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História My Sassy Girl - Requiescat In Pace


Escrita por: SrtAnonymous

Notas do Autor


Oie :)

Demorei, mas voltei!!! Espero que gostem desse capitulo, pq foi o mais trabalhoso da minha vida. Boa leitura <3

p.s: foto de capa é o Klaus

Capítulo 8 - Requiescat In Pace


Fanfic / Fanfiction My Sassy Girl - Requiescat In Pace

Narradora's Point Of View

 

Depois de satisfatórias horas de sono, Lauren despertou. Os olhos franziram-se ao sentir a leve ardência causada pelos raios solares. Seu coração disparou e sorriu largamente ao sentir o convidativo perfume de Camila impregnando em seu corpo. O cheiro de flores misturado ao aroma natural do sexo que acorrera durante toda madrugada, a essência tornou-se a favorita de Lauren. Queria ela acordar assim todos os dias.

A morena que dormiu de costas enquanto Camila a abrigava em seus braços, mas ao começar a despertar sentiu a ausência de seu toque e virou-se em busca de seu corpo, na esperança de ainda a encontrar adormecida ao seu lado. Porém, a cama estava vazia.

Ao seu lado não havia mais o corpo quente e suado que a acalentou durante toda a noite. Havia somente alguns lençóis embolados, consequência do bailar de pernas entrelaçadas em busca de contato, os panos também se banhavam do cheiro da mais nova. E para o deleite de Lauren, o seu perfume estava por toda casa. 

Ela respiraria Camila por um bom tempo.

Levantou segurando o lençol acima dos seios, cobrindo sua nudez. Verificou o banheiro e nem sinal da jovem cubana, foi em direção a sala e para definitivamente se sentir desapontada, ela também não estava lá.

–É claro que você fugiria... – Suspirou derrotada jogando-se no sofá onde tudo havia começado.

Sentia-se uma idiota por pensar que Camila ficaria para uma conversa adulta. É mais fácil para ela apenas fugir do que encarar aqueles olhos verdes e dizer que tudo que estava fazendo era se divertir com Lauren. Era assim que a mais velha se sentia em relação a ela, apenas como uma diversão para seus dias de tédio. Levou as mãos ao rosto, tampando-o sentindo vergonha de si mesma, lembrando que quase confirmou estar apaixonada pela cubana. Sentiu um alivio por não ter o feito.

–Você é tão idiota, Lauren. – A morena não conseguia entender por qual motivo as coisas com Camila tinham de ser tão complicadas. O que ela tem para esconder? Por que ela evita uma conversa sincera? Lauren queria participar mais de sua vida, entender o que se passa na sua cabeça da mulher que deixa os sentimentos de Lauren em total desordem, entender suas dores... Mas era impossível ajudar alguém que não se deixa ajudar.

Enquanto teorias sobre o curioso ser que é Camila Cabello, bombardeavam sua mente, um tilintar de chaves abrindo a porta chama sua atenção, os olhos cerrados analisavam com estranheza a entrada do apartamento. E em poucos segundos, a presença esguia de Lucy se revela, aguçando ainda mais sua curiosidade em saber como a jovem tinha a chave de seu apartamento.

–Você tem uma cópia da minha chave? – Perguntou surpresa ao saber desse fato, até hoje, desconhecido por ela.

–Talvez... – Lucy respondeu apreensiva se dando conta de que Lauren ainda não tinha conhecimento sobre sua invasão domiciliar. A jovem já estava tão acostumada a entrar ali sem cerimônia, para ela era tão natural quanto o nascer do sol, e acabou esquecendo que Lauren, algum dia, notaria. – Pois é... Faz um tempinho, Laur. Sabe como é, né? Tem dias que prefiro nem voltar pra casa e já que você é a melhor amiga do mundo... – Se aproximou com um sorriso bobo nos lábios, o mesmo que sempre usa como artificio para bajular Lauren. – Sei que não se incomodaria com isso.

–Espera. Faz quanto tempo exatamente? – Perguntou fuzilando-a com os olhos, lembrando-se de fatos estranhos que ocorriam e até hoje não sabia como aconteciam. Lucy apenas a encarava envergonha, mas sem deixar com que o sorrisinho nervoso se desfizesse, tentando não transparecer seu medo em relação ao que Lauren poderia fazer com ela. –Você já dormiu aqui comigo sem ao menos eu saber? – O tom de voz sério deixou Lucy ainda mais acuada. Era como um filhote de chital na mira de um tigre faminto. –Quer saber? Nem precisa responder, é claro que dormiu! O que mais explicaria o cheiro de baba nas almofadas do sofá, ou a comida que misteriosamente some da geladeira, a televisão que amanhece ligada. Agora tudo faz sentindo...

Os nós em sua mente finalmente haviam sido desfeitos, foi como receber uma resposta divina, uma luz que esclarecera todas as dúvidas sobre as estranhas "atividades paranormais", que era como Lauren havia nomeado aqueles eventos que a vinha a aterrorizando por um bom tempo.

–Sua idiota! – Furiosa, agarrou a primeira almofada ao seu alcance lançando-a em direção a Lucy.

–Ai, Lauren! Fica calma... – A jovem de origem colombiana tentava se desviar dos tiros de almofada que Lauren disparava incessantemente, usando o balcão da cozinha como escudo.

–Ficar calma? Sabe o medo que ficava quando essas coisas aconteciam sem explicação alguma? Deve saber, ne? Já que essa coisa era você. – Lauren lançou a última almofada que restara sobre o sofá, dando fim à sua vontade de esganar Lucy. –Cheguei até pensar que era sonâmbula.

–Desculpe, Laur... – Lucy deixou apenas sua cabeça se revelar por de trás do balcão com a expressão mais arrependida que conseguia fingir. – Olha, trouxe suas preferidas. –A menor ergueu junto com seu corpo uma sacola de plástico estampa com a logo da melhor loja de donuts de Nova York, que até então Lauren não havia notado. "Desgraçada. " Lauren praguejou em pensamento sabendo que se venderia por essas rosquinhas. Se tinha uma coisa que Lucy sabia era que para agradar a Lauren você precisaria primeiro agradar seu estômago.

–Espero que estejam cobertas com muito chocolate. – Exigiu enquanto sua expressão de raiva se esvaia dando lugar há uma suave tranquilidade. Saber que logo sentiria o sabor daquelas rosquinhas feitas por anjos da gula, sentia uma paz celestial lhe invadir.

E o sorriso de Lucy se animou ao perceber que estava perdoada. A invasora de lares se aproximou de Lauren, que afastou um pouco dando lugar para a menor se sentar ao seu lado. Apressou-se em pegar a caixinha que para ela guardava o maior tesouro do mundo, abriu e seus olhos mergulharam naquele mar de calorias, mas ela não dava a mínima para isso.

Suas mãos agarraram a rosquinha e seus dedos lambuzaram-se com o chocolate que havia em abundância. Chupou um por um dos dedos sujos, gemendo em satisfação quando o sabor se espalhou por suas papilas gustativas. Lucy não perdeu tempo e acompanhou sua amiga naquele ato prazeroso.

–Então... – A jovem colombiana olhava para Lauren como quem percebe algo que não deveria ser notório, porém, Lauren por mais que tentasse esconder suas emoções refletiam sobre sua carne, seus sentimentos eram tão cristalinos quanto seus olhos esmeralda. –Está tudo bem? – Perguntou mesmo sabendo a resposta. Lauren interrompeu o caminho que o pequeno bolo estava fazendo até sua boca, olhando como quem acabou de ter sido pega em flagrante. Suas emoções sendo colocadas a mesa mais uma vez, ela odiava não conseguir mascarar os seus sentimentos.

–Por que não estaria? – Deu de ombros enquanto um sorriso nervoso tentava disfarçar seu incomodo com a pergunta.

–Você parece chateada.

–Não é nada, eu estou bem. Muito bem! – Lauren exibiu com o donut que segurava com satisfação. Aquela pequena massa abarrotada de calorias era tudo que precisava se preocupar no memento.

–Já vi que vou ter que ser mais direta. – Lucy suspirou derrotada, não gostava de ser tão invasiva, mas Lauren nunca lhe dava outra escolha.

–Do que está fal-?

–Com quem você esteve ontem? – Lucy encarava Lauren minuciosamente, pronta para desmascara-la se a garota dos olhos de verdes se atrevesse a mentir.

–O que? Ninguém! – Lauren quase se deixou engasgar com um pedaço de donut que mastigava nervosamente.

–Por favor, Lauren. Nem tente me enganar. Por que não diz? E por que você está com essa cara de quem comeu e não gostou?

Foi o suficiente para Lauren engasgar de vez e receber algumas tapinhas na costa de Lucy, que assim que entendeu o estado de desespero da amiga se prontificou a ajuda-la imediatamente.

–Calma, Laur. Respira. – Lucy tentava acalmar amiga fazendo uma massagem circular nas costas da morena. –O que deu em você? Eu só fiz uma pergunta.

Lauren respirava fundo tentado corrigir a respiração. Ela não queria falar sobre Camila, se falasse sobre a jovem latina teria de contar sobre quão frustrada ela estava se sentindo e os caminhos que a relação das duas haviam tomado.

Lauren era uma mulher fácil de se ler, apesar de querer se mostrar indiferente em relação a sentimentos. A garota era praticamente um outdoor de emoções, mas ela não se sentia na obrigação de dar satisfação sobre nada. Até Lucy chegar em sua vida, com seu jeito invasivo e até mesmo intrometido, mas no fundo Lauren sabia que a amiga só estava preocupada.

–Nada, eu acabei mastigando um pedaço muito grande. – Lauren limpou a garganta e logo em seguida estampou um sorriso no rosto mostrando que estava tudo bem, tranquilizando Lucy que não desviava o olhar de desconfiança. –Agora respondendo a sua pergunta: eu não estive com ninguém ontem.

De repente Lucy começou a fungar o ar a volta de Lauren, como um cachorro farejador atrás de drogas em alguma missão especial. E pelo visto Lauren era a droga, já que se aproximou consideravelmente da morena e a encarou com um olhar extremamente acusativo.

–O que está fazendo? – Perguntou tentando se desviar da sua invasão.

–AHA! Você estava transando! Esse seu cheiro de sexo selvagem não engana ninguém. – Praticamente gritou, confirmando suas suspeitas. –Finalmente, meu bebê saiu da seca. Obrigada, Senhor por atender minhas preces! – Juntou as mãos erguendo a cabeça para o teto. Antes de levar as mãos até as bochechas de Lauren e aperta-las ferozmente, como uma mãe orgulhosa.

–Ta bom, ta bom! Para com isso. – Lauren livrou suas bochechas dos apertões de Lucy antes que fossem arrancadas pela Colombiana. –Primeiro essa coisa de cheirar foi estranha e nojenta, e segundo: foi só sexo, Lucy! Não é para tanto.

–No seu caso é para tanto sim, depois de seis meses, achei que teria de esperar por algum milagre. – Zombou fazendo os olhos verdes revirarem-se. –E quem foi a grande felizarda?

E a conversa chegou exatamente onde Lauren não queria. Eu

Ela não tinha certeza se deveria falar que Camila e ela haviam transado e ainda mais por ter sido algo de apenas uma noite como ela acreditava. Poderia ser um choque para Lucy já que a jovem só tinha conhecimento de que Camila e Lauren não passavam de apenas duas desconhecidas. Como iria explicar que a jovem bêbada que ajudara na estação de metrô, agora era mais do que um simples ato de bondade, era o amor que Lauren nunca imaginou sentir. E conhecendo bem Lucy, a garota faria um escândalo espalhando a notícia aos quatro ventos, sem falar na implicância que ficaria com Camila se perceber que Lauren estava mais do que chateada, estava profundamente magoado. Lucy era o tipo de amiga que se apossava das dores, tornando-as mais suas do que de seu verdadeiro proprietário.

Considerou melhor e manteve a ideia de que não estava interessada em Camila.

–Ninguém importante... – Respondeu insegura, desviando-se do olhar analisador de Lucy. Lauren odiava quando ela fazia isso, nada passava despercebido por aquela garota.

–Esse ninguém importante por um acaso tem nome e sobrenome? Quem sabe uma latina gostosa, com curvas delicadas e uma bunda de matar? – Lucy a encarou sugestiva dando ênfase naquele maldito sorriso de convicção.

–O-o que? Camila? Não, nada a ver! – A morena respondeu apressada tentando aniquilar qualquer vestígio de Camila dos pensamentos da Colombiana. –Pra falar a verdade eu nem tenho falado com ela. – No quesito interpretação Lauren era um desastre. Tentou parece desinteressada, mas bastava ouvir o nome Camila para cada molécula do seu corpo entrar em alvoroço. Lucy apenas riu de seu desespero em querer provar que o assunto Camila era desinteressante.

–Você tenta, Jauregui. Mas até um cego é capaz de enxergar que você está apaixonada por Camila.

–O QUE? NÃO! – A afirmação lhe causara tanto furor que a mão que segurava a rosquinha fraquejou junto com a que prendia o lençol em volta de seu corpo. Por pouco não ficara nua e sem seu bolinho favorito. Atrapalhada, Lauren levantou-se indo em direção a cozinha, não deixaria Lucy ver em seus olhos a falsa negação que acabara de fazer.

–Se não dormiu nenhuma Camila aqui, como você me explica isso? – Lucy exibiu o pequeno bilhete entre os dedos. Lauren focalizou aquele pedaço de papel analisando-o confusa, não fazia ideia do que se tratava. Mas Lucy não demorou em esclarecer a mente da morena e começou a decifrar a letra delicada e corrida que preenchia o papel.

–"Você estava em um sono muito tranquilo, não quis te acordar..." – A colombiana acariciava cada umas das palavras ali escritas, sua voz mansa criava uma melodia melosa como se quisesse interpretar Camila. A morena não deu a mínima para o tom de deboche da amiga, a única coisa que importava agora era saber que Camila não havia ido embora sem mais nem menos como havia pensado. Sorriu internamente.

–Onde pegou isso? – Atreveu-se a roubar o bilhete de sua mão, mas Lucy parecia ter adotado uma habilidade ninja que Lauren considerou ser sobre-humano, a jovem desviou-se rapidamente de cada tentativa.

–Calminha ai, mocinha, eu ainda não terminei de ler.

–Que droga, Lucy me devolve! – Lauren avançou mais uma vez em desespero para cima da melhor amiga, ansiando por devorar todas as palavras ali escritas.

E por descuido, deixou que suas mãos escapassem do lençol que a cobria, levando-a a completa nudez. Só teve tempo para sentir o pano deslizar sobre seu corpo e parar em seu pé. Rapidamente levou umas das mãos para proteger seu sexo enquanto seu antebraço escondia seus seios rosados.

–Uau, Jauregui... Está com tudo em cima, garota. – Lucy sorriu maliciosa. Foram frações de segundos, mas o suficiente para ficar registrado na memória dela para sempre.

–Vira agora, Lucy! Por que você tem quer tão intrometida? – Bufou irritada vendo sua amiga lhe dar as costas.

–Não teria acontecido se você tivesse me deixado ler. – Soltou, deixando a garota dos olhos verdes indignada. –Vai me deixar continuar, ou vai querer pagar peitinho de novo? Porque eu não me importo.

–Apenas leia de uma vez. – Ordenou entre dentes, tentando ao máximo não perder a cabeça.

–Okay... –Fez uma pausa dramática, limpando a garganta para dar continuidade ao tom meloso de antes. –"Você estava em um sono muito tranquilo, não quis acordar você. Espero que tenha dormido tão bem quanto eu" carinha sorrindo– Lucy descreveu desnecessariamente o emoji, fazendo a morena revirar olhos. -"Me encontre no 'The View' às 19:00, não se atrase, Lolo. " Assinado Camila. – Lucy passou alguns segundos olhando para o bilhete em sua mão analisando o seu conteúdo, como se algo estivesse errado. Os olhos cerrados e investigativos da colombiana incomodaram Lauren, que no momento sentia-se completamente exposta depois das palavras tão doces e intimas direcionadas a ela.

–O que foi? – Lauren perguntou arrancando o papel da mão de Lucy, querendo saber o que tanto a garota analisava nele.

Lucy franziu o cenho antes de questionar.

–Lolo? Sério? Não tinha um apelidinho melhor, não? – Lauren sorriu ao saber o que tanto intrigava amiga. O apelido que a pouco tempo atrás também não era de seu agrado, mas agora analisando-o de outra perspectiva, soava perfeitamente bem para ela. Era algo único e espontâneo vindo de Camila, e isso significava muito para Lauren. Era como se Camz e Lolo vivessem em uma dimensão paralela à delas, onde tudo era mais fácil, a relação das duas eras descomplicada e sem obstáculos, desenvolvia-se tão naturalmente quanto a mudança de estações. Porém, quando abandonavam suas outras identidades e voltavam para o mundo ao qual realmente pertenciam, uma rachadura enorme se formava entra as duas, dificultando qualquer aproximação mais profunda. Existia um limite que Camila não ousava ultrapassar.

–Até que é fofo... –Lauren deu de ombros enquanto sentava-se no sofá novamente.

–Fofo não é bem a definição, mas tudo bem ela é sua namorada, não minha. –Lucy se jogou ao seu lado.

–Camila não é minha namorada!

–Você está caidinha por ela, não é mesmo? Ela intriga você. – Lucy a observava acusativa, e não importaria o que a morena dissesse, era mais do que obvio o abismo que Lauren tinha por Camila.

–Não mesmo! Quem se intrigaria com uma garota misteriosa, intensa, possivelmente bipolar, violenta, bêbada, arrogante, rude e.... insanamente sexy. –Lauren suspirou derrotada deixando que suas mãos cobrissem seu rosto. A morena tinha a resposta em sua mente, o obvio não precisava ser dito em voz alta.

–Eu não faço a mínima ideia, Jauregui. – Respondeu deixando o sarcasmo entonar suas palavras. –Futura namorada talvez? – Lucy a olhou sugestiva e Lauren negou com cabeça. A morena ainda não sabia bem como responder a essa pergunta, não havia uma definição para ela e Camila. A única palavra que vinha a cabeça era:

–É complicado, Lucy... É certo que Camila carrega uma bagagem emocional muito grande, e por mais que eu tente ajudar ou até mesmo quando faço perguntas simples sobre sua vida, ela recua. Me afastando cada vez mais... sem falar que ontem deixou praticamente claro que não passaria de sexo. – Lauren correu a mão pelos cabelos permitindo seu olhar encontrar o de Lucy. Olhou para amiga como que implora por um conselho. Precisava de uma luz, nem que para isso precisasse recorrer a Lucy, que de relacionamento não entendia nada.

–O que ela disse? – Questionou Lucy?

–Na realidade, eu disse, ou ao menos tentei dizer... –Lauren sorriu fraco lembrando-se do momento que ainda era fresco em sua cabeça, Era como assistir um filme. –Eu iria dizer sobre meus reais sentimentos, mas Camila não permitiu. Disse que eu não deveria fazer isso, não agora. E com ela nua em cima de mim fiou mais difícil ir contra ela.

–Entendo.... Dei um tempo a ela, Laur. Talvez a vida dela seja mais complicada do que possa parecer ou talvez ela também tenha tanto receio em se envolver tanto quanto você. Deixei as coisas fluírem naturalmente. Se for para dar certo, vai dar. – Lauren a olhou surpresa, era esquisito ouvir coisas inteligentes saírem da boca de Lucy, mas agradeceu por esses momentos raros e convenientes.

–Obrigada, Lucy. – A jovem de cabelos castanhos lhe lançou um olhar compreensivo acompanhada de um sorrisinho satisfeito.

–Você só precisa ser mais otimista. –Lucy colocou o braço em volta dos seus ombros atraindo a atenção de Lauren para seu ato. A menina aproximou o seu rosto curvando um pouco o corpo, como alguém prestes a revelar um segredo. –Então... Como ela é?

–Como ela é o que? – Lauren perguntou confusa.

–Transando, duh! – Lauren fechou os olhos e respirou fundo mais vezes. Era inacreditável o quanto sua amiga conseguia ser tão indiscreta. Lauren se soltou dos braços da amiga levantando-se do sofá, caminhou em direção ao seu quarto, mas parou no meio do caminho virou-se e com um sorriso

–É impossível descrever o indescritível, Lucy. Mas, ela faz com que eu me sinta viva de uma forma de diferente. Quando estamos juntas é como se uma parte de nós se fundisse e criasse um outro alguém. Uma terceira pessoa, alguém só existe quando estamos juntas, é esse alguém que sinto viver dentro de mim. É um sentimento tão forte que as vezes sinto que não cabe dentro do peito... – Lauren levantou o olhar que sem perceber baixou enquanto procurava as palavras certas para descrever o que realmente senti. E ainda sim achou que não era o suficiente, que poderia viver por milhões de anos e jamais conseguiria esboçar um traço se quer do que Camila causava nela. –Eu estou completamente, perdidamente apaixonada por ela, Lucy.

–Nunca me disseram algo tão bonito e nem é para mim! Eu estou me sentindo estranhamente apaixonada por você agora, Lauren... – Lauren focou nos olhos da amiga que no momentos encontravam-se marejados, a intensidade dos seus sentimentos fora capaz de mexer até mesmo com emoções alheias.

–Lucy, você está chorando? – Lauren estava boquiaberta, eram raros os momentos em que a via chorar por algo, e quando isso acontecia estava longe de ser por amor. Estava surpresa, mas não perdeu tempo e começar a rir da amiga. Finalmente teria algo para zombar de Lucy.

–Não! – Respondeu tentando secar desesperadamente as discretas lágrimas que escorriam por sua face. –Eu só lembrei do meu cachorro que morreu, não tem nada a ver com o que você disse! – Lucy ajeitou a postura como se nada tivesse acontecido. Passando a falsa impressão de que estava bem.

–Lucy, você nunca teve um cachorro! – Lauren praticamente gritou causando um falso espanto em na melhor amiga.

–Exato, Lauren! Eu nunca tive um cachorro é por isso que estou chorando. – E Lucy voltou a chorar desesperadamente. Lauren a olhava sem acreditar no quanto a menina conseguia ser cara de pau, jamais assumiria que naquele coração insensível havia resquícios de romantismo.

–Você é ridícula e eu preciso me arrumar. – Lauren deu as costas a amiga e deu continuidade ao caminho que fazia até seu quarto.

–Espere! Onde você vai? Não pode simplesmente me deixar triste aqui. – Lucy gritou antes que Lauren adentrasse o quarto. A morena parou com mão na maceta e suspirou cansada virando mais uma vez.

–Eu vou ao cemitério... – Lauren respondeu um pouco desanimada.

–Oh... – Lucy rapidamente mudou sua postura, percebendo que a amiga havia assuntos mais delicados para lidar no momento, e seus dramas poderiam ser deixado de lado por um instante. –Quer companhia?

–Não, eu preciso fazer isso sozinha. Mas obrigada, eu te amo. – Permitiu que um sorriso fraco estampasse seu rosto e jogou no ar um beijo para amiga, antes de sumir por de trás daquela porta.

(...)

Lauren chegou ao cemitério e fora impossível para ela não entrar em um estado mórbido assim que seus pés tocaram o chão coberto por uma grama verde e bem aparada, aquele verde intenso fazia com que os olhos falsamente enxergassem um toque de vida naquele lugar. Porém, vida era a última coisa que sentira ali dentro. Era como ficar doente de uma hora para outra. E talvez estivesse, doente de tristeza.

Não havia nenhum sinal de presença humana, olhava para todos os lados, mas única coisa que avistava eram lapides e mais lapides. Estava sozinha a procura de uma pessoa que a muito não via e que, obviamente, nunca mais veria. Caminhava a passos lentos, hesitante. O silêncio no ambiente era alto demais, que chegava a doer. O único som que perturbava seus tímpanos, eram os das folhas secas e alaranjadas sendo esmagadas debaixo dos seus pés. Continuou a caminhar calmamente sobre o tapete laranja, sem pressa para chegar ao seu destino.

"Por que eu estou com tanto medo? Não é como se fosse encara-lo depois de anos. " Pensou, enquanto esfregava as mãos que se esfriaram depois de uma brisa gelada que açoitou o lugar.

Na verdade, era pior do que isso e no fundo ela sabia. Agora ela não teria seus olhos nele, mas ele provavelmente teria o seu olhar quente sobre ela. Lauren acreditava que de algum lugar Klaus estaria a observando, não importa de onde e o quão louco isso poderia parecer, mas ela era capaz de sentir o olhar do primo pesar sobre si.

E doeu ao constatar que nunca mais poderá olhar dentro de seus olhos.

Chegou ao túmulo que fora direcionada pelo vigia do cemitério logo na entrada, e se tornou ainda mais difícil acreditar que finalmente estava perto de Klaus outra vez e sem sentir raiva pelo o que acontecera no passado. O único sentimento que a arrebatava agora era o arrependimento.

Se agachou perante o túmulo, reparou nas flores frescas que descansavam ali, pensou que provavelmente sua tia Madison tivesse passado por lá há pouco tempo. Klaus estava bem ali, há poucos metros do seu toque, mas ela não poderia toca-lo. Ele estava sob seus pés, abaixo da terra. Morto.

A morena sentia-se diante do próprio túmulo. Um pedaço de sua história estava bem ali, sem vida, a sete palmos do chão.

A placa de mármore apresentava o nome de seu primo e como um cego, dedilhou o nome sentindo cada letra, cada detalhe que o escultor tivera para ornamentar a caixa de um sono eterno. Era como se a menina precisasse de uma confirmação, ter a certeza que isso realmente estava acontecendo. Klaus definitivamente estava morto.

Notou a estrela lapida que marcava a data do nascimento do garoto, de sua ascensão. E a cruz lembrando a data da sua morte, onze de fevereiro de dois mil e dezesseis.

Enquanto observava a sepultara, pensou no que estaria fazendo esse dia, será que pensou nele em alguma hora do dia onze de fevereiro. E logo depois se deu conta de que isso pouco importava agora. Enquanto fazia qualquer coisa, o seu melhor amigo estava morrendo.

–Desculpe a demora... – Sua voz saiu baixa, mas acreditava que ele estaria ouvindo-a de qualquer lugar. – Eu nem consigo acreditar que nos afastamos por algo, que somente agora, parece tão idiota... – Soltou depois de alguns minutos pensando diante do túmulo, sentiu um nó se apertar em sua garganta e lágrimas molharem suas palavras lembrando-se das palavras proferidas, dos insultos trocados, das agressões deploráveis. Cada lembrança a atingia em cheio, como se a garota fosse um alvo para memórias dolorosas.

 

Flashback - Alguns anos atrás.

 

Era um verão quente e animador para Klaus, que passava por um recesso na universidade que estava cursando. Aproveitou o período e voltou a Fredericksburg para passar a temporada de férias do jeito mais divertido que considerava: Convidando os novos amigos e sua prima, que para ele era quase irmã, para festejarem junto na antiga casa. Piscina, música alta, bebidas e sexo, esses eram alguns dos divertimentos de Klaus agora, o menino que saíra do estado do Texas sem ao menos saber o que era maconha, voltara um grande especialista da erva alucinógena. Absorveu o típico comportamento de qualquer jovem de cidade grande.

Já Lauren aos seus 18 anos desfrutava bem as alegrias da vida, com os hormônios a flor da pele e o desejo de festejar gritante, seja por alegria ou tristeza, q única coisa que importava era ter um motivo para beber.

Lauren chegou a festa do primo no horário marcado, estava feliz com a presença do jovem na cidade depois de um ano e meio sem vê-lo. Era nostálgico para ela estar ali novamente, na casa onde brincavam, brigavam, compartilhavam segredos e conselhos. Sentia-se leve voando nas asas da felicidade.

E para assegurar esse voo, começou a namorar Lisa há pouco mais de uma semana. Conheceu a garota em uma locadora de filmes, a única da cidade, quando junto suas mãos tocaram-se sem querer para pegar o mesmo filme sobre as prateleiras. Sorriram envergonhas e Lauren instantaneamente encantou-se por aquele sorriso largo e de dentes alinhados, os cabelos encaracolados e um par de olhos verdes cintilantes. E esse conjunto perfeito de atributos, fez com que Lauren deixasse que a garota ficasse com o filme. Lisa agradeceu e em troca pediu o número de Lauren, com a promessa de que enviaria uma mensagem avisando-a assim que devolvesse o filme. E nem por um único segundo, passou pela cabeça de Lauren recusar.

Anotou seu número com um sorriso de orelha a orelha e assim foi dado o início da primeira desilusão amorosa de Lauren.

As duas tinham uma ótima sintonia, os gostos em comum eram vários, os beijos apaixonados eram recíprocos, a ideia de namoro era quase concreta para as duas e depois de muito paquerar Lisa, Lauren fez o tão esperado pedido de namoro, que aceitou sem pensar duas vezes.

Poderia ser uma linda história de amor, se não tão trágica.

Lauren entrou na casa de mãos dadas com a namorada, desviando-se dos corpos excitados que dançavam incansavelmente por todo lugar. A garota com olhos de cigana segurava firme a mão de Lisa para que loira não se perdesse em meio à multidão e finalmente puderem respirar aliviadas, quando chegarem a parte externa da casa. A área da piscina já estava mais tranquila, o som estava mais baixo e era possível ouvir as conversas paralelas que rolavam ao seu redor. Bêbados brincavam na piscina e Lauren riu quando viu um deles ficar sem a parte de baixo de sua vestimenta. Seu olhar de águia percorreu todo lugar em busca de Klaus, até que reconheceu a silhueta do rapaz e puxou Lisa para irem até ele.

O físico do rapaz já era não era o mesmo que Lauren costumava caçoar. Agora, o abdômen estava bem definido, assim como todo o corpo parecia ter sido esculpido minuciosamente. O garoto estava usando somente uma bermuda e Lauren pode analisar bem sua mudança. Dezessete meses foi tempo suficiente para uma drástica mudança na vida do garoto.

"Finalmente a puberdade chegou para ele."  Pensou Lauren enquanto se aproximava, analisando melhor ainda suas mudanças.

–E o bom filho a casa torna. – Lauren passou a mão sobre o cabelo do garoto que estava de costas, e logo ele deu atenção para a mão que ousava bagunçar seus cabelos. Ele estava disposto a brigar, mas freio a voz assim que viu quem era.

–Laur! –Entusiasmado, Klaus abraçou Lauren fazendo com que os pés da garota não tocassem o chão. Lauren sentiu seus ossos estalarem com a nova força do garoto.

–Calma ai, garotão! Assim eu não consigo respirar. – Com dificuldade, desvencilhou-se dos braços fortes que a prendiam. Foi um abraço sincero de alguém que precisava matar a saudade acumulada.

–Desculpa, Laur. É que agora eu estou malhando. – Exibiu o bíceps do braço direito em um muque rígido e volumoso. – Não consigo medir minha força. – Brincou com um sorriso presunçoso em seus Lábios. Lauren negou com a cabeça e só ao olhar para o lado, percebeu a presença de Lisa e quis se matar por quase esquecer da garota ali.

–Oh, essa é Lisa! Minha namorada. – A loira sorriu tímida erguendo a mão para o rapaz a sua frente. –Lisa Klaus, Klaus Lisa.

–É um prazer, Lisa. – Klaus usou de todo seu tom galanteador e beijou as costas da mão da bela mulher a sua frente. Se não fosse seu primo, Lauren ficaria incomodada com o ato, mas era só o Klaus. Lisa sorriu envergonhada, os olhares sustentaram-se por alguns segundos em uma sutil troca de flerte.

Lauren não sabia, mas estava perdendo a garota de seus sonhos aquele exato momento.

–Querem beber alguma coisa? – O rapaz perguntou voltando atenção para a prima.

–Bem, eu não vim aqui só pra te ver, então por favor traga cerveja. – Lauren brincou arrancando risadas dos dois jovens. Klaus virou-se para pegar duas cervejas geladas, bem guardadas no balde térmico logo atrás dele. O garoto parecia mais um guardião do balde de cerveja, protegendo o que de mais precioso tinha ali, o porre da noite.

–Aqui, hoje é proibido sair sóbrio dessa casa. – Elevaram as garrafas e juntos, os três brindaram, sem saber exatamente pelo que. Brindaram simplesmente a felicidade e euforia que os atingiam no momento. –Vem, deixa eu apresentar a vocês alguns amigos de Nova York. – Lauren balançou a cabeça em concordância e enquanto caminhavam para outro lado da piscina, onde um grupo de jovens bebiam e falavam todos ao mesmo tempo, um querendo chamar mais atenção que outro, era até difícil entender do que se tratava o assunto. Lauren observava curiosa um novo Klaus se apresentar, um Klaus mais confiante, que esbanjava uma postura sedutora e suas atitudes pareciam sempre seguras de si. Por onde passava o rapaz era parado e sempre convidado a participar da rodinha de conversa, garotas chamando-o para um banho de piscina, o que provavelmente deixaria ainda mais quente o clima naquela noite.

Klaus cumprimentava alguns, sorria galante para as garotas e fazia sinal com as mãos, avisando que depois daria o grande de ar de sua presença. O garoto era popular agora, requisitado. Nada parecido com o Klaus medroso e sentimentalista, do qual Lauren havia se despedido há um ano e meio atrás.

Certamente o tempo é eficaz e incontrolável, quando se trata de mudanças mexe com tudo sem pedir permissão e não deixa absolutamente nada no lugar, por menor e imperceptível que seja a transformação, ela ocorre em algum lugar e você não for um bom observador, só dará conta quando ela se mostrar gigante a sua frente e então finalmente você se pergunta quando foi que tudo mudou.

E foi exatamente assim que Lauren passou a se sentir a partir daquela noite.

–Ei, pessoal! Quero que vocês conheçam a Lauren. – A voz de Klaus anunciou a presença dos três ali, chamando a atenção de todos para si.

–Então essa é a famosa Lauren Jauregui. Ouvimos muito sobre você, gatinha. – Uma ruiva com um generoso decote à mostra, se aproximou empinando descaradamente os seios, roubando toda a concentração de Lauren para a fenda que separava aqueles dois montes. A morena olhou com admiração ao mesmo tempo em que se repreendia por apreciar, mas era impossível não olhar quando a garota estava obviamente se jogando para cima dela.

–Espero que coisas boas. – Lauren respondeu sem graça lançando olhar de soslaio para Klaus, intrigada com a fama que o rapaz havia construído sobre a ela em Nova York.

–Pode apostar que sim.... – A menina ajeitou uma mecha do cabelo de Lauren, colocando-a atrás de sua orelha. A morena engoliu a seco, estava imóvel sem saber como agir, não queria deixar que a garota tivesse esse tipo de intimidade, mas não queria destrata-la na frente de ninguém. –Só esqueceu de mencionar o quanto você bonita. – A jovem que trajava as minúsculas roupas de banho diminuiu ainda mais a distância entre as duas, causando um grande incomodo em Lauren, que não sabia bem como desviar de suas investidas.

–Me chamo Junne. – A loira que brincava com o cabelo de Lauren, que pendia sobre seu rosto, abandonou o carinho indesejado para finalmente cumprimenta-la.

–É um prazer Jun... – Nem deixou que Lauren terminasse e questionou a presença da outra mulher ao seu lado. Lisa segurava a mão de Lauren firmemente e com um olhar furioso.

–E você é...? – O tom de desdém foi tão nítido quanto o jeito que Junne se punha em uma bandeja para ser servida a Lauren.

–Lisa. Namorada da Lauren. – Respondeu secamente com um sorrisinho que estampava a repulsa que estava sentindo pela garota.

E a famosa torta de climão havia acabo de ser servida. Todos observavam a cena constrangidos e apenas tiveram coragem de trocar alguns sorrisos tortos.

–Alguém quer mais cerveja? – Klaus perguntou empolgando desfazendo toda a tensão no ar. E todos em uníssono responderam que sim, mesmo que alguns não quisessem, aceitaram vendo a oportunidade de não ter mais que assistir aquela cena. –Eu já volto.

–Eu vou com você! – Lauren se apressou em se afastar do lugar, até que eles esquecessem de sua existência, ou ao menos do constrangimento que acabara de passar. Enquanto Lauren seguia com Klaus até os freezers, Lisa sentou-se a junto aos amigos de Klaus. E claro, bem longe de Junne, que vez ou outra lhe lançava um olhar provocativo.

–O que foi isso? – Perguntou Lauren exasperada vendo o primo abrir o freezer para pegar algumas cervejas.

–Desculpa, Laur. Eu meio que dei a entender que você ficaria com Junne, ela estava toda animada. – Klaus sorriu lembrando da empolgação da garota.

–E por que fez isso?

–Você é lésbica, Junne é lésbica... – O garoto olhou para Lauren esperando que ela concluísse seu raciocino. E Lauren entendeu, mas quis socar o primo.

–Ah claro! Quem diria que Junne e eu teríamos tanto em comum, hein? Afinal, somos lésbicas isso é o suficiente para ficarmos. – Respondeu ironicamente e Klaus pareceu não entender seu sarcasmo.

–Sim! Eu só não contava com a hipótese de você estar namorando. – Lauren o encarava indignada, não lembrava que a burrice do primo extrapolava os limites da compreensão. –Logo você que nunca se interessava por ninguém, confesso que estou um pouco surpreso. – Klaus continuava a tagarelar enquanto colocava as bebidas no balde térmico.

–Esquece, apenas resolva essa situação. –Lauren suspirou cansada. –Você pode não acreditar, mas eu amo a Lisa e não quero ficar com ninguém além dela. – Klaus balançou a cabeça em concordância, soltou o balde que já estava carregando e levou as mãos ao rosto de Lauren e olhando-a diretamente nos olhos.

–E você faz muito bem, priminha. Ela é muito gostosa! – Lauren arrancou a mãos dele do seu rosto e desferiu um soco em seu braço esquerdo fazendo Klaus gemer de dor, mas rir da cara de Lauren.

–Quem é você? – Não fora apenas física as mudanças de Klaus e Lauren estava percebendo ainda mais agora. O jeito como o garoto falava, se vestia, a forma como a tratava, tudo havia mudado.

Klaus não deu importância para o jeito que Lauren falou, acreditou ser apenas uma brincadeira e seguiu em frente com o balde nas mãos e um sorriso débil nos lábios.

Foram cervejas atrás de cervejas, até o tom descontraído se instalar entre os desconhecidos, agora Lauren sentia-se conversando com amigos de infância. A garota não estava acostumada a estar sob os holofotes e quando todos os amigos de Klaus voltaram sua atenção para ela, a garota dos olhos verdes sentiu-se a pessoa mais interessante do mundo, o que dificilmente sentia.

Viver em uma cidade pequena é assim, todos sabem sobre sua vida e você nunca parece interessante o suficiente. Mas agora Lauren tinha pessoas querendo saber mais sobre ela, elogiando-a, rindo de suas piadas. Estava se sentindo um máximo por socializar com pessoas da cidade grande sem parecer uma simples caipira bobona. Porém, fora boba o suficiente para não perceber os olhares maliciosos que seu primo e sua namorada trocavam.

Junne havia parado de jogar seu chame para cima de Lauren, pareceu aceitar o fato de que não ficaria com Lauren aquela noite. Diferente de Junne, Lisa era discreta e sorrateira com se tratava de flerte, vez outra lançava um olhar para Klaus acompanhado de uma mordida no lábio inferior e garoto lhe respondia com um meio sorriso.

Mas os dois já estavam cansados do jogo de sedução, então em uma conversa muda de olhares planejaram algo.

–Eu preciso ir ao banheiro. –Lisa interrompeu Lauren de continuar suas histórias sobre ela e o primo.

–Ah, claro! Eu acompanho você. – Quando Lauren estava prestes a se levantar a mão de Klaus pousou sobre seu ombro, impedindo-a.

–Deixa comigo, eu mostro a ela onde fica o banheiro. Lembrei que preciso ligar pra mamãe e avisar que ainda estou vivo. – Klaus sorriu despreocupado, passando a Lauren a segurança de que não deveria se preocupar. –Continue a entreter esses idiotas, nós voltamos logo.

Lauren assentiu olhando nos olhos da garota dos seus sonhos e foi a última vez que sentiu seu estômago revirar em excitação com aquele olhar, dali em diante ele continuaria a revirar, mas com uma ânsia de vômito.

–Eu não demoro, meu amor. – Lauren concordou e Lisa lhe sorriu amavelmente antes de depositar um selinho suave em sua boca. E todos que observavam a cena não resistiram e em coro fizeram murmuraram um 'onw', fazendo Lauren revirar os olhos e suas bochechas corarem violentamente.

Depois de cinco minutos que Klaus e Lisa haviam adentrado a casa, o celular de Klaus, sobre a mesa que os cercavam, começou a tocar.

–O idiota esqueceu o celular. – Lauren falou para si, vendo o visor do aparelho brilhando e esticou o braço para alcança-lo. O nome 'Mamãe' piscava na tela e Lauren sorriu ao pensar na em sua tia e ficou feliz em saber que ouviria sua voz novamente.

–Ei, tia Madison! – Lauren levantou o tom de voz para se fazer ouvir entre a música que escapava do som e das conversas paralelas que preenchiam o lugar.

–"Alô? Lauren?" – Perguntou surpresa enquanto um sorriso se formava em sua boca, fazia tanto tempo que não falava com a sobrinha que tanto adorava, a sobrinha que considerava ser a filha que nunca teve. –"Minha querida, como você está?"

–Eu estou bem, tia. Sentimos muito sua falta aqui, principalmente uma certa garota de lindos olhos verdes... – Madison riu do outro lado da linha.

A mulher sempre fazia questão em todas as vezes que encontrava Lauren, citar os seus olhos e lembrar de como eram tão intensos quanto o azuis-gelo de Klaus. A semelhança entre eles era tanta que ela costumava a dizer que eram gêmeos de barrigas diferentes.

–"Eu também sinto sua falta, minha querida. Prometa que vem me visitar em breve, Nova York é maravilhosa, você vai adorar!"

–Farei o possível, Tia. Mas aposto que você não ligou para falar comigo, não é? –Lauren lembrou-se a quem pertencia o celular.

–"Oh, sim! Klaus! Onde esse garoto está? Ele não me ligou desde que chegou aí? Está tudo bem com ele? E a minha casa? Vocês ainda não destruiriam, não é mesmo?" – A mais velha lembrou-se da real intenção que sua ligação tinha, antes de se distrair com a sobrinha e iniciou o bombardeio de perguntas típicas de mães.

–Calma, tia! Ele entrou justamente para ligar, mas o idiota acabou deixando o celular aqui fora. Deve estar até agora procurando lá dentro. – Lauren levantou o olhar para dentro da casa, observando a movimentação na cozinha através da porta de vidro, tentando avistar Klaus e até mesmo Lisa, mas nem rastro de suas sombras.

–Tia, fique na linha. Eu vou entrar e procurar por esse garoto. Não saia daí. – Lauren não esperou por uma resposta da tia, pediu licença aos nova iorquinos que esperavam para dar continuidade a conversa e foi em busca das duas pessoas que mais gostava.

Caminhou entre os corpos dançantes que a impediam de chegar ao andar de cima da casa. A música e as vozes eram três vezes mais altas que no lado de fora, Lauren riu imaginando a cara de preocupação que sua tia deveria estar fazendo naquele momento ao ouvir aquele inferno alegre que sua casa se transformara no momento.

Finalmente conseguiu pôr os pés nas escadas e subiu rapidamente, pulando alguns degraus. Era surpreendente a tranquilidade que o andar de cima se encontrava, estava tão silêncio que seus ouvidos estranharam a quietude, foi como ir do inferno ao céu em questão de segundos. A casa era enorme e não havia o menor sinal de pessoas por ali, mas o silêncio foi cortado assim que começou a se aproximar do quarto de Klaus.

Gemidos eufóricos foram crescendo gradativamente conforme seus passos alcançavam a porta desejada. Quando chegou bem à frente do quarto, teve certeza do que já desconfiava e imediatamente levou a mão a boca antes que uma grande gargalhada escapasse e interrompesse sem aviso prévio a transa do querido primo.

A porta estava entreaberta e a garota curiosa não resistiu em querer saber com quem o primo se divertia, antes de bater na porta para chama-lo. Arrependeu-se amargamente dessa decisão.

A morena inclinou o corpo para o lado, deixando que somente um olho seu focasse na cena no lado de dentro. Sua mandíbula despencou, os olhos arregalaram-se e instintivamente balançou a cabeça como quem está sendo enganado pela própria visão, como se quisesse desfazer a imagem a sua frente, fora em vão. Era a mais pura realidade e imediatamente sentiu a dor física atingir o coração. Seu delicado órgão sendo esmagado impiedosamente.

Sentiu uma lágrima seca esquentar seu rosto enquanto abria a porta cuidadosamente para não deixar que o ruído atrapalhasse os dois e assim teve a ampla visão do ato que a acometia.

Klaus com a bermuda abaixada até os joelhos, enquanto a saia de Lisa estava levantada até a cintura e sua calcinha caída aos pés. Oferecendo a Klaus a perfeita visão de suas nádegas enquanto inclinava-se sobre o armário. Klaus a penetrava com força e rápido, o tipo de transa onde as preliminares nem se fazia necessária. Nunca ouve uma vontade de ir ao banheiro, muito menos uma ligação para uma mãe preocupada. A única coisa que os dois queriam era unir seus corpos em um ato prazeroso e traidor.

Enquanto Klaus enlouquecia em movimentos de vaivém, Lisa gemia sem pudor, sem preocupar-se em ser ouvida. Lauren assistia a cena com nojo e achou que poderia vomitar a qualquer momento. A garota estava tão atônita a situação que esquecera completamente de seu objetivo, o porquê de estar ali, até ouvir a voz metálica sair do celular em sua mão.

–"Lauren? Você está aí? Que barulho é esse?"– Com o quarto em silêncio, a voz de Madison chegou aos ouvidos dos jovens traidores que se viraram em desespero. Assim que os olhos do garoto encontraram os de sua prima, apressou-se em subir as calças tapando sua intimidade, como se pudesse desfazer toda uma ideia que sua prima poderia ter de errado, e Lisa não ficara atrás. Os sons safados que há pouco tempo saiam de sua boca foram rapidamente sufocados e suas roupas voltaram a seu devido lugar, desajeitada conseguiu subir a calcinha sem tropeçar.

Lauren alternou seu olhar de desprezo entre eles e somente com esse ato conseguir transmitir toda sua raiva e cuspir toda a dor que estava sentindo, mas que não conseguia externar com palavras. Negou com a cabeça várias vezes, ainda com esperança de que aquilo poderia ser realmente um mal-entendido, era difícil para ela acreditar que essas duas pessoas poderiam fazer isso.

"Isso não poder ser verdade..." Era a única coisa que passava por sua cabeça. Lauren desviou o olhar para o celular em sua mão e o ergueu até seu ouvido.

–Esse barulho, tia... –Lauren limpou a garganta, impedindo com todas as suas forças que se desfizesse em lágrimas na frente dos dois traidores. –É do seu filho fodendo minha namorada. – Lauren arremessou o celular na direção de Klaus que por pouco não consegue apara-lo.

–Amor, eu posso explicar... – Lisa se aproximou de Lauren segurando em suas mãos, impedindo que a morena saísse dali.

–Não me toque! – Lauren a encarou furiosa e desfez o contato que tanto amava, mas que agora a enjoava. –Ninguém precisa explicar nada. Vocês são nojentos, aproveitem a companhia um do outro.

Nada mais foi dito, Lauren não esperou por uma resposta e saiu daquele inferno às pressas. Assim que bateu a porta do quarto, seus olhos explodiram em lagrimas e correu para fora daquele lugar. A última vez que viu Lisa fora naquele quarto, já Klaus, no dia seguinte apareceu em sua com uma desculpa mais nojenta que sua atitude. E Lauren não reconhecia mais o primo que amava. 

Ele era outra pessoa e seus erros ajudaram a transformaram Lauren na mulher que é hoje.

* Fim Flashback *

 

 

Lauren's Point Of View

Fechei os olhos como com o intuito de livrar-me das memorias que perturbavam meus pensamentos, o arrependimento me atingindo em cheio, o coração apertava ainda mais a cada segundo. Eu deveria ter superado essa merda há muito tempo.

Duas pessoas por quem eu nutria um sentimento forte, traíram-me em uma única noite. No momento foi difícil deixar desculpas esfarrapadas servirem de consolo, os dois erraram, mas eu poderia tê-lo perdoado assim como perdoei Lisa com o passar dos anos. Porém, todas as vezes que tentava fazer isso, me vinha a imagem de um quase irmão, por quem tinha total confiança me apunhalando pelas costas. Ao invés do perdão, a única palavra que vinha em minha mente era "Traidor".

Como eu gostaria de voltar no tempo...

–As coisas poderiam ter sido diferentes... – Olhei para sua lapide, meus olhos leram seu nome uma última vez e suspirei cansada antes de levantar. –Eu te perdoo, Klaus. – Era tarde para isso, mas eu precisar arrancar do meu peito aquelas palavras que me sufocavam.

Esse seria nosso último encontro e desejei veemente que existisse algo após essa vida, para que eu possa, de alguma forma, ter a chance de abraça-lo e dizer que está tudo bem.


Notas Finais


O que acharam? :)


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