História My voodoo doll - Memories

A dor causada pelos espinhos não era nada comparada a dor que eu presenciava naquele exato momento. Encontrava-me novamente com meus quatro anos de idade e presenciava escondida mais uma das inúmeras​ discussões que acontecia entre meus pais na calada da noite.

As vozes alteradas cessaram e os adultos dispersaram-se pela casa, saio do meu esconderijo e sigo silenciosamente até a sala, encontrando meu pai destrancando a porta apressado enquanto vestia seu casaco de frio.

— Pai ? — O homem fica sem reação ao escutar minha voz.

O mais velho virou-se na minha direção, ficou me olhando por alguns minutos e depois saiu da casa sem se despedir.

Volto a realidade quando sinto meu corpo ser jogado contra o chão, solto um gemido de dor quando sinto a água suja do chão entrar em contato com meus machucados.

Arya se aproximou de mim sorrindo, segurou fortemente meu pescoço com a mão e me ergueu do chão.

— Hora de dizer adeus. — Arya aumentou a força nas mãos envolta do meu pescoço, dificultando minha respiração e me sufocando aos poucos.

Começo a me debater com a falta de ar nos meus pulmões, tento inutilmente retirar as mãos da ruiva do meu pescoço e em meio ao meu pânico, agarro um espinho venenoso perto de mim e cravo no ombro direito de Arya.

A mesma me solta e caio bruscamente no chão gelado, enquanto Arya estava ocupada retirando o espinho de seu ombro, forço meu corpo dolorido e me afasto da ruiva. Infelizmente, não vou muito longe pois meu corpo ficou paralisado enquanto minha mente mergulhava em mais uma lembrança.

Estava deitada na minha cama, as luzes do cômodo estavam apagadas mas mesmo assim percebo que mais alguém estava ali. Me espreguiço e sento na cama.

— Hey que cara é essa ? — Falo enrolada em meio aos bocejos assim que encontro os olhos tristes de Leo.

O mais velho não responde, ao invés disso, senta na beirada da cama e solta um suspiro.

— Eu vou embora. — Leo fala após alguns minutos em silêncio.

Uma dor surgiu em meu peito assim que escutei aquelas palavras, mas tento não demonstrar meu desconforto ao rapaz a minha frente.

— Quando você vai partir ?

— Amanhã. — Leo responde sem demonstrar nenhuma emoção.

Ao escutar aquilo começo a chorar compulsivamente, e fiquei assim por vários minutos até Leo me abraçar numa tentativa de me confortar. Algum tempo depois quando estava mais calma, Leo retirou um boneco debaixo da cama e me entrega.

— É pra você. — O mais velho esboça um sorriso enquanto me entrega o objeto.

Abracei o boneco o colocando junto ao meu peito, solto um riso baixo chamando a atenção do mais alto.

— Já sei que nome vou dar a ele, Leo. — Forço meu sorriso assim que uma lágrima escorre pela minha bochecha. — Vocês se parecem, tem até a mesma cara de tacho ! — Digo tentando amenizar aquela áurea triste no quarto.

Leo me fuzila com os olhos mas sua expressão se suaviza com um sorriso, sua mão vai até minha face e ele seca a lágrima em meu rosto, logo em seguida ele se aproxima de mim e sinto seus lábios macios em minha bochecha.

— Adeus MinHee.

Desperto voltando para a realidade com a visão embaçada devido a algumas lágrimas que desciam pelo meu rosto, passo as costas das mãos pelo meu rosto e seco as lágrimas, minha respiração falha quando vejo Arya se aproximar de mim com o braço direito todo sujo de sangue, ela segura meu tornozelo e me lança com uma força sobre humana contra a parede mais próxima, solto um gemido de dor assim que sinto meu corpo contra a parede e ouço um estalo alto vindo das minhas costelas.

Volto ao chão novamente e, dessa vez sem forças para me levantar, com muito esforço, levanto minha cabeça e tento ignorar a dor e a tontura que sentia procuro por Arya, a mesma estava sendo interceptada por uma silhueta com asas negras.

Mais cinco silhuetas se juntaram próximos a ruiva que acabara de ser imobilizada, alguma coisa fora dita entre as seis pessoas a minha frente, mas tudo que consegui escutar foram apenas zumbidos. O ser de asas escuras deixou Arya de lado e veio na minha direção me envolvendo delicadamente por entre seus braços.

— Vai ficar tudo bem. — A voz de Leo chegou aos meus ouvidos enquanto o mais velho me trazia para mais perto de seu corpo.

Dei um leve sorriso enquanto era envolvida pelos braços do mais velho e logo em seguida fechei meus olhos.