História My Sweet Sin - Capítulo 1

Camila Cabello P.O.V

Junho de 2001 - 16 anos atrás

00:30

Eu tinha acabado de sair de uma boate com a minha irmã gêmea,Karla, e minha melhor amiga, Dinah, que tinha bebido demais e, por isso, de 10 em 10 minutos eu tinha que parar para ela vomitar.

Estava começando a chover. Enquanto eu dirigia com cuidado pelas ruas vazias de Miami que estavam começando a ficarem escorregadias, Karla e Dinah não paravam de cantar Shape Of You, que tocava no rádio.

The club isn't the best place to find a lover

So the bar is where I go

Me and my friends at the table doing shots

Drinking faster and then we talk slow

Come over and start up a conversation with just me

And trust me I'll give it a chance now

Take my hand, stop

Put Van The Man on the jukebox

And then we start to dance

And now I'm singing like

[…]

- Vamos até a praia ? - Dinah perguntou apontando para o outro lado da rua, já que eu tive que parar de novo.

A chuva estava começando a aumentar.

- Ahhh não - Karla resmungou baixinho. Mas Dinah estava bêbeda demais para ouvir algo.

- Dinah, volta aqui ! - Gritei quando ela abriu a porta do carro e saiu correndo, no meio da chuva, em direção a praia.

Eu e Karla suspiramos alto e decidimos seguir Dinah. Os pingos de chuva caíam em meu rosto e molhavam minha roupa. Dinah estava com os pés na água enquanto encarava o mar fixamente. Olhei para o lado, e vi minha irmã sentada na areia o mar.

Respirei fundo. Eu conheço muito bem a minha irmã.  Sei que toda vez que ela bebe, se lembra dos nossos pais e chora feito uma criança. Nossos pais morreram em um acidente de carro a alguns meses. Eles estavam voltando de Nova York quando um motorista bêbado invadiu a contramão, resultando em um acidente fatal.

Meus pais eram donos de uma das maiores filiais de hotéis de Miami, Cabello´s. Agora eu e Karla moramos com a nossa irmã mais nova, Sofia, de apenas 7 anos.

Me sentei ao lado de Karla que apoiou sua cabeça em meu ombro. Ficamos olhando para o mar enquanto os pingos de chuva caíam sobre a gente.

- Vamos caminhar um pouco ? - Perguntei - Por favor, Kaki !

Karla suspirou e se levantou.

Me levantei, entrelacei nossos dedos e puxei ela em direção a umas pedras que estavam a poucos metros a nossa frente. Estava fazendo bastante frio por causa da chuva. A calça preta que além de apertada, estava grudando nas minhas coxas ,por causa da chuva, dificultava eu andar na areia.

Subimos nas pedras e quando eu estava quase na beira do mar acabei batendo em alguma coisa.

Uma cesta de piquenique !? Será que alguém esqueceu !?

Guiada pela curiosidade. Me abaixei em frente a cesta e abri.

Díos Mio !

Senti meu coração se apertar com a cena que presenciei.

Dentro da cesta, tinha dois bebês envolvidos apenas com pequenos ,e finos, cobertores.

Bebês gêmeos.

- Meu Deus - Murmurei incrédula olhando aquelas pequenas criaturinhas, que dormiam tranquilamente.

- Camz !? - Ouvi Karla me chamando.

- Kaki, vem aqui rápido.

Senti uma aproximação por trás de mim.

- Díos Mio - Karla arregalou os olhos assim que viu os bebês.

Eles eram branquinhos como a neve, com pequenos fios pretos, os narizes fininhos, as boquinhas carnudas e os rostinhos serenos. Pareciam dois anjinhos.

Quem seria cruel o bastante para deixar dois bebês em uma praia deserta numa noite fria e chuvosa como essa ?

Espera.

Frio ?!

Chuva ?!

- Karla, me ajuda. Precisamos tirar eles dessa chuva - Cobri um dos bebês com o cobertor, para que ele não se molhasse muito, e o tirei da cesta com cuidado. E Karla fez o mesmo com outro.

Com cuidado voltamos ao local onde Dinah, que continuava na mesma posição, estava. Assim que olhou em nossa direção e viu os bebês em nossos braços, arregalou os olhos.

- Dinah, depois eu explico. Precisamos sair daqui agora - Interrompi antes que ela falasse alguma coisa. Dinah levantou os braços em forma de rendição.

- Por acaso, estou participando de um sequestro ?! Já vou logo dizendo que sou maravilhosa demais para ir presa - Revirei os olhos com seu comentário.

Dinah pegou o bebê que estava em meus braços para que eu pudesse dirigir. Entramos no meu carro sem nos importar se ia molhar os bancos. Tudo o que eu quero é tirar esses bebês daqui e saber se eles estão bem.

[…]

Karla Cabello P.O.V

Enquanto a Camila dirigia, eu fiquei observando a pequena criaturinha que dormia tranquilamente em meus braços.

Parecia um anjinho. Um lindo anjinho.

Ele aparentava ter menos de um mês. Sua pele branquinha, seu rostinho delicado e sereno, a boquinha carnuda, o nariz fininho, as bochechas rosadas, os pequenos e finos fios pretos.

Que tipo de mãe abandonaria seus filhos dentro de uma cesta numa praia, e para piorar chovendo ?

O outro bebê dormia nos braços de Dinah, que dizia já está melhor. Os dois eram gêmeos idênticos. Por conta das ruas estarem vazias, logo chegamos em casa. Camila desceu do carro e abriu a porta para mim e Dinah. Saímos do carro com cuidado e entramos em casa. Sofia tinha ido dormir na casa da Tia Milika, mãe da Dinah.

Decidimos levar eles para o quarto de Camila. Subimos as escadas lentamente e entramos no quarto. Com cuidado, deitamos eles em cima da cama.

- E agora, o que vamos fazer com essas criaturinhas fofas ? - Dinah perguntou. Observei os dois anjinhos dormindo tranquilamente em cima da cama.

- Não sei - Camila disse se sentando na beirada da cama - Mas de manhã, eu e a Kaki levaremos os dois ao hospital. Não sabemos quanto tempo ficaram dentro daquela cesta.

[…]

Camila Cabello P.O.V

Karla e Dinah foram tomar banho. E eu fiquei sentada na cama observando, e admirando, os bebês que dormiam em minha cama.

Passei meus polegares delicadamente por cimas das mãozinhas deles e fiquei acariciando com cuidado. Senti algo quente segurando meus dedos. Não controlei as lágrimas ao perceber que eles seguravam meus dedos com as pequenas mãozinhas.

- Mila, o que aconteceu ? Por que está chorando ? - Karla perguntou preocupada quando entrou no quarto.

- Eu vou cuidar deles, Kaki.

Eu sentia, desde que os achei dentro daquela cesta, que tudo seria diferente.

Ver essas duas criaturinhas tão indefesas segurando meus dedos como se não quisessem mais soltar, como se não sentissem mais medo, despertou em mim tão puro, tão bom. Um sentimento de proteção, carinho…. Amor.

Me fez sentir um amor que eu pensei que não sentiria tão cedo.

O amor incondicional de uma mãe.