coisa aconteceu e... eu comecei a achar que talvez fosse melhor para você não me ter mais por perto. – Marceline chacoalhou a cabeça e foi dizer algo, mas a interrompi me ajoelhando no chão de frente a ela. – Marceline eu quero que entenda isso, antes de tudo: eu não... Eu não sei explicar, mas existe alguma coisa em mim que simplesmente me impossibilita em sequer pensar não estar mais perto de você. Seja como apenas amigos, ouvindo sua risada e vendo seus olhos, como namorados ou seja lá. Eu sinto um vazio só de imaginar em não te ter mais, e é por isso que eu me afastei. Porque eu descobri que... Eu... Eu descobri tanta coisa sobre mim e quando você souber talvez você mesma não me queira mais. Eu já devia ter contado. Só que eu fiquei com muito medo de te perder. – Meus olhos começaram a lacrimejar e eu os fechei, logo eu lhe contaria tudo e eu não queria ver como ela me encararia. – De várias formas diferentes, mas principalmente: você me abandonar. Eu nem sei como até agora você já não fez isso! Eu nem sequer te mereço! Você é tão incrível e eu... eu só... Eu sou só...

Antes que eu pudesse continuar senti sua mão gélida em meu rosto, calei-me e abri os olhos, ela estava perto, muito.

-Marcy: Você disse que me ama?

-Meu coração doeu por um segundo, como uma pequena agulhada no peito: Sim. Mas... eu...

-Marcy: Você acha que não me merece?

-Sacudi a cabeça: Não mereço, mas é que...

-Marcy: Não sou eu que deveria decidir isso? – Olhei bem no fundo de seus olhos, confuso, ela sustentou o olhar e passou calmamente o dedão por minha bochecha. – E eu? Você acha que eu mereço você?

Fiquei um tempo em silêncio, meio atordoado com o que ela disse e só assim percebi que estava tão agitado, tão ansioso para lhe dizer tudo e ver o final, que jogava as informações de forma errada, estava apressando o presente, deixando de dar atenção ao que a merecia. Respirei fundo.

-Marcy: Se acalmou? – Ela tinha percebido meu estado e soube exatamente como ajudar, como sempre. Tirou a mão do meu rosto.

-Sorri: Sim. Obrigada.

-Marcy: De nada. E então? Você acha que eu mereço você?

-Finn: O que?! Mas é claro!

-Marcy: Por quê?

-Finn: Por quê? Você é uma rainha! Você...

-Marcy: Sou uma rainha, isso só mostra que serei forçada a ser o que não sou, mas aquilo que um povo precisa, um povo que se alimenta... do seu. Eu te mereço? Uma assassina merece alguém?

-Neguei com a cabeça: Você não é assassina.

-Marcy: Não? Qual a diferença entre eu e um serial killer?

-Finn: Você não tem escolha.

-Marcy: Eu poderia abdicar...

-Finn: Não é escolha se a morte é a única opção! – Esbravejo o que havia rezado à Deus. – Você e o mundo têm que parar de ver os shikis com o olhar humano! Vocês não são monstros, demônios, assassinos, vocês são apenas uma espécie! E igualmente não são humanos! Como todas as outras espécies que habitam a Terra vocês tem direito de viver! Como todas as outras que se alimentam de carne vocês só estão seguindo seus instintos! Um animal matar um humano não é visto com olhos tão ruins, então porque com vocês é tão errado? Só por causa da sua aparência vocês não podem seguir o que a natureza diz? Porque quando humanos matam, por dinheiro ou comida, outras espécies está tudo bem, mas uma espécie mais forte, que apenas se assemelha fisicamente a eles, é inaceitável? Você não é uma assassina, nem um monstro! Você é a garota mais incrível que eu conheço!

-Marcy: Ninguém quer morrer Finn, ninguém gosta de ter um predador.

“Vivendo numa farsa

Como se tivéssemos escolha

Como se pudéssemos mudar

Presos a essa realidade

Em um mundo que nunca vai nos aceitar...” 

-Finn: E porque você tem que ser o sacrifício? – Olhei diretamente para ela, suas orbes vermelhas sempre tão bonitas, respirei fundo. – Marceline... Seus olhos são vermelhos como sangue e as vezes eu acho que não passam de espelhos, mostrando aquilo que durante todos os dias você tem de conviver, a morte. Eles não são vívidos, eles não mostram um mundo melhor, mas o caos. Só que de alguma forma você faz esse caos parecer belo. Faz com que eu acredite que nem o maior dos maus é tão ruim, que tudo pode ser enfrentado e toda escuridão tem uma luz. Você vive num mundo que não te aceita, te considera um monstro, enquanto mostra aqueles que são perturbados pelos verdadeiros monstros que a vida tem sim algo bom, que merece ser conhecido. Você não tem vida, mas valoriza cada minuto muito mais que aqueles que realmente precisam deles. Vê o mundo da melhor forma possível porque é aquilo que todos acham ser o pior. Mas sabe a verdade? Não existe algo propriamente pior. Não existe bem ou mau. É tudo tão relativo, tudo depende apenas de como somos criados e o que o mundo faz conosco e você... Pode ser o mau para muitos, mas para mim... Você é uma melodia única e agradável, um calor acolhedor, um sorriso encorajador e uma mão na escuridão. Posso ter sido fraco, posso ter demorado, mas durante todo esse tempo só fui percebendo cada dia mais que te amo e que nunca amei ninguém antes, não assim, não para pensar no futuro e dizer com certeza que quero que seja ao seu lado. Eu simplesmente não consigo pensar direito como dizer isso, talvez eu só esteja soando bem confuso, mas isso é porque não tem como explicar o tamanho dos meus sentimentos. Eu apenas... eu te amo tanto que dá medo.

Quando disse aquela última frase, mais uma vez recordando de algo que ela havia dito, no caso da música que ela havia usado para se declarar, percebi o quanto meu coração estava acelerado, o quanto minha mão apertava o peito, o quanto eu mantinha fortemente fechado os olhos.

O quanto eu tinha medo.

Medo de amar tanto uma namorada de ensino médio. Medo de que ela não me amasse com a mesma intensidade. De que ela me abandonasse, não me quisesse, desistisse de mim quando descobrisse a verdade, não quisesse lutar por nós.

Eu tinha muito medo.

Mas... não temia a luta. Não temia os anjos, a Igreja, os demônios, o mundo. Nem a morte. Não temia nada.

Apenas do que ela diria.

Não era estranho? Eu amava tanto Marceline que o resto era irrelevante, desde que ela pensasse o mesmo.

Senti a morena se aproximar e me sentei, minhas pernas já começavam a doer, seu cheiro mostrava que agora deveria estar só alguns centímetros de mim, mas eu ainda estava receoso (e um pouco envergonhado depois de me abrir os olhos). Ela encostou sua testa na minha e começou a cantarolar.

Aquele doce e maravilhoso som de sua voz.

“Quando nossos olhos se cruzarem...” murmurou me fazendo na mesma hora sorrir. Mais uma vez ela soube como me acalmar.

“Não desvie o olhar!” continuei baixinho e abri os olhos, ela também sorria.

“Veja através desta mentira escondida dentro deles...” cantamos juntos e eu apertei novamente o peito. Quantas mentiras e segredos meus olhos não guardavam agora?

“Eu não entendo mais onde estão os limites”, para mim não existiam mais. Desde que eu pudesse estar ao seu lado. Ela levou a sua mão calmamente até a minha e a segurou por cima do punho fechado, aos poucos me fazendo soltar enquanto continuava a música.

“Então não diga nada por enquanto”.

Entrelaçamos nossos dedos, as testas coladas, ambos fechamos os olhos e apenas aproveitamos aquele pequeno momento, só nosso e sem problemas, apenas... juntos.

Após alguns segundos ela voltou a murmurar e se aproximou bem lentamente seu rosto do meu.

“Isso dói tanto” sussurrou encostando nossos narizes, nossos lábios se roçaram.

“Eu te amo tanto, que dá medo” terminou e sem esperar mais um segundo levei minhas mãos ao seu rosto e lhe beijei.

 “Eu posso até te escolher

Podemos até lutar

Eu posso até mostrar do que sou capaz

Mas aceite

Eles não vão jamais”

Não era um beijo calmo, mas também não era desesperado nem cheio de luxúria. Era apenas necessário. Era algo que nós dois ansiávamos demais e que parecia ser a única coisa que realmente fazia sentido. Era cheio de amor. De medo. De anseio. Mas de amor. Eu precisava mostrar a ela o que sentia e enquanto isso, me permitia aquela dose absurda de prazer, tê-la assim tão próxima e naquele gesto tão caloroso era tudo que eu mais desejava.

Fomos aprofundando o gesto e quanto mais sentia seu gosto (ao qual nunca poderia comparar a nenhuma outra coisa já que era tão único, delicioso e específico) mais eu queria, tanto de seus lábios, língua e de seu corpo em si. Queria estar mais perto, senti-la. Mas não de uma forma sexual. Queria apenas poder ter a doce realização de tê-la “para mim”.

Foi assim que me atingiu. Uma certeza, que por algum motivo não consigo explicar, era tão clara e quente como uma pequena chama se acendendo dentro de mim: eu não tinha medo de nada além dos sentimentos da própria Marcy, por que Deus não proibia isso!

Por que ele proibiria algo tão puro e sincero de acontecer?

Era isso que estava acontecendo. Amor, puro sincero, verdadeiro e simplesmente indescritível. Apenas amor. E se eu era mesmo filho dos seus mais próximos, então esta certeza tão frágil devia ter algum fundamento. Ele não abominaria aquilo. Se abominasse porque deixava acontecer?

Porque simplesmente não impediu minha mãe quando ela amou um humano? Porque não me matou quando nasci daquele amor? Porque eu, um meio anjo, não sentia que aquilo era errado?

Então, sem dúvidas, existia um jeito, eu só teria de pagar para ver.

“Há coisas que nem mesmo o tempo pode apagar

Mas vejo elas perdendo o sentido

O chão está sumindo

Tudo aquilo se esvaindo

E agora...”

E com essa pequena chama de esperança tive forças para continuar.

Me separei de Marceline com um fio de saliva ainda nos ligando, ela sorriu para mim e eu lhe dei um sorriso fraco, nossas mãos ainda estavam juntas, puxei a sua até meu peito e a apertei.

-Finn: Eu te amo e por isso preciso te contar a verdade. – Baixei os olhos. – Quando disser... Saberei se você sente ao menos um pouco disso se me perdoar, e terei certeza de nós se... – A olhei. – Se você ainda quiser um nós. Mas entenderei se preferir que eu vá embora.

-Marcy me encarou confusa e apertou minha mão: Eu poderia dizer algo como: “duvido que o que você tenha a dizer seja pior do que o que você já teve de perdoar”, mas... não acho que seu coração estaria mostrando tanto medo se não fosse algo sério.

-Sorri deprimido: Que bom que entende... – Suspirei. – Eu não sei por onde começar.

-Marcy: Que tal me explicar o que estava querendo dizer com “vigiado”? – Sugeriu.

-Finn: Eu estou sendo vigiado, já faz três semanas. Começou alguns dias depois daquele que você me encontrou na praça, e conheceu Jermaine. Aquele dia especificamente é o início do problema. Estou sendo vigiado por um anjo. – Soltei e Marceline arregalou os olhos, algo passou por eles, como um vulto ou um flex.

-Marcy: Como?

-Finn: Eu... – fechei os olhos e os senti lacrimejarem. Agora era a hora, quando eu contasse ela entenderia a gravidade do problema, soltei sua mão para não sentir seja qual fosse sua reação. Se ela se afastasse mesmo que minimamente aquilo me quebraria. – Eu sou um proibido... Eu sou filho de um anjo e um humano.

“Me de sua mão

Não consigo enxergar

Me de sua mão

E eu sei que assim ao menos posso tentar

Me de sua mão

A qualquer hora tudo vai desabar”

Ela não disse nada, nem se moveu, não ouvi nenhum som sequer vindo dela, nem do mundo. Tudo parecia ter se calado. Mas não queria abrir os olhos de forma alguma.

Ficamos vários segundos em silêncio, a ideia de que Shoko poderia voltar a qualquer hora era possível e me vinha a mente frequentemente, mas aquilo era mais uma das coisas que para mim se tornou irrelevante.

Silêncio. Isso era mais apavorante.

-Marcy: Como descobriu?

Ouvi-la me deu um alivio grande, mas o som parecia meio distante, finalmente abri as pálpebras e vi que ela não estava mais no chão, estava um pouco afastada, flutuando de pernas cruzadas mais ou menos na altura que eu atingiria em pé, e olhava para baixo, não para mim, mas especificamente para baixo de si. Parecia pensar.

Ela havia se afastado. E isso devolveu o pânico de antes.

“Então esteja aqui

E talvez... 

Possamos nos salvar”

Me levantei e olhei para seu rosto, ela não me encarou de volta, apertei as mãos, fui até minha mala e de lá tirei um CD. Não sei por que levei aquilo comigo, já devia ter queimado, naquele pequeno objeto residia a prova de todos os meus problemas, mas... Algo não me permitia simplesmente jogá-lo fora. Estendi-o para Marceline, ela hesitou um pouco antes de pegar, depois voltou-se brevemente para mim antes de seguir até um DVD player do quarto. Após colocar o “filme”, arrumar tudo e esperar um pouco eis que lá estavam eles novamente.

Meus pais adotivos.

“Vivendo numa farsa

Como se tivéssemos escolha

Como se pudéssemos mudar

Presos a essa realidade

Em um mundo que nunca vai nos aceitar...

 

Mas eu sei que você

Não quer desistir

E por você

Ainda posso insistir

Mais um pouco

Até que um dia você também se canse”

 

- Está gravando? – Era a voz de Joshua, o homem que me criou, Margaret apareceu em seguida e se colocou ao lado.

- Olá, Finn. – Disse sorrindo, aquelas ires cor de mel me encarando e agora à Marceline também.

Senti o coração apertar, lembro-me de ficar tão feliz em ver seus rostos a primeira vez, e naquele momento a mesma sensação me atingiu, mas logo eles continuariam a falar. Tudo se transformaria em tristeza e trevas.

-Joshua: Finn, se você está vendo isso é porque nós... Nos fomos. Sentimos muito por não termos conseguido viver até este momento, mas juro que tentamos.

Coloquei a mão no peito. Ele estava se desculpando por morrer... Aquilo ainda mexia muito comigo, ouvi-los e vê-los... Marceline se virou para mim, por um segundo breve vi simpatia em seu rosto. Ela sabia o quanto aquilo me afetava. Mas logo ela se voltou para a tela.

-Margaret: Filho... O mundo é tão complicado... Você já deve ter percebido, mas acredite pode piorar. Eu e seu pai... Juramos protegê-lo a todo custo, seus pais confiaram em nós para isso, mas o que fazemos é muito perigoso. Tentamos parar quando lhe adotamos, mas é algo que foi, é, e sempre será preciso! Queríamos te proteger, mas infelizmente fomos pais ruins e não protegemos apenas a você e seus irmãos.

Lembrei-me de quando estava em frente aquilo a primeira vez. “Como assim?” eu tinha sussurrado, encarando seus rostos como se realmente estivessem ali. Marceline apenas franziu o cenho confusa.

-Joshua: Você confia em nós filho? Porque agora vamos lhe contar algo absurdo e precisamos que confie que é real, porque não temos motivos para mentir. Confia? Pois bem, lembra-se das histórias de Halloween sobre bruxas, vampiros, lobisomens? Claro que sim. Mas quer saber? Não são apenas histórias. Eles existem.

“O mundo a minha volta desmorona aos poucos

E eu continuo ouvindo os sussurros (monstros)

Tente olhar... Veja

Não tem mais como escapar”

Marceline arregalou os olhos, muito mais do que seria possível, e suas pupilas se retraíram. Naquele momento ela deve ter sentido um pouco do peso do que estava por vir, a verdade a atingindo, mas ainda não suficientemente clara para se entender, apenas sentir.

 -Margaret: Eu sei que você deve achar que isso é brincadeira, mas não é. Finn, no nosso mundo existe um imenso bem e junto dele um mal horrendo. Demônios e monstros estão por aí, se alimentando dos humanos. Matando eles a sangue frio. Se consideram melhores, não tem empatia, são apenas monstros. E eles têm de ser eliminados!

“Não faça isso,

deixe de mentir

Você sabe que nessa luta

Só nos resta desistir”

Marceline caiu no chão, seus pés bateram com força no solo quando não conseguiu mais flutuar, deu dois passos vacilantes para trás e então com as pernas fracas e balançando ela caiu sentada. Seu rosto estava totalmente assustado.

-Joshua: A maioria das pessoas não sabem dessa verdade. Porque tem de ser assim. Se fosse diferente entrariam em pânico, não viveriam, por isso não conte a mais ninguém. Tente entender isso filho: existem monstros no mundo e eles frequentemente matam nossa espécie, por isso, para garantir a segurança de todos, existem pessoas que devem matar esses monstros. Pessoas como eu e sua mãe.

Marceline mais uma vez me olhou e eu baixei a cabeça.

-Margaret: Eu sei que... – Corri até o aparelho e pausei antes que pudessem continuar.

Após alguns segundos arrumando coragem me voltei para a vampira, ela estava de pé, mas vi que suas pernas tremiam.

-Marcy: Seus pais... – Sua voz quase falhou e seus olhos lacrimejaram. A verdade a atingindo finalmente por completo.

“Vivendo numa farsa

Como se tivéssemos escolha

Como se pudéssemos mudar

Presos a essa realidade

Em um mundo que nunca vai nos aceitar...”

-Finn: Meu irmão também. Achei as escritas, as orações de proteção, na casa deles e o símbolo. – Disse de cabeça baixa, minhas mãos firmes ao lado do corpo.

Ouvi a cama, Marceline havia se sentado, tinha a mão na cabeça e a sacudia negando, vi uma lagrima fugir e escorrer por seu rosto. Só então notei que também havia uma percorrendo pelo meu.

-Marcy: Nós...

A frase sumiu no ar, mas não era preciso que continuasse. Sabíamos a verdade.

“Nós” não podia existir. Se eu era “proibido”, nós éramos o impensável. E isso doía. Muito.

“Fale comigo

Me deixe ouvir sua voz

Fale comigo

Me faça lembrar de quando éramos só nós”

Respirei fundo, fui até a cama em frente a ela e então comecei a contar tudo. Desde o dia em que fui na casa de Jermaine até Shoko. Ela cumpriu a sua palavra: ouviu até o final. Não importou o quão ruim aquilo foi se tornando para ela.

Mas o que verdadeiramente era o pior eu deixei por último. Depois de contar como Shoko me manipulou, como fui parar ali e o quanto fiquei feliz por ela ter vindo e me poupado mais um dia de caça de oportunidade para lhe falar...

Apresentei a Marceline um pedaço de seu inferno.

Contei o plano de Joshua e Margaret. E como eles causaram o “acidente” que matou sua mãe.

“Quando o tempo não era cruel

E o mundo ainda era bonito

Agora tudo se foi

Tudo está perdido!”

-x-

Fechei os olhos e soquei a parede, ignorando as boas maneiras e a possibilidade de acordar alguém com aquilo. Minha mão doeu muito, mas nem liguei, coloquei ambas as palmas em frente a boca e gritei. Gritei alto, forte até o ar me faltar, enquanto lagrimas e mais lagrimas escorriam pelos meus olhos. Encostei no muro e escorreguei até o chão, abracei minhas pernas e me permiti soltar tudo para fora.

Marceline tinha saído correndo.

Eu a segui até os fundos do hotel, mas ela sumiu.

Junto dela, grade parte das minhas forças.

Naquela hora, chorando para fora do hotel sentindo a brisa do verão, eu só conseguia pensar na tristeza que vi em seus olhos.

E que ela tinha ido.

Depois, quando eu estivesse melhor o suficiente para pensar, eu provavelmente perceberia que ela precisava (assim como eu precisei) de tempo para pensar. Ficar sozinha, assimilar tudo aquilo, sofrer, se acalmar, sofrer mais. Deixar que as coisas se encaixassem e só então decidir o que fazer. Sua reação era esperada. Eu mesmo fiz parecido! Corri também.

Mas agora doía.

-x-

Marceline...

Fechei os olhos e quase soquei a parede, parei alguns milímetros antes e a simples pressão do vento fez o cimento rachar. Respirei fundo e me afastei. Me joguei no chão, esparramada ali olhando as estrelas deixei as lágrimas saírem descontroladas.

Minha mãe...

Ela não...

Ela...

Gritei.

De novo e de novo, cada vez mais alto e raivosa. Mais desesperada.

Todos os maiores problemas da minha vida, tudo que aconteceu com meu pai, com Marshall, tudo que quase arruinou nossa família...

Tinha um culpado e não era Deus ou o destino.

Eram humanos... Caçadores... E o filho...

Mais um grito.

Esse saiu quase ao ponto do desespero. Parecia que alguém estava me matando e eu sentia que a coisa não estava muito longe disso. Eu sentia que estava me perdendo, minha visão já não focava e aos poucos foi ficando preta, mas isso sequer me incomodou, eu chorava e doía demais para ligar para qualquer outra coisa. Pela primeira vez na vida senti frio e depois algo ainda mais estranho, senti a noite. As sombras. Senti elas crescendo e vindo até mim.

E então lembrei do rosto da minha mãe. E toda aquela escuridão me consumiu me derrubando num buraco de depressão. Toda a felicidade sendo sugada de mim, um vazio se abrindo no peito e de repente a vida pareceu não ter motivo. Eu apenas queria sumir.

Levei a mão para o rosto e enxuguei as lágrimas, uma ação inútil já que elas voltaram a escorrer continuamente. Mordi meu lábio ao ponto de cortar, gritei mais uma vez, só que agora fraco (já que não me restava forças), meu corpo tremia muito e nada se comparava mais àquela dor do que o dia em que meus tios vieram contar que Lion, minha mãe e Marshall morreram. Mas minha mãe e meu tio não morreram, eles foram...

Assassinados.

E da tristeza eu voltei para a raiva. Me levantei, andei em círculos, gritei, apertei minha própria mão até quebrá-la e o som dos ossos me fez voltar a tristeza. Ajoelhei-me no chão desolada chorando e gemendo de dor. Mas a mão sequer parecia existir, a dor era interna.

E simplesmente insuportável.

Eles foram assassinados...

Pelos pais...

Apertei a mão que se regenerava para fazer a dor voltar e tentar diminuir a atenção da dor interna. Foi em vão. Aquilo nem parecia existir.

“Me de sua mão

Não consigo mais enxergar

Vivendo numa farsa

Como se tivéssemos escolha

 

Me sua mão

E eu sei que assim ao menos posso tentar

Como se pudéssemos mudar

Presos a essa realidade

 

Me de sua mão

A qualquer hora tudo vai desabar

Em um mundo que nunca vai nos aceitar

 

Esteja aqui

E talvez eu posso te salvar”

 

Enfiei a mão boa no bolso da calça e liguei para a única pessoa que conseguia pensar, a única que sabia como acabar com minha dor, aquela que eu poderia contar para sempre. Aquela que, agora eu sabia, não estava naquele maldito avião.

Marshall atendeu e ao ouvir meu choro entrou em alarde, pediu para que eu dissesse onde estava, mas simplesmente as palavras não se formavam, não consegui parar de chorar nem para chamá-lo, estava tão abalada que além das lágrimas e do corpo tremendo, minha boca também tremia, mal se fechava e chegava a babar um pouco. Eu estava péssima.

Consegui me forçar a mandar minha localização a Marshall e torci para que ele não alarmasse ninguém, a última coisa que eu queria era alguém ao meu lado.

Ele não conta. Não é um simples alguém. É uma parte de mim.

Sendo assim me conhecia bem o suficiente para inventar uma mentira qualquer a nossos amigos e vir sozinho, pronto para me consolar. Assim que o vi pulei em seus braços e entre mais gritos e lágrimas ele apenas me abraçou forte.

E as coisas se tornaram suportáveis.

 “Mas se quer tanto assim

Lutar até o fim

Então vamos resistir

Ver até onde podemos chegar

E talvez um dia...”

 

Continua...


Notas Finais


Bom, espero que tenham gostado, o próximo capítulo sai (se o mundo colaborar), daqui exatamente uma semana. Vocês acham que eu deveria voltar a colocar os spoilers? Digam!
Comentem e até logo!

Musica da Marceline completa (lembrem-se dela, será usada no próximo cap)
Espere um segundo me deixe respirar
Sei que você está falando
mas não consigo escutar
Vejo o tempo passando pela janela
Nós dois sabemos que aquilo tudo já era

Vivendo numa farsa
Como se tivéssemos escolha
Como se pudéssemos mudar
Presos a essa realidade
Em um mundo que nunca vai nos aceitar...

Eu posso até te escolher
Podemos até lutar
Eu posso até mostrar do que sou capaz
Mas aceite
Eles não vão jamais

Há coisas que nem mesmo o tempo pode apagar
Mas vejo elas perdendo o sentido
O chão está sumindo
Tudo aquilo se esvaindo
E agora....

Me de sua mão
Não consigo enxergar
Me sua mão
E eu sei que assim ao menos posso tentar
Me de sua mão
A qualquer hora tudo vai desabar

Então esteja aqui
E talvez...

Possamos nos salvar

Vivendo numa farsa
Como se tivéssemos escolha
Como se pudéssemos mudar
Presos a essa realidade
Em um mundo que nunca vai nos aceitar...

Mas eu sei que você
Não quer desistir
E por você
Ainda posso insistir
Mais um pouco
Até que você também se canse um dia

O mundo a minha volta desmorona aos poucos
E eu continuo ouvindo os sussurros (monstros)
Tente olhar... Veja
Não tem mais como escapar

Não faça isso, deixe de mentir
Você sabe que nessa luta
Só nos resta desistir

Vivendo numa farsa
Como se tivéssemos escolha
Como se pudéssemos mudar
Presos a essa realidade
Em um mundo que nunca vai nos aceitar...

Fale comigo
Me deixe ouvir sua voz
Fale comigo
Me faça lembrar de quando éramos só nós

Quando o tempo não era cruel
E o mundo ainda era bonito
Agora tudo se foi
Tudo está perdido!

Me de sua mão
Não consigo mais enxergar
Vivendo numa farsa
Como se tivéssemos escolha
Me sua mão
E eu sei que assim ao menos posso tentar
Como se pudéssemos mudar
Presos a essa realidade
Me de sua mão
A qualquer hora tudo vai desabar
Em um mundo que nunca vai nos aceitar
Esteja aqui
E talvez eu posso te salvar

Mas se quer tanto assim
Lutar até o fim
Então vamos resistir
Ver até onde podemos chegar
E talvez um dia...


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