História My past - Love is a big shit

 "Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio por isso não envaidece."

-Clarice Lispector

   Há sentimentos, que mesmo escondidos transbordam consideravelmente, e naquele momento a única coisa que eu conseguia sentir, era que meu coração iria entrar em uma parada cardíaca no próximo movimento de seus lábios.

 -Você realmente me trocaria pelo Kai? –Yugyeom encerrou o beijo, a falta de ar se fazia presente. Nossa respiração descompassada entregava o que tínhamos acabado de fazer.

  Assim que ia me pronunciar, fui cortada pelo som de uma notificação de seu celular, o mesmo não hesitou em desbloquear o ecrã, lendo a mensagem ali mesmo:

  “Yug oppa já estou te esperando faz 15 minutos, onde você está?

    Beijos, te amo. ”- Lia.

    Ele sorri, e logo a responde rapidamente:

 “Eu já estou chegando amor, só houve alguns problemas insignificantes. ”-Yug.

   “Insignificante”? É assim que ele me descreve?

  -Desculpa Sophi, tenho que ir.- Yugyeom desce as escadas rapidamente soltando uma piscadela.

  Eu me senti realmente insignificante, simplesmente como um objeto descartável. Apenas queria esquecer a idiota que eu havia sido.

  Andei em direção do meu quarto, senti as lágrimas caírem aos poucos. Meu quarto silencioso me deixava estranhamente confortável.

[...]

   Meus olhos estavam inchados, e eu apenas olhava um ponto fixo no chão, mas o barulho da porta do cômodo abrindo tirou minha atenção do nada.

  -Desculpa.- A sombra do garoto incrivelmente alto se fez presente, Chanyeol havia certamente errado de porta.- Aqui não é o banheiro. -Então ele me olhou preocupado.- Sophi você está bem?

 -Você pode chamar o Kai para mim? – As lágrimas desciam novamente em minhas bochechas, e quando Chanyeol as percebeu, imediatamente fez o que eu havia pedido.

   Em segundos Kai estava no meu quarto, e quando me olhou ele sabia o motivo das lágrimas. Então se aproximou e me abraçou, e novamente eu comecei a chorar.

  Respirando fundo contei o que havia acontecido, e mesmo recebendo olhares de reprovação, Kai escutava tudo o meu desabafo.

 -Sophi...- Me chamou, mas foi interrompido pelo toque do seu celular. Só podia ser brincadeira, devia ser um complô de todos os aparelhos contra mim.

  Ligação on:

 -Kai você está atrasado! –Eu consegui escutar a voz fina da mulher no outro lado da linha.

 -Kystal, droga eu realmente esqueci.- Kai levantou-se rapidamente recebendo algumas palavras como sermão.

  -Eu estou te esperando a horas, você nem pense em me deixar mais um segundo sozinha.

Ligação off

  Ele desligou seu telefone com uma expressão engraçada, sorri por alguns segundos.

  -Sophi, eu já vou ok? –Falou rápido beijando a minha testa e saindo de forma afoita.

  Eu estava novamente sozinha, e tentando deixar de lado tudo que havia acontecido, e minha única saída seria ligar para Vi, eu sabia que sua reação não seria das melhores. Hesitei em discar seu número, mas no fim acabei me deixando por vencida.

  Ligação on:

  -Vi, você pode me escutar agora?

 -Se for sobre o Yugyeom eu realmente vou te matar.

 -É exatamente sobre isso.- Disse baixo.

 -Não esperava menos, vai fala logo.- Ela falou depois de alguns segundos, e em menos de dez minutos eu expliquei tudo havia acontecido. -Eu realmente não quero perder meu tempo com isso, Sophi você precisa de um boa noite de sono.- Dito isso Vi desligou o telefone.

  Depois desse choque de realidade, e algumas horas de insônia para variar, eu finalmente dormi.

[..]

  Na manhã seguinte, meu despertador foi o primeiro motivo para o mal humor, e o segundo? Uma maravilhosa dor de cabeça, sem contar com a olheiras. Meu relógio apontavam as 7h15min, e eu estava visivelmente atrasada.

  Me arrumando as pressas, e pulando o café da manhã, pedi o carro da minha mãe emprestado, o que foi um milagre ela permitir, ela diz que sou irresponsável com isso, e que facilmente posso atropelar alguém, mesmo eu já tendo minha carteira de motorista.

   Quando cheguei na faculdade recebi vários olhares surpresos mesmo sendo uma aluna pontual, imprevistos aconteciam. Entrando na classe levei alguns sermões, e fui para o meu lugar.

  As aulas passavam tão devagar, e estudar economia não era lá meu forte, e olhar para janela me interessava muito mais.

  No intervalo da aula, fui até o refeitório comer algo, e vi Lia conversando com seu grupinho, quando passei por elas escutei risos, revirei os olhos. Segui até uma mesa distante e me sentei sozinha, eu sempre soube que a faculdade não seria como nos filmes, mas esse ano estava sendo um grande inferno.

  Sai dos meus pensamentos ao sentir alguém se aproximar, Lia era a moça da vez, com suas roupas chamativas e seu corpo magro, seria o sonho de qualquer homem.

  -Sophi, Sophi você está tão diferente. O que aconteceu? –Lia apoiou seu queixo na mão e me olhou zombeteira.

  -Poxa se eu soubesse que você me observa tanto eu tinha me esforçado mais, porem minha enxaqueca não está ajudando.- Digo em um tom tedioso, e ela solta uma gargalhada.

  -Notei a olheiras, mas algo me diz que eu sei bem o motivo disso.- Lia me olha com um olhar de superioridade.- Talvez um fora? –Senti meu sangue ferver. Ela sabia o que tinha acontecido.- Ele estava na sua casa certo? Pude ver ele saindo às pressas. - Levantei bruscamente pronta para ataca-la, mas parei no meio do caminho, não ia valer esforço. -Sophi se aconteceu algo eu realmente não sei, mas fique sabendo que você vai ser sempre uma segunda opção tá? Não se iluda garotinha.- Lia se levantou, e saiu do refeitório, eu não consegui entender o que havia acontecido, eu apenas queria fazer ela engolir cada palavra.

[...]

  Já eram mais de 22h00, repassar trabalho na biblioteca não era a melhor coisa do mundo, e ficar presa no trânsito não era lá um prêmio. Eu estava exausta eu precisava de um banho, eu precisava ocupar minha mente, mas a única coisa que vinha na minha cabeça era aquele maldito beijo.

  -EU TE ODEIO KIM YUGYEOM. -Gritei para mim mesma frustrada dentro do veículo.

[...]

  Quando cheguei em casa, as luzes já estavam apagadas e eu com certeza levaria uma bela bronca, destranquei a porta avistei alguém deitado no sofá, me aproximei dessa pessoa para tentar reconhece-la.

  -Kai? - Sorri, ele provavelmente havia me esperado. Me agachei e fiquei de frente para ele, sua expressão calma e sua respiração pesada mostravam que ele estava visivelmente cansado, então eu o cobri com um cobertor, e fui em direção a cozinha.

   Eu estava tão presa a Yugyeom que esqueci de checar o celular, o desbloqueei vendo as mil de chamadas perdidas e de mensagens, eu realmente levaria uma bronca. Abri a geladeira e peguei um copo.

   -Por que chegou tão tarde? - Kai apareceu na entrada da cozinha com o lençol sobre seus ombros, seu rosto estava marcado do sofá.  Ri baixo.

   -Fiquei presa no transito, desculpa. -Disse me aproximando e beijando sua bochecha.- Por que me esperou até tão tarde?

   -Eu te deixei sozinha noite passada, então hoje sou todo seu.- Sorriu. Kai era o típico amigo que sempre fazia você sorri. A sua namorada tinha uma sorte imensa de tê-lo.

   Quando subimos para o meu quarto ficamos conversando sobre como eu deveria me animar, mas no final acabamos dormindo juntos.

   Na manhã seguinte acordamos com minha mãe batendo na porta, que para minha sorte estava trancada, se ela nos tivesse nos visito dormindo juntos me mataria, mesmo sendo apenas só amigos minha mãe ainda dizia que Kai também era um garoto.

   Quando descemos vimos novamente as típicas caras de sempre.  Yugyeom e sua mãe.  Que me lançaram olhares surpresos.

   -Oh Kai, por que não me avisou que ia dormir aqui? - Minha mãe perguntou o oferecendo uma xícara de café.

   -Eu acabei pegando no sono no quarto de hóspedes. -Kai disse sem jeito, e eu ri.

[...]

  Quando o trio saiu da cozinha novamente para resolver problemas de empresas eu e Kai nos olhamos e caímos na risada.

   -Você viu a cara deles? - Kai disse se apoiando no balcão com as mãos na barriga.

  -Pareceu que tinham visto uma alma.

   -Sophi por que eles estão aqui toda manhã? -Kai pergunta cessando sua risada.

   -Eu não sei, minha mãe nunca me disse. - Eu sentei na bancada da cozinha terminando de beber meu café.

     Ficamos nos olhando em silencio tentando raciocinar o porquê dessas reuniões matutinas, mas nossa atenção foi tirada pelo som de um celular tocando, Yugyeom tinha esquecido seu celular em cima da mesa.

   -Alguém esqueceu o celular- Kai diz com um sorriso brincalhão.

   -Nem pensar. -Disse o repreendendo.

   -Vamos apenas ver quem é. -Em um movimento rápido ele pegou o celular e olhou o visor, e atendeu fazendo uma cara feia, ele me olhou, e passou o telefone para mim

  -Alô?