História Na Hora Do Pesadelo - Meu Novo Diário

Data: 31/12/2016

“Já faz seis anos que perdi a minha mãe. Fez seis anos há algumas semanas. O Ano Novo sem ela é... Somente mais um dia comum. Meu pai e Joane cuidaram de mim, e ele até me mudou de escola, onde ele se tornou professor de Geografia, Química, e Filosofia. Cresci sem ouvir minha mãe dizer que eu era especial... “Você é mais especial do que pensa”. Foi isso que minha mãe tinha dito. Meu coração batia com mais força sempre que me lembrava de suas palavras. Ai, eu daria tudo para revê-la.

No meu aniversário de sete anos, meu pai comprou uma pug, na qual eu a nomeei de Lola. Falando no meu pai, este também me ensinou sua religião do espiritualismo. Mas me importei pouco com suas aulas. Mais estranho, foi ele me chamar várias vezes pelo nome da minha mãe; eu sabia que ele sentia falta dela, mas não imaginei que fosse tanto assim.

Joane tinha ido cuidar da mãe em outro lugar, deixando meu pai cuidando de mim. Nos primeiros dias foi um tanto que difícil, já que ele conhecia muito pouco minha rotina de segunda à sexta. A escola, as aulas de natação e de balé... Meu pai viu que era muito longe, e chegava atrasada. Até que, o ano acabou e meu pai me matriculou numa escola próxima. Além de me matricular em aulas de balé à tarde. Quando Joane voltou, meu pai falou tudo sobre a minha transferência a ela, além de dizer os endereços da escola que iria estudar, e da que eu faria balé.

Lola me fez companhia nesses anos, sempre brincalhona, ativa, e carinhosa... Como minha mãe. Bem, em outras palavras, a Lola é muito divertida!

Na minha escola, a situação era bem complicada. Eu sou classificada como “a CDF metida a sabe-tudo”, mas quando as aulas são com meu pai, sou chamada de “a queridinha do professor”. O pior foi quando descobriram que o professor Elijah era meu pai. A partir daí, muitos pensavam que eu só tirava notas altas por quê ele me dava as respostas. Apesar de desmentirmos isso. A única pessoa quem me aceitava com minha inteligência avançada era Anya; quem eu chamava carinhosamente de Any. Ela não era superdotada como eu, mas era muito curiosa, e interessada em quase tudo, exceto nas aulas de redação.

Hoje é véspera de Ano Novo, e Joane, meu pai e eu decidimos comemorar na casa de praia que ele tinha alugado, Any não morava muito longe, e decidi chamá-la, além de, claro levar a Lola. O condomínio tinha até uma piscina. E como gostava mais de piscina do que de mar, passei o dia inteiro lá, brincando com a Any e outras crianças. Joane também se juntou a nós, e competimos quem nadava mais rápido, quem ficava mais tempo embaixo d’água, entre outras brincadeiras.

— Muito bem, meninas. — Joane disse, depois de um bom tempo. — Vamos sair um pouco daqui e almoçar. Depois vocês voltam.

— Agora? — Eu tinha dito.

— Não estamos com fome. Mas nós vamos daqui a pouco.

— Então está bem. — Joane disse, dando de ombros e se afastando da piscina. — Mas não me culpem se a Lasanha acabar e vocês não...

Ela não precisou dizer mais nada. Nós duas saímos da piscina, correndo direto para nossa casa. Só que meu pai nos impediu de entrar em casa, por estarmos completamente molhadas. Então, nos pegou uma toalha. Sentamos no quintal da casa sob um guarda-sol e aproveitamos nosso almoço. E enquanto esperávamos para voltar para a piscina, brincamos com a Lola e jogamos alguns jogos de celular. Quando, enfim, estávamos prontas, voltamos à piscina, até o fim da tarde, onde nos divertimos, assistindo e jogando.

Depois do jantar, meu pai e Joane estavam arrumando as coisas para o Ano Novo, enquanto íamos na casa de Tony, um amigo meu da minha vizinhança, que morava no condomínio vizinho. Passamos um tempo conversando com ele, e ele nos mostrou vários lugares para irmos e explorarmos. Fomos com ele até o mercado, depois da mãe o chamar para ir até lá, pois estava faltando algumas frutas e ingredientes para o bolo que ela estava fazendo.

Voltamos, e ele entrou em casa para preparar as coisas para o Ano Novo. Então voltamos para casa, e continuamos a passar o tempo no condomínio, que teve uma visita de uma rã. Fomos atrás dele, e enquanto Any ficava fascinada pelos saltos que ela dava, eu fitei o padrão de suas costas: um tom verde, com listras onduladas num tom mais escuro, que não consegui decifrar se era azul ou verde-escuro, ou um preto. E foi a primeira vez que ouvi um sapo coaxar.

Enfim está chegando a hora da queima de fogos! Mal posso esperar para ver o céu colorido!”

— Vamos, filha. Se não vamos perder o melhor lugar — Elijah entrou no quarto. E chamou Zoey.

— Claro, já estou indo!

Zoey colocou o seu diário novo na cama, e foi ao encontro do pai. Que sorriu:

— Então, qual foi o segredo que estava escrevendo? Espero que não seja nada sobre mim.

— Não é nada sobre você. E nem vou contar — Zoey virou o rosto.

Acompanhada do pai, chegou na orla da praia, onde Joane e Any os esperavam.

— Já estava na hora! — Joane os repreendeu. — Vocês iam perder seu lugar. Como íamos pular as sete ondas juntos, se vocês não estariam aqui?

Alguns minutos depois, a contagem regressiva foi iniciada:

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1...