História Mystic World - Prólogo

Mystical Place                         

 1745         

 Castelo dos Cabello                                                                     

   A pequena garota de cabelos castanhos, respirava calma e entediada, observou seu pequeno dedo passar na pedra fria do castelo de seu pai Alejandro, ela estava tão despercebida ultimamente, mau via o tempo passar, levantou seus olhos castanhos para a janela de seu quarto, e de longe pôde ver o outro reino, o reino dos Jauregui.

   Para ela, aquele reino era simplesmente encantador, lá parecia ser tudo tão calmo, divertido tão feliz. Ela adoraria ir para lá um dia, mas por algum motivo que a garota até seus oito anos de vida jamais havia entendido, era que seu pai odiava aquele reino com as duas mãos.

   Camila baixou seu olhar novamente e soltou a respiração forte, sinal de tédio, ela quase nunca saia do castelo, quem dera de seu quarto, sempre ficava lá, almoçava lá, brincava com as pequenas bonecas de madeira e porcelana. Por mais coisas que ela pudesse ganhar de seu pai, aquilo nunca seria o suficiente, ela poderia ter todos os brinquedos, mas do que adianta ter vários brinquedos e brincar sozinha?

   Camila raramente podia brincar com as crianças de seu reino, a maioria delas ou eram mais velhas ou estavam ajudando seus pais ou começando a entrar no treinamento.

   A garota finalmente se levantou do banco que ficava na janela e se direcionou a cama, se jogou com tudo em cima dela. Observou as cortinas que ficavam em volta de sua cama, se pergunto do sobre o que faria para tirar o tédio, olhou para os brinquedos atirados no chão de madeira do quarto, levantou-se e foi em direção dos mesmos. Catou um por um e levou até seu baú em frente a cama, separou cuidadosamente cada brinquedo e empilhou de leve dentro do baú.

   Depois de ter feito aquilo, o tédio havia voltado, ela começou a caminhar inquietamente pelo quarto tentando pensar no que faria, pensou em dormir, mas eram apenas cinco da tarde, e ela sabia que se dormisse esse horário acordaria no meio da noite sem sono, e a noite era a hora que mais a assustava.

   Ainda sem nada do que fazer, observou calmamente e atentamente todos os lados do seu quarto, pensou em ter visto uma borboleta em cima de sua cama, então começou a andar para trás para ver se conseguia um ângulo melhor de enxergar o pequeno inseto de cor amarela, ela dava alguns pulinhos em tentativa falha de enxergar.

   Camila em um de seus pulos caiu para trás sobre sua mesa de madeira, a empurrando levemente para o lado, deixando exposto um desenho de uma lua prateada brilhante. A garotinha observou curiosa a lua, pensou que já havia visto-a em algum lugar, tentou puxar ao máximo de sua memória para lembrar-se de onde havia visto aquele pequeno desenho. Em frustação Camila bateu de leve com a mão no chão por não conseguir se lembrar, mas ela sabia que já havia visto aquela lua em algum lugar. A morena abriu um sorriso enorme de bochecha a bochecha ao finalmente depois de tanto esforço se lembrar, ela havia visto aquele desenho em um de seus livros de história mitológicas que sua mãe lhe dera aos cinco anos de idade.

   Se levantou correndo do chão e foi em direção a sua estante de livros, pegou um por um folhando em busca do desenho, mas parecia que quanto mais ela olhava menos ela achava. Terminou a primeira fileira de livros e nada do desenho, começou a pegar os livros da segunda prateleira já nas pontas dos pés. De novo procurou e procurou, e de novo, não achou. Ela sabia que não conseguiria alcançar a terceira prateleira sem apoio, então foi até sua mesa e de lá arrastou a cadeira até a estante, colocou um joelho de cada vez, logo em seguida esticando suas pernas. Pegou o primeiro livro da estante e começou a folhear. Já estava no antepenúltimo livro e ainda não encontrara o maldito desenho, mas ela não poderia perder as esperanças, pois sua curiosidade falava mais alto, ela queria saber a todo custo sobre o que aquele desenho significava.

   Camila pegou o último livro da estante e antes de abri-lo suspirou, torcendo para que aquele livro tivesse o desenho da lua. Dessa vez folheou mais calmamente, observando cada página que o livro continha, estava na última página, e ali já havia desistido, sabia que não iria mais encontrar o livro que continha o desenho.

   Guardou o livro na estante decepcionada, pulou da cadeira e colocou a mesma em seu devido lugar, atravessou o quarto se atirando na cama novamente entediada. Bufou em total frustração.

− Camila venha, o jantar está pronto. – ouviu sua mãe gritar do andar de baixo.

   Ergueu uma sobrancelha, mas o jantar estava pronto tão cedo? Camila se pôs sentada na cama se apoiando em seus braços pequenos, observou a janela que ficava em frente a sua cama, e pôde ver que o céu que antes estava bem claro, já se encontrava em um tom azul forte, com uma leve listra alaranjada de baixo dele, dava para ver perfeitamente o sol se pondo atrás do castelo dos Jauregui. Era uma vista imperdível, e linda, saiu do transe ouvindo mais uma vez o chamado de sua mãe.

   Camila se levantou da cama e se direcionou a porta, pôs sua mão maçaneta e antes de sair deu uma última olhada para o castelo dos Jauregui. “Como queria estar lá” pensou e deixou seu quarto.

   Ao chegar no primeiro andar do castelo, pôde ver seu pai e sua mãe sentados na grande mesa de madeira, que por sinal, estava brilhante como sempre. Puxou a cadeira e sentou-se do lado de seu pai e de frente a sua mãe.

− Por que demorou tanto? – perguntou Sinue, mãe de Camila.

− Estava arrumando meu quarto – mentiu. Recebeu um olhar de aprovação de seu pai.

− Você é tão dedicada minha filha, te digo, um dia você irá ter esse reino em suas mãos. Será a nossa fiel herdeira. Cuidara de todos os negócios do reino, acho que você finalmente colocará esse lugar em ordem. – disse Alejandro logo em seguida dando uma garfada no peito de frango que havia sobre seu prato.

− O que é herdeira? – perguntou Camila erguendo uma de suas sobrancelhas.

− Você em breve descobrirá – seu pai respondeu e lhe deu uma piscadela.

− Quando? E por que em breve e não agora? – perguntou Camila com a sua testa franzida ao máximo.

− Porque isso é uma coisa que leva tempo para se entender filha, e queremos que leve o seu tempo. – disse Sinue, dando um sorriso amarelo a filha, e logo um olhar disfarçado de reprovação a Alejandro, que Camila de cara percebeu.

   Camila havia terminado, seu jantar, levou seu prato até a pia de mármore, e observou sua mãe lavar os talheres, Camila questionou do por que ser sua mãe lavando os pratos, eles tinham uma empregada, que inclusive era muito amiga de Camila.

− Mamãe, onde está a Karen? – perguntou se apoiando na pontinha dos pés para ter uma visão melhor do que sua mãe estava fazendo.

− Seu filho ficou doente, e teve que ficar em casa para cuida-lo, já que o marido dela está de viagem. – Sinue disse simples e sorridente.

− Shawn está doente? O que ele tem?

− Segundo ela, ele está com gripe, e por isso que ele não está vindo para cá, ele não quer te passar gripe, Shawn é um fofo não?

− Sim, ele sempre brinca comigo, é uma pena que ele esteja doente. – Camila suspirou e pensou mais uma vez se perguntava sobre o desenho da lua a sua mãe.

− Mamãe – a chamou – o que significa um desenho de uma lua prateada brilhante? – a mãe de Camila virou-se rapidamente para encarar a garotinha de olhos e cabelos castanhos.

− Nada que você possa saber. – disse grossa – já está tarde, vá para seu quarto e durma.

− Mas mãe eu...

− Vá logo – a interrompeu, Camila apenas a obedeceu.

   Ela não havia entendido do porquê de sua mãe ter agido daquela forma. Subiu correndo para seu quarto, abriu a porta e logo a fechou após adentrar o mesmo. Correu em direção a mesa onde havia encontrado o desenho da lua, puxou a mesa para o lado e se abaixou para ver o desenho, porém ela já não estava mais lá. Camila ficou surpresa, será que ela estava ficando doida? Aonde havia parado aquele desenho que havia visto mais cedo?

   Após longos minutos observando e revirando aquele canto em busca da lua, resolveu se deitar, colocou seu pequeno pijama e se pôs debaixo das cobertas, ficou pensando sobre a lua até pegar no sono. Ela estava tão cansada hoje que não havia esperado sua mãe ir até seu quarto lhe desejar uma boa noite e apagar as velas.

   Mas me diga... Onde essa lua foi parar?