História My Precious Moon - Capítulo 2

Lágrimas caiam sobre a carta, minha mente estava agitada, mas meu coração calmo, no fundo eu sabia que era diferente, tanto que nunca me chamei de humana, mas também nunca imaginei que eu fosse um ser sobrenatural altamente poderoso. Coloquei a carta sobre a mesa novamente e caminhei pela sala, era rustico, mas ao mesmo tempo moderno, não era uma toca de lobo, era uma casa normal, tinha 1 sofá e 2 poltronas de cada lado, na frente uma mesinha de centro sob um tapete felpudo, e a frente uma grande lareira, avisei um armário com vários copos, me aproximei e descobri ser uma adega, ainda na sala vi 2 enormes estantes com inúmeros livros, fui para outro cômodo que descobri ser uma sala de TV pois o lugar era coberto por um tapete gigante, tinha um sofá enorme e uma TV que parecia uma tela de cinema, também tinha uma enorme estante com diversos filmes que eu nem sabia que existiam, fui até a cozinha que tinha uma bancada ao centro e uma pequena mesa de madeira ao canto, tinha tudo, geladeira, fogão, lava louças, forno, cafeteira, tudo. Não faltava nada. Abri os armários e todos estavam lotados de todo tipo de comida, a geladeira também estava cheia, e ainda vi uma enorme fruteira com as mais variadas frutas. Voltei para a sala e subi as escadas que ali estavam. Ao pisar no ultimo degrau vi um corredor espaçoso e cinco portas. Duas a minha direita, duas a minha esquerda e uma a minha frente. Três das portas ao meu lado eram quartos grandes e iguais todos com um banheiro. Uma das portas continha uma fechadura com senha então me restou uma ultima porta, abri e me deparei com um quarto totalmente enorme, esse quarto é do tamanho da minha antiga casa. Tem uma cama enorme ao centro, mais estantes com livros, uma mesa enorme que descobri ser algo para estudos, tipo uma escrivaninha, uma penteadeira, uma parte do quarto tinha o teto de acrílico, e também uma enorme lareira. Tinham também três portas, um banheiro enorme, com banheira e chuveiro, outra porta, que era de correr, havia um enorme closet onde já tinham varias roupas, sapatos e joias, e a outra porta era dupla e de vidro, era uma passagem para uma gigantesca varanda que tinha total visão da cidade e da... ponte. Tinham varias pessoas lá, ainda tentando descobrir o que houve, foi quando vi o carro sendo puxado para fora do rio. E meu pai sendo tirando de lá de dentro. Morto. Voltei para dentro da casa e vi um papel azul em cima da escrivaninha.

Eu nunca deixaria você sem nada, quando você estava na escola esse era meu refugio, você viverá aqui. 9718. É a senha da porta, que é um cofre, lá tem mais do que o suficiente pra você. Não é porque lhe contei tudo aquilo que você não tem mais uma vida normal Kaki, você é normal, você é especial também, você pode ter uma vida normal, pode terminar seus estudos, ir para uma faculdade, ter um emprego que você goste e que lhe ofereça o salário de uma pessoa comum, todos tem responsabilidade, até um sedentário, todos sem exceções, mas tudo isso depende de você. Olhe para o canto direito do seu novo quarto, aposto que Luna já está dormindo na caminha dela. Ela parece doméstica, mas é bem selvagem quando quer.

Os lobos e lobas, também possuem responsabilidades.

Sobre sua escola. Sei que você têm 17 anos e daqui uma semana começa seu ultimo ano na escola, não existem situações que te impeçam de ir à escola. Se apresse sua rematrícula já está feita, seu material também já foi comprado. Bem você deve estar se perguntando como chegar até a escola. Antes de sair de casa, tire os sapatos e corra. Seus instintos falaram mais alto. Pare no final da floresta, coloque seus sapatos novamente. Caminhe. Só conte seu segredo a quem merece saber.

Alejandro.

Olhei para o canto e Luna realmente já dormia na cama dela em um canto. Caminhei lentamente até o banheiro e tomei um longo banho, me enrolei na toalha e retornei ao quarto, fui até o closet e procurei uma roupa. Coloquei uma calça jeans clara, uma camisa branca e um moletom por cima, calcei uns coturnos sem saltos e peguei um livro totalmente em branco e alguns lápis de diversas tonalidades da mãe de todas as cores, preto, coloquei tudo em uma mochila, junto com uma maçã e uma banana, antes de sair do quaro vi que Luna me encarava.

- Pode vir se quiser... – avisei e ela se levantou.

Saímos da casa e descemos a montanha calmamente, chegamos na ponte e eu pedi que Luna ficasse um pouco longe pois se a vissem ela poderia ser morta ou até mesmo causar medo nas pessoas, caminhei lentamente pela calçada deserta que me separava do abismo, cheguei no ponto que agora tinha somente uma fita amarela e preta, e um grande buraco, me sentei da barreira de concreto e apoiei minhas costas em um poste onde a luz, à anos não funcionava. As pessoas que raramente ali passavam me olhavam apavoradas e confusas, como se eu fosse a própria morte. Alguns carros passavam lentamente para analisar a garota que talvez quisesse cometer suicídio. Se eu pensava em fazer tal ato? Sim. Mas algo me dizia que se fosse para eu morrer, teria continuado naquele carro. Tirei o livro e o lápis da minha mochila e comecei a desenhar. Sempre amei desenhar, é meu passatempo, meu antigo livro de desenhos, afundou junto com o carro, meu pai e meu antigo eu. Papa sempre dizia que é bom recomeçar. Agora estou recomeçando uma nova vida... sem ele.