Hospital de Inceville, CA.
Acordei com um incômodo nos olhos, abri os mesmos e vi um leve claridade vindo diretamente aos meus olhos. Ah, que ótimo. Revirei os olhos e virei para o outro lado, olhei para o relógio que marcava 6:32 a.m. Está cedo, vou dormir só mais um pouquinho.
Fechei os olhos, mas alguém interrompeu meu sono.
– Amanda, querida, acorde. – Ouvi a voz doce de Anna. Gemi e continuei de olhos fechados. – Vamos, Amanda. São 7:15 a.m.
– O quê? Mas eu deitei agora – Levantei a cabeça pra encará-la.
– Você ficou a noite toda acordada, Amanda? – Ficou surpresa, mas logo em seguida fez uma feição brava.
– Não, Anna, é que eu acordei mais cedo hoje e resolvi dormir mais um pouco. Nem vi que o tempo passou tão rápido assim. – Me sentei na cama e Anna riu fraco, colocando meu café da manhã na cama.
– Bom dia!
– Bom dia – falei sorrindo, olhando para a bandeja.
– E aí, como está, pequena? – Acariciou meus cabelos enquanto eu comia uma torrada com geléia de morango. Suspirei.
– Estou bem. – Sorri fraco. – Quando é que eu vou poder ir embora? – Mudei totalmente de assunto.
– Você levará alta ainda hoje.
Assenti e dei um gole no suco de maracujá.
– E o tio Justin? Já sabe..? – falei me referindo ao acidente.
– Sim, sim. Aliás, ele veio aqui ontem, mas você estava dormindo. Ele preferiu não te acordar. – Sorri. Então era ele...
– Ele vem me buscar? – perguntei esperançosa. Eu adorava o tio Justin.
– Vem sim. – Sorriu. – Ele trouxe algumas roupas suas... estão ali. – Apontou para uma poltrona que havia no quarto, então vi uma bolsa preta. – Eu vou atender outros pacientes, Amanda. Daqui a pouco eu volto para buscar a bandeja.
– Ok – falei de boca cheia. Anna riu negando com a cabeça e saiu.
Deixei a bandeja de lado, tomei mais um gole do suco e me levantei indo até a bolsa preta. Abri a mesma e procurei por uma roupa fresca. Coloquei uma lingerie branca, um macaquinho florido e calcei uma rasteirinha, penteei meus cabelos e terminei de tomar meu café. Fui ao banheiro e fiz minha higiene. Assim que saí, vi Anna arrumando a cama.
– Não precisa Anna, eu mesma faço. – Ajudei a arrumar a cama.
– Que isso. É meu dever, pequena. Não se preocupe.
Sorriu e saiu com a bandeja em mãos. Me sentei na cama e fiquei balançando meus pés. Minha mente estava tão longe que nem percebi quando o médico e o tio Justin entraram no quarto. Sim, tio Justin estava ali! Assim que o vi, abri um grande sorriso e pulei da cama indo até seu encontro. O abracei e senti seus braços me envolverem.
– Tio Justin! – Apertei-o ainda mais e pude sentir seu perfume... era delicioso. Ele realmente era muito cheiroso.
– Amanda! Nossa, como você cresceu. – Me afastou para ver melhor meu rosto e sorriu. Nossa... que sorriso. Ele havia ficado ainda mais bonito.
– Pois é... – Sorri envergonhada pelo fato dele não parar de me encarar. Ele pareceu sair de um transe e me soltou, olhando para o médico que até então nos olhava sorrindo. Sorri de volta.
– Então, mocinha, pronta pra ir para casa? – disse escrevendo algo.
– Estou. – Sorri fraco. Olhei para meu tio e ele me encarava, arqueei a sobrancelha e ele piscou algumas vezes e sorriu.
[...]
Estávamos à caminho de Nova York. Tio Justin me disse durante a viagem que eu iria morar com ele e é claro que eu adorei. Conversamos um pouco sobre meus pais também e sobre o enterro que seria hoje a tarde, mas nada muito profundo, ele viu o quanto eu fiquei incomodada e resolveu mudar de assunto.
Agora estávamos no carro, faltava apenas algumas quadras até chegarmos em casa. Olhei para o lado e vi tio Justin conversando com alguém no celular. Senti o carro parar, olhei pela janela e vi a faixada do apartamento. Meu estômago se revirou e eu respirei fundo, saí do carro e esperei tio Justin, assim que ele saiu, desligou o celular e abriu a porta para mim, sorri como agradecimento e adentrei o local. Justiu pegou as chaves na recepção e fomos até o elevador.
Percebi que ele ficou meio tenso. Sua respiração ficou pesada e algumas gotas de suor estavam em sua testa. Foi então que me lembrei... ele é claustrofóbico. Por impulso segurei a sua mão e apertei, como se passasse segurança, o que de certa forma funcionou um pouco. Ele olhou pra mim e sorriu suspirando. Estava um pouco mais calmo. Só um pouco.
Assim que as portas do elevador se abriram, tio Justin rapidamente soltou nossas mãos e saiu correndo do elevador. Ri de seu ato e o vi completamente aliviado.
Destranquei a porta e com um certo receio entrei. Passei o olho pela sala e parei na poltrona onde meu pai costumava sentar e ler um jornal ou assistir tv. Andei mais um pouco e pude ver a cozinha de longe, onde mamãe passava a maior parte do tempo. Ela adorava cozinhar, sem contar que também era uma ótima cozinheira. Sorri ao lembrar dos momentos um tanto engraçados quando a gente se juntava para fazer algo.
Droga, meus olhos já estão marejando.
Respirei fundo e subi as escadas, fui até meu quarto e percebi que tio Justin não veio. Dei de ombros e comecei a fazer minhas malas e separei o que eu vestiria no enterro. Ia demorar bastante até eu arrumar tudo...
...
Já com as malas prontas, que não eram poucas, chamei tio Justin para me ajudar a descer com elas.
– Nossa senhora, Amanda. Pra que isso tudo de roupa? – perguntou reclamando enquanto tentava levar três malas.
– Ah tio, nem vem. Nem é muita roupa assim! São só sete malinhas e um baú.
– Puta que pariu... quero nem saber o que é que tem nesse baú.
– Sapatos! – falei como se fosse óbvio. Assim que ele terminou de descer as escadas, suspirou pesado.
– Mulheres... – Revirou os olhos e veio me ajudar a descer com as duas malas que eu estava. – Quer saber? Vou pedir ajuda pra levar essas malas, não tem nem condição! Você quer me deixar com dores nas costas, isso sim!!
– Desculpa tio, tinha me esquecido que o senhor não aguenta mais... – falei brincando e ele me encarou perplexo. Segurei o riso.
– O quê?! Você acha que eu tenho quantos anos?
– Já está beirando os quarenta? – Vi sua cara espantada e confusa.
– Você tá zoando com a minha cara né? – disse sério e então comecei a gargalhar descontroladamente. – Ah sua pestinha, você vai ver só! – Olhei pra ele já cessando o riso e percebi sua expressão maléfica. Arregalei os olhos e saí correndo. – Eu vou te pegar, princesa, não adianta correr! – gritou correndo atrás de mim.
– Nãaaoo! Sai fora, tio!! – gritei rindo e senti suas mãos me agarrarem pela cintura, gritei e ele tapou minha boca. Me jogou no sofá e veio pra cima de mim.
– Agora você vai aprender a nunca mais zoar com a cara do seu tio! – Começou a me fazer cossegas e eu ria sem parar, Justin sorria largamente.
– Para... para tio! – falei entre gargalhadas – P-por favor!!
– Então peça desculpas – disse ainda me fazendo cosquinhas.
– Nunca! – gritei gargalhando. Eu já não aguentava mais de tanto rir.
– Ah, é? Ok então... – Aumentou as cosquinhas.
– TÁ BOM!! EU FALO!!
– Então repete comigo. Eu, Amanda Hummer Bieber, nunca mais irei zoar o meu lindo tio Justin. – Diminuía aos poucos as cossegas.
– E-eu... Amanda Hummer Bi-Bieber, nunca m-mais irei zoar o meu feio tio J-Justin – falei entre risos.
– O quê?! – Aumentou as cossegas.
– LINDO! O MEU LINDO BIEBER!!! – gritei gargalhando. Ele parou. Continuei rindo e limpei as lágrimas que caíram do meu rosto. Respirei fundo e olhei para o tio Justin que tinha um sorriso bobo no rosto.
– Bom mesmo. Agora vamos, temos que terminar de descer com as malas.
– Ok – Sorri e nos levantamos.
[...]
Assim que terminamos de descer as malas, chamamos um cara para leva-las até a recepção. Tio Justin desceu com ele enquanto eu permaneci no apartamento me trocando. Coloquei um vestido preto soltinho que batia um palmo acima do joelho e uma sapatilha preta. Penteei meus cabelos com os dedos mesmo e saí do quarto, desci as escadas e dei uma última olhada em tudo. Ainda não resolvemos o que fazer com o apartamento, tranquei a porta e fui até o elevador.
[...]
Já no velório, todos os amigos do meus pais estavam ali, haviam alguns parentes que eu conhecia e outros que eu acabara de conhecer. Tio Justin me abraçava de lado enquanto eu chorava vendo meus pais descerem aos poucos. Cheguei mais perto e joguei uma flor branca em cada um.
Começaram a cobrir as covas e eu desabei, caí de joelhos e abaixei a cabeça tapando meus olhos. Senti leves gotas d'água em minhas costas. Começou a chover, porém eu nem ligava. Tio Justin chegou mais perto e abriu um guarda-chuvas em cima de nós. Olhei para cima e vi seus olhos vermelhos pelo choro, estendeu sua mão e eu a peguei, me puxou para um abraço apertado e foi quando eu me senti mais calma... como se ali fosse meu porto seguro.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.