POV Camila
Trinta minutos depois eu percebi que Lauren já dormia, e dessa vez me certifiquei que sim. Com cuidado sai de debaixo dela e me levantei. Fui até Dinah e a sacudi, ela se levantou num pulo e resmungando acordou Normani, as levei até um dos quartos onde as duas se deitaram e voltaram a dormir, dei de ombros e voltei a sala. Com dificuldade acordei Ally e também a levei até um dos quartos, mas a mesma pulou na cama totalmente espalhada não permitindo nem que coubesse alguém.
Parte mais ou menos fácil cumprida, agora, Lauren. Desci as escadas lentamente, fui até a sala e me surpreendi ao ver Lauren sentada com os braços cruzados na altura dos seios.
- Achei que iria me deixar sozinha aqui! – resmungou, com aquela voz de quem acabou de acordar.
- Por que achou isso?
- Porque você ainda está com raiva de mim... – ela disse abaixando a cabeça.
- Não tenho motivos pra estar com raiva de você. – digo me aproximando.
- Tem sim, eu quase agarrei...
- Hey! – a interrompi – Eu já disse... isso é passado! – digo me sentando ao seu lado.
- Então podemos ser amigas? – ela disse com um tom de esperança na voz.
- Eu nunca tive amigas... – ela concordou abaixando a cabeça novamente – Mas acho que seria legal ter sua amizade!
- Sério! – ela grita, mas logo se encolhe como uma criança que acaba de fazer besteira – Desculpe...
- Tudo bem... essa sala tem isolamento acústico. – ela assente.
- Sério que quer ser minha amiga? Que quer minha amizade?
- Nunca tive tanta certeza!
Ela abre um sorriso, um grande sorriso, foco meu olhar em seus olhos e mesmo com a pouca iluminação posso ver como eles estão mais claros e mais brilhantes desde da primeira vez que os vi, me permiti curvar os lábios, também em um sorriso, só que pequeno e tímido.
Olhando em seus olhos eu lembrei das principais regras de uma amizade, na qual uma adolescente de 15 anos e sem amigos pesquisaria na internet. Confiança. Eu já confiava em Lauren o suficiente, mas como ela reagiria se soubesse o que eu era? Se reagiria como Dinah ou pior... Também tinha a hipótese dela aceitar quem eu sou. Mas e se não aceitar?
- Camz? – despertei com Lauren estalando os dedos na minha frente – Você está bem? Ficou divagando ai uns 15 minutos...
- Desculpe, por que não me avisou antes?
- Acho que divaguei um pouco também... – pude ver minimamente suas bochechas assumirem um tom rosado.
- Lauren... – ela fez um som nasal permitindo que eu continuasse – Você confia em mim?
- Confio em você desde que me salvou daquele acidente, confio em você desde que permitiu que eu e mais três loucas entrassem na sua casa e na sua vida, eu confio em você Camila! – não me permiti olhar em seus olhos.
- Não sei onde estava com a cabeça quando deixei vocês entrarem aqui! – falei em tom brincalhão e soltei uma pequena risada.
- Você confia em mim?
- Confio... eu só...
- Não se sente preparada pra me contar o que você é? – assenti – Sabe... até se você fosse um demônio eu não iria me afastar de você, Dinah me contou... – arregalei os olhos.
- Eu...
- Fique calma! Ela não me contou o que você é, ela me disse que isso é algo que você tem que me contar... – soltei um suspiro aliviado.
- O que ela disse? – perguntei apreensiva.
- Que se trata apenas de insegurança, sei que você tem medo de que as pessoas, ao descobrirem o que você é, se afastem de você. Mas isso não é o que você é Camila, isso não é uma coisa. Isso é quem você é, isso faz parte de você, está no seu interior. Esses que se afastam, se afastam por medo, medo de que você possa machuca-los, mas eu sei que você não faria isso, você não é uma ameaça Camila. Você se isola aqui, com medo que que alguém veja você. Por culpa disso que você chama de problema, você acaba não tendo uma vida social, e eu juro que não vou fazer nada, além de aceitar exatamente quem você é! – eu chorava, mas não entendia o porquê – Eu sei quem você é... – a encarei, ela tinha um pequeno sorriso no rosto.
- Co-como? – perguntei.
- Eu não sou burra Camila e nem cega, eu só juntei os fatos, os olhos azuis brilhantes, as garras, os pelos, o rugido e até aquele negócio de cura. Foi só jogar no Google, mas confesso que a parte de você controlar os elementos foi meio difícil de achar... Loba da Lua Elementar, uma espécie rara de lobisomens, poderosa, com incríveis poderes, uma espécie totalmente extinta... – ela olhou pra mim – Baboseiras de internet, que pelo que vejo são reais, li um artigo e acho que esse é o motivo pelo qual você tem medo de machucar as pessoas... – ela pegou seu celular e o ligou até finalmente achar o que procurava – “Os Lobos da Lua Elementares são temidos principalmente por sua falta de controle quando estão com raiva, qualquer coisa que o deixe altamente irritado pode causar problemas as pessoas ao seu redor” – senti meu peito apertar, eu nunca havia sentido esse tipo de dor – Mas acho que esqueceram de mencionar essa parte pra você, “ Essa espécie altamente rara de lobisomens procuram algo para se acalmar desde citações até pessoas. Citações, objetos, esses tipos de coisas são mais comuns, é difícil um lobisomem dessa espécie escolher pessoas como uma “âncora”, porque para que isso aconteça essa pessoa tem que ter alguma ligação com o lobisomem, o que torna as coisas complicadas já que essa pessoas pode temer os lobisomens, mas se essa ligação ocorrer, as chances do lobo se acalmar mais depressa é certa.”. – Ela sorria e eu? Bom eu já chorava mais do que meus olhos permitiam – Você pode ter uma âncora Camila, seu medo é algo irreal!
- Eu... – tentei formular uma frase.
- Me mostra?
- Que? – a encarei confusa.
- Me mostra quem você é?
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