História My Obsession - Capítulo vinte e um

Jimin pov's 

No caminho inteiro até o presídio, Jin não parava de falar e perguntar se eu não havia desistido. Ponderei muito antes de responder que não.
Tentei ao máximo sorrir e responder todas as vezes em que ele me dirigia a palavra, mas era difícil conciliar meus pensamentos e minhas ações.
Estava tão nervoso, que era como se eu fosse o "mau" da história. Dentro de mim havia aquele sentimento de culpa, como se eu devesse me desculpar com Yoongi por te-lo colocado naquela situação.
Passei minhas mãos nervosamente pela calça jeans preta, estava suando um pouco.
Comecei a tamborilar meus dedos sobre minha coxa, provavelmente o mais sem ritmo dos tamboriles.
Meus ombros já começavam a doer um pouco, talvez fosse por minha má postura ou por estar com os músculos tensos. Virei o pescoço para o lado podendo escutar um barulhinho de ossos estalando.

"Ai!"

Concentrei minha atenção na grande construção cinzenta que se erguia em meu campo de visão.
O presídio de Seul não era um lugar muito agradável. Parecia mais um bloco cinza de cimento com grades e arame farpado adornando o final do muro gigantesco.
A porta era de metal, tão larga que passavam dois caminhões por ali sem dúvidas. Era aberta apenas por controle remoto, então Jin teve de falar com o guardinha na cabine do lado de fora, e este autorizou nossa entrada.
Quando a grande porta foi aberta, me senti em um livro de Maze runner prestes a entrar no labirinto.

"Talvez Yoongi seja meu verdugo"

Ri com tais pensamentos. Voltando a analisar o local, um calafrio de pavor se apoderou de meu corpo.
No pátio, alguns presidiários corriam sendo guiados por um dos "chefes" do presídio. Eles carregavam caixotes que pareciam pesar toneladas, suados, alguns tinham muitas cicatrizes, mas continuavam correndo.
Observei um dos presidiários cair no chão de joelhos, entregando-se a exaustão e deixando o caixote cair pelo chão de cascalhos.
Um dos homens que os supervisionavam foi até ele e gritou algo que fez o homem tremelicar de medo. Bateu em seu ombro com um cassetete daqueles que vimos em filmes policiais, e o homem ao chão urrou dor.
-Jiminnie, não fique olhando essas coisas- A voz serena de SeokJin soou ao meu lado. O mesmo acabara de estacionar o carro de NamJoon em um lugar específico para visitantes e agora ele me encarava com um pouco de pena.
-Isso aqui é um pouco chocante- Digo baixinho, brincando com meus dedos.
-É eu sei- Jin deu de ombros- Minha omma costuma dizer que é o que eles merecem por serem criminosos. As vezes eu concordo, mas é um pouco desumano o que fazem aqui.
-E se fizerem algo do tipo com Suga?- Questionei arregalando os olhos assim que imagens hórridas invadiram minha mente- Meu Deus Jin, temos que tirar ele daqui!
-Você é a criaturinha mais adorável deste mundo Park Jimin- Kim sorrio encantado fazendo um leve rubor tomar conta de minhas bochechas- Mesmo com tudo o que meu amigo te fez, você ainda se preocupa com como vão trata-lo!- Ele parecia impressionado.
-Fazer o que- Dou de ombros- Ah, Jin... Queria, hm... Um conselho- Olhei para baixo, evitando seus olhos.
-Claro, pode falar- Jin sorriu, me encorajando a falar.
-Você acha que eu posso estar com a síndrome do Estocolmo?- Finalmente o encarei, vendo-o tomar um ar mais sério.
-É complicado Jiminnie- Jim suspirou pesadamente- Você achar que está gostando dele talvez não seja a síndrome, assim como você se importar com ele não quer dizer necessariamente que você esteja apaixonado. Dê tempo ao tempo, esfrie a cabeça, volte a estudar, saia com seus amigos e seus pensamentos estarão menos confusos.
-Obrigado Jin, você é um ótimo conselheiro- Agradeci de modo sincero. Tirei o cinto de segurança para então sair do carro.
O tempo estava nublado, o céu pareceu apenas esperar que eu e Jin saíssemos do veículo e então uma chuva começou a cair sobre nós.
-Vem- Jin rio fraco e me puxou mais para perto, me fazendo ficar debaixo do seu casaco. Corremos até que ambos estivéssemos dentro de uma salinha de esperta. A paredes em tom de bege contrastavam com os sofás pretos de couro.
Quatro pessoas encontravam-se ali. Uma garota que aparentava ter uns quinze anos, com seus fones de ouvido estava alheia a todos.
Em outro canto, uma mulher de meia idade olhava para o nada, pensativa.
E no mesmo sofá desta, um pouco mais afastado, uma mulher na faixa dos trinta conversava baixinho com um garotinho de uns sete anos.
O menino olhou para nós e sorriu acenando, mas voltou a conversar com a mulher - Que julguei ser sua mãe - Ignorando meu gesto de aceno.
-Obrigado- Olhei para SeokJin, me referindo ao casaco.
-Só espero que você não fique resfriado- Jin fez uma careta fofa, com um biquinho e os olhos semicerrados.
A sensação era a mesma de quando minha omma era viva, ela sempre se preocupava quando eu pegava chuva, então eu não ia a escola e ela me dava biscoitos de chocolate e leite com achocolatado.
Sentei em um dos sofás sentindo minha cabeça latejar.
Jin foi até a moça loira do balcão e deu nossos nomes, disse a quem estávamos indo visitar e ela falou que somente um poderia entrar, o outro deveria permanecer aqui esperando.
Jin pediu para me acompanhar até o local, e que em seguida voltaria.

"Ele é realmente um amor"

Com permissões concedida, um policial nos acompanhou corredor a dentro para o lugar onde finalmente eu veria Yoongi depois de tudo.
-Então vocês vieram ver o senhor Min- O policial dizia, olhando para a fixa que segurava por entre os dedos esqueléticos - Ele tem sérios problemas psicológicos- O policial ri em deboche, segurei-me para não voar em seu pescoço.
Jin pousou uma mão delicadamente em meu ombro, como que em um pedido mudo para que ficasse calado. Assim o fiz.
O resto do caminho se seguiu em silêncio, apenas nossos passos pelos corredores eram ouvidos.
Dei graças a Deus que o local pelo qual tínhamos de percorrer para chegar até a sala de visitas não passava por onde ficavam as selas dos presidiários. Seria desconfortável.
Inerte em pensamentos sobre isso, mal reparei ao pararmos na frente de uma espécie de grade de metal. Apenas uma portinha encontrava-se no canto esquerdo do material cinzento, possibilitando minha entrada.
-Vou para a sala de espera agora, depois o policial vai te acompanhar até lá, tudo bem?- SeokJin da um beijo carinhoso em minha testa- Se cuida Jiminnie.
-Obrigada Jin- Sorrio timidamente ao encarar o chão. Fazia tempos que não encontrava alguém que se preocupasse tanto comigo quanto Jin, me sinto protegido ao seu lado. Proteção essa que se esvaia pelos ares ao longo do corredor pelo qual Jin regressava.

"Chegou a hora"

Entrei na sala e pude ver um Yoongi cabisbaixo brincando com os próprios dedos.
Seu cabelo loiro agora não parecia tão brilhante, seus olhos haviam perdido todo aquele brilho, e sua pele parecia cada vez mais pálida.
Alguns hematomas em seus braços puderam ser notados por mim, pelo fato de sua pele ser extremamente branca.
Engasguei-me com o ar, tento que lembrar constantemente de como respirar. Meus passos eram lentos e silenciosos, mas não consegui mover um sequer músculo depois que meus olhos encontraram os seus.
Eram muitas sensações para um pequeno momento, muitas emoções para um pequeno coração.

"Isso é muito pra mim"

-Você está bem?- O policial babaca provavelmente e olhava estranho, mas não pude comprovar por estar hipnotizado demais ao fitar os olhos escuros de Min Yoongi.
-Estou- Balbuciei em um sopro, a voz fraca demais no momento.
Ainda não havia desviado um segundo sequer meus olhos dos de Yoongi, era como se um não pudesse ficar sem encarar as orbes do outro. Necessitava deste "contato".
-Escutem aqui- O policial pigarreou chamando mossa atenção- Vocês terão quinze minutos. Sem contato físico, sem troca de objetos e na primeira ação suspeita te tiro daqui tendo acabado os quinze minutos ou não- O homem tinha um semblante sério, por um segundo comparei seu timbre com algum locutor de esportes.
Abaixei o olhar pela primeira vez quebrando o contato com Min e me sentei na cadeira á sua frente.
Não sei ao certo quando o policial saiu, mas agora nos encontrávamos sozinhos.
-Oi- Suga sorri um pouco envergonhado, pude pela primeira vez contempla-lo com as bochechas coradas.
-Oi- Respondo ao segundo com a voz fraca. A sensação de ve-lo daquela forma era de pena, e ao mesmo tempo uma sensação de vingança.

"Quem é que está com as algemas agora?"

Suga permaneceu calado. Sentei na cadeira oposta a sua, recostei minhas costas na mesma e respirei pesadamente puxando uma boa lufada de ar para meus pulmões.
-Então...- Tentei puxar assunto- Eu nem sei o que falar para você. Quis muito vir te ver e agora nem sei mais o que estou fazendo aqui- Confessei. Meus olhos curiosos passavam desde seu rosto até o ambiente no qual nos encontrávamos.
A sala cinza e escura com apenas uma mesinha, duas cadeiras e um interruptor de luz contribuía para o clima "visitando-meu-sequestrador-na-prisão".
-Não te culpo por isso, você não tem razões para querer o meu bem- Yoon da de ombros, tentando parecer não se importar com a situação.
-Eu sei, mas mesmo assim eu me preocupo com você. Quando cheguei aqui   e vi essas pessoas maltratado outras eu só pensava em você- Suga sorri fraco e então desvio o olhar para o lado com minha face ruborizada- Eu pensava em como você estaria, em como teriam te tradado.
-Não deveria fazer isso- A voz do segundo era sincera, como se estivesse me dando um valioso conselho.
-Como?- Olhei-o, agora confuso.
-Não me procure mais Jimin, não venha mais aqui e pare de pensar em mim- Yoongi estava tão sério que me perguntei por um momento se havia algum pingo de cinismo naquilo. Parecia sincero.
-Mas... Eu não entendo!
-Não tem nada para entender Jimin, eu não quero mais que você venha aqui, okay?- Yoongi me fitava intensamente, como se seu olhar pudesse ver-me através da alma. Tinha certo receio sobre isso.
-Eu vim aqui porque estava preocupado com você- Minha voz subiu um oitavo-E então agora você quer que eu vá embora?
-É para o seu próprio bem Jiminnie...- Suga soava magoado.
Suas mãos branquelas sobre a mesa pareciam querer tocar as minhas, as quais  clamavam por tal ato, mas ele não o fez.

"Sem contato físico, sem troca de objetos e na primeira ação suspeita te tiro daqui tendo acabado os quinze minutos ou não. Ah, é claro"

-Por favor não faz isso- Minha voz demonstrava certa súplica, a qual não me importei em mascarar.
-E porque não?- Suga arqueou uma sobrancelha ao perguntar. Tinha a certeza de que o mesmo sabia da resposta, revirei os olhos e isso fez-o rir.

"Min Yoongi fica adorável enquanto ri"

-Porque eu me preocupo com você... Não deveria- Olhei-o sério- Mas me preocupo.
-Me contento com essa resposta por enquanto- Suga solta um risinho baixo- Me desculpe por tudo Minnie... Eu sou um doente, vou me tratar e tentar não machucar mais as pessoas, eu prometo.
-Tudo bem, eu te desculpo- Dou de ombros- Eu sou uma pessoa extremamente compreensível afinal- Sorri fraco e para o loiro.
-Então quando eu sair daqui, se você ainda quiser me ver, posso te ensinar a fazer panquecas ou tocar piano pra você- Yoongi diz, fazendo-me lembrar de quando ele comentou sobre o instrumento um vez.
-Eu vou cobrar ein?- Ambos sorrimos.
Pequenas batidinhas no vidro acabaram com nosso momento, infelizmente havia acabado meu tempo.
Virei-me para de onde vinha o som e encontrei o policial idiota ali, com seu sorriso enojado e postura de superioridade.
-Tenho que ir agora- Acenei para ele, indo até a porta.
-Até qualquer dia, Jiminnie.