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História My Sexy Listener - You take all my inhibitions


Escrita por: chaelisamaniac

Notas do Autor


Olar!

Capítulo 19 - You take all my inhibitions


Lauren P.O.V

 

Eu conseguia ver plenamente que Hayden não estava nada bem somente pelo modo que ele vinha andando até nós, o cabelo estava bagunçado, os fios caindo por sua testa suada e os lábios molhados, além do suor que descia por seu pescoço. E claro, sua postura. Ele estava bêbado. De novo.

 

- L! Como é bom te ver! – A voz de Hayden estava lenta, como se ele estivesse em câmera lenta, mas eu sabia que era tudo por conta do álcool. A merda do álcool.

 

- O que você fez, Hayden? – Minha voz sai firme, e vejo que o ambiente não era o dos melhores. Camila havia pedido que seu amigo Lucky me levasse para casa, devido a estar tarde, e aqui estamos todos nós: Lucky e Dinah dentro do carro, Camila ao meu lado olhando meu amigo assustada, e claro, eu. Eu via a imagem de Hayden parado ao lado da portaria do meu prédio, bêbado e sinto dor.

 

Eu odeio ver meu amigo assim, e que mesmo eu o avisando, implorando para que ele não bebesse, ele mantinha a droga daquele vicio. Hayden era alcoólatra desde os seus 20 anos, e parecia achar que era supernormal ser tão dependente. – Nada. Eu só saí, L. Como você.

 

Ele se aproxima do carro prata de Lucky, os pés meio tortos e com aquele sorriso retardado. Camila se aproxima dele e estende sua mão para o mesmo, que quando nota ela ali, dá uma risadinha.

 

- Você ainda está aqui, Camila! Eu jurava que você iria dar no pé logo. – Mordo o lábio ao ouvi-lo e quero gritar para Camila não escutar ou os seus amigos, mas sabia que não teria jeito – Você realmente tá afim dela, né? Mesmo sabendo que ela transa com outros por dinheiro. Eu te admiro.

 

O cenho de Camila se fecha ao ouvir Hayden, mas ela não o solta. Teme que ele caia, assim como eu. Eu juro que queria fazer algo, mas, todo aquele momento estava me trazendo outras lembranças e elas poderiam me fazer chorar. – Eu não quero ouvir. Fique quieto.

 

Ela pega Hayden pelos braços e o arrasta para dentro do meu prédio, sem dizer nada, somente entrando. Mordo o lábio e tento manter a calma. Não posso surtar. Não posso. Preciso manter a calma para poder cuidar de Hayden e torcer para que Evan não apareça. Dou um toque na janela do carro de Lucky e o vidro se abre. Era Dinah ali. E ela me olhava intrigada.

 

- Camila entrou, acho que ela vai demorar um pouco. Vocês vão querer esperar ela? – Olho dentro dos olhos de Dinah, que parecia somente confusa. Já Lucky, bem, ele é diferente. Ele olha dentro dos meus olhos, aquele azul dele me acusando. Ele sabia. Sabia quem eu era.

 

- Nós já vamos. Diga a ela para me ligar se quiser ir embora ou, não sei ... – Dinah dá um sorrisinho para mim e retribuo um pouco desanimada. O olhar de Lucky me assustava. O loiro nada fala, só me olha.

 

- Tudo bem, Dinah. Foi um prazer te conhecer e me desculpe por isso. Hayden pode se descontrolar um pouco e ...

 

- Não se preocupa, Lauren. Estou acostumada a pessoas bêbadas. Nós vemos por aí, então.

 

- Ok. Obrigada, de novo. Até mais. – Olho para Lucky novamente – Tchau, Lucky.

 

O loiro está de cenho fechado e sei que ele vai me dar problemas futuros. Sinto isso. – Nós ainda vamos conversar bastante. Tchau, hermosa.

 

Paraliso. Ele dá a partida sem me dar chance de retrucar, fazendo os pneus de seu carro arrastarem o asfalto, deixando-me parada na calçada olhando para eles. Porra. Ele com certeza sabe. E conhece Evan. Somente ele me chamava de hermosa. Eu estou fodida.

 

Lucky Blue ia acabar comigo.

 

 

Camila P.O.V

 

Hayden não parava de rir do nada, me deixando sem graça. Obvio que eu já havia lidado com pessoas bêbadas, mas, ver aquele cara de pinta de mau todo risonho me deixava assustada. Lauren surge na sala de seu apartamento com um copo grande de água e alguns comprimidos em mãos, ela já tinha tirado sua roupa do bar, usando um short rosa que parecia moletom, uma camiseta branca e os cabelos presos em um coque. Linda.

 

Sua expressão era fechada e ela parecia nervosa com algo, entregando ao homem sentado ao meu lado os comprimidos. – Engole essa porra, Hayden.

 

Olho para ela assustada. Eu nunca havia escutado Lauren xingar, mas definitivamente era muito sexy. Droga. Hayden pega os comprimidos sem discutir, o que me faz cerrar os olhos porque eu estava tentando faze-lo beber água desde que entramos aqui. Ele parecia detonado, com toda aquela aparência perfeita destruída, quase como se ele estivesse no meio de um apocalipse zumbi. Desculpem, mas é a única comparação boa que achei para defini-lo.

 

- Por que essa cara de brava, L? – Ele pergunta a uma Lauren em pé na nossa frente, de braços cruzados e cara fechada.

 

- Você ainda pergunta?! – Lauren brava é lindo, meu deus. Hayden parece não entender e ela bufa – Você gritou para toda a porra da rua ouvir que eu faço programa, me envergonhou e ainda por cima fez Camila de sua babá.

 

O homem fica parado olhando para a amiga. – Mas é o que você é.

 

Opa. Ele pegou pesado. Dá para perceber pela forma que Lauren morde o lábio e parece que vai chorar. Olho para Hayden sentindo raiva por seu comportamento, quer dizer, ele pode estar chapado tudo, mas não tem direito de dizer isso a Lauren, não importa se seja verdade ou não. Agarro seu braço e levanto ele do sofá, puxando força sabe-se lá da onde, fazendo ele me olhar nos olhos.

 

- Pare de dizer merda. Ninguém tem culpa que você tá chapado, então respeite Lauren. – Olho para a mulher de olhos verdes atrás de mim – Para onde quer que eu o leve?

 

Ela parece segurar com força as lágrimas e pigarreia:

 

- Tem um quarto logo ali ao lado do banheiro, coloque ele em cima da cama. Ele vai dormir logo.

 

Confirmo com a cabeça e arrasto Hayden para o tal quarto, ignorando os xingamentos dele, somente segurando minha vontade de bater nele. Qual é, ele e Lauren parecem ser bem amigos e ele age assim? Coloco o cara em cima da tal cama e ele se encolhe em cima dela, fechando seus olhos. Reviro os meus e saio do quarto, fechando a porta atrás de mim, voltando para a sala, vendo que Lauren está parada no mesmo lugar, o olhar perdido.

 

Coloco minhas mãos em seu quadril e ela dá um pulinho de susto. – Desculpa!

 

Os seus olhos estão vermelhos, certamente segurando muitas lágrimas, e a olho desesperada para ajudá-la. – Tudo bem, Lern?

 

Ela toma folego e se afasta de mim, indo para perto da janela que havia ali, sendo iluminada pela luz da Lua. Fico confusa e vou até ela. – Você não me respondeu.

 

- Eu estou bem. – Ela me responde seca.- Não preciso dos conselhos de uma adolescente de 17 anos.

 

- Aconteceu algo? Pra você estar sendo tão grossa comigo? – Eu não sabia de onde havia vindo essa coragem, já que eu sempre era calma com todo mundo, mas vê-la agindo assim me irrita.

 

Lauren vira o rosto para me olhar e fica assim por uns segundos, logo desmanchando a cara fechada e suspirando. Relaxo um pouco ao sentir sua mão segurar a minha. – Desculpa. Eu só estou preocupada com algumas coisas.

 

- Preocupada com o Hayden?

 

- Também. Esse vício dele me preocupa. Eu sempre tenho que ficar o caçando pela cidade, sempre por causa da mesma coisa. A porra do álcool. – Lauren parece angustiada e sinto isso em mim. Assim como eu ela tinha problemas, e ver ela se abrir um pouco para mim me fazia sentir incluída na sua vida.

 

- Desde quando ele é assim? – Passo uma de minhas mãos em seu ombro direito, um carinho singelo.

 

- Desde os 20. Antes eu achava que só bebida, ele não iria ficar viciado, mas tudo aconteceu rápido demais e logo Hayden estava gastando todo seu dinheiro que ganhava no bar em bebida. Isso quando não era com cigarros. Ele parece querer se matar com tudo isso.

 

Eu conhecia o tom de desespero na voz dela, era o mesmo que eu cresci vendo nos pacientes que meu tratava e claro, na família de Lucky. O álcool em excesso destruía vidas, e eu queria tanto que as pessoas tivessem um pouco de noção da gravidade de se ser alcoólatra e fumante. Ia muito além de se ingerir eles.

 

- Eu sinto muito, Lern. Mesmo. – Ela me olha com um rostinho cansado, suspirando e olhando para a janela – A mãe do Lucky também era alcoólatra. Ela morreu em um acidente de carro, assim como as outras pessoas que estavam no carro que ela bateu. Lucky nunca tocou em uma gota de álcool.

 

- Ele deve se sentir péssimo. – Confirmo com a cabeça. Lucky era atormentado constantemente com isso, pensando que poderia ter ajudado a mãe em algo, mas ele era só uma criança. Vícios são algo tão grande e que as vezes é tratado como comum. Não é comum.

 

- Eu posso falar com o meu pai, para ver se ele conhecesse algum grupo de alcoólicos anônimos, para o Hayden ir. Talvez ajude. – Eu quero colocar um sorriso no rosto dela, quero que ela se sinta mais tranquila. Não que isso vai diminuir a preocupação, mas eu queria que ela soubesse que teria minha ajuda em tudo.

 

Lauren nada diz. Ela só olha para a vista e então reparo as lagrimas descendo como cachoeira de seus olhos, escorrendo pelas bochechas e descendo pelo pescoço, molhando sua blusa. Assustada, passo meus braços em seu corpo, a apertando contra mim em um super abraço, querendo que ela parasse de chorar ou eu choraria junto. Me doía ver pessoas chorando perto de mim, eu sempre queria ajudar elas e acabava chorando junto.

 

A morena passa os braços em meu pescoço, apertando-me com força e chorando sem parar. Fico em silencio, querendo que ela colocasse tudo que quisesse para fora, se assim fizesse ela se sentir melhor. Tudo por ela. – Eu não mereço que você continue aqui. Que faça todas essas coisas por mim.

 

- Claro que merece. –Retruco.

 

- Não mereço. Eu sou o tipo de pessoa que você devia correr Camila. Eu posso estragar sua vida perfeita. Lembre-se do que eu sou.

 

Sinto raiva ao ouvir isso. As pessoas e suas manias de achar que entendem o que o outro pensa, sente. – Vida perfeita? Chega a ser a droga de uma ironia você dizer isso.

Seus olhos verdes me fitam, suas mãos ainda meu pescoço. Continuo a falar. – Eu sou gay, Lauren. Isso. Gay. Gosto de garotas. Sendo uma garota. E ainda por cima tenho um pinto no meio das pernas, algo que sempre fez as pessoas me tratarem com diferença, quase com nojo, como se eu não fosse digna de nada por ser assim.

 

“Minha própria mãe me rejeitou, tudo porque queria que eu fosse de um jeito que eu não me sentia confortável, ser algo que não era o que eu era. Então, ela foi embora. A minha vida não é um mar de rosas. Eu sofro preconceito do mundo por uma diferença genética. Não estou comparando nossas vidas, você sofreu, tem problemas, coisas que não me conta, mas eu também tenho. Somos seres humanos, somos fadadas a ter problemas. Pare de ligar para essa merda de lance de garota de programa e foca em mim. Eu quero ficar com você e dane-se isso. ”

 

Estou sem folego, as bochechas vermelhas e com os olhos de Lauren em mim. Dizer tudo isso precisou de uma força que eu nem sabia que tinha. Sempre fui reservada com meus assuntos, só dividindo algumas coisas com meus amigos e família, e agora estava aqui, dizendo meus temores para uma mulher que eu nem sabia coisas básicas sobre ela. E tudo isso porque estava apaixonada por ela. Lauren não diz nada. Ela só me beija, colando nossos lábios em um beijo intenso e que passava muitas coisas.

 

Eu estou aqui. Não fique assim. Você me tem. E eu sentia, ali agora, que tinha ela. Sua boca estava sedenta pela minha, me deixando tonta. Agarro seu quadril, puxando a garota para mim, adorando poder beija-la de novo. Eu estava viciada naquele beijo. Ficamos ali por um tempo, recuperando o ar e então voltando a nos beijarmos.

 

- Dorme comigo. – Seu pedido vem sussurrado na minha orelha, deixando-me arrepiada. Confirmo com a cabeça, sentindo borboletas mutantes na barriga. Eu nunca dormi na mesma cama que uma garota, e iria fazer isso agora. Garota não, uma mulher. Lauren Jauregui era um mulherão e eu estava com ela. Fuck.

 

Quando eu entrei no quarto de Lauren, vi o quanto ele era totalmente ela. Havia livros empilhados em um canto, vários cd’s em outro, além do característico cheirinho do perfume dela. A morena estava arrumando os lençóis de uma cama que havia ali, e tremo. Droga, eu vou dormir ao lado dela.

 

- Pronta? – Ela vira para me encarar e suspiro. Eu ia dormir com aquela mulher. Meu coração aquece.

 

- Estou.

 

- Você não quer tirar essa roupa? – Sua fala vem mansa. Seus olhos verdes me olhavam com atenção e eu coro. Sei que estou de jeans e com uma blusa não apropriada para dormir, mas a ideia de dormir somente de sutiã e cueca ao lado dela me deixa nervosa. – Não precisa ficar tímida, Camz. Sou eu aqui.

 

Por incrível que seja, ouvi-la dizer isso me tranquiliza. Lauren não iria julgar meu corpo. Tiro minha blusa, minha cabeça baixa, as bochechas vermelhas, e jogo em um canto do quarto. Seguidamente, desabotoo meu jeans, puxando o tecido para baixo e o tirando, já que havia tirado os tênis antes, olhando para baixo, meus olhos fechados de vergonha.

 

- Pronto. – Murmuro. Procuro saber onde Lauren está pelos barulhos e então sinto suas mãos em meu quadril nu, sua mão quente em contato com minha pele. Eu estava suando já.

 

- Abra os olhos.

 

Ela pede gentil, acariciando a carne de minha cintura, e então a obedeço, dando de cara com aqueles olhos verdes destruidores. Meu deus. Ela era linda. A morena sorri carinhosa para mim e então me beija, suas mãos puxando-me para si e fazendo com que meu quadril roçasse no seu, consequentemente minha cueca roça no tecido de seu short e seguro um gemidinho entalado. Eu era uma virgona mesmo.

 

As mãos de Lauren são espertas, elas sobem pelos meus braços, logo descendo novamente, causando-me arrepios por toda a pele. Coloco hesitante minhas mãos em sua bunda, e mantenho nosso beijo, sentindo seus toques sobre minha pele, caricias gostosas que me fazem começar a endurecer dentro da cueca.

 

- Você não precisa ter medo comigo. Eu prometo que você vai gostar. – Ela murmura na minha orelha, os olhos estavam escuros e a boca torcida em um sorriso sexy. Essa mulher era um perigo. Eu pularia de um precipício se assim ela pedisse.

 

- Aham. – É a única palavra que consigo formar com clareza, porque todo o meu vocabulário estava ferrado. Lauren passa a mão no meu rosto em um carinho, sua expressão era de concentração e me deixava na curiosidade para saber o que ela achava de mim ou o que faria.

 

Eu nunca havia estado em um momento intimo assim com alguém, estando de roupas intimas na frente de uma mulher linda. Era um momento novo para mim. A morena dedilha meu abdômen desnudo, causando-me arrepios e sinto sua outra mão no cós da minha cueca. É agora. Lauren pega no elástico e puxa para baixo e é quando ela faz isso que me lembro. E dou um grito.

 

Um grito assustado, como o de um animal ferido, e me afasto dela, virando meu rosto para o outro lado, ainda ouvindo tudo e sentindo tremores. Droga. – Camila?!

 

A morena exclama preocupada, e sinto sua presença bem atrás de mim. Coloco meus braços cruzados e olho para meus pés, sentindo toda aquela merda de novo, aquela porcaria de insegurança. Ouço a voz da minha mãe novamente, há anos atrás.

 

“-Essa garota não é normal, Alejandro! Eu não quero uma filha assim, uma aberração, diferente, o que vão dizer de nós?! Camila tem que fazer a cirurgia, querendo ou não! ”

 

E BANG! Estou chorando baixinho no meio do quarto de Lauren, de costas para ela, sentindo toda a rejeição que senti há 9 anos atrás, escondida dos meus pais ouvindo a sua conversa. Um doutor havia sugerido a eles que me fosse feita uma cirurgia para retirar o meu pênis, assim eu seria a garotinha que minha mãe tanto queria, e tudo ficaria bem. Obvio que Sinu amou essa ideia, ela poderia exibir a filha dela normalmente agora, como fazia com Sofia. Mas quando papai me perguntou o que eu queria, e eu disse que gostava do meu amiguinho e que não queria tirar, a verdadeira guerra começou. Papai, sendo a pessoa ótima que é, disse a esposa que não faria nada que sua filha não quisesse, portanto, a cirurgia estava fora de cogitação.

 

 

Como o esperado, Sinu surtou, e disse que se meu pai iria contra o que ela queria, ela não ficaria mais com ele. E confessou seu caso com um colega de trabalho do hospital dele, deixando meu pai arrasado e suas filhas sozinhas.

 

Ela sumiu. Isso mesmo. Aproveitou que papai estava no trabalho, Sofia e eu na escola, e juntou todas as suas coisas, sumindo no mundo com o seu amante. Eu havia ouvido Tio Henry dizer uma vez há alguns anos que ela havia ido para a Bélgica com o tal cara, e sumira. Eu não sabia o que era ver o rosto da minha genitora desde então, e assim o dia na rua com Lucky. Ouvir a frase cuspida pela minha própria mãe anos depois me destruía. Eu sei que sou diferente. E sei que as pessoas não gostam de gente diferente, principalmente como eu.

 

- Camila você está me assustando! Eu fiz algo? – A voz de Lauren bem atrás de mim me surpreende, e ela vem para a minha frente, notando então as lagrimas – Por que você está chorando?

 

A sua carinha está tão preocupada, ela parece se sentir culpada, e vendo isso, sinto meus olhos molharem de novo. – Me desculpa!

 

- Te desculpar pelo o que? – Não estou a olhando nos olhos, sentindo vergonha demais. Mas ela parece pensar o mesmo que eu e ergue meu rosto rente ao seu. Seus olhos verdes fitam os meus castanhos com evidente preocupação. E então, por isso, solto tudo.

 

- Eu tenho vergonha do meu corpo. Na verdade, chego a odiá-lo as vezes. – Olho para o fundo dos seus olhos – Não é fácil ser diferente, ter todo o mundo te julgando por ser quem é, te chamando de várias coisas, e claro, convivendo com o fato da própria mãe ter te abandonado por isso. – Digo amarga, sentindo raiva e dor me corroer de novo. Lá estava minha querida mamãe atrapalhando minha vida novamente.

 

Quer dizer, se espera que as pessoas tenham sua mãe como verdadeiros anjos, e então por que a minha mais era um diabo que uma mãe? Lauren fica calada, quem sabe pensando no quão problemática eu sou, e ando pelo quarto atrás das minhas roupas, preparando para ir embora. Pego minha camisa e jeans e ela parece se tocar do que quero fazer, porque corre até mim e segura minhas mãos.

 

 

- O que acha que está fazendo? – Incrédula ela toma as roupas de minhas mãos e jogando no chão.

 

- Estou indo embora. Sei que vacilei.

 

- Eu disse que você havia feito isso? – Ela ergue as sobrancelhas e cruza os braços. – Esse é o seu problema Camila, você interpreta as coisas da forma que quer.

 

- O que quer dizer com isso?

 

- Quero dizer que se dane os outros! Dane-se se eles pensam isso e aquilo de você, isso não soma na sua vida. Viva do jeito que quiser. – Exclama, e põe as mãos em meu pescoço – Eu estou muito afim de deitar naquela cama abraçada com você, então pare de pensar na puta da sua mãe e foca em mim. Nessa mulher que quer estar com você.

 

Whow. Ela foi sincera. Olho para o rosto severo de Lauren, suas sobrancelhas grossas arqueadas e aquela boca vermelha. Faço uma careta e confirmo com a cabeça, fazendo a mulher suspirar e puxar-me para a cama na nossa frente. Deito de lado na cama e ela faz o mesmo, ficando de frente para mim. Seus olhos verdes pareciam um buraco negro prontos para me engolir, e eu adorava isso.

 

 

- Minha mãe era idiota como a sua. Muito. – Ela sussurra, me surpreendo. Lauren não falava tanto assim dela, somente me escutava – Eu sempre sofria com as críticas dela, com seu humor e claro, com o marido dela.

 

- Sua mãe não estava com seu pai?

 

- Não. Meu pai tinha morrido e ela se casou novamente. Minha mãe costumava ser boa para mim e meus irmãos, mas com o tempo se tornou um monstro egoísta, crítico e sedenta por coisas fúteis. Ela foi assim até onde deu.

 

- Como assim até onde deu? – Lauren parece ponderar se diz ou não. Fico esperando.

 

- Minha mãe morreu há 4 anos.

 

Faço silencio. Olho para o rosto na minha frente, que não entrega muita coisa mas parece abalado. Ela quer se fazer de forte. Dizer que não sente falta da mãe e que é algo besta, mas sei que ela sofre. Como eu sofro pela minha mãe.

 

Eu poderia dizer um milhão de coisas. Podia dizer sinto muito. Podia dizer desculpa por perguntar, mas eu não o fiz. Porque quando as pessoas têm problemas à última coisa que querem ouvir é um sinto muito. Não queremos pena. Pego Lauren em meu colo e a aninho em meu tronco, colocando sua cabeça em meu peito e suspirando. Ela era mais frágil que eu imaginara.

 

- Você não está sozinha, Camila. Não mais. – Sua voz sai abafada por estar com o rosto em meu peito, mas ouço tudo – Eu estou aqui para te escutar, para ser amiga, para o que você quiser.

 

- Você também me tem, green eyes. Para o que quiser. Até mesmo para esconder um cadáver. – Eu brinco e ela gargalha, uma risada linda de bebe

 

- Vou me lembrar disso. – Ficamos rindo e depois fazemos silencio.

 

- Você seria uma boa terapeuta sabia? Podia fazer faculdade de psicologia. Seria a melhor do ramo. – Fico fazendo carinho em seus cabelos negros que escorriam por suas costas, agora já soltos por mim, ignorando o fato que eu estava de sutiã e cueca abraçada a uma mulher muito linda. Lauren me dava segurança.

 

- Eu já quis fazer faculdade. Quando tinha uns 16,17 anos. Mas fui ruim nos exames e não entrei para o curso que minha mãe queria.

 

- Não tem vontade de tentar novamente?

 

- Talvez. – Lauren passa suas mãos quentes por meu abdômen num carinho gostoso e ronrono como um gatinho, o que a faz rir.

 

- Eu iria querer me consultar com você. Já imaginou? Uma terapeuta linda dessas. – A morena ri com minhas brincadeiras e a acompanho – Uma sexy ouvinte. O que acha? Gostou?

 

- Eu amei.

 

Lauren ergue o rosto do meu peito e sorri largo para mim, deixando a vista seus dentes que pareciam de coelho, algo que achei adorável. Ela era toda linda. Colo nossos lábios em um selinho e a abraço forte. – Sexy ouvinte, huh? Gostei muito disso.

 

Lauren ri fraquinho e se faz silencio. Eu ouvia a respiração dela, seu peito subindo e descendo. Eu iria cuidar dela e quem sabe, descobrir mais dela, afinal, Lauren faz tanto por mim, mais do que muitos. Ela me ouve. Me deixa ser quem quero ser, e isso é algo muito importante. Essa morena de vida difícil estava tomando um espaço cada vez maior no meu coração e isso começava a me assustar.

 

 

 

 

 

 


Notas Finais




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