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História Na Linha do Tempo - Sonhando Acordado


Escrita por: SamanthaL

Notas do Autor


Boa tarde, pessoal. Escrevi este capítulo para atender aos anseios de minhas amigas leitoras. Peço desculpas pelo atraso, mas devido as atividades da faculdade, ando sem tempo. Um grande abraço e que Deus vos abençoe.

Futuramente a história será corrigida na íntegra.

Capítulo 23 - Sonhando Acordado


Fanfic / Fanfiction Na Linha do Tempo - Sonhando Acordado

23. Sonhando Acordado

 

O sono, eterno, sem precedentes, não falha com os que nele esperam. Talvez a vida se consubstancie em idas e vindas repentinas. Este doce silêncio que nos atormenta minuto após minuto. Um lembrete de que a existência não é um desperdício.

Na beira de um abismo sem igual se encontrou. E quando as luzes estavam apagadas, algo o arrastou de volta da escuridão. Emergiu, engolindo a realidade como um susto. Teria fracassado, ao desejar voltar para o mundo dos vivos? Teria sido precoce?

Lá não era seu lugar. E enterrando seus medos, viu-se mais uma vez, encontrando-se com a vida.  Foi quando se lembrou dum vazio, onde não havia tempo. Não havia noite. Somente luz. Não existia pena eterna, mas a redenção na bondade de Deus.

Ele se perguntou, se ela estaria com ele até ali. Constatou, por osmose, que sua presença era maior que o poder da morte. Porém, quem era agora? Apenas as cinzas do velho eu que um dia habitara aquele corpo.

Suas mãos tocaram o aço gélido da base da gaveta. Estava tão frio. Sentia-se diferente. Algo estava diferente. Estudou a sala. Uma mesa com papéis empilhados. Um computador de última geração, ligado, com fichas de pacientes mortos. Mesas metálicas encostadas num canto qualquer.

O lugar em que se encontrava era desconfortável. Sentiu uma dormência nas pernas, quase não conseguindo movimentá-las. Arrastando-as devagar, imediatamente se retirou da gaveta. Procurou por alguma camisola hospitalar. Porém, apenas encontrou lençóis azuis dobrados sobre uma mesa branca.

Doutor Luanga ainda permanecia desmaiado, com os óculos tortos na face. A gravata amarrotada. A boca aberta, com a língua entre os lábios. Sasuke aqueceu-se com um dos lençóis, se embrulhando com ele.

 

- Que lugar é este? – Sussurrou perdido.

 

Viu o homem jogado no chão. Estaria morto? Aproximou-se, tentando acordá-lo.

A cabeça de Doutor Luanga latejava, em picos desiguais, através das cargas de energia em seus neurônios. Era como se o inferno inteiro tivesse se mudado para dentro de sua cabeça. Ao acordar, percebeu o peso de uma mão sobre seu peito. E abrindo os olhos, vislumbrou o defunto lhe afagando.

Imediatamente berrou, arrastando-se para trás feito uma lagartixa.

- P-Para trás, demônio!

 

Recuava amedrontado. Quando bateu a cabeça contra a parede, a figura vinha em sua direção. Pondo as mãos sobre o rosto, iniciou uma prece...

 

- A-Ave M-Maria, c-cheia de graça. O S-Senhor é convosco...

 

As palavras quase não saíam. Sasuke tocou-lhe o ombro, acalmando-o.

 

- Acalme-se. Não sou um fantasma. Estou vivo.

 

Ele afastou dois dedos, abrindo passagem para a visão. O garoto diante de si parecia confuso e perdido.

 

- Por favor, me ajude. – Sasuke rogou-lhe desesperado.

 

- Deus do céu. Nunca, em meus vinte anos de profissão, vi uma coisa como essa. Um defunto ressuscitando.

 

- O-Onde estou?

 

- Está no Hospital Geral de Cabo Verde. No necrotério. Pensei que estivesse morto. Como é que isso foi acontecer? O hospital errar um óbito?

 

- Quem é você?

 

- Sou o Doutor Luanga. O médico legista. E-Em que posso ajuda-lo? Você me parece confuso.

 

- E estou. Sinto-me diferente. É como se, apesar de estar aqui, não estivesse.

 

...

 

 

Sakura tomou o relógio das mãos de Aki, balançando-o. Girou mais uma vez os parafusos, e outra vez o eco ressoou.

 

- É um pouco tarde para isso, não acha? – Aki a questionou, desesperada.

 

- Vamos dar o fora!

 

Ela ia arrastando Aki pelo braço, quando a menina congelou no local onde estava.

 

- E-Espera aí. Tem alguma coisa lá fora. Não vamos sair desse jeito!

 

- Se ficarmos aqui, iremos descobrir rapidinho. Tem certeza de que quer ficar?

 

- Não devíamos ter vindo.

 

- É um pouco tarde para isso, não acha?

 

Um som estridente de pegadas retinia. Ele fazia “tum”, “tum”, assustadoramente, manipulando a estrutura do solo, levando-o a tremer.

As duas se abraçaram, encarando a porta de entrada para a sala, quando um silêncio tomou conta da realidade de repente.

 

- Eu... – Aki sussurrou. – Acho que foi embora.

 

A criatura arrebentou a parede do museu, deixando um rastro de destruição pela frente. Ambas berraram assustadas. Um T. Rex furioso uivou ameaçadoramente.

Sakura arrastou a filha consigo, com a criatura seguindo-as com o olhar.

 

- Corre, corre, corre! (Sakura berrou, desesperada).

 

- Eu estou correndo! – A adolescente bradou como se fosse óbvio.

 

- Para onde? Onde?

 

- Esquerda. Esquerda!

 

Sakura esquivou-se, puxando Aki, no momento em que o T. Rex abocanhou o chão, onde antes a garotinha estava, abrindo uma cratera gigantesca.

Chegaram ao salão central do museu. Sakura enfiava o relógio dentro do bolso da calça, enquanto Aki abria a porta.

Ao saírem, antes de correrem em direção à rua, Sakura arrastou um banco, lacrando a porta. Mas antes que terminasse, Aki a chamou, aflita.

 

- Mãe, eles não usam portas! Vamos!

 

As duas corriam atormentadas. Haviam chegado ao octógono central da praça em frente ao museu. Pararam no centro, perdidas.

 

- Precisamos de um carro!  – Sakura exclamou.

 

Um taxista passava. Era tarde quando decidiu voltar para casa. A rotina de mais de oito horas estava o destruindo. Prometera a esposa que retornaria mais cedo nessa noite. Ouvia um mix de Laun Prometeus. Um cantor Africano de Pop.

Fazia o contorno na praça do octógono quando visualizou duas figuras asiáticas femininas, saltitando aturdidas. A placa estava apagada, mas resolveu parar.

 

- Good evening. Are they lost? (Boa noite. Estão perdidas?)
 
 
                Ambas correram em direção ao táxi. Aki abriu a porta e entrou.
 
 
                - They will excuse me, but I'm not in service. (Vão me desculpar, mas não estou em serviço.)
 

 

Sakura entrou, após a filha. O taxista berrava em inglês, e ela tentava convencê-lo, mas o tempo era curto.

 

- Please get us out of here! ( - Por favor, nos tire daqui!)
 
 
          - No, no, no, ma'am. I have to go home. You two , out! (Não, não, não, dona. Tenho que ir para casa. Vocês duas, fora!)
 
           - You need to understand . It is a matter of life or death. (O senhor precisa entender. É uma questão de vida ou morte!)
 
 
           - But it can be so important? (Mas o que pode ser tão importante?)
 
 

O dinossauro rompeu a parede de entrada museu, saindo, espalhando concreto para todos os lados. Seus passos faziam o chão tremer, balançando o carro vermelho de quatro portas. Pobre taxista, sentiu sua bexiga se encher quando viu a criatura. Ela corria em direção ao táxi. Parecia estar faminta.

 

- Speeds up! (Acelera!)
 
 
            Dessa vez era Aki quem berrara, derramando lágrimas dos olhos.
 
 
          O carro da marca Dung fazia a quilometragem de cento e cinquenta quilômetros por hora. Basicamente, as passadas do T. alcançavam centímetros absurdos. Mesmo assim, o pobre taxista estava no máximo.
Rompeu à primeira, passou pela segunda, voou para a quinta. O T. Rex seguia o carro vermelho antigo, que ainda não voava.
       Algumas pessoas lanchavam num restaurante, e ao verem a coisa se aproximando, desesperadas, se dispersaram.
 
 

- Where did this thing come from? (De onde veio essa coisa?) – O pobre taxista questionava em voz alta.

 

 

- I hope it's not from hell. (Espero que não seja do inferno.) – Aki sussurrou desesperada. – Over there! Take the bridge! (Por ali! Pegue a ponte!)
 
 
           O helicóptero da DDC News sobrevoava a ponte Princess Tamina para a cobertura do trânsito. Joshua Muller era o cinegrafista responsável pelas imagens tridimensionais. Sua colega, Janete Angel falava sobre o congestionamento no final da ponte, quando por engano a câmera de Josh balançou com uma rajada de vento. Ele se equilibrou, e quando voltou seus olhos novamente para a câmera quase enfartou.
 
 

- Is that a dinosaur? (Aquilo é um dinossauro?) – Joshua questionou, dando zoom.

 

- What are you talking about? (Tá falando do quê?) – Janete o olhou preocupada.

 

-Jesus! It's a dinosaur! Jen, come and see! (Jesus! É um dinossauro! Jen, venha ver!)

 

 
 
           Janete era cética sobre muitas coisas. De longe, devido a sua miopia, só conseguia ver uma coisa enorme caminhando sobre a ponte. Quando colocou seus óculos e olhou na lente da câmera, deixou o microfone cair. Rapidamente empurrou a câmera para Joshua, obrigando-o  a gravar. E ela narrava mais ou menos assim: “Estamos falando direito da ponte Princess Tamina, onde um dinossauro gigante desfila pela mesma! Isto é surreal! Estamos ao vivo, e tem um dinossauro vivo, que se mexe e está bem bravo!”
 
              As imagens circulavam por toda a África, e pelo mundo.
 
              Dentro do carro, Sakura se desesperou ao ver a fileira de carros à frente.
 
             - E agora? (Aki berrou.) – A coisa tá vindo!
 
             - Vamos ter que sair. Rápido! - Boy, get out of the car and run! Fast! (Moço, saia do carro e corra! Rápido!)
 
 

Sakura arrastou Aki consigo, abrindo caminho por entre os carros. Logo, os outros motoristas também começaram a sair e a correr. Gritos de pessoas desesperadas. O T. Rex pisoteava tudo que havia pela frente. Quando o farol do helicóptero da polícia lhe atingiu ele parou, soltou um aterrorizante grunhido e ficou mais furioso.

Tanques do exército africano se aproximavam da criatura, lançando bolas de canhão fumegantes contra o bicho.

Sakura e Aki ultrapassaram uma barricada feita pela guarda civil da cidade de Cabo Verde, onde as pessoas eram retiradas da zona de perigo e soldados montavam postos, apontando as armas contra o animal.

O T. Rex saltou e atingiu o helicóptero, derrubando-o no rio Pan.

 

- Aki, para onde vamos agora?

 

- Precisamos voltar para o hospital onde o corpo do papai está. A polícia vai cuidar do bicho.

 

...

 
 

 

Sakura vestia o roupão, amarrando-o em torno da cintura. Estava com um sorriso cintilante nos lábios. Sasuke havia vestido a calça de moletom, quando a abraçou por trás, beijando-lhe o pescoço.

 

- Você gostou? (Sussurrou no ouvido dela).

 

- Gostei... (Disse sedutora.)

 

- Gostou mesmo? (Questionou outra vez, prendendo seus dois lábios na orelha direita).

 

Ele a virou bruscamente, agarrando-a. Encararam-se sorridentes e com ternura. Sasuke se divertia com o olhar maldoso que ela lhe lançava. Tocou-a na bochecha esquerda, deslizou as mãos até os lábios dela, acariciando-os com o polegar.

E aproximou seu rosto devagarzinho, para que seus lábios se encontrassem com os dela. Iriam se tocar quando uma batida nervosa atingiu a porta do banheiro. Os dois pararam, e se olharam sorrindo.

 

- Papai, mamãe, saiam! Vocês tem que ver uma coisa!

 

Sasuke abriu a porta do banheiro. Sakura fingia escovar os dentes enquanto ele segurava uma toalha nas mãos. Dan ficou intrigado diante da dúvida. O que será que seus pais faziam quando estavam a sós? Estava abraçado ao seu dinossauro de pelúcia. Balançava o bicho para todas as direções, com os olhinhos arregalados e pulando.

 

- O que vocês estavam fazendo?

 

Crianças....

 

Sakura engasgou-se com o creme dental, e ficou grunhindo. Pobre Sasuke, estava em uma saia justa.

 

- Érr... sua mãe estava tentando escovar os dentes, mas não saía água da torneira. Tentei descobrir o que era. Hey, por que não está na cama? Já é tarde!

 

- Eu sei, mas eu acordei com o barulho de vocês. (As bochechas de Sakura ficaram vermelhas). – Aí eu liguei a televisão! Vocês precisam ver! Tem um dinossauro andando por aí! ( Ele exclamou alegre).

 

- Um dinossauro? ( Sasuke o questionou cético). - Sakura, demos xarope para o Dan?

 

- É, papai! Um tiranossauro rex!  Igual àquele do meu álbum de figurinhas! Vemmm!

 

Dan o arrastou para frente da televisão. No começo, parecia ser uma bobagem, mas quando ele viu a coisa se mexendo e atingindo o helicóptero da polícia, se desesperou e soltou um alto e desesperado...

 

- Saakuraaa!

...

 

Chegaram ao hospital onde o corpo de Sasuke estava. Sakura parou na recepção, pedindo informações sobre onde ele estava.

 

- Are they relatives of Seiji Khõ? (São parentes de Seiji Khõ?) – A enfermeira lhes questionou.
 
 
- Yes, I came to see his body earlier today. (Sim, vim ver o corpo dele hoje mais cedo.) - Please tell me they did not do the autopsy. (Por favor, me diga que não fizeram a autópsia.)
 
- We try to make contact with the hotel where Seiji's relatives are staying. There was an error. I do not understand, when the body came here there were no signs of life. Seiji is alive. Woke up a few minutes earlier, and he's in a room. (Nós tentamos fazer contato com o hotel onde os parentes de Seiji estão hospedados. Houve um erro. Eu não entendo, quando o corpo chegou aqui não havia sinais de vida. Seiji está vivo. Acordou alguns minutos antes, e está em um quarto.)
 
            - My God! Thank you! (Meu Deus! Obrigada!)

 

Os olhos dela encheram-se de lágrimas.
 
 

- Can we see it? (Podemos vê-lo?)

 

- Of course, but he received a sedative. He's sleeping at the moment. (Claro, mas ele recebeu um sedativo. No momento está dormindo.)

 

 

...

 

Sakura e Sasuke observavam a televisão, horrorizados, enquanto Dan vibrava ao ver seu animal preferido se mexendo.

 

- Dan, querido, fique aqui. Vamos ver como sua irmã e a Aya estão.

Eles caminhavam pelo corredor do hotel, enquanto conversavam cochichando.

 

- Isso não é normal. (Sasuke alertou). – Como aquilo apareceu?

 

- E eu sei lá! Sou médica, não paleontóloga!

 

- Querida, tem um t. rex andando por aí. Uma coisa que foi extinta há mais de milhões de anos! Uma criatura dessas não aparece do nada!

 

Chegaram ao quarto. Bateram, mas ninguém atendeu. A porta estava destrancada. Adentraram.

 

- Não estão aqui. ( Sasuke a encarou intrigado). – Para onde foram?

 

- Isso não está me cheirando bem. Vamos trocar de roupa e falar com a recepção do hotel.

 

 

...

 

 

- Vou buscar um café. Quer um, mãe?

 

Ela tinha que se acostumar a ser chamada de mãe.

 

- Obrigada. Eu ficarei com ele.

 

Sasuke dormia, serenamente. Uma agulha pequenina e finíssima estava inserida em uma das veias de sua mão esquerda. Ela estava sentada ao seu lado. O observava cuidadosamente e começou a conversar com o mesmo. Sentiu falta daquilo.

 

- Na última vez que te vi, nos despedimos. (Levantou-se, tocando-lhe o peito). – Você estava morto. Eu vi você morrer. (Sorriu triste.) - Não consigo entender, mas naquele momento eu desejei ir com você também.

 

Lhe acariciou o rosto, tocou-o no nariz com o dedo apontador, seguindo a linha que formava o desenho perfeito de sua face gentilmente esculpida. Descansou o polegar nos lábios do mesmo.

Pela primeira vez, estava tentada. O hálito quente de sua boca vinha em direção aos  lábios de Sasuke, entreabertos. Encostou sua face na dele, e desejando-lhe dividir o mesmo fôlego, beijou-lhe os lábios. Ao fazer, uma lágrima escorreu de seu olho direito, gotejando sobre a bochecha dele.

 

Seus olhos abriram-se devagar. Ainda estava sonolento por conta do tranquilizante. Porém, percebeu que alguém lhe beijava. Seus olhos negros cansados se encontraram com os dela, verdes e vivos. Pensou: - São tão lindos! E quando ela se afastou...

 

- Quem é você? ( Questionou-a aflito, quando ela liberou seus lábios).

 

O copo de café que Aki segurava, de repente caiu no chão. E a bebida esparramou-se pelo piso de azulejos azuis do quarto onde Sasuke estava.


Notas Finais


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