POV EMA HALE
Nosso carro foi escoltado até chegarmos no hotel. Seguranças nos acompanharam até chegarmos dentro de um outro quarto, que não era o nosso. Eles estavam com medo de ter sido um ataque direcionado diretamente afim de me atingir, então me trocaram de quarto para previnir e nos esconder.
Entramos no quarto e Ryan, Rudy, Chaz e Ryder estavam lá. Todos eles estavam sentados no sofá, com seus celulares na mão e seus semblantes preocupados.
-Vocês estão bem? –Chaz foi o primeiro a perguntar
-Cadê o John? –Ema perguntou preocupada enquanto eu me sentava
-Ele ficou lá –Ryder respondeu a irmã –Ele quis ajudar
-Eu quis ajudar! –disse indignado –Me arrastaram do palco, me jogaram em um carro sem me deixar opinar em nada
-Justin... –Ema disse calma, se sentando ao meu lado
-Você não podia ficar lá, Drew –Ryan disse –Não sabem o que aconteceu, só sabem que sua presença lá seria pior pra todos
-Você é a estrela, você deveria ser o primeiro a sair de lá –Chaz disse
-Não, eu não deveria –disse irritado –Eu deveria ajudar! Elas estavam lá por mim, e eu as deixei lá em meio ao caos. Eu as abandonei
-Você não podia fazer nada para ajudá-las –Ema disse calma, olhando nos meus olhos –Você tentou, mas você não pode e não poderia. O melhor que você fez foi ter saído de lá
-Você é o Justin Bieber –Chaz disse tentando me convencer
-Não, não o trate assim! –Ema disse se irritando com o Chaz –Ele é o Justin, seu melhor amigo. Se quer dar uma força, não o trate desse jeito
Ema odiava meus ataques de estrelismo. Odiava quando eu me achava maior e melhor do que os outros, ela dava duro para me fazer ficar com meus pés no chão, pois, nessa indústria é muito fácil se perder.
Ema sempre surtava quando algum dos meninos, alguns dos meus melhores amigos faziam eu me achar mais do que alguém... então, a pior coisa que Chaz poderia ter feito, ele fez.
-Não fala assim comigo –Chaz disse tentando não se irritar
-Você reclama quando ele age como um deles, mas você é um dos primeiros a fazê-lo agir assim! –Ema disse –Se preocupe pelo fato de poder ter perdido o Justin, o seu melhor amigo, e não o Justin uma estrela do pop!
Um deles. Uma daquelas pessoas no mundo artístico, que são umas verdadeiras imagens de satanás. Uma daquelas pessoas que se acham, que esnobam os outros e tentam comandar o mundo.
-Parem vocês dois –Rudy disse mais alto que eles –Isso não é sobre vocês! É sobre o que aconteceu lá na arena... é sobre as vítimas daquilo. Parem de brigar por coisa estupida
Ema olhou para o Chaz, para o Rudy e depois suspirou, logo relaxando seu corpo no sofá. Chaz soltou um “ela começou” e foi repreendido por um Cala a boca triplo... Um Cala a boca uníssono de Ryder, Ryan e Rudy
POV EMA HALE
Depois de uma hora do acontecido, descobrimos que foi um ataque terrorista e não um ataque de ódio contra o Justin.
Dos dois modos era uma coisa desumana, era uma coisa absurda e horrorosa. Estávamos devastados, pois já haviam anunciado a morte de 15 pessoas, sendo a maioria delas adolescentes e crianças.
Com o desespero, várias pessoas estavam desaparecidas. Pais não conseguiam achar seus filhos, grupos que foram juntos não estavam conseguindo achar seus integrantes. Era devastador ter essa notícia sendo verdadeira, era devastador saber que famílias e amigos estavam perdendo seus entes queridos, entes esses que foram para um show se divertir.
Eu estava devastada, assim como o resto do mundo. Porém, o Justin estava desestruturado, arrasado, deprimido... ele estava de um jeito que eu nunca tinha o visto ficar, e eu preferia não estar vendo.
Justin saiu do banheiro apenas de cueca enquanto secava seu cabelo com uma toalha. Seu rosto estava abatido e seu olhar distante. Ele jogou a toalha em cima da cadeira e veio se deitar na cama
-Você está bem? –perguntei o vendo se tapar
-Não –ele disse cabisbaixo –Elas estão achando que eu as deixei
-Não estão, Justin –disse calma –Elas sabem que você não as deixou. Elas ouviram você mandando tirá-las de lá, elas viram você sendo arrastado contra sua vontade
-Tem certeza? –ele perguntou
-Eu tenho –disse –Eu vi vídeos onde mostram isso
-Eu posso gravar um vídeo? –ele perguntou
Justin estava com medo de que qualquer ação dele prejudicasse ou trouxesse comentários maldosos em relação ao que aconteceu, então ele estava tentando ter o maior cuidado de todos.
Eu concordei com a cabeça e me levantei, eu peguei o seu celular e um shorts, logo entreguei ao Justin. Ele vestiu o short, tentou fracassadamente arrumar seu cabelo e então começou o vídeo, em um ângulo que eu felizmente não aparecia
Dava para ver claramente o quanto o Justin estava abatido com isso, ninguém seria capaz de dizer que ele não ligava. Suas bochechas estavam vermelhas, seu rosto levemente inchado de choro e seus olhos tristes.
-Eu... eu não sei por onde começar –Justin começou a dizer –Eu lamento tanto por isso, eu lamento tanto pelas pessoas que... –Justin fez uma pausa e engoliu em seco –Pelas pessoas que morreram e as que estão desaparecidas. Eu lamento de mais pelos momentos de horrores que aconteceu hoje em meu show em Manchester
Justin passou a mão no rosto e depois no cabelo, bagunçando-o e o deixando ainda mais bonito.
-Era para ser um dia especial, um dia de alegria... mas, acabou sendo um show de horrores –ele disse –Vocês foram lá para me ver, para aproveitar o show e realizar o sonho/desejo de vocês, mas vocês acabaram não tendo nada daquilo que queriam e esperavam. Não era para ser assim, não é disso que a música se trata... não é disso que o mundo se trata.
Justin estava quase chorando, então ele fechou os olhos e suspirou para que pudesse prender o choro
-Era para ser um lugar seguro, um lugar divertido e esperançoso, mas acabou não sendo nada disso –ele disse –Eu quero pedir desculpas... desculpas por fazer vocês passarem por isso. Me desculpem por terem tido os piores momentos das suas vidas... nada disso deveria ter acontecido.
Justin olhou para o guarda-roupa em sua frente, logo depois voltou a olhar para a câmera
-Eu quero que vocês saibam que eu não vou deixá-las nem se quer por um único minuto –ele disse –Eu as amo e lamento por tudo o que está acontecendo.
Justin coçou seus olhos com a palma da mão e então finalizou o vídeo. Eu sai da cadeira que estava sentada e me sentei ao seu lado da cama, o abraçando fortemente.
Ficamos abraçados por longos minutos, pois Justin não queria se distanciar e eu queria sugar toda a angústia que ele estava sentindo naquele momento.
Assim que nos separamos, o Justin postou o vídeo em todas as suas redes sócias.
(…)
Um dia depois…
Fomos dormir quase as 03h da manhã, pois eu e o Justin queríamos saber das notícias assim que elas saíssem. Quantos feridos, quantos desaparecidos e mortos. Queríamos ver o que estava acontecendo, saber qual era o próximo passo que daríamos
Tudo agora era ainda mais planejado, mais calculado, mais seguro.
Scooter decidiu que era melhor o Justin pausar a sua turnê por alguns dias, descansar, colocar a mente no lugar e se preparar para o próximo show. Eles iriam reforçar a segurança, fazer alterações para saídas de emergências e ambulâncias.
Justin não estava muito feliz em voltar para LA, para casa. Ele não estava feliz em voltar nesse momento, em meio ao caos e no começo de sua turnê.
Depois de conversarmos com a minha mãe, depois de conversarmos com a mãe do Justin e com o Carl, o pastor e amigo do Justin, ele acabou concordando que dar uma pausa era sua melhor opção. Era a coisa certa a se fazer.
Chegamos em LA as 16h e fomos recebidos por uma Lindsey e um Christian super preocupados em nossa casa
-Como vocês estão? –Lindsey perguntou preocupada, enquanto me abraçava –Vocês estão bem?
-Estamos inteiros –respondi enquanto ela abraçava fortemente o Justin
-Ou quase –Ryder respondeu em relação ao humor do Justin
-Ou quase –Justin repetiu baixo
Chris nos abraçou fortemente, desejando força e dizendo que tudo aquilo era uma droga. Estávamos todos compartilhando o mesmo sentimento de tristeza e incredulidade
Nos sentamos no sofá e eu pedi para que uma das empregadas fizessem uma vitamina para mim, e com isso Justin e Ryder também pediram.
-Temos que fazer alguma coisa –Chris disse –Para vocês esquecerem o que aconteceu
-Não quero fazer nada –Justin disse e se levantou do sofá
Ele respirou fundo e pegou o controle do vídeo game, colocou um jogo de corrida e começou a jogar sozinho com sua pior cara de ânimo.
Dois dias depois...
Era o penúltimo dia de folga do Justin, e tudo que ele havia feito era se trancado no quarto da bebê e dito para que eu não entrasse em hipótese alguma, pois ele queria ficar sozinho.
Tudo o que tinha no quarto da nossa filha eram uma almofada no chão e um berço branco. O quarto não estava pronto, não tínhamos organizado nada e nem planejado algo. Eu estava torcendo com todas as minhas forças para que o Justin estivesse lá dentro planejando, fazendo e organizando... eu estava torcendo para que ele não estivesse apenas se isolando do mundo.
Eu queria que o Justin sentisse o luto. Sentisse a dor, a mágoa, o pânico. Eu queria que ele sentisse tudo o que deveria sentir em relação a Manchester.
Ele precisava sentir.
Ele precisava sentir para que pudesse superar. É assim que funciona o processo de luto, de cura, de dor e superação.
Ele não podia esconder tudo o que deveria sentir, ele não podia ignorar e não sentir. Ele não podia fazer isso por inúmeras razões, ele não podia porquê não é assim que tem que ser. Se ele não sentisse, ele se drogaria para continuar não pensando naquilo, não sentindo e não sofrendo. Se ele não sentisse ele não se curaria, e, ele precisava se curar.
-Sabe o que eu pensei? –Lindsey falou entrando na cozinha
-Você pensa? –Ryder implicou
-Em acamparmos –Lindsey ignorou o que o Ryder disse
-Tô fora –Ryder se levantou da mesa
Eu olhei para Lindsey com a minha maior cara de desânimo e ergui minha sobrancelha, perguntando se ela estava louca ou algo do tipo apenas com o olhar
-Justin se isolou no quarto da bebê que não tem nada –ela disse –Não sabemos se ele está bebendo, se drogando ou apenas relaxando. Ele está a maior tempão dizendo que queria acampar... é só irmos. Ele vai se animar
-Estamos gravidas –eu disse a relembrando dos fatos –Eu estou de quase sete e você de quase nove. Você está quase ganhando o bebê e quer ir acampar?
-Não vai acontecer nada –ela disse se sentando ao meu lado
-Gravidas não acampam, Lindsey –disse sendo óbvia –É perigoso ficar no mato com mosquitos, sem cuidados, sem saneamento básico nem que seja por uma noite
-Então vamos para a casa do Ryan –ela sugeriu –É quase acampar... casa de madeira, distante de tudo, mas com saneamento básico e cuidados
-Não acho uma boa ideia –disse –E o Ryder? Ele não vai querer ir
-Não vou mesmo não –ele respondeu se sentando na mesa com bolo de chocolate e refrigerante –Não conte comigo para isso não
-Ele volta pra Seattle –ela respondeu implicando –Não sei o que ele ainda está fazendo aqui
-Lindsey... –disse rindo
-Ah, Ema... ele fica com o Nolan, ou com seu amigo gato: Rudy –ela respondeu –Ou ele fica aqui... tem seguranças, empregadas, tem quem cuide dele por um dia
Eu olhei para o Ryder, levantando uma da minhas sobrancelhas esperando que ele se pronunciasse sobre a sugestão da Lindsey
-Eu não ligo –ele disse sendo óbvio –É melhor vocês irem e concertarem o Justin, porque é muito macabro ele dentro do quarto da bebê. Tem barulhos estranhos lá dentro e uns cheios ruins
Eu ri e concordei. Eu disse que ele ficaria com o Nolan, pois eu não deixaria que ele ficasse sozinho aqui. Se minha mãe descobrisse, ela iria me matar por deixá-lo sozinho por um dia inteiro
Lindsey chamou Christian para tirar o Justin de dentro do quarto, só que os dois ficaram lá dentro durante horas. Eu e Lindsey pegamos a chave da casa (chácara) do Ryan com ele e organizamos nossas coisas. Roupas, repelentes, remédios, comidas, bebidas e muito mais coisas
Christian e Justin desceram a escada rindo de algo que provavelmente Chris tinha dito, pois o Justin negava com a cabeça e ria da cara do Chris.
-Vocês estão de brincadeira? –perguntei –Vocês ficaram horas lá naquele quarto
-Também te amo, baby –Justin disse me dando um selinho
-Você está com cheiro de tinta –disse me afastando dele –Você está fazendo o que no quarto?
-Varrendo o chão –Nolan disse –Se está com cheiro de tinta e porque ele está pintando né
-Ema faz cada pergunta idiota –Ryder negou com a cabeça –Tenho vergonha de ser irmão dela
-Vai se foder –disse ao Ryder
-E vocês... vocês vão tomar banho –Lindsey disse ao Chris e Justin
-Não sou seu filho, Lindsey –Justin disse –Não me mande tomar banho
-Vou ligar para Pattie –ela disse ameaçando-o
-De repente me deu uma vontade de tomar banho –ele disse fazendo-nos rir –Acho que vou lá
Eu neguei com a cabeça e Justin e Chris subiram a escada apostando corrida para ver quem chegava primeiro. Eu não sei quem ganhou, pois parei de olhar antes deles terminarem
Chris desceu tomado banho e com uma roupa do Justin, logo depois o Justin gritou da escada perguntando se eu tinha pego roupa para ele, eu disse que sim e então ele desceu a escada correndo
Eu e Justin entramos em seu carro e eu já fui ligando o som. Justin falou para o segurança que não era preciso eles irem, já que era escondido e ninguém nos encontraria. O carro do Chris foi na frente, e logo o Justin começou a segui-lo
-Tomara que não chova –Justin disse pensativo, depois de um tempo
-Por que? –perguntei abaixando a música
-Porque tem uma parte que o carro não entra, então teremos que ir andando –ele disse –Se chover, estamos ferrados
-Eu não sabia dessa parte não –disse –Dá tempo de desistir?
-Não –Justin disse rindo, enquanto entrávamos na rua de terra
Justin desligou o ar abriu as janelas do carro, dizendo que era bom sentir o ar fresco. Eu não lhe respondi nada, apenas continuei revirando a parte da frente do carro a procura de algo legal para me distrair, já que não pegava mais sinal de celular e nem de rádio.
Achei um bolinho de dinheiro dentro do porta luva do carro, onde era de lei ter. Justin sempre deveria ter no mínimo mil reais em notas de cem dentro de cada carro, pois se algum lugar não aceitasse cartão, ele usava o dinheiro. Eu achava um exagero ter mil reais em notas dentro de cada carro, mas nunca deixei isso claro para não ter um discurso de “eu sou rico” do Justin.
Peguei o bolinho de dinheiro e tirei o elástico que o prendia, logo comecei a jogá-lo no Justin como os rappers faziam em clipes, só que enquanto cantava Rihanna
-Bitch better have my money. Y'all should know me well enough (Vadia, é melhor ter minha grana. Vocês já deveriam me conhecer) –cantei enquanto jogava o dinheiro nele
-A não, Ema –Justin disse levemente manhoso enquanto fechava as janelas
-Bitch better have my money (vadia, é melhor ter a minha grana) –continuei jogando dinheiro nele -Please don't call me on my bluff. Pay me what you owe me (Por favor, não ache que isso aqui é um blefe. Me pague o que me deve)
-Ballin' bigger than Lebron (Estou jogando mais que o Lebron) –Justin cantou, se rendendo a minha idiotice –Bitch give me your money (Vadia, me dê sua grana)
Eu gargalhei e parei de jogar o dinheiro em seu rosto, até porque já estava quase tudo em seu colo ou espalhado pelo chão do carro.
Eu e Justin começamos a cantar o resto da música, fazendo dancinhas de rapper e expressão de mafiosos.
Eu gravei uma pequena parte pelo snapgram, mostrando o Justin cantando super animado e fazendo dancinhas estranhas enquanto pegava as notas que estavam em seu colo e jogava para o alto, olhando para a câmera e fazendo cara de gângster.
Minutos depois, nós chegamos na parte que os carros não passavam, então tivemos que sair do carro.
-Eu não sabia que tinha essa parte a pé –Lindsey reclamou enquanto pegávamos as coisas nos carros –Eu teria desistido se soubesse
-Eu também não sabia –disse indignada –Eu odeio isso tudo
-Mas você já não veio aqui? –Chris perguntou confuso
-Eu e o Justin brigamos e nem chegamos nessa parte –disse simples –Voltamos pra casa muito antes
-De lei –Lindsey disse –Nem me surpreendo mais
Eu ri, e então começamos a andar pela estrada estreita e escura até a casa do Ryan. Cada um estava com uma lanterna, eu segurava fortemente no braço do Justin, pois eu morria de medo de escuro, e em uma estrada assim é impossível não sentir medo.
Começou a chuviscar na metade do trajeto, e Lindsey foi reclamando do escuro e do chuvisco até entrarmos dentro da casa do Ryan.
Jogamos tudo na sala, acendemos todas as luzes e começamos a assistir a chuva começar a apertar cada vez mais. A casa era bem bonita, toda de madeira e bem rústica... era uma bela de uma casa.
-Não, não, não –Lindsey disse fechando os olhos
Eu e elas estávamos na cozinha, colocando as coisas que compramos na geladeira. Lindsey se apoiou na mesa de mármore e começou a respirar fundo
-Lindsey, o que foi? –perguntei assustada
-A bolsa estourou –ela disse enquanto respirava fundo várias e várias vezes
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