História My Soundtrack - 2 Temporada - Cidade dos anjos

Reencontrar meus pais? Aquelas palavras era tudo o que eu precisava ouvir. Eu iria reencontrar meus pais, minha família... Não sabia quando, como, mas a Pattie havia me dado essa certeza. A parte que estava louca de saudade deles, desmoronou. Cai no sofá e chorei, chorei de saudade, chorei por medo, chorei por tudo o que eu fiz, e por todo o carinho que eu sentia deles. Havia dias que eu só precisava do abraço do meu pai, das broncas da minha mãe, das zoações do Alberto, e até mesmo da inteligência do Marcelo. Juntos, eles era tudo o que eu precisava, e tudo aquilo que eu fui capaz de arriscar para mantê-los a salvos.  

Sempre pensei em reencontrar meus pais. Já se passaram 1 anos e 2 meses que a gente não via. Nesse tempo todo eu senti muita saudade e grande parte desse tempo me dediquei a salvá-los. Tentando, dia após dia, salvá-los de todas as pessoas que queriam os prejudicar por conta de algumas atitudes minhas. Nunca vou me perdoar, mas no final das contas, foi inevitável. Como tudo ou quase tudo é. É claro que tinha uma parte de mim que queria voltar atrás e mudar as coisas. Mas não é assim que a vida funciona. Escolhas foram feitas, e coisas acontecem por causa delas. 

Já ouvi certa vez que a família é a base de uma pessoa. Acredito nisso. Eu os protegi e agora virei encontrar as pessoas das quais tanto quis bem. É um sonho. 

 Com lágrimas nos olhos, olho para Pattie. Era difícil acreditar naquilo. Era mais difícil ainda acreditar que eu estava livre de tudo aquilo e que poderia enfim encontrar minha família, minha base. Não poderia ser real. É como se eu estivesse em um dos meus pesadelos, presa naquela mansão, sem contato com ninguém. Por isso, corri para abraçar Pattie. 

- É verdade? - pergunto enxugando as lágrimas. 

- Sim. Você precisa vê-los. - Ela estava certa. É disso que eu mais preciso, da minha família. Ela continuou 

- Já providenciei sua passagem. Você parte amanhã à noite rumo ao Brasil. 

Olhei para ela e não acreditei que ela, mãe do Justin, pudesse está me ajudando. Não via ela como uma pessoa ruim, via como alguém que queria se redimir, que se via em mim a uns anos atrás. Ela estava tentando me livrar de tudo isso, tudo que o filho dela me trouxe, tudo que nós os passamos e sentimos um pelo outro. Não sabia se ela era essa bondade toda, eu não a conhecia, mas bom... ela está tentando, e a minha confiança está conquistando. E foi pensando nela, olhando para ela, que eu vi ele. 

Sempre pensei nele, mas essa é uma grande decisão. Ir embora e deixar todos os meus sonhos e planos que eu tive minha vida inteira. Mas o que me prende aqui, é justamente o Justin. Ele se tornou dia após dia algo mais, e esse 'mais' ainda está aqui. Não quero ir embora por mais que tente me doí vê-lo partir. Esse sentimento não vai morrer, não posso assassinar algo que me fez feliz por um curto tempo. Vou guarda-lo como uma boa lembrança. É como acabamos... nas lembranças. 

Pattie me acalmou e me ajudou a conter o nervosismo da notícia. Mas não pode ficar muito comigo, pois o Alan logo a chamou dizendo que havia um assunto importante para resolver. Resolvi tomar um banho de banheira relaxante e me deitar. Amanhã seria um longo dia e o último aqui em Los Angeles. Não queria que fosse um dia triste, e acho que por sorte amanheceu um dos mais divertidos de todos. 

[...] 

Acordo com o barulho no quarto. Imediatamente me levanto. Pensei que estivesse 100% segura aqui, Ryan me prometeu isso, e Pattie também. E bom... eu sei me defender. Por isso, levantei às pressas e peguei o spray de cabelo que estava jogado no sofá do quarto. Vai ser com ele mesmo que vou me defender. 

Pelos barulhos, constava que vinha do closet. Andei com passos silenciosos até o local. Antes de entrar, balancei bem o spray e entrei com tudo apertando o spray e fechando bem s olhos. 

- AAAAAAAAAA – gritou uma voz feminina. Abri meus olhos e encontrei Mel ali, com uma jaqueta na mão e a outra tampando os olhos enquanto fazia uma careta. 

- Desculpa, Mel. Pensei que fosse alguém, sei lá. - Soltei o spray no chão e corri para o banheiro à procura de um pano para socorrer a Mel. 

- Sua louca! Você quase me cegou – ela limpava o rosto com o pano que eu havia oferecido. 

- É... Mas foi porque você estava no meu quarto fazendo um barulhão. Aliás, o que você está fazendo aqui? 

Ela olhou para mim, e se sentou na cadeirinha que tinha ali. Qualquer pessoa estranharia sua quietude de repente, mas eu a conheço. Mel estava querendo falar algo, e por isso, esperei o seu tempo para ouvir o que tina dizer. 

- Ryan me ligou ontem à noite. Ele disse que você vai embora. Que a Pattie está te ajudando a sair do país, para que você reencontre seus pais – ela abaixou a cabeça e ficou brincando com o pano. Até completar – Vim me despedir.  

- Ah, Mel... - abracei bem forte a minha amiga. 

Viemos para Los Angeles realizar os sonhos de nós três. Juntas. Éramos inseparáveis. E agora me vejo tomando um rumo muito diferente do que pensei, mas sempre tendo o apoio delas. E não há nada que pague a incrível amizade que temos. Sinto-me sortuda por tê-las pertinho de mim, por ter forças femininas tão poderosas ao meu lado. A amizade delas é isso para mim, uma força essencial, da qual não se encontrar em qualquer lugar. Me mantem em pé, e me dá a força que preciso para continuar. 

- Eu vou, mas eu volto. A gente vai se vê, vamos ligar uma para a outra, e além disso, eu não vou deixar a Senhorita colocar outra amiga no meu lugar – brinco 

- Ah, e eu digo o mesmo para você - ela ri 

Percebo que o closet está uma bagunça e pelo o que parece a Mel está arrumando minhas malas. Sim, no plural. Estou cheia de roupas e sapatos. E pelo jeito, uma mala não aguenta um terço das roupas, quem dirá sapatos. Pattie fez a festa na hora das compras, e eu agradeço por isso, ela tem bom gosto e me sinto em um sonho com o closet lotado de roupas maravilhosas. 

- Mel, cadê a Natália? - pergunto 

- Está lá em baixo com os meninos – diz sobrando minhas roupas. 

- Ah, sim – antes de sair do quarto para tomar um banho, me lembro de algo e á questiono - Então... Você a o Ryan estão bem? Tipo, ele se juntou com o Chaz e comprou um apartamento para vocês. Um apartamento bom mesmo, e luxuoso. Sempre te visitava, e agora te liga á noite para apenas avisar que eu vou embora? Vocês estão juntos né? 

Ela me olha surpresa, e tão vermelha que me faz rir. Há tempos não a via tão vermelha assim.  

- Você está vermelha! - exclamo rindo 

- Kimberly... sai daqui – Grita envergonhada. Ela me joga a roupa que estava dobrando me fazendo sair do closet as gargalhadas.  

Mel no fim das contas conseguiu o que tanto buscava. Um amor bandido e um amor eterno: nela mesma. Agora é a minha fez de encontrar meu amor eterno. 

Quando desci lá para baixo, encontrei tudo muito diferente. Havia uma mesa repleta de doces, salgados e muita comida. Sem falar nas bebidas. A TV estava ligada no videogame Just Dance. O sofá virou sofá-cama, com lençóis e almofadas e um balde de pipoca vazia. Uma enorme mesa de sinuca preenchia a sala, dando vista para uma área gourmet moderna, com piscina e tudo. Ah... e o céu, o céu estava lindo.  

Os meninos e a Naty arrumaram tudo para que o meu dia e último fosse muito divertido e conseguiram. 

O dia foi cheio de bagunça. Passamos parte da manhã na piscina, brincando e jogando vôlei. E o mais divertido foi a birra que a Mel fez ao perder duas vezes o jogo, Ryan ficou zoando ela e sorrindo de orelha a orelha, até ele se aproximar e sussurrar algo no seu ouvido, a fazendo ficar vermelha... Esses dois! No almoço, Naty e Chaz preparam uma macarronada deliciosa. Chris comeu tanto que eu achei que fosse passar mal. Depois, jogamos sinuca e Just Dance. E logo chegou o pôr do sol, invadindo o apartamento e me trazendo boas recordações dessa cidade. 

A cidade dos anjos. 

[...] 

Depois de um dia divertido, e de ter passado as últimas duas horas limpando toda aquela zorra que fizemos, eu estava me arrumando. 

Minhas malhas já estavam prontas. Ainda era cedo, faltavam só algumas horas para o voo, mas minha ansiedade estava a flor da pele. Os meninos e as meninas estavam lá embaixo, e me deixaram aqui em cima para que eu tivesse um tempinho para mim, acertaram em cheio. Por isso, me encontrava passando a mão no cabelo e inquieta no quarto, procurando me retocar a todo momento e chegando que nada estivesse fora do lugar. Quando de repente, Pattie entra no quarto.  

- Ansiosa para a viagem? - perguntou Pattie assim que entrou no quarto 

- Magina... - rio sem graça. Ela se aproximou e sentou na poltrona a minha frente. Elegantemente, olhou para mim, e então percebi que ela queria dizer algo. 

- Qual é o problema? - digo depressa. 

- Era para ter lhe dito ontem, mas me pareceu demais... 

Sinto minhas mãos molhadas. O que é agora? 

- Diga! - a interrompo impaciente  

- Você vai encontrar sua família, mas não poderá ficar lá. Pela sua segurança e a de sua família. Para todos você sumiu, estão a sua procura, e a primeira coisa que farão é procurar sua família. Vá, se despeça dele e não volte por um bom tempo.  

- O quê?... Hâ?... Pattie, e para aonde eu vou? 

- Austrália. Especificamente, Sydney. Vai ficar lá por um tempo. Até tudo isso se acalmar e eles esquecerem de você, e pararem de te procurar. Você vai sozinha. E não pode ter nenhum contato com ninguém daqui, sua família, suas amigas, nada. Você ter que desaparecer – ela levantou e ficou bem na minha frente. Então tirou do bolso uma carteira de identidade e outros documentos. - Assim que sair do Brasil, você é oficialmente Amélia Carter.