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História My Sassy Girl - Drunk In Love


Escrita por: SrtAnonymous

Notas do Autor


Boa leitura :)

Capítulo 3 - Drunk In Love


Fanfic / Fanfiction My Sassy Girl - Drunk In Love

Camila's Point Of View

Acordei com o gosto amargo na boca, meus lábios secos e meu corpo implorando por água. Minha cabeça já dava sinais da terrível ressaca que estava por vir. Com dificuldade abri os olhos e a confusão se instalou em minha mente. “Onde eu estou?". Essa não é minha casa. Ainda deitada olhei para os lençóis que me cobriam, para o sofá em que havia dormido. Forcei a memória para tentar entender o que havia acontecido noite passada, mas tudo não passava de um grande borrão. A única coisa que lembrava era de mim, em algum bar da cidade, virando vários shots de tequila. Ainda podia sentir o gosto amargo em minha boca. Levantei-me do sofá e tive a sensação de estar tudo girando em minha volta e a cabeça latejando incessantemente, levei minhas mãos as têmporas e com as pontas dos dedos massageei. Por incrível que parece, ou não, eu ainda me sentia alta. Talvez esse tenha sido o maior porre da minha vida. Definitivamente, esse foi o maior porre da minha vida, até na casa de algum estranho eu vim parar. "Talvez eu tenha sido sequestrada." Pensei, porém logo neguei a mim mesma por pensamentos tão idiotas. Que tipo de sequestrador me traria para um apartamento? "Meu deus, eu fui estuprada?" Imediatamente me desesperei com essa ideia. Olhei para meu corpo, senti alívio por estar vestida, procurei em meu corpo algum tipo de sinal desse tipo de violência, mas tudo parecia estar perfeita ordem. Com cautela caminhei por aquela sala de estar, na esperança de encontrar alguém que pudesse me explicar tudo, mas parecia estar sozinha.

– Tem alguém aí? – Chamei, porém não obtive nenhuma resposta. Caminhei por todo apartamento só confirmando o que já suspeitava: eu estava completamente sozinha na casa de alguém que não fazia a mínima ideia de quem seja. Olhei para o relógio em meu pulso e foi como levar um choque de realidade, eu estava completamente atrasada e estava a mais de vinte e quatro horas sem dar notícias. Provavelmente Sinu e Alejandro já estariam colocando toda a polícia de nova York atrás de mim. – Eu preciso ir, agora – murmurei enquanto calçava meus sapatos. Mas não poderia sair dali sem qualquer informação sobre quem havia me trazido para cá. Antes de deixar o lugar, guardei em minha memória o número do apartamento, me informaria mais assim que chegasse a recepção.

 

Lauren's Point Of View   

Assim que acordei essa manhã sai para comprar dois cafés e alguns remédios para ressaca. Provavelmente a garota acordaria com a maior dor de cabeça. Não sei explicar, mas sentia-me ansiosa em poder conversar com ela, tinha curiosidade em saber mais sobre a jovem, o motivo que a levou a beber tanta noite passada. Talvez estivesse comemorando algo, ou apenas tentando se livrar de problemas e frustrações que a vida sempre nos presenteava. E claro, finalmente poder saber seu nome. Apesar de toda a confusão pela qual me fez passar, não me sentia irritada, muito pelo contrário, sentia-me estranhamente bem. Talvez o fato de ter salvo a garota de um quase acidente no metrô e cuidado dela durante a noite toda me fizera sentir assim. Não sabia que fazer algo de bom por alguém desconhecido poderia ser tão revigorante. “Acho que o mundo só precisa de mais Laurens para ser um lugar melhor." 

Cheguei em casa rindo de meus próprios pensamentos. Logo que cheguei em frente ao meu apartamento, deparei-me com a porta entreaberta, o que me deixou em estado de alerta, afinal eu havia fechado antes de sair. Com cuidado adentrei o lugar e me senti um tanto desapontada ao ver que o sofá estava vazio, assim como todos os cômodos da casa. Deixei os remédios junto com a o café que havia trazido para ela sobre a bancada da cozinha e sentei-me no sofá. "Poderia ao menos ter deixado um recadinho agradecendo pela hospitalidade." Suspirei derrotada enquanto saboreava o café amargo em minhas mãos. Talvez Jimmy saiba de alguma coisa, não teria com ela sair do prédio sem passar pelo porteiro. Peguei o telefone sobre a mesinha, ao lado do sofá, e comecei a digitar o número da portaria.
– Hey, Jimmy!
– Olá, senhorita Jauregui! Precisa de alguma coisa? – A voz de Jimmy chegara aos meus ouvidos, como sempre, de forma gentil e educada.
– Sim, Jimmy. Preciso de uma informação, especificamente. – Pensei rapidamente em como perguntar sem parecer preocupada – Uma amiga minha dormiu aqui ontem à noite, mas quando voltei da rua hoje cedo ela já não estava mais. Por acaso, ela deixou algum recado para mim? - Não poderia contar ao porteiro do prédio que trouxera para casa um completa desconhecida e ainda por cima bêbada. Ele iria pensar o pior e não posso deixar que as pessoas tenham ideias erradas sobre mim.
– Sim, senhorita! E me desculpe por não ter lhe avisado antes, estava ocupado ajudando um dos inquilinos e me ausentei da portaria por alguns minutos. – O homem explicou-se nervosamente, achando que talvez eu pudesse brigar com ele, mas isso jamais aconteceria.
– Tudo bem, Jimmy! – Tranquilizei o mais velho – Mas o qual foi recado?
– Na verdade, não foi bem um recado. Ela pediu uma informação e parecia bastante apressada também. Ela apenas pediu por seu número de contato e foi embora. E não vendo problema nisso, dei-lhe a informação. Fiz mal senhorita Jauregui? – Perguntou preocupado.
– Não! Você fez bem. Muito obrigada, Jimmy.
– Quem bom, senhorita! Me sinto aliviado, em hipótese alguma coisa gostaria de lhe causar problemas. Bom, se precisar de mais alguma coisa a senhorita sabe onde me encontrar.
– Sim, tenha um bom dia, Jimmy.
– Igualmente, senhorita Jauregui.  – Encerrei a ligação sentindo-me mais aliviada. Agora haviam esperanças dela entrar em contato.

O fato dessa garota ser uma completa incógnita para mim, fez com que me cérebro trabalhasse a tarde inteira, pensando se ela estaria bem, se lembrava da noite passada, se me ligaria para saber de algo, ou se simplesmente deixaria para lá e seguiria com a vida. Confesso que essa última hipótese me deixara apreensiva. E claro o fato de não entender o porquê dessa garota ocupar tanto meus pensamentos e ter esse efeito sobre mim, me fazendo querer saber cada vez mais sobre ela. Instigando minha curiosidade. Uma pessoa da qual nem sabia o nome estava me deixando maluca. Mas por um lado foi bom, já que ela me impedia de e pensar em outra coisa que não fosse ela. Fez com que Klaus nem passasse pela minha cabeça aquele dia.

 

(...)

 

Depois de mais um dia exaustivo na universidade, cheguei em casa sem imprevistos durante o caminho. E com isso quero dizer: sem pessoas bêbadas para serem salvas. Já na banheira, brincava com as suaves bolhas de sabão que cobriam meu corpo, enquanto ligava para Lucy. Eu precisava me entreter um pouco, me distrair dos problemas e preocupações, que foram muitos nesses dois últimos dias. E não existe ninguém mais competente para essa tarefa do que Lucy Vives.
– Jauregui, a que devo a honra de sua ilustre ligação? – Como sempre Lucy não perdia a oportunidade de alguma forma zombar de mim. Era um comportamento habitual da garota, que me fizera rir por diversas vezes.
– Eu preciso conversar com alguém e você é a pessoa mais indicada para isso.
–Andou aprontando, Lauren? – Lucy perguntou com um tom de voz malicioso.
– Será que você só consegue pensar nisso? – Ouvi a risada de Lucy do outro lado da linha.
– Desculpa, Laur eu não consigo evitar.
–Tudo bem, só venha até minha casa. Às vezes, eu sinto sua falta... – A última parte saiu quase em um sussurro, não gostava de demonstrar meus sentimentos, mas as vezes não conseguia evitar.
–Ok, vou fingir que acredito nessa última parte e estarei aí em vinte minutos.
–Idiota!
–Te amo, Laur. Até logo.
–Até. – Encerrei a ligação, deixei o celular de lado e aproveitei mais alguns minutos que me restavam antes de Lucy chegar.

 

(...)

 

Não demorei muito para ouvir o barulho ininterrupto da campainha soar por todo apartamento. Acabara passando tempo demais na banheira que nem ao menos tive tempo para me vestir e Lucy já estava em minha porta.
–EU JÁ OUVI, LUCY! – Gritei saindo do meu quarto, ainda de cabelos molhados, enquanto enrolava-me no robe de banho.
–Porque demorou tanto? –Perguntou assim que abri a porta – Ah, já entendi– meneou a cabeça, e percebi que ela estava me analisando– Eu interrompi sua sessão de masturbação, não foi? Me desculpe, Lauren. – Lamentou-se com tom de deboche.
–Sabe, Lucy sua sutileza ás vezes me comove. – Ironizei ao mesmo tempo que fazia sinal com as mãos para que ela entrasse.
–Obrigada, Jauregui. – Sorrimos uma para outra. –Eu trouxe cervejas– Disse erguendo a sacola com cervejas em sua mão.
–Espero que seja Heineken.
–Não poderia ser outra, baby. Agora vá se trocar, porque eu estou curiosa sobre o que você quer conversar.
–Ok! Fique à vontade, eu já volto.

Dirigi-me ao meu quarto e optei por usar um moletom preto, que deixava um pouco da minha barriga à amostra e calça do mesmo material e cor, não tinha intenções de sair essa noite, então achei melhor utilizar algo mais simples e confortável. Voltei para sala e Lucy já estava com uma das cervejas na mão e um cigarro na outra, enquanto “Painting Greys” de Emmit Fenn soava pelo ambiente. Aquela batida tão envolvente, faria com que até os mais tímidos quisessem dançar da forma mais sensual possível. Só de pensar em alguém dançando para mim fez com que os pelos escassos de meus braços se arrepiarem.
–Por acaso está tentado criar um ambiente libidinoso pra gente, Vives? Se esse for seu jeito de me convidar pra transar, saiba que você não faz o meu tipo. – Disse sentando-me ao seu lado junto com a deliciosa Heineken em minhas mãos.
–Ouch! Essa doeu, Jauregui! Você é tão má... – Falou levando uma das mãos ao peito de forma dramática. Me servi de um de seus cigarros e gentilmente ela levou o isqueiro à minha boca para que fosse aceso. Com leveza dei a primeira tragada e logo pude sentir a sutil queda de pressão se manifestar em meu corpo, relaxando meus músculos, fazendo-me fechar os olhos enquanto expelia a fumaça de meus pulmões. –Então, Laur sobre o que você queria conversar? – Lucy Ajeitou-se no sofá mostrando uma postura mais séria.
–Bem, nem sei por onde começar... – Era tanta informação para uma noite, que tudo estava embaralho em minha mente.
–Que tal do começo? 

Iniciei minha história e Lucy ouvia atentamente. Contei-lhe detalhadamente tudo que acontecera comigo na noite anterior, desde o incidente na estação de metrô até o momento em que ela sumira de casa, sem deixar quaisquer vestígios. Para cada detalhe incomum, de minha narrativa, que descrevia uma expressão diferente se manifestava em seu rosto, o que me fazia rir internamente às vezes.
–...agora eu estou aqui, na esperança que ela ligue ao menos para agradecer. É o mínimo que ela pode fazer depois de me dar tanto trabalho, não?
– Tem certeza que é só pra isso que você quer que ela ligue? Você parece bem interessada nela.
–Não seja boba, Lucy. Ela apenas desperta a minha curiosidade, eu trouxe uma completa estranha pro meu apartamento, em um estado deplorável de embriaguez e que ainda por cima some sem dar notícias. Qualquer um no meu lugar iria querer saber mais sobre o que aconteceu. – Lucy, tinha razão eu estava interessada nela sim, mas não de forma romântica. Era apenas uma preocupação, seu semblante era tão triste enquanto dormia que me fizera pensar sobre o que ela teria passado aquele dia, e isso me causava incomodo. Mas não diria isso a minha amiga, ela começaria com suas suposições descabidas e estava sem paciência para isso.
–É talvez... – Considerou, porém ainda parecia manter sua ideia sobre o assunto. –Alguém viu você carregando uma garota bêbada nas costas? Você poderia se meter em um grande problema, porque tecnicamente isso foi um sequestro.
–Fora as pessoas na rua, ninguém pareceu se importar e tive sorte de chegar tarde no prédio. Não tinha ninguém perambulando pelos corredores, nem mesmo Jimmy estava na recepção.
–Então nem tudo são desventuras em sua vida, Jauregui.
–Sim... – Respondi um tanto insegura levando a garrafa de cerveja boca. O gosto amargo e a combinação perfeita de malte eram tão agradáveis ao meu paladar. Fiquei por alguns minutos entregue a devaneios embalados pela bom-gosto musical que Lucy tinha. Mas não demorou muito até ser interrompida pela própria que chamara minha atenção.
–Hey, Laur seu celular está tocando. – Disse tocando meus ombros. Olhei para a mesinha de centro e vi o visor do aparelho piscar conforme suas vibrações.
–Número desconhecido... –Murmurei.
–Atenda logo, pode ser ela. – Lucy parecia eufórica agora.
–Alô...? – Minha voz saiu hesitante.
–Quem é você? – Ouvi a doce e enrouquecida voz massagear meus ouvidos.
–Quem é você?
–Eu perguntei primeiro.
–Sério? Você ME ligou, deveria saber quem eu sou, não? Então, quem é você?
–Eu sou a garota que você sequestrou ontem à noite. – Respondeu tranquilamente, não parecia preocupada, porém me causando espanto por tal afirmação. Afinal, eu só estava tentado ajudá-la.
–É ela! – Disse pra Lucy tampando a entrada de voz do celular para que a garota do outro lado não pudesse me ouvir. Lucy fez sinal com as mãos para que eu continuasse a falar com ela.
–Eu sei tudo sobre você. – Ouvi sua voz novamente.
–Então porque você está perguntando quem sou?
–Não perguntei quem você é, mas quem você pensa que é. – Sua voz saiu em um tom mais desafiador.
–Quer saber de uma coisa? Eu não tenho tempo pra isso, então diga de uma vez o que você quer.
–Me encontre no “Dragon Cave Bar”. Agora. – Foi praticamente uma ordem, senti até um arrepio percorrer o meu corpo e a firmeza em sua voz chegava até a ser excitante. Mas eu sou Lauren Jauregui, não cederia a caprichos ou ordens de garota atrevida como essa.
–Não!
–Por que não?
– Porque no momento estou ocupada. – Pude ouvir seu suspiro cansado do outro lado da linha.
–Chegue lá ás 21h.
–Esper... – Nem obtive tempo de resposta e a mal-educada desligou em minha cara.

 

–LO-U-CA­– Falei pausadamente e mais alto do que deveria. – É isso que essa garota é! Se ela acha que vou sair da minha casa agora pra atender suas ordens, ela está completamente louca, Lucy. E “quem você pensa que é? ” Quem ELA pensa que é pra falar desse jeito comigo, eu deveria ter deixado ela mofar no banco daquela estação. É isso que se ganha hoje em dia por ter boas intenções. – Meu cérebro estava fritando de tanta raiva e as palavras eram vomitadas freneticamente. Já me sentia quase folego. –Argh, que raiva!
–Wow, calma, Lauren! Eu nunca vi você tão fora de si antes. Acalma-se, por favor. –Lucy disse enquanto me segurava pelos ombros e olhava em meus olhos, tentando de alguma forma me passar tranquilidade. – O que ela te disse?
– Que eu a sequestrei e disse pra encontra-la no "dragon cave bar" agora, mas vai ficar a noite inteira esperando.
– Você deveria ir, Lauren. Afinal, ela acha que você a sequestrou e se não aparecer para se explicar, ela pode te denunciar. – Lucy tinha razão, se já não bastasse os problemas da minha vida ainda tenho que lidar com uma garota mal-agradecida. Eu mereço.
– Você tem razão – Suspirei derrotada. – Que horas são?
– São exatamente 20:45h.
– Ótimo, tenho 15 minutos pra chegar lá. Eu não mereço isso, Lucy – choraminguei enquanto recebia um abraço consolador de minha amiga.
– Vai dar tudo certo, Lauren. Só vá e se livre logo desse problema.
– Ok, você vai dormir aqui? – Perguntei enquanto calçava meus coturnos, de cano curto, na cor caramelo.
– Se não for muito incomodo... – Sua fala saiu em tom um despretensioso e rimos.
– Até parece! Não vou demorar, até depois. – Disse antes de beijar seu rosto e me dirigir até a saída – E não se atreva a trazer algum de seus namoradinhos pra cá, Vives – ordenei já do lado de fora segurando a porta entreaberta. Não esperei por uma resposta e logo fechei a porta.
– CHATA! – Ouvi seu grito abafado atravessar as paredes e chegar aos meus ouvidos. Apenas caminhei rindo em direção ao elevador.

 

(...)

 

Cheguei ao "Dragon Cave Bar" e pelo visto era dia de casa cheia. Havia uma banda, ao vivo, tocando nos fundos e quase todas as mesas estavam ocupadas. Observei algumas delas tentando encontrar a "doce" garota que me fizera vir até aqui. O ambiente era agradável e bem peculiar, já que era todo revestido por rochas. Dando a sensação de realmente estar em uma caverna, os enfeites e brasões de dragões davam um ar medieval e mítico ao local. Meus olhos que ainda passeavam pelas mesas do bar logo pousaram sobre onde ela estava. Caminhei até moça desviando de algumas pessoas em meu caminho e sentei-me em uma das cadeiras, feitas de madeira rústica, de frente para ela.
– Lauren Jauregui. – Ela riu sem ruído, apenas com um ligeiro movimento dos lábios e da face. Meu nome em sua boca soava tão maravilhosamente bem que seria capaz de pedir para gravar sua voz, só para ouvir outras vezes. Sua língua parecia massagear cada silaba do meu nome.
– Lauren. Apenas Lauren. – Formalidades não se tornavam mais necessárias desde que a carreguei em minhas costas e limpei seu vomito com meu casaco. A raiva que me acompanhou durante todo o caminho até aqui, pareceu se esvair no instante que cravei meus olhos sobre ela. A mulher estava completamente diferente da noite anterior, parecia reluzente de uma forma quase angelical. Seus olhos amendoados possuíam um brilho tão convidativo para uma troca de olhares, era quase inevitável não os contempla-los.
– O que quer beber? – Perguntou sinalizando para a atendente que passava e que logo se aproximou da nossa mesa.

Me direcionei a garçonete e meu queixo praticamente caiu assim que pude vê-la de perto. A jovem vestia uma fantasia camponês, estilo medieval, porém totalmente customizada. Estava longe de ser apenas uma pobre e inocente camponesa. Usava saia rodada acima dos joelhos, a cinta liga roubava a atenção de qualquer um para suas coxas torneadas. E, sem dúvida o corselet, veio como um toque final de gênio. Seus seios medianos estavam espremidos, criando um belíssimo decote, não tão exposto por conta dos cabelos ruivos que caiam sobre eles. O verdadeiro cúmulo da sensualidade. Observava toda aquela cena mordendo meus lábios, perdida em pensamentos impróprios. Lucy, tinha razão. Eu preciso transar. Felizmente ouvi a jovem que estava sentada comigo pigarrear impaciente arrancando-me de meus devaneios.
–Cerveja, por favor. – Respondi.
– Ok, cancele a cerveja e traga uma garrafa do seu melhor whisky. – A garçonete parecia perdida, sem saber se atendia ao meu pedido ou o da garota a minha frente. – O que está esperando? Quer uma tapinha na bunda para poder ir pegar bebida? – Sem mais demora a jovem se retirou envergonhada.
–Eu queria a cerveja! E porque falou dessa forma come ela? – Perguntei indignada.
–Eu não gosto de cerveja. – Respondeu, ignorando completamente minha pergunta. Deixando-me levemente irritada novamente.
–Antes que eu perca a paciência e vá embora, ao menos me diga logo seu nome.
–Camila Cabello.– Respondeu passando a mão por seus longos cabelos, jogando-os para a loado. Deixando em evidencia seu belo perfil, parecia até uma pintura de tão delicado e simétrico. 
–Camila Cabello...– Murmurei. Um belo nome. Era agradável aos meus ouvidos e a pronuncia se tornara tão suave em minha boca. Era prazeroso proferir seu nome. Uma pena pessoa a quem pertencia não ser tão agradável quanto. –Pois saiba que você parecia mais simpática bêbada, Camila. – Deixou escapar uma risada nasal enquanto abria a garrafa de “Black Label” que a garçonete acabara de trazer.
–Então, o que aconteceu, Lauren? – Arrastou um copo com gelo em minha direção e despejou o liquido marrom dentro dele.
–Bem, você estava totalmente bêbada e quase caiu nos trilhos. Eu a puxei no último segundo – Ligeiramente um sorrisinho convencido se formou em meus lábios. –Você vomitou em dos passageiros, me chamou de amor e logo em seguida desmaiou. Assumi a responsabilidade e a levei a minha casa e agora estamos aqui. – Disse tudo em um só fôlego.
–Eu a chamei de “amor”? –Perguntou com estranheza e apenas concordei com a cabeça. –Acho que me lembro disso. – Levou o copo a boca ingerindo o liquido de uma só vez, enquanto eu mal havia tocado no meu. De repente Camila se inclinou sobre a mesa mantendo uma pequena distância entre nossos rostos. –Mas duvido de todo o resto. – Senti seu hálito quente e cheirando a whisky colidir com meu rosto antes que ela voltasse para sua posição.
–Mas é a verdade, acredite ou não. A escolha é sua. –Devolvi sentindo-me ofendida. Poderia ser tudo menos uma mentirosa. –Agora que já me expliquei, acho que vou embora, Camila. Espero que viva relativamente feliz e sem problemas pelo resto de sua vida. Adeus. – Antes que pudesse me levantar por completo senti a mão de Camila sobre a minha impedindo-me de ir embora.
–Desculpe... eu prometo tentar ser mais simpática, só não vá embora. – Sua voz saiu quase em um murmúrio, como se não quisesse que ninguém a escutasse além de mim, mas havia sinceridade em seus olhos então resolvi ficar. –Obrigada. – Agradeceu assim que voltei a me sentar.
–Tudo bem. – Sorri sem mostrar os dentes e ela retribuiu.
–Me fale mais sobre você, Lauren.
–O que você quer saber?
–Eu não sei, me diga qualquer coisa. – Deu um gole em sua bebida e só aí me dei conta que ela já estava em seu terceiro copo de whisky.
–É difícil falar sobre si próprio...– Respondi agora acompanhando-a e dando meus primeiros goles e senti o liquido descer queimando minha garganta.
–Ok, vou te ajudar. – Fez uma breve pausa, provavelmente pesando o que perguntar. –O que você estuda?
–Administração. –Ela pareceu um pouco confusa com a minha resposta.
–Você é esperta? –Agora eu estava confusa com sua pergunta.
–Talvez um pouco, não sei. – “É claro que sou! ” Pensei, mas preferi não falar para não parecer estar me gabando, porque além de esperta eu sou humilde.
– A maioria das pessoas espertas são espertas o bastante... –Sua voz já sai mais enrolada por conta do álcool, talvez ela já estivesse bebendo antes mesmo de eu chegar – para não ter que estudar administração. – Completou achando graça e deu mais um longo gole em sua bebida. – Obrigada por não me deixar no banco do metrô, Lolo. – Sorriu – Por que eles fazem copos tão pequenos? –Observou o copo em sua mão e simplesmente desistiu dele para beber diretamente da garrafa.
– De nada. E é Lauren, por favor. – Tudo menos Lolo. Aproximei-me um pouco mais dela para que pudesse me ouvir melhor, já que música alta não contribuía. –Será que posso perguntar por que estava...totalmente bêbada em plena terça-feira?
–Estou passando por uma fase irresponsável. – Sua fala saia baixa e desengonçada, a vontade que tinha era de arrancar aquela garrafa de suas mãos, mas acho que não tinha o direito de fazer isso, afinal eu mal a conhecia e ela já era bem grandinha para saber o que faz.
– E isso significa?
–Você não sabe o que é ser irresponsável? – Perguntou claramente não entendo a minha pergunta. – Não é tão esperta assim, não é? – Disse mais uma vez bem próxima a mim e fui capaz de sentir as vibrações de sua gargalhada acariciarem minha face.
– Eu sei o que a palavra significa, mas estou perguntando o que quer dizer com isso.
–E por que você se importa, Lolo? – Suspirei cansada ao ouvir novamente o apelido desagradável.
Lauren, e eu quero saber.
–Lolo, Lolo, Lolo, Lolo... –Cantarolou o nome várias vezes enquanto balançava a garrafa a minha frente, como se fosse uma maestrina com sua batuta regendo uma grande orquestra.
– Eu desisto! Você é impossível. – Respondi Erguendo as mãos em rendição.
–E você até que é bonitinha, Lauren. – Ela sorriu maliciosamente mordendo os lábios. E Deus que visão era aquela? Aquele simples gesto foi como o despertar de um vulcão adormecido por muitos anos dentro de mim, senti meu corpo entrar em ebulição e eu não o impediria de explodir “Ela estava flertando comigo? ”. Mas confesso que essa sua mudança de comportamento me assustava um pouco. As vezes simpáticas, outras brincalhona, irritante e agora absurdamente atraente.
–Obrigada, eu acho... – Respondi nervosamente, seu elogio me pegou completamente desprevinida. “Qual é, Lauren? Você não é mais uma adolescente medrosa e tímida. Mostre atitude, garota! ” Meu subconsciente encorajava-me. Comecei a olhar para os lados pensado no que dizer, mas nada me vinha a mente. Deus, era como se eu nunca estivesse tido com uma garota. Voltei a encarar Camila me surpreendo com a imagem diante de mim: Ela estava chorando!
–Camila, o que houve? – Perguntei ao mesmo tempo que dava a volta na mesa para me sentar ao lado dela.
–Meu noivo terminou comigo – Revelou entre soluços. Eu deveria me sentir triste por saber disso, mas bem no fundo me senti aliviada em saber que ela estava solteira agora. Bem egoísta, não é? Retirei um lenço do bolso do moletom e lhe ofereci.
–Por que você tem um lenço? É asmática?
–Não, de onde eu venho, as pessoas usam lenços. – Tentei me explicar, mas nem mesmo eu sabia por qual razão carregava um lenço por aí.
–E de onde você é? De 1850? – Foi impossível segurar o riso, e logo seu choro foi substituído por uma gostosa gargalhada. Foi estranho, mas por um momento senti como se estivéssemos conectadas, seu sorriso era tão envolvente, que me fizera ter vontade de fazê-la rir assim mais vezes.

Assim que se sentiu mais calma, pegou o pequeno lenço e assou o nariz. Pude ouvir o barulho do muco sendo expelido e melando o pequeno pano. Logo que terminou ergueu o lenço em minha direção com a intenção de me devolvê-lo.
–Não, você pode ficar, já que deixou sua marca nele.
–Não, eu quero que fique com ele. – Ela esfregou o lenço no meu rosto me fazendo entrar em contato direto com a meleca de seu nariz.
–Ok, ok eu fico – Retirei o pedaço de pano das mãos dela e o guardei em meu bolso.
–Você quer um pouco? – Foi a vez dela me oferecer a garrafa de whisky, levou o gargalo bem próximo a minha boca para que eu bebesse.
– Claro, obrigada! – Rapidamente retirei a garrafa de suas mãos e a escondi atrás de mim. –Por que ele terminou com você? – Ela levantou o olhar tentando me encarar com mais concentração.
–Bem... –Apontou o dedo indicador para meu rosto enquanto dava longas piscadas, parecia tentar se segurar para não dormir. – Eu gosto de bananas... – Foi tudo que saiu de sua boca antes de cair desmaiada em meu colo.
–Tudo bem, vai ficar tudo bem¸ Lauren. – Falei a mim mesma na esperança de manter aquela situação, que já não me era tão incomum para mim, sobre controle. Puxei o celular do bolso da minha calça e liguei para única pessoa que poderia me ajudar.
–Nós temos um problema...


Notas Finais


Até o próximo capitulo :)


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