Passaram duas, três, quatro aulas e o tampinha não apareceu em nenhuma. Quando estávamos indo trocar de sala parei na frente dos outros três.
“Acho que a tampinha tá com problemas. Vocês viram ele no recreio? “ Perguntei e Morgana nem me olhava nos olhos, Dylan pareceu realmente preocupado e Rebeca lixava as unhas em sua cadeira.
“Quem se importa? “ A patricinha perguntou e se levantou. “Ele não presta atenção em nenhuma aula mesmo, não ia ajudar em nada. “ Ela deu de ombros e saiu da sala, rebolando para o Dylan ver, mas ele estava ocupado demais encarando o teto.
“Dylan? “ Eu e a ruiva perguntamos em uníssono.
“Eu falei com ele no recreio. Fui um filho da puta e ele foi andando em direção ao corredor do Hugh. “ Ele respondeu e colocou as mãos em cima do rosto. “Por que eu fui um idiota? “ Ele perguntou se culpando.
“Deve ser porque você é um. “ A ruivinha disse se levantando. “A última aula é de sociologia, querem faltar para salvar ele do Hugh? “ Ela perguntou se levantando e espreguiçando.
“Não posso, já falto aulas demais. ” Respondi me levantando da mesa do professor.
“Não posso, sou ruim em sociologia. ” Dylan respondeu se levantando.
“Aham... Claro que é. “ A ruiva disse revirando os olhos, o moreno queria responder, mas resolveu deixar quieto. “Covarde. ” Ela disse e saiu da sala.
“Por que garotas são tão complicadas? “ O garoto perguntou para mim e se levantou.
“Você saberia se fosse bom em sociologia! ” Bati em seu ombro e saímos da sala juntos.
Que merda! Odeio ter que falar com o Hugh. Aquele brutamontes tem uma paixão esquisita por mim desde que somos crianças, e sempre que eu vou no corredor dele me dá um abraço que quebra meus ossos.
Depois de andar muito, cheguei ao corredor dele. O menino se levantou de seu trono de pneus velhos e foi até mim. Estava sozinho, todos os seus servos deviam estar fazendo algo que o líder mandou.
“Como vai a minha princesa? “ Ele perguntou segurando minha mão e dando um beijo.
“Bem...” Respondi apreensiva com o abraço.
“Vem cá, baixinha! “ A fera me abraçou e eu pude jurar que ouvi meus ombros se deslocarem.
“Estou... sem... ar! “ Disse isso e ele ficou vermelho de vergonha, me colocou no chão e se sentou em seu trono.
Enquanto recobrava o ar, ele ficou me estudando com o olhar.
“O que veio fazer aqui? Aqueles garotos estão te zoando de novo? “ Ele perguntou batendo o punho na outra mão.
“Não... Que se fodam eles! “ Respondi e ele ficou com um sorriso no semblante. Por algum motivo o grandão adorava me ouvir xingar. “Vim aqui para ver se está bem...” Menti e ele percebeu na hora arqueando uma das sobrancelhas malfeitas.
“E...? “ Ele perguntou. O contrário do que pensam, valentões não são burros ou coisa do tipo. Apenas usam tanto a força que acabam esquecendo de usar a inteligência.
“Você pode ter prendido um garoto... O Francis. “ Foi complicado lembrar o nome dele, todos o chamam de Pig.
“Francis Pig? “ O mais velho perguntou se lembrando do menino. “Prendi ele no recreio... Você não está gostando dele, né? “ Se levantou na hora bufando com raiva.
“Não, não! Acha que eu sou mulher de sair com um garoto avoado como ele? “ Perguntei tentando impedir que ele fizesse alguma merda.
“Hm... É verdade. “ Se acalmou e olhou nos meus olhos. “ Falando em sair... “ Ele começou e eu revirei os olhos.
“Sabe que minha mãe não deixa. “ Dessa vez não estava mentindo, minha mãe não me deixa sair com ninguém, as pessoas que venham em minha casa e nada de apenas um.
“Certo, certo... Para que quer o Francis? “ Ele perguntou ainda confuso com a minha vinda.
“Tenho trabalho de história com ele e mais outros retardados. E vamos nos reunir na minha casa, depois da escola. “ Respondi e ele com os olhos me respondeu um ‘Entendi, mas que merda ein? ‘ e eu retruquei ‘Não faz ideia...’.
O mais velho me puxou pelo braço enquanto tentava se lembrar onde, nos vários armários tinha prendido o menino.
“Achei! “ Exclamou abrindo o cadeado com a senha 23-50. Quando o armário foi aberto reconheci de quem era, de Chloe Twins. Tinha cheiro de perfume fora da validade e é cheio de fotos de garotos.
Francis caiu para fora do armário e se levantou em solavanco, passando as mãos pela roupa para limpar da poeira.
“Eu prometo nunca mais vir parar aqui! “ O menino disse. Eu e o mais alto nos olhamos como ‘É claro que vai voltar. ’.
O sinal tocou e depois de uma longa despedida, consegui me livrar de Hugh e ir embora dali com o menor.
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