História Mysterious Heart-Nas asas de Aruan Felix - Aruan Fellings II

*Vou ficar longe um pouco das redes sociais.

Espero que entendam*

Com essa mensagem e um breve discurso forçado no snapchat, mantive meus fãs cientes de que eu não estava bem. Menti? Talvez sim, talvez não.

Olhei o Twitter, milhares de mensagens de apoio dos meus FC´s, dos meus fãs, algumas mensagens criando teorias sobre o que estaria acontecendo comigo, muitas fãs perceberam que eu estava com o canto esquerdo do lábio inferior estava machucado, criando assim mais teorias malucas. Alguns youtubers como o Cocielo me desejaram melhoras e o Cellbit desejou o mesmo, tão hipócrita quanto parecia... eu o odiava desde o momento que tretamos quando cortei minha placa de 100 mil inscritos. Fizemos as pazes só na frente das câmeras.

Era sábado à noite, desde que visitei Anna no hospital continuo jogado nessa banheira fria e vazia sem vontade de nada.

Eram 22:43 desde a última vez que eu chequei as horas no celular.

Eu vestia uma calça frouxa de dormir e uma regata colorida, um gorro preto com cinza esquentava minhas orelhas. Bloqueei a tela do celular e jogado dentro da banheira da minha suíte eu bolava um baseado umedecendo a seda com saliva.

-Aruan... ainda nessa banheira?- Dudu brotou na porta do banheiro com um sorriso brincalhão, apontava sua câmera para mim. Com uma camisa do Superman, uma bermuda preta e um boné com a aba reta para trás.- Baseado? É o que?- Ele gritou um dos bordões que mais usávamos.

-Ou,ou,ou...- Estiquei a mão fazendo ´´pare´´.- Corta essa parte tio, seloco.- Escondi o baseado debaixo da camisa.

-Claro né bonitão, nossos fãs não precisam saber que você é uma péssima influência.- Riu desligando a câmera.- Mas...me diz Aruan, o que aconteceu com você?- Dudu se aproximou e se abaixou próximo de mim com uma expressão preocupada.

-Ah Dudu...- Desviei o olhar.

-Você tá socado nesse banheiro desde segunda à noite...- Arfou.- E esse baseado? Com quem conseguiu?- Questionou.

-O Danilo... Dudu.- Revirei os olhos, eu respondia de forma ríspida. Danilo era primo do Dudu, sempre fumou de todos nós, até um dia que o Dudu gravou sem querer em um de seus vlogs o Dan mostrando um baseado, gerou muita bronca entre nossos fãs.

- Lindo Aruan...- Dudu foi irônico.- Quando você vai sair daq...?-

-ARUAN TÁ APAIXONADOOO!- Dudu foi interrompido por um grito.

-Maycola...- Dudu o chamou pelo apelido que tínhamos dado a ele.- Deixa o Aruan, ele não tá legal não.-

-Ahhh Aruan.- Maycon surgiu na porta do banheiro, de moletom preto e bermuda branca com boné e óculos.- Qual é a mina da vez fí? Vi seus snaps...a bronca da famosa depressão de novo?- Ele mostrou o celular aberto nos meus snaps.- Dando desculpa pras fãs de novo?-

-Mano... saiam daqui inferno?- Gesticulei bruscamente.- Quero ficar sozinho.- Afundei na banheira, Dudu se levantou com um olhar de reprovação para Maycon, que saiu rindo.

-Se quiser, conversamos depois...- Suspirou Dudu segurando sua câmera, na porta do banheiro.- Não gosto de ver você assim...- Ele serrou os lábios e antes de fechar a porta do banheiro ele sussurrou.- Cuidado com os pulmões...- E fechou a porta.- Danilo eu vou matar você.- Os gritos do Dudu estrondaram.

Esperei alguns segundos para eu ter certeza que ninguém voltaria a me incomodar de novo.

Bom... agora somos só nós... pensei puxando o baseado debaixo da camisa, tirei o isqueiro branco do bolso da calça, suor escorria pelas minhas têmporas, um pouco de nervoso talvez.

Seria o meu primeiro.

O apertei levemente com os lábios segurando-o com a mão esquerda pelo polegar e indicador, com a mão direita tentei acendê-lo com o isqueiro, três tentativas sem sucesso.

Respirei fundo, pela janelinha do banheiro branco, o Sol adentrava iluminando todo o banheiro, a luz estava apagada.

Na quarta tentativa o papel de seda fumaçou e eu traguei... ainda sem jeito acabei engolindo a fumaça, tossi bruscamente deixando minha garganta dolorida, me sentei na banheira apoiando meu pescoço em sua lateral, minha cabeça rodou e eu fechei os olhos, senti minha mente comprimir e os pensamentos soarem mais leves, como se eu flutuasse.

Traguei a segunda vez, dessa vez corretamente, segurei um pouco a respiração e soltei a fumaça pelos lábios, minha garganta ardera secando minha língua.

Não sou uma má influencia... relembrei o que Dudu havia me dito.

Lembrei do primeiro dia de aula.

Depois que ela desmaiou... eu corri para ver o que havia acontecido...culpa minha? Sim...

O maldito Cellbit não me deixou aproximar dela, que ficou deitada no chão forrado com alguns casacos... e sim, eu e ele saímos no soco, ele acertou um soco na minha boca... agora cinco dias depois ainda estava o machucado. Maldito dia... eu queria que nunca tivesse acontecido, não dessa maneira... por minha culpa foi levado da pior maneira... O assassinato? Não tô afim de pensar nisso.

Mais uma tragada... e a fumaça se esvaiu de dentro dos meus pulmões assim como as lembranças daquele dia se esvaiam da minha mente, momentaneamente eu estava em êxtase, vagando por alguns pensamentos completamente aleatórios.

Meus sentimentos estavam bagunçados.

Espera... que sentimentos?

Queria tê-los, assim como eu os expressava para todos.

Eu não queria pensar na Anna... não queria, mas era inevitável, eu me sentia culpado...mas, não era para ela ter ficado desacordada... não tanto tempo...

Minha mente se espremeu.

Uma quarta tragada que me levou à algumas horas atrás, eu sentado à horas naquela cadeira, observando ela dormir... Ela era tão linda quanto qualquer garota que eu havia visto durante toda a minha existência... aquele cabelo loiro e aquela pele macia...

Ela estava alí por minha culpa.

Sem clichês... mas levei flores e uma carta...

Se o Dudu não tivesse me ligado, eu estaria lá até agora...

Até que a tia dela é legal.

Amanhã venho visitar você de novo... relembrei a frase.

Uma quinta tragada final , meus lábios já ressecam por conta da fumaça, segurei a respiração e ainda de olhos fechados empurrei a fumaça quente para fora, queria que com ela se esvaisse todas as minhas confusões mentais.

Quando me despedi... aproximando-me, eu já sabia que ela não estava mais em coma.