~Atualmente~
A casa amanheceu agitada e na frente da mesma encontrava-se um caminhão que descarregava caixas e mais caixas para dentro da residência. Em um dos quartos da casa, podia-se ouvir um casal tentando entrar em um acordo. Ou algo parecido.
-Mais para a esquerda!
-Não! Vai ficar torto, assim está ótimo!
-Mas desse jeito é que está torto! Bota mais para a direita!
-Não. Deixa assim!
-Frank! Sobe aqui!
O rapaz que estava no andar térreo da casa recebendo todas as caixas que vinham do grande caminhão parou por alguns minutos para subir até o quarto de onde vinham as vozes. Passou pelo extenso corredor e então chegou até onde o casal estava.
-O que foi? - Perguntou enquanto adentrava o cômodo.
-Diz pro Artie que esse quadro está torto?
-Diz pra Lindsey que ele não está torto coisa nenhuma?
-Certo. Só me confirmem que vocês não tem oito anos e então eu poderei chamar o hospício.
-É sério Frank, eu não aguento mais ela debatendo comigo. Precisamos de uma terceira opinião.
-Gee, você não pode chegar esse quadro para o lado só um pouquinho? Depois você ajeita de volta quando ela não estiver olhando. - Sussurrou a última parte.
-Tudo bem, que seja.
-Obrigada, Frank.
-De nada, Lindsey.
Saiu do quarto e voltou para o térreo a fim de terminar logo a mudança. O que estava acontecendo, era que Lindsey achou melhor comprar uma casa onde pudessem criar a criança, já que ela considerava um apartamento um lugar perigoso. Arthur concordou com a esposa já que a casa a ser comprada ficava bem ao lado da casa de Frank e isso lhe daria alguns benefícios do tipo:
1- O famoso truque de pegar açúcar com o vizinho bonitão;
2- Ver Frank todas as manhãs quando fosse pegar o jornal;
3- Espiar Frank da janela de seu quarto que dava justamente para a do outro;
4- Espiar Frank da janela do escritório que dá direto para a janela da cozinha de Frank;
5- Encontrar Frank ao sair para trabalhar, mesmo que rapidamente;
6- Pedir ajuda em qualquer coisa em sua casa só para poder ver Frank. O golpe do encanador era uma boa ideia;
A mudança foi decidida as pressas e as caixas eram desempacotadas conforme chegavam e as coisas eram organizadas rapidamente. O foco era o quarto da bebê que tinha que ser preparado o mais rápido possível já que Lindsey teria um provável parto prematuro de acordo com as palavras do médico.
O tratamento estava sendo feito e mesmo que não estivesse apresentando grandes progressos, Lindsey, Arthur e Frank não desistiriam até o último segundo. O plano era que assim que o bebê nascesse eles entrassem com o divórcio e então Arthur ficaria com Frank e Lindsey ficaria na casa nova. Dividiriam a guarda da filha e a criariam normalmente com a presença de ambos.
As coisas ficaram críticas na última semana quando Lindsey teve sua primeira convulsão. Foi um choque para Frank que estava fazendo companhia para a mesma enquanto escolhiam as cores para pintar o quarto da bebê. Convulsionou dentro da loja e uma das atendentes rapidamente ligou para a ambulância enquanto Frank tentava desesperadamente evitar que Lindsey se batesse e acabasse por afetar a bebê. Os cuidados triplicaram e Lindsey não podia nem mesmo suspirar que logo os dois - Frank e Arthur - estavam ao seu lado perguntando se a mulher estava sentindo alguma coisa. Até o nascimento do bebê - o que não iria demorar - ambos Arthur e Frank ficariam revezando para que Lindsey não ficasse sozinha em momento algum.
Se Lindsey estava mudada? Com certeza, mil vezes melhor do que era antes. Mas mesmo assim, ela e Frank não dariam o braço a torcer. Claro que Frank estava só estava preocupado com o bebê e óbvio que Lindsey não fazia questão de presença de Frank em sua vida. Aquele baixinho com cara de mulher que havia roubado o coração de seu marido. Claro que ela não ligava se ele estava se preocupando com a sua bebê e fazendo o possível e o impossível ara manter a gravidez ao máximo.
Vamos ser sinceros aqui e dizer que Lindsey acabou por afeiçoar-se a Frank e toda sua simpatia. Ele não era tão ruim o quanto havia imaginado e ele merecia sim, ficar com Arthur. Ela tinha que admitir derrota daquela vez. Mas sua filha amaria apenas a mamãe e o papai; nada de tio Frank isso e tio Frank aquilo. Não, não! SUA filha, apenas sua e aí de qualquer marmanjo ou Frank querendo ser o favorito da pequenina.
-Lindsey? Está tudo bem? - Perguntou Arthur ao seu lado quando percebeu que a esposa bufava.
-Calma que eu ainda não estou parindo. Relaxa. - Respondeu ao marido. - Presta atenção senhor Arthur. Viva ou não, essa neném vai saber que tem uma mãe e vai amar ela mais do que tudo entendeu? Vocês dois que não inventem de querer criar ela sem contar da mamãe Lindsey. - Disse enquanto o cutucava com o dedo indicador.
-Sim senhora. - Arthur respondeu erguendo ambas as mãos em rendição. Os dois voltaram a arrumar o quarto; Lindsey dando as coordenadas e Athur seguindo cada uma delas.
[...]
No banheiro de uma casa qualquer...
Em um chuveiro qualquer...
-Como uma deusaaaaa você me mantéééém e as coisas que....ai caralho! - Reclamou de dentro do box.
-Para de cantar essa merda! - Pediu o outro.
-Fecha a droga da torneira Raymond! A água está gelada! Ai! Eu vou te arrebentar! - Ameaçou e recebeu mais um jato de água fria.
-Calma que eu já vou fechar. Estou só lavando a parada aqui. - Justificou enquanto continuava com a torneira aberta.
-Que parada? - Perguntou.
-A parada do negócio. - Disse simplista.
-Que negócio? - Questionou novamente.
-O negócio que fica lá, ué. - Respondeu como se fosse óbvio do que estava falando.
-O negócio que fica lá onde, Raymond? - Perguntou já impaciente.
-Lá no rádio. - Respondeu alguns segundos depois.
-O que é que fica lá no rádio Ray? - Questionou já desconfiado.
-... A poça. - Respondeu num tom baixo.
-Que poça?
-A poça de refrigerante que eu deixei cair encima dele.
-Você não fez isso.
-...
-Ray?
-...
-Raymond?
-...
-Deixa eu sair do banho que tu vai ver só! - Avisou enquanto acelerava o banho para depois ir atrás do outro.
[...]
-Filho da puta! - Bateu no outro com força, fazendo o som do tapas e socos ecoarem pelo cômodo.
-Ai! Ai caralho! Para com essa merda! Ai! - Tentava (inutilmente) se afastar dos golpes do outro.
-Para o caralho! Esse rádio custou os olhos da cara, seu puto! - Continuou batendo no de cabelos cacheados que tentava se proteger.
-Ai! Desculpa! Larga meu cabelo Mikey! - Reclamou assim que sentiu suas madeixas serem agarradas pelas mãos do outro.
-Não largo! - Respondeu ríspido enquanto pegava algo sobre a mesa de centro.
-Não! Larga essa merda! Tu não vai fazer isso Miks! Mikey, por favor, guarda essa tesoura! - Pediu assim que viu o objeto nas mãos do namorado.
-Vai ser essa mecha aqui mesmo! - Disse enquanto dava um puxão em uma mecha aleatória.
-Não! Mikey! - Pediu em desespero enquanto sentia o outro aproximar o objeto de seu cabelo.
-Prontinho! - Disse animado enquanto se afastava do de cachos.
-Eu não acredito! Mikey! Seu escroto filho da mãe! É só a droga de um rádio! Não precisava cortar meu cabelo porra! - Gritou desesperado enquanto tocava seus cabelos, pesaroso.
-Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha!
-Ta rindo do quê, merda! - Perguntou enfurecido com a reação do outro.
-Eu to rindo dessa sua cara de retardado. Até parece que eu cortaria essa sua juba. - Respondeu enquanto olhava o namorado fazer a típica "cara de bunda". Riu mais ainda.
-Você não cortou? - Perguntou incrédulo.
-Não! - Disse o "óbvio".
-...
-...
-...
-...
-Seu idiota! - Gritou com o namorado antes de subir as escadas em passos pesados.
[...]
-Não acredito que tu fez isso com o Ray. - Frank comentou assim que Mikey terminou de contar-lhe sobre o acontecimento do rádio.
-Eu estava só brincando com ele e agora ele está de cú doce, sem querer falar comigo. - Contou rancoroso. - Ora essa; eu é quem deveria estar puto. Aquele rádio nos custou uma nota e Ray dá um banho de refrigerante nele! Antes tivesse cortado aquele cabelo todo. Aí ele teria motivo pra ficar puto. - Reclamou com o amigo que apenas tomava o sorvete, ouvindo as reclamações do loiro.
-Você sabe que aquele cabelo é o xodó dele. Desde que éramos do fundamental ele tinha um baita ciúme daquela cabeleira. Ele cuida daqueles cachos desde sempre. - Disse para Mikey que assentiu.
-Mas, e então? Vamos mudar de assunto? - Perguntou Mikey, atraindo a atenção de Frank. - Como raios você foi acabar morando com a ex-víbora, Artie e o bebê milagroso? - Perguntou fazendo Frank rir levemente.
-Não sei dizer, acho que foi tudo uma questão de conveniência. Lindsey não pode ficar sozinha por causa das convulsões e como eles queriam se mudar, decidiram ir para a casa ao lado da minha. Agora eu e Artie cuidamos dela e do bebê e Lindsey deixou de ser uma vaca comigo. - Terminou de contar seu resumo dos fatos e encarou Mikey que parecia estar em outro mundo.
-Você pode me dizer isso um milhão de vezes que eu vou continuar achando difícil de acreditar. Será que ela não está possuída ou algo assim? - Perguntou ao amigo que pensou por alguns segundos.
-Bom, se esse fosse o caso; então seria mais capaz de o demônio ter saído do que ele ter entrado. - Disse ao amigo que arregalou os olhos.
-É mesmo Frank! Então esse bebê é um super exorcista ou algo do tipo, só pode! - Concluiu enquanto arrancava risos do menor.
-Okay, okay. Temos um baby exorcista então. Isso não é incrível? - Concordou com o amigo. - E então, vai conversar com o Ray quando voltar para casa?
-Se ele estiver mais calmo, vamos. Não quero ir conversar com ele de cabeça quente. - Respondeu para o amigo. - Como andam as coisas com meu irmão? Evoluindo?
-Até o nascimento do bebê não faremos nada. Estamos apenas compartilhando o mesmo teto. Nada de relacionamento ou beijos no corredor. Fiz um acordo com Lindsey e não pretendo quebrá-lo; mais por respeito do que por qualquer outra merda sentimental que possa parecer. Só pra deixar claro. - Respondeu o menor.
-O negócio de vocês é realmente complexo, né?
[...]
-Ray? Está em casa? - Perguntou enquanto fechava a porta principal e vasculhava a sala com o olhar. Encontrou o namorado na cozinha sentado na cadeira encarando o enfeite da mesa de jantar. - O que está fazendo parado aí? - Perguntou enquanto sentava-se de frente para o de cachos.
-Precisamos conversar. - Respondeu o de cachos.
-Sim, precisamos. - Concordou com o namorado.
-Desculpa por ter feito tanto drama por causa do meu cabelo. Eu não precisava ter dado chilique por algo como aquilo. - Raymond disse enquanto ainda observava o enfeite.
-Não se sinta culpado. Eu não devia ter feito uma brincadeira dessas, sei o quanto você zela pelos seus cachos e te dou toda a razão em ficar zangado. Desculpe por ter feito uma brincadeira sem graça dessas. - Disse ao namorado e então foi até o mesmo, envolvendo-o em um abraço apertado.
-Eu te amo Miks. - Disse ao namorado antes de beijar-lhe nos lábios gentilmente.
-Eu também te amo mozudo. - Respondeu após o beijo.
-Porra Miks, assim você acaba com o clima. - Falou para o namorado que riu com a reação do de cachos.
-Você já quer me comer? - Perguntou com ar incrédulo, recebendo um apertão na bunda.
-Claro que quero! E então, topa? - Perguntou enquanto distribuía beijos belo pescoço do namorado.
-O que ainda estamos fazendo aqui em baixo? Me leva pro nosso quarto de uma vez! - Pediu ao namorado que logo o pegou no colo, arrastando-o para o quarto do casal. Porque fazer tempestade em copo d'água quando se pode fazê-la na cama?
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