Acordei no dia seguinte com muita dor de cabeça, pra variar estava frio e a neve caia sutilmente la fora. Desci tropeçando nas coisa rumo a cozinha em busca de um analgésico e não encontrei ninguém, por certo Alex já tinha saído pro trabalho.
Abri a geladeira e foi deprimente, apenas congelados e nada de muito interessante, geladeira típica de um homem solteiro. Decidi então sair para fazer compras, apenas o essencial, abri uma das gavetas e peguei uma quantia em dinheiro que ele tinha deixado pra mim caso precisasse.
Comi uma tigela enorme de cereal, tomei meu remédio e subi para me arrumar, de certa forma estava me sentindo mais feminina hoje, coisa rara de acontecer, escovei meus dentes e arrumei o cabelo todo pra trás com uma faixa preta de bolinhas brancas, abri o guarda roupa e peguei um vestido de linho grosso preto com duas carreiras de botões, meia calça fina preta e botas de cano médio. Pronto! Mas olhei no espelho e faltava algo, ah sim, uma maquiagem pra disfarçar a cara lavada, usei o básico do dia a dia, um batom cor de boca e torci para que não borrasse o rímel, isso era minha marca registrada.
Tranquei a casa e ao fechar a porta um vendo frio que quase me levou
- uhhh que frio que é esse, ainda bem que o mercado não é longe.
Por sorte tinha marcado bem e me familiarizado com o bairro graças as minhas corridas matinais, coloquei as mãos nos bolsos e segui para o mercado. Logo cheguei supermercado Keep Gerald´s, não era tão grande, mas havia uma variedade de tudo por ali, uma coisa que amei foi tipo uma galeria que tinha nos fundos com vidraças e uma vista muito linda das montanhas, máquina de café e um balcão com diversas rosquinhas e pães e mais ao lado uma larga estante de livros com confortáveis poltronas de veludo e um sofá marrom.
- Isso! Achei o meu refúgio.
Plenamente feliz, mas não podia esquecer que estava ali para comprar algumas coisas, entrei no corredor dos cosméticos e peguei shampoo e um condicionador, na feira algumas frutas, chocolates e algumas coisas para Alex cozinhar. Compras feitas e estava livre para explorar aquele paraíso, quando uma garota de uniforme esbarrou em mim me derrubando no chão.
- Ah cara e lá se vai meus bolinhos
E uma chuva de bolinhos de chocolate caia sobre mim
- E aí tudo bem? A garota estendeu a mão me ajudando a levantar
- tudo bem sim tirando alguns ossos quebrados
- Sério me desculpa mesmo, sou Megan e você?
- Clare
Enquanto a garota tagarelava observei seu uniforme com o logotipo do mercado, deveria ser funcionária dali. Megan tinha um corpo de modelo seu cabelo era loiro escuro ondulado até os ombros e tinhas olhos azuis.
- Pra te compensar me espere as onze na galeria que pagarei um almoço pra você.
- Não precisa já estou indo embora
- Não aceito não como resposta estarei de esperando lá e nem pense em me dar um bolo em! Marquei seu rosto garota – saiu sorrindo com uma naturalidade que dava medo.
- Ta bom, como se eu fosse esperar uma estranha.
Algumas horas depois lá estava eu sentada no sofá esperando Megan.
- Sou passiva demais – soltei um suspiro – mas quem sabe? Fazer amizades seria bom.
- Oiii Clareee!!!
E lá vinda ela gritando meu nome a quilômetros de distancia me fazendo passar vergonha.
- Achei que você tinha ido embora, quem confiaria em uma estranha né? – ria tão naturalmente
- Pois é era o certo a se fazer, mas essa sou eu, confio demais.
- Fica tranquila, vamos comer aqui mesmo hambúrguer congelado tá bom pra você? Têm de bacon, quatro queijos, vegetariano. Não é vegetariana né? Porque se for o daqui é péssimo – pois os hambúrgueres no micro-ondas que logo apitou.
Cara a menina nem tomava folego e eu de boca aberta levantando discretamente para sair de fininho, quando ela sentou do meu lado e mais um monte de perguntas foram surgindo.
- É nova por aqui né? Nunca te vi – disse pegando os lanches e entregando um pra mim
- Sim, minha mãe faleceu a pouco tempo e me mudei pra cá pra morar com meu pai
- Ah... Sinto muito, já eu moro só com minha mãe e meu pai já se foi. Que Deus o tenha. Mas assim é a vida né muitos vai e outros vêm.
Não pude deixar de rir do modo em que ela falava das coisas
- você é bem - estava procurando a palavra certa
- louca? – sorriu
- excêntrica – completei e rimos juntas
As horas se passaram e contei a ela sobre a universidade e muitas outras coisas da minha vida que não imaginaria dividir com essa garota cheguei até mencionar sobre Yukino, mas quem diria ela me fazia conversar e tudo era tão divertido com ela, acho que daríamos boas amigas, ela me fazia sentir a vontade, sem receio das coisas.
- Bom, a conversa rendeu, mas preciso voltar para meu expediente, gostei de você. Quer saber me espera mais meia hora e podemos ir para casa juntas.
- Tudo bem – a animação dela era tão grande que não podia dizer não.
Para passar o tempo peguei um livro parecia ser um romance, mas quando estava ficando interessante Megan chegou.
- E ai vamos?
- Sim – guardei o livro de volta.
Fomos caminhando para casa e ela tagarelando como nunca e me fazendo rir como uma louca, logo chegamos na frente de casa
- Bom, é aqui que eu fico.
- Pera ai você mora aqui? Não brinca garota – me deu um tapa forte nas costas que engasguei.
- Sim, mas você nunca me deixa terminar uma frase, se pudesse já teria te falado.
- Sorry, tenho esse problema, mas estou tentando melhor. Então minha casa é aquela ali, quatro depois da sua – ela apontava para uma casa semelhante a minha, porém, a arvore em frente tinha flores amarelas.
- Vamos manter contato – passamos nossos números - agora preciso ir tenho muita lição da faculdade. Beijos amiga - saiu cantarolando
Faculdade essa que por coincidência era a mesma que iria cursar. Megan parecia ser a pessoa mais feliz da Terra sem nenhum problema, mas gostava dela nunca tinha me dado tão bem com uma pessoa, a maioria me olhava esquisito na escola.
Entrei e ainda nem sinal de Alex, poxa que pai ausente esse, mas não me incomodava amava ficar sozinha. Ajeitei as compras e subi, tomei um banho rápido e vesti meu moletom, liguei o note e fui pesquisar mais sobre a universidade e acabei pegando no sono, sem sonho algum. Despertei com um barulho na janela, já estava escuro olhei no celular que marcava sete horas.
-Nossa como pude dormir tanto.
Os barulhos insistiram mais uma vez e senti um arrepio, podiam ser apenas galhos batendo no vidro, chegue mais perto pra verificar e em um estrondo as janelas se abriram com o vento me fazendo gritar de susto. Levantei-me e senti uma presença atrás de mim, olhei para frente e no reflexo do espelho olhos vermelhos brilhavam.
Eu estava apavorada nunca tinha sentido tanto medo, sai gritando e correndo e bati em alguma coisa que me fez gritar mais ainda.
- O que foi Clare? Porquê está tão agitada assim? Alex acendeu a luz da sala.
Lágrimas desciam livres pelo meu rosto e minha fisionomia horrendamente assustada.
- Pai, eu vi tinha alguma coisa lá, era vermelho e estava olhando pra mim eu juro! Não estou louca!
- Calma me conta direito o que você viu – disse me abraçando.
Pai saiu tão instantaneamente da minha boca que senti meu rosto corar. Contei a ele as outras vezes que tinha presenciado isso e que tinha pegado no sono e acordando com barulhos ela estava aquilo.
- Acho que teve um pesadelo que ficou em seu subconsciente e logo quando acordou te fez vivenciar o fato.
- Por favor, me poupe dessas palavras de investigador, devo estar louca mesmo, mas posso pedir um favor – estava muito sem graça do que ia pedir – fique comigo até eu dormir?
Já na cama coberta quase até a cabeça esperava o sono vim e sentia Alex me observando, pensei tanto naquilo que acabei dormindo de novo.
Acordei no outro dia e passarinhos cantavam, já não estava mais frio. Olhei para o lado e lá estava Alex dormindo na poltrona todo torto, ajeitei a coberta dele e desci para fazer um café que era o mínimo que tinha que faze.
Coloquei a cafeteira pra funcionar e me debrucei na bancada, aquilo estava tirando a paz que parecia estar recuperando.
- Dormiu bem?
- Como uma pedra – entreguei seu café.
- E ai o que decidiu sobre a universidade?
- Pode confirmar com o senhor Henry que quero entrar.
-Ótimo vou ligar pra ele e marcar a admissão.
Alex saiu para dar o telefonema e estava presa em um transe relembrando a cena assustadora que vivenciei noite passada.
- O exame será depois de amanhã na quinta, espero que use bem seu tempo livre porque vai precisar – deu aquele sorriso torto.
- Como assim? Não prazo curto demais não vai dar
- Pois faça dar minha querida, a agenda dele é lotada e só tinha esse dia livre, pois então se prepare.
Ótimo era o começo do fim.
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