congelo imediatamente, viro minha cabeça e olho pra ele por cima do ombro, ele me encara, assim que percebe que eu o observo ele levanta a cabeça e olha para o ceu. ele ainda não vai me matar, meu coração se enche de alivio e eu deito minha cabeça sobre meus joelhos, adormeço ali, naquela posição desconfortável.
......
acordo com os primeiros raios de sol sobre meu rosto, esta confortável, quentinho e macio, mas meu cobertor não é de pelinho pra ser assim macio. olho para o lado lentamente, estou deitada sobre ele, o lobo, ele parecia estar dormindo. estou confusa, por que ele não me matou? como fui parar aqui? essas perguntas rodeavam a minha cabeça, mas não era hora para aquilo, levantei devagar para não o acordar, oque parece que funcionou. minas costas doem, não é igual ontem, é um grande incomodo.
volto ao dormitório e deito na cama tentando dormir, mas minha cama não é macia igual a seus pelos, desisto e pego meus fones e celular que estavam do lado do travesseiro, coloco na minha playlist, o bom dela é que tem 127 musicas, oque distrai muito, o ruim é ocupa muita memoria. e lá estava eu, ouvindo musica e me distraindo pra não pensar no lobo, então penso no meu primo e na stefany, não os vi ontem depois que meu primo me contou sobre eles, depois pergunto pra Sabrina.
sou tirada de meus pensamentos quando escuto o sino de uma capela aqui perto, todos os finais de ano é a mesma coisa, meus tios acordam primeiro e depois acordam os outros com o sino, retiro meus fones e vejo uma por uma as mulheres irem levantando até que minha tia vem até mim
-você consegue se mexer?- ela pergunta, levanto a mão e faço sinal de + ou -, ela assenti- vou trazer seu café da manha aqui, espere um pouco.
assinto e me viro, tem um par de olhos azuis me encarando
-você esta bem?- ela pergunta
-sim, onde estava meu primo ontem?- pergunto com um fio de voz, os gritos de ontem estão fazendo efeito
-quando você estava sendo tratada? comendo a stefany, um pouco abaixo da piscina, entre as arvores- ela disse sem expressão, mas conheço ela tempo suficiente para dizer que ela estava decepcionada e com raiva. aquelas palavras me atingiram como uma faca, abaixo meu olhar e ela vem ate mim
-você sabia que não ia dar certo de qualquer maneira, apenas não quis admitir. eu sei que é doloroso, mas você vai superar, você consegue.. mas oque eu quero muito saber é...COMO VOCÊ FEZ ISSO??- eu não sei se devia contar para ela, mas acho melhor contar, e sabe quando eu estou mentindo, afinal, ela me conhece amais tempo que a stefany
-você acredita e confia em mim?- perguntei
-claro, agora você pode falar oque aconteceu?- ela disse
-um lobo gigante preto me atacou. -só disse. ela começou a gargalhar, sua pele branca já estava ficando vermelha, ela para e respira um pouco
-olha s/n, eu sei que você é doida, estranha e muitas outras coisas, mas você não vai conseguir mentir pra mim- ela para e fica me encarando nos olhos, por dez segundos ela me olha nos olhos, apenas nossas respirações quebravam o silencio, até que finalmente a ficha dela cai, ela me olha arregalando os olhos, sua boca se abre em um perfeito ''o''
-pareço estar mentindo agora?- digo deitando novamente, ela começa a abrir e fechar a boca varias vezes, fazendo sons sem sentido até que finalmente ela para e deita do meu lado, olhando para o teto junto a mim
-as merdas que você faz estão começando a piorar....-ela diz
-eu sei..- nos viramos e ficamos encarando uma a outra em silencio, mas o silencio é quebrado pela minha tia que entra no dormitório
-trouxe um pouco de tudo, espero que seja o suficiente pra Sabrina não comer tudo sozinha, você come demais menina!- ela deixa uma bandeja na cama, a Sabrina me ajuda sentar, nenhuma de nós quer dizer algo, não sabemos oque dizer então simplesmente comemos o café da manhã, clima estava tão tenso, eu precisava dizer algo
-se os outros perguntarem oque aconteceu apenas diga que eu cai de um morro- digo tomando o suco de laranja que minha tia trouxe
-seria normal se você estivesse traumatizada ou com medo, mas você esta normal, isso é estranho- ela diz olhando para mim
-é porque não consegui ficar com medo dele, na verdade, me senti confortável, ele não era um lobo comum, eu devia realmente ficar com medo, mas não consigo- digo mordendo um pão com requeijão
- ainda bem que você não vai ver ele de novo- ela olha pra mim esperando algo- NÉ? s/n não me diga que você quer ir velo de novo....- eu viro a cabeça mordendo o pão- você é louca.
-é nosso penúltimo dia aqui, se eu for vê-lo pela ultima vez eu preciso conhece-lo mais- ela esta aceitando isso bem, nós duas acreditávamos que existia seres assim, agora temos certeza, parece normal pra nós
-que horas você vai sair daqui?-ela pergunta
- as quatro, como hoje é o antepenúltimo dia sei que todos vão fazer uma festa, mas só deve durar até as três ou menos- respondi colocando meu copo vazio na bandeja
- tudo bem, se me perguntarem digo que você foi ao banheiro, não, acho melhor eu ir com você e esperar longe, se você for sozinha alguém vai atrás de você porque esta machucada e sozinha, antes de sair não esquece de me chamar- ela disse afastando a bandeja de nós
-okay, acho que vou passar a tarde aqui, não quero ir na festa e encontrar meu primo- digo tentando descer da cama, ela desce rápido e vem me ajudar- obrigada
-obrigada nada, são dez reais- ela diz estendo a mão, começamos a rir, fomos pra sala, ligamos o x-box do meu tio e começamos a jogar mortal kombat, todos os anos eles trazem o mesmo jogo e todo ano eu ganho da sabrina
~~~~quebra de tempo~~~~
a festa já tinha começado faz tempo, eu bebi quatro latas de energético e a Sabrina bebeu duas, escondidas claro, se minha tia visse ela ia surtar, paramos de jogar um pouco e olhamos no relógio era 3:30, peguei mais uma lata e bebi por precaução de ficar com sono, saímos e demos uma volta pela chácara, estavam todos no chão, bêbados, ainda bem que só tinha nós quatro de adolescentes na chácara, nenhuma criança, fomos para a cozinha, o som ainda estava ligado, a Sabrina desligou, eu peguei pães pra gente ir comendo, pulei alguns parentes que estavam no chão e fomos para a trilha
-é aqui, você vai ficar bem?- perguntei pra ela
-vou, qualquer coisa grito por você, não se preocupe- ela disse e meu deu pequenos empurrões pra continuar, assenti e comecei a descer a trilha com a lanterna do celular. já avistava o AP, cheguei perto e sentei no chão mesmo, minhas pernas não aguentariam por muito tempo, parando pra pensar, meu corpo esta melhorando rápido, o incomodo nas costas diminuíram
sou tirada de meus pensamentos quando ouço galhos se quebrando, me viro e vejo o lobo, pego um pão e estendo em sua direção, ele simplesmente senta me encarando, retiro alguns do pacote e jogo o pacote pra ele, ele olha o pacote e olha pra mim, levanto as mãos como sinal de tanto faz, pego meus pão e começo a comer. vejo pela visão periférica que ele pega o saco e o rasga, comendo os pães
-queria agradecer por não me matar, hoje é meu ultimo dia aqui, não precisa se preocupar em me ver novamente- viro e escuto ele bufar levemente- eu sei que não quer me ver, mas poderia ser gentil de esperar um pouco- eu digo e ele se vira pra mim balançando a cabeça em sinal negativo, parece que ele não é gentil de esperar- okay, já estou indo se não quer me ver- eu levantei e quando ia ir embora ele entra na minha frente- olha sai da frente, não posso esperar de pé, minhas pernas doem, tenho que chegar na minha amiga pra sentar e descansar- ele fez sinal positivo com a cabeça- você quer que eu sente?- ele faz sinal positivo novamente, eu me sento e coloco meu peito nos joelhos- oque você quer?- ele não responde só vai para trás das arvores, espero um tempo e escuto uma voz diferente
-você é complicada em...- vejo um garoto sair de trás das arvore, ele usava calça jeans, uma regata preta que deixava a mostra seus músculos e estava descalço
-cara, eu não tenho nada pra roubar sabe? e-e tem um lobo grande preto nessa chácara, se você me roubar e eu gritar ele vai aparecer...- um ladrão é a ultima coisa que eu queria, o lobo me deixou mesmo, queria ir embora primeiro, eu falo com desespero pro garoto
-então não me reconhece na forma humana s/n?- ele faz cara de triste
-lobo preto gigante de pelo macio?- pergunto e vejo ele assentir
-sim, você entendeu errado, não quero que vá embora sem eu me desculpar e explicar algumas coisas- ele diz se sentando na minha frente- não parece assustada com o fato de ser atacada por um lobo, dormir em cima de um e esse lobo se transformar em humano....- ele observa
-porque eu já acreditava, agora eu tenho certeza, não faz muita diferença...-digo
-você é mesmo muito estranha, então, eu queria me desculpar por te atacar, não pude fazer muito na hora, eu estava fugindo e vi você no caminho, me assustei e te ataquei, se ajudar um pouco, peguei algumas plantas e fiz um remédio depois coloquei nos ferimentos- ele disse
-tudo bem, o remédio esta fazendo efeito- digo passando uma de minhas mãos levemente nas costas
-que bom, me desculpe por tudo, mas eu tenho uma pergunta, você disse que sua amiga esta esperando, ela sabe sobre mim?- ele pergunta
-sim, mas não se preocupe, ela também acreditava então não se assustou também-digo
-como posso fazer pra você me desculpar?- ele pergunta se inclinando um pouco pra frente
- nada, já desculpei, você teve seus motivos e eu estava ali na hora errada e no lugar errado, apenas isso- digo para ele
-mas ainda me sinto culpado, tive uma ideia, você gostaria de correr nas minhas costas?- ele pergunta
-parece legal, tudo bem, afinal, tenho que aproveitar a ultima vez que te vejo- falo levantando do chão e limpando minha bunda
-como assim?- ele pergunta levantando também
-como eu disse, hoje é meu ultimo dia nessa chácara, amanha de manhã eu vou voltar pra casa, vamos?- perguntei
-calma, eu tenho que tirar minhas roupas, é minha única troca de roupa, não quero ficar pelado- sinto meu rosto esquentar devo estar igual a um pimentão, agradeço que seja de noite- nick
-oque?- pergunto confusa
-meu nome é nick- ele diz estendendo a mão- acho melhor recomeçarmos- ele diz
-também acho, prazer te conhecer nick, meu nome é s/n- falo e aperto sua mão
-amigos?- ele pergunta
-amigos.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.