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História Minha Pessoa - Ela Só Quer Paz


Escrita por: LauraCatM4

Notas do Autor


Volteeeiii
Como prometido até o fim da semana
Eu sei que domingo é na verdade o primeiro dia da semana, mas a gente chama de final de semana também, então dá pra relevar né
Obrigada MariahMagic pela correção a essa hora kkkk
E sem mais delongas... com vocês, My Person

Capítulo 15 - Ela Só Quer Paz


Fanfic / Fanfiction Minha Pessoa - Ela Só Quer Paz

Deixando a preocupação do que viria a seguir de lado, elas dançaram até o entardecer ao som de um típico fado. Mamãe recebia muitos olhares curiosos dos convidados da festa, mas passou a ignorá-los. Zelena dançava com o agora marido e sorria feliz, não só por seu casamento, mas por ver a irmã feliz interagindo com uma certa loira. Cora já havia lhe explicado quem era a tal que atrapalhou sua cerimônia, então a ruiva deixou a raiva de lado e entendeu toda a situação.

A escuridão da noite foi substituindo o céu colorido do final de tarde e os convidados cansados começaram a se retirar. Precisavam descansar pois em sua maioria voltariam pra casa na manhã seguinte. Os poucos que residiam na cidade ficaram mais pro final. Regina acompanhou mamãe até o quarto da loira, lhe deu um selinho e seguiu para seu dormitório onde Cora a esperava para falar sobre certo acontecimento que tinha presenciado mais cedo. A morena mais nova entrou e fechou a porta, já que imaginou que seria necessário privacidade naquele momento assim que viu sua mãe.

A mais velha ia começar a falar quando Zelena apareceu correndo ansiosa

 

— Estou a perder algo? Gostaria de presenciar este momento.

 

— Zel, eu acho que eu e mamãe precisamos conversar sozinhas.

 

— Faço questão de estar presente.

 

— Zelena, senta aqui - Cora indicou seu lado direito na cama - você também Regina - falou mais séria e indicou seu outro lado. Regina tinha medo do que viria pela frente

 

— Me conta, ela veio até aqui só pra se desculpar? - perguntou Cora.

 

— O que?

 

— A Emma veio atrás de você pra dizer que te ama também?

 

— Como assim você sabe? Desde quando apoia?

 

— Eu meio que deixei escapar uma coisinha em uma conversa nossa - comentou a ruiva - claro que Cora me fez explicar cada detalhe

 

— Fiz mesmo, onde já se viu uma mãe não sabendo sobre a vida amorosa da própria filha?!

 

— Vai demorar muito pra começar com o discurso de que eu vou pro inferno?

 

— Mas o que?

 

— Ah… qual é? A beata do discurso religioso não vai começar a me infernizar dizendo que Deus me odeia e que isso é pecado?

 

— Meu amor, eu sei como você foi infeliz nesses anos sem a Emma. Acho que me apeguei muito nesse discurso quando eram pequenas por medo. Eu sempre percebi que a ligação de vocês era mais do que amizade. Sempre quis seu bem e assim as pessoas te tratariam mal, seriam preconceituosas e eu não queria que você fosse infeliz por ter as pessoas te julgando. Eu achava que você seria infeliz se fosse maltratada pela sociedade, então jogava umas indiretas religiosas para que não considerasse a possibilidade.

 

— O que? Você sabe o quanto me amedrontou com isso? Durante anos eu sofri preconceito indireto dentro da minha própria casa e agora me diz que era pelo meu bem? Fala sério, mãe. Eu descobri minha sexualidade há 25 anos e nunca me assumi por medo de você. Agora me diz que me colocou medo por você ter medo? Qual é?

 

— Me desculpe, eu não pensei. Só queria que fosse feliz e achava que isso não aconteceria dado a sua sexualidade, mas eu estava enganada. Ficar longe de Emma que acabou contigo, foi uma escolha sua, você achou que seria o melhor e não foi. Acho que serviu para todas nós. Eu abri meus olhos e mudei meu discurso… Eu sei que tudo isso foi péssimo, mas temos lados bons nessa separação, mesmo que não estejam ligados com a situação. Mas não teria conhecido sua irmã - Zelena escutava tudo pensativa e esboçando caras e bocas diante da discussão entre as duas morenas - eu não teria percebido a sua infelicidade sem ela e provavelmente não aceitaria a relação por ignorância. A Emma não teria hoje a Rory, que sei que foi uma peça importantíssima para o quebra cabeça - Regina encarava Zelena com muita raiva nos olhos. Pensava “Como foi que deixou escapar?” seus olhos pareciam arder em chamas.

 

— Você tinha que contar tudo mesmo? - direcionou a pergunta a sua irmã.

 

— Gina, sei que não estou certa nessa história. Mas chego a achar que Cora esteja certa em certos pontos.

 

— NÃO ME INTERROMPAM, EU QUE ESTOU FALANDO AQUI - a ruiva deu de ombros e a mais nova das três voltou a direcionar seu olhar raivoso já marejado para sua mãe.

 

— Prossiga, Cora - disse em fúria para a progenitora.

 

— Cala a boca e me trata com respeito porque sou sua mãe, garota. Se você não tivesse vindo tão agressiva pra cima de mim saberia que eu apenas gostaria de dizer que apoio seu relacionamento. O mundo está muito mudado, ainda muito preconceituoso, mas muito melhor do que quando eram crianças. Me desculpe por ter medo e te proteger da forma errada. Mas assim como o mundo, eu mudei. Até… como se diz? - perguntou para a ruiva em um cochicho.

 

— Shippo - afirmou sussurrando a dona de olhos claros.

 

— Isso, eu até shippo vocês duas. Sempre se deram muito bem desde pequenas e fazem uma a outra muito felizes. É apenas isso que eu quero, que sejam felizes - se levantou da cama e foi se retirando do recinto.

 

— Mãe! - chamou Regina com as lágrimas escorrendo. Cora se virou ao ouvir o chamado.

 

— O que foi? - a outra morena correu até ela e a apertou em um forte e longo abraço.

 

— Me desculpa… por achar que você iria me odiar

 

— Oh meu amor… eu é que te peço perdão por te levar a achar que eu agiria dessa forma - se soltaram do abraço abrindo enormes sorrisos à la Julia Roberts.

 

— Bom, tudo se resolveu e acho que todas temos que dormir. Amanhã as viagens são longas. Cora, assim como a maioria dos convidados, volta pra Lisboa, Gina volta para o Brasil - fez beicinho - e eu vou para a minha lua de mel no Caribe - sorriu vangloriosa - Maninha, você vai me contar tudo sobre como se acertaram assim que eu voltar. Vídeo chamadas estão aí pra isso - soltou beijinhos no ar e se retirou junto com a mulher que lhe trouxe a vida.

 

Regina se deitou já declarando o próprio óbito devido ao cansaço e agradecendo por sua mãe ter reagido melhor do que ela imaginava. Talvez fosse bom ela ter “descoberto”.

Na manhã seguinte a casa levantou cedo, a enorme sala estava cheia de malas e de gente se despedindo do lugar, dos noivos, dos outros convidados. Era uma verdadeira bagunça. Mamãe e Regina já tinham se despedido de Zelena, seu esposo e aqueles que conheciam. Elas se dirigiam até a porta, Regina levando sua mala de rodinhas e Emma apenas com a bolsa e os pertences dentro dela, usando uma roupa da morena. Cora as esperava na porta.

 

— Bom dia, meninas. Vou levar vocês já que vamos todas para Lisboa. Zelena e Greg vão com o motorista.

 

— Bom dia… tudo bem, obrigada mãe.

 

— Bom dia - disse a loira um pouco confusa. Não sabia que as morenas já tinham conversado e que estava tudo certo entre elas. Mamãe sendo lerda como sempre - ela não estava brava? - comentou num sussurro no ouvido de Regina.

 

— Não, nós já conversamos e ela está bem com isso - respondeu a morena em um sorriso que foi retribuído pela loira, seguido de um beijo que ela mesma iniciou - Humm tá querendo assumir aqui?

 

— Eu quero mostrar pra aquele cara que você tem dona - apontou para o irmão do noivo, que estava no jardim olhando em sua direção.

 

— Emma, eu acho que ele estava olhando pra você - deu uma risada.

 

— Sério? Bom… serviu do mesmo jeito. Olha lá, ele ficou sem graça e parou de olhar

 

— Meninas, o carro está pronto. Vamos?

 

— Vamos sim - falaram em uníssono. As duas mais novas sentaram-se nos bancos de trás e a mais velha perguntou:

 

— Então eu vou de motorista, é isso? Ninguém vai sentar do meu lado?

 

— É isso, mãe.

 

— Vocês não mudaram em nada mesmo, não se desgrudam em momento algum.

 

Elas engataram esse assunto ao de como Regina percebeu estar apaixonada, seguida pela história de Emma, até que em alguma parte do percurso a loira descarada perguntou pra Cora como ela notou e elas lembraram de uma ocasião na adolescência. Imagino que agora seja um momento oportuno para contar essa história pra vocês. Eu já tinha ouvido ela várias vezes, como já falei, minha mãe vivia me contando histórias da infância e adolescência dela e da Regina. Mas como sempre, eu fiquei curiosa pra ouvir os diferentes pontos de vista da situação e Regina e Cora me ajudaram com isso, então lá vai.

 

Flashback on

 

Era uma tarde de sábado, minha mãe tinha 16 anos e Regina tinha recém completado a maioridade, já tinha sua tão esperada carteira de motorista. Como já falei, ela eram vizinhas e foi quando Regina se mudou de Portugal que elas se conheceram, muitos anos antes disso. Elas estudaram na mesma escola, mas obviamente em classes diferentes. Cada uma tinha sua turma de amigos, mas continuavam sendo melhores amigas uma da outra. Na verdade, naquele ano Regina não estava mais na escola. Ela havia terminado o terceirão e estava tendo um ano sabático antes de começar a faculdade de medicina no ano seguinte. Regina quis um ano de descanso dos estudos, então só trabalhava para se sustentar e não depender apenas da mãe. Emma estava no último ano do ensino médio. Antes que me perguntem, minha mãe faz aniversário no final do ano e por isso apesar de parecer que têm diferença de dois anos, tinha um só na escola.

Enfim, vamos logo pra história de fato. Regina estava em casa se arrumando para ir na festa de aniversário de 18 anos de uma amiga dela e minha mãe chegou sem avisar e sem bater, como já era de costume.

 

— Oi Cora, onde tá a Gina?

 

— Ela está lá na lavanderia pegando o vestido, mas pode esperá-la no quarto que ela logo vai pra lá.

 

— Tá bom, obrigada

 

— Emma! Você também vai na festa?

 

— Vou sim - sem nem saber de que festa se tratava, seguiu para o quarto e ficou esperando Regina lá até que ela apareceu.

 

— Oi Gina - correu para um abraço.

 

— Aah cuidado com o meu vestido, vai amassar - ela segurava a peça em um cabide

 

— Onde vai com esse vestido poderoso?

 

— Tenho o aniversário de uma amiga.

 

— Aah sério? Posso ir também?

 

— O que? Por que?

 

— Eu preciso dormir aqui. Meus pais vão pro interior passar o fim de semana na casa do tio Archie, é aniversário dele. Mas eu não quero ir porque lá não tem nada pra fazer e ele é a pessoa mais chata na face da Terra. Eu disse pra eles que tenho prova na segunda e que você vai me ajudar a estudar.

 

— Desculpa Emma, mas você não vai poder ficar aqui. Você nem conhece a Kathryn e não posso te levar assim.

 

— Aah... então eu fico aqui te esperando, mas por favor não me faça ir pra aquele fim de mundo - Regina pensou por alguns instantes.

 

— Tá bom, você pode ir junto na festa. Acho que a Kathryn não vai se importar, mas você tem que se comportar lá.

 

— Tá, claro - falou animada

 

— Você quer um vestido emprestado?

 

— Eu? Eu não, não vou usar esses seus vestidos de freira.

 

— Ei!

 

— O que foi? É verdade. O que é bonito tem que ser mostrado e você devia usar uns vestidos mais colados e decotados pra valorizar essa bunda e esses seios.

 

— Eu não tenho peito grande.

 

— Errado! Você só não usa o sutiã certo.

 

— Eu uso sutiã do meu tamanho.

 

— Usa maior e coloca enchimento, amiga. A gente podia dar uma olhada no guarda roupa da sua mãe.

 

— Você tá louca? Não mesmo. Ela nunca iria deixar.

 

— Ooh Cora! - berrou

 

— O que foi, meninas?

 

— Podemos pegar umas peças emprestadas no seu guarda roupa?

 

— Mas é claro, fiquem a vontade.

 

— O que você tinha dito, Gina? - perguntou sarcástica enquanto a morena revirava os olhos. Depois de passar os olhos pelas peças penduradas no armário mamãe pegou um vestido justo e disse:

 

— Você deveria usar esse ao invés daquele seu vestido de vó. A sua mãe é mais piriguete que você

 

— Não mesmo. Esse é o vestido preferido dela, se eu estragar ela corta meu pescoço. Além do mais, você disse que meu vestido é poderoso.

 

— E é, mas esse aqui é mais. Vamos cair na realidade, isso não serve mais nela. E você não vai sujar, chata do jeito que é.

 

— Emma!

 

— Tá bom, desculpa. Mas você devia se valorizar.

 

— Tá bom, eu uso esse vestido. Ele é mesmo bonito. E você vai usar o que?

 

— Sabe aquele conjunto que eu te dei de aniversário e você nunca usou? Eu vou estrear já que você não se importa mesmo.

 

— Aquela saia é maravilhosa, mas ficou muito curta.

 

— Esse é o objetivo, sabe disso né? Você tem que mostrar as suas curvas pros caras te olharem. Infelizmente é assim que funciona.

 

— Mas eu não quero nenhum homem me olhando. Me sinto um pedaço de carne no meio de uma matilha.

 

— Mas é assim mesmo. Faz a sua autoestima subir, não faz?

 

— É… um pouco

 

— Então… tá reclamando do que? Faz uma maquiagem poderosa como só você sabe fazer e arrasa.

 

— Eu vou ter que maquiar você também?

 

— Você sabe que sim, minha coordenação motora é péssima.

 

— Então é melhor começarmos logo.

 

Já na festa elas cumprimentaram e presentearam a aniversariante que não se importou com a presença da penetra. Regina apresentou Emma aos outros amigos e estava conversando com alguns deles. Mamãe estava em um outro lugar sentada, achando entediante não conhecer ninguém no local, até que apareceu um cara e ofereceu um copo de alguma coisa pra ela.

 

— Oi, quer um pouco?

 

— O que é isso?

 

— Eu não sei.

 

— Humm… tá, pode ser - pegou o copo e engoliu o líquido de uma vez - aaah, é forte!

 

— Hahahah - riu cinicamente - é sim, moça. Quer mais?

 

— Sim, por favor - o cara foi buscar e isso se repetiu algumas vezes em pouco tempo, até que Regina apareceu e impediu mamãe de tomar mais um copo.

 

— Giiiiinaaa… minha melhor amiga, cê tá gostando da festa? Eu tô. Quer um pouco? - ofereceu o copo

 

— O que é isso?

 

— É… eu não sei

 

— Quantos copos você tomou?

 

— 1… 2… 3…   ...eu não sei

 

— Como você pode ser tão irresponsável? Você não sabe de nada. Eu fui conversar com uns amigos por um instante e você já está bêbada? Você não tem idade pra beber, quem te deu isso?

 

— Aah eu não sou tão irresponsável assim, eu sei quem me deu isso.

 

— E quem foi?

 

— É… eu não sei o nome, mas ele tá por aqui.

 

— Eu mereço mesmo - resmungou

 

— Lá, foi ele - apontou - ele é muito legal, não me deixou sozinha como você fez. Acho que ele gostou de mim também, eu devia manter contato com ele depois daqui

 

— Tinha que ser o Graham. Eu te deixei sozinha por dois segundos pra interagir com meus amigos, você poderia ter ido junto. Escolheu ficar. E eu ainda te trouxe aqui, podia ter te deixado sozinha em casa. São duas péssimas ideias. Não se pode deixar crianças sozinhas, né?

 

— Ei! Eu não sou criança!

 

— É tão responsável quanto uma. Fico imaginando você quando tiver filhos, acho que eles terão que te por limites e cuidar de você.

 

— Nada a ver, eu sou muito responsável!

 

— Ah tá, com certeza. Você não sabe quantos copos bebeu de algo que não sabe o que é e que recebeu de alguém que não conhece, essa é uma atitude muito responsável. Eu vou lá tirar satisfações com o Graham, você não saia daqui.

 

— Pode deixar, mamãe - debochou a minha mãe. Regina se retirou indo na direção do cara.

 

— Graham, você está louco? Por que deu bebida pra Emma? Ela não pode beber, muito menos nessa quantidade

 

— Quem é você, a mãe dela?

 

— Não, mas eu sou responsável por ela já que ela não sabe ser. Você poderia ser preso por dar bebida pra uma menor sabia?

 

— Ela é menor?

 

— É sim, saberia se tivesse perguntado antes de sair oferecendo qualquer coisa pra ela. E o que você deu pra ela?

 

— É… eu não sei

 

— Como assim? Você é tão irresponsável!

 

— Ei, eu não obriguei ninguém a beber nada, ela perguntou o que era, eu disse que não sabia e ela bebeu mesmo assim. Sai de cima de mim - Regina bufou e voltou até minha mãe enquanto o tal do Graham ria.

 

— Ei Gina, eu acho que ele gosta de mim. Olha só, ele tá sorrindo pra mim.

 

— Não Emma, ele está rindo de você.

 

— O que você tem hoje? Que bicho te mordeu?

 

— Eu não tenho nada, Emma.

 

— Eu acho que tem sim… Ah ah, já sei! Você está apaixonada por ele e está com ciúmes - afirmou convicta

 

— O que? Não Emma, você está louca.

 

— Então você está apaixonada por mim - Regina congelou ao ouvir o comentário da mamãe e a loira começou a rir pensando na possibilidade de seu comentário ser verdade - ai ai, eu tô muito louca. Até parece que você estaria apaixonada por mim, não é?- Regina engoliu seco - Peraí, você tá?

 

— Bom… eu estou - ela sabia que Emma não lembraria de nada no dia seguinte. Mamãe riu mais e Regina tentou fazer o igual, mesmo que saísse forçado - A gente pode fazer ciúmes nele se você quiser.

 

— O que?

 

— Você está apaixonada por ele e a gente pode fingir ser um casal pra ele ficar com ciúmes

 

— Você enlouqueceu?

 

— Não… eu bebi - a morena não teve tempo de responder porque mamãe a beijou assim que terminou de falar. E essa foi a primeira vez que elas fingiram ser um casal, mesmo que por um motivo que só minha melhor mãe enxergava - eu acho que funcionou - disse mamãe olhando pra Graham que parecia chocado. Regina desencostou seus lábios dos da loira e disse:

 

— Emma… eu acho melhor irmos embora.

 

— Aah… mas agora que vocês iam dar certo.

 

— Você não está nada bem, seu hálito muito menos e eu não gosto do Graham.

 

— Eu acho que preciso vomitar.

 

— Consegue segurar até em casa?

 

— Acho que sim - então ela vomitou no gramado - esquece… já foi

 

— Emma! Que merda! Eu vou buscar algo pra te limpar. Fica aqui.

 

— Eu tô muito tonta pra ficar em pé sozinha - Regina se retirou, voltou com uma toalha e limpou minha mãe e suas roupas que ficaram sujas de alguns respingos. Me dá um nojo enorme só em digitar isso. A morena mostrava um semblante sério e preocupado - Gina, me desculpa. Eu não queria fazer isso com você.

 

— Tudo bem, Emma. Eu sei que você não fez por mal - então mamãe a abraçou e acabou sujando a roupa da amiga também

 

— Emma! Você sujou o vestido da minha mãe

 

— Ah caralho, desculpa desculpa desculpa. Que merda! Eu sou mesmo muito irresponsável, é que eu não penso antes de agir.

 

— Eu sei, Emma. Eu te conheço há anos. Eu que deveria ter ficado em casa com você. Agora vamos, antes que façamos mais merda.

 

Elas voltaram pra casa da Regina com mamãe apoiada na amiga até o carro e depois pra sair também. Dentro do veículo era um completo silêncio até que mamãe disse:

 

— Que dia é hoje?

 

— 17, por que?

 

— Ah… então você está de TPM. Por isso o mau humor

 

— O que? Como você sabe?

 

— Qual é? Eu sou sua melhor amiga, percebo a semana do mês que você fica mais mal humorada e grossa comigo.

 

— Desculpa.

 

— Tudo bem, a gente chega em casa, você come o chocolate reserva que tenho para situações como essa e fica tudo certo.

 

— Você tem chocolate pra quando eu estou de TPM?

 

— Claro, senão sou eu que sofro com seu mau humor - Regina riu

 

— Eu comi alguns brigadeiros na festa, mas não foram de muita ajuda.

 

— Porque brigadeiro é doce e o que te ajuda é chocolate amargo.

 

— Você sabe que é a melhor amiga que alguém poderia ter, né?

 

— Querida, eu faço isso pra não levar suas patadas. A melhor amiga do mundo é você que limpa o meu vômito por nada. Eu te amo, sabia?

 

— Eu também te amo, Emma - uma pena que mamãe não entendesse que vindas de Regina, essas palavras significavam um outro tipo de amor.

 

Quando elas saíram e a festa não estava nem na metade, ou seja, ainda era razoavelmente cedo, mas elas foram direto dormir. Claro, antes Regina teve que ajudar a louca da minha mãe a tomar banho. Cora não estava em casa, mas chegou e viu a filha cuidando da amiga.

 

— Precisa de ajuda aí?

 

— Não mãe, obrigada. Agora já estamos acabando. Emma, coloca essa blusa de pijama, por favor.

 

— Mas eu quero usar seu pijama de unicórnio - fez beicinho, bem como criança mesmo.

 

— Eu já disse que aquele foi pra lavar.

 

— Mas esse é muito sem graça. Todo branco, muito monótono - Cora começou a rir da loira

 

— Bebeu demais, foi?

 

— Sim, tá parecendo criança pequena.

 

— Voltaram cedo, né?

 

— Não tinha como ficar lá com ela nessas condições.

 

— Eu vou lá pegar o pijama de unicórnio, deixei no varal interno, já deve estar seco.

 

— Isso! - Emma se manifestou comemorando e as morenas não seguraram a risada. Depois do transtorno que minha mãe causou naquela noite elas finalmente foram dormir.

 

Na manhã seguinte Emma levantou tarde e foi até a cozinha onde Cora preparava o almoço e Regina preparava um bolo.

 

— Bom dia, Bela Adormecida

 

— Bom dia - falou baixinho - que horas são?

 

— Quase meio dia. Como está?

 

— Péssima. O que fizemos ontem à noite? Eu não lembro de nada, estou morrendo de dor de cabeça e essa claridade me incomoda - Cora agilizou para fechar a cortina.

 

— Pega um comprimido ali no armário. E respondendo sua pergunta, você tomou um porre na festa ontem, vomitou e tudo.

 

— Ai que vergonha! - se dirigiu até o armário e pegou o comprimido

 

— Ninguém te conhecia.

 

— Menos mau. O que você está fazendo? - engoliu a cápsula junto com um grande gole de água.

 

— Um bolo pro café.

 

— Humm… parece bom, posso ajudar?

 

— Tá, pega o trigo que está aberto e coloca três xícaras.

 

— Ok - pegou o trigo e foi colocando na vasilha - 1 xícara, 2 xícaras… Iiih acabou, não vai dar pra próxima xícara

 

— Então abre um novo.

 

— Tá bom. 2 xícaras, 3 xícaras… feito! Três xícaras de trigo

 

— Obrigada. Agora unta a forma que eu vou misturar com o resto da receita - elas seguiram fazendo o que a receita pedia para a cobertura também enquanto deixavam a massa no forno. Depois viraram a forma e colocaram a cobertura. Deixaram esfriar e foram almoçar o que Cora tinha preparado. Durante a tarde assistiram Footloose pela quinquagésima nona vez, mas se divertiram dançando e cantando como se fosse a primeira. O filme acabou junto com a chegada da hora do café e depois de dançar todas as músicas dos créditos elas foram comer o bolo que tinham preparado. Cora foi a primeira a experimentar.

 

— E aí mãe, como ficou?

 

— Desculpa meninas, mas eu acho que não ficou muito bom não.

 

— Como assim? Nós fizemos tudo certinho como a receita pedia.

 

— Prove você mesma.

 

— É… isso não tá muito bom não.

 

—  Acho que foi colocado trigo demais - afirmou Cora

 

— Emma, quantas xícaras você colocou?

 

— Três, como você pediu. Uma do pacote aberto e duas do fechado

 

— Não Emma, você colocou duas do segundo pacote - corrigiu Cora

 

— Isso, uma do primeiro pacote e duas do segundo

 

— Não, eu tenho certeza que você colocou duas do primeiro

 

— E eu tenho certeza que foram duas do segundo - insistiu Cora

 

— Emma, você por acaso colocou quatro xícaras de trigo no bolo? - ela pensou por alguns instantes

 

— Eu acho que sim - falou encabulada

 

— Só você mesmo - começaram a rir as três

 

— Pelo menos a cobertura está gostosa - disse Cora - raspem a cobertura e joguem a massa fora

 

    — Mas que desperdício! - disse Emma

 

— Você vai querer comer? - perguntou Regina. Mamãe pela primeira vez colocou um pedaço daquele bolo e sua boca e disse:

 

— Não mesmo, pode jogar fora - todas voltaram a rir. Então as mais novas comeram a cobertura e jogaram fora o resto do bolo.

 

— Emma, você não me deu aquele chocolate ontem.

 

— Que chocolate?

 

— Aquele que você guarda pra quando eu tô de TPM.

 

— Como você sabe?

 

— Você me contou ontem.

 

— Você acabou de comer um monte de cobertura e não está estressada, não precisa dele agora.

 

— Mas a cobertura não é amarga e agora que eu sei da existência dele eu vou ficar estressada se você não pegar ele pra mim.

 

— Droga! Você tem razão. Tá na minha mochila, pega lá.

 

Flashback of

 

Essa é a parte da história que eu sei e que me parece relevante. Também foi isso que comentaram em sua viagem de Porto até Lisboa. E já que citamos a viagem de volta, vamos voltar pra ela

 

— Então foi aí que você percebeu, mãe?

 

— Não, eu percebi muito antes. Naquele dia eu tive certeza. Você gostava muito da Kathryn, era muito amiga dela e não via a hora da festa chegar, então você não se divertiu lá pra ajudar a Emma, ainda voltou mais cedo por ela e fez tudo o que podia pra ajudá-la lá em casa. Eu sei que boas amigas sempre fazem isso. Mas a Kathryn também era uma boa amiga e você foi embora da festa dela. Sabe, com vocês duas sempre foi diferente de uma amizade normal. E até hoje a mancha não saiu do meu vestido, viu?

 

—  Ah por favor, você não ia mais usar mesmo.

 

— Emma!

 

— Tudo bem, Gina. É verdade, falei só pra descontrair.

 

— Emma, você ainda carrega chocolates pra mim na sua bolsa? - mamãe começou a revirar sua bolsa.

 

— Chaves, passaporte, carteira… aqui! Um chocolate amargo que guardei pra você - entregou pra Regina

 

— Acho que não vou querer, olha como está mole.

 

— Ué, derreteu. Tá aqui há um bom tempo. Antes ia todo mês, mesmo que você não percebesse. Mas passamos meses sem nos falar, então estragou.

— Meninas, lembrei de outra coisa que me fez ter certeza naquele dia - Cora desviou de assunto

 

— O que? - perguntaram curiosas

 

— Eu fiquei sabendo do beijo que rolou na festa, da declaraçãozinha também.

 

— O que? Como assim? - perguntou a filha dela

 

— Eu tenho minhas fontes.

 

— Você falou com a mão da Kathryn, né?

 

— Sim

 

— Gente, eu tô perdida. De que beijo e de que declaração vocês estão falando?

 


Notas Finais


Primeiro flashback, né?
Confesso que estava com medo de fazer, mas modéstia parte, gostei bastante
Me digam o que acharam, se querem mais e etc
Beijinhos e até o próximo


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