História Na mesma moeda - Um é bom... Dois é melhor ainda

“Eu estou na rua, Dae. Quando chegar em casa, nós conversamos... “

Envio uma mensagem simples imaginando que Jongdae deveria estar ao ponto de arrancar os cabelos. Estou o evitando há três dias, mas não é por vergonha ou nada do tipo. Pelo contrário, estava empolgado com a ideia de ser tão desejado por Kim Jongdae. Sei que disse que não tinha segundas intenções com ele, mas... Jongdae não é alguém fácil de se resistir, nem um pouco.

 Se alguém contar pra ele que eu disse isso, eu nego.  

Mas então, qual o problema?

Resposta: Park Chanyeol

 Aquela criatura me atazanou tanto essa semana, que a culpa acabou caindo para Jongdae pela besteira que eu havia feito terça-feira passada.

Não estava com cabeça para nada disso, estava extremamente irritado esses últimos dias e sei que é errado descontar essa frustração em Jongdae, principalmente depois de um vídeo daqueles, mas eu tive a necessidade de rejeitar tudo que me lembrasse aquele dia...

Aquela foto...

Droga! Juro que não entendia qual era o problema em relação a Chanyeol. Não precisa ser nenhum gênio pra perceber que eu tenho pelo menos uma quedinha por ele. O que é estranho a um nível extremo, levando em consideração os tantos anos que convivemos como amigos e eu nunca senti nada desse tipo. O que tornava tudo mais confuso era Jongin...

É normal eu me sentir... caidinho em relação a ele,  como sabem, já gostei dele na infância, e por mais bobo e inocente que tenha sido o sentimento, existiu...

O que eu sentia por Kai morreu na infância, não teve tempo de desabrochar, e agora, é como se eu sentisse voltar o friozinho na barriga. Mas esse sentimento não está voltando sozinho e isso é o que frustra!

Ficar com um dos meus melhores amigos eu até tentaria  aceitar, agora, os dois... é demais pra mim. Aish.

Isso estava me estressando bastante, mas eu tentava ao máximo não transparecer. Conversei um pouco sobre isso com Luhan e ele tentou me convencer de que era algo normal, mas eu sei que não é normal nutrir paixonites por dois amigos. Sei que não é normal trocar beijos com o Kai de dia e de noite, receber mensagens nada castas de Chanyeol à noite.

Aiquele atrevido! Lembro-me de pensar, quando lembranças do meu dia ontem invadem minha mente. Chanyeol teve a coragem de me mandar um nude. Um nude seu, logo após, um áudio dizendo o quanto eu estava gostoso naquela foto (coisa que me deixou alteradíssimo, mas fingimos que não.) 

A minha parte romântica se sentia realizada por ouvir Chanyeol me elogiando, ou me querendo de qualquer forma... A minha parte “toma vergonha na cara” sabia que Chanyeol era um descarado que, ou estava brincando comigo, ou só queria me comer.

—  Min, você sabe que ele nunca faria isso com você, antes de tudo, vocês são amigos.  — Luhan sussurra ao meu lado do banco. Tinha adivinhado meus pensamentos depois de me ver lendo as últimas mensagens de Chanyeol em meu celular.

Luhan tinha o incrível super poder de sempre me acalmar e dizer o que eu precisava ouvir.

— Você tem razão...— sibilo baixinho, sentindo Kyungsoo inquieto do banco do motorista.

— Tá legal, o que vocês estão cochichando aí? Podem ir falando. — exigiu Kyungsoo, com os olhos atentos às ruas, mas os ouvidos em outros lugares...

— Estamos falando de Jongdae. Minseok está me contando como foi excitante o que ele fez com ele. — Luhan respondeu de prontidão, soando muito convincente.

— É, Soo... tenho pensado muito nisso esses dias. — completei a mentira, que não era de todo uma mentira.

— Vocês estão me excluindo de novo... — Junmyeon se fez presente, choramingando. — Eu sempre sou o último a saber das coisas.

— Myeon, o Min não contou pra gente. — Luhan riu. — Jongdae veio pedindo dicas de como conquistar ele e contou pra gente da travessura do Minseok... — Luhan me encarou malicioso e Junmyeon confuso.

Não podia ver Kyungsoo diretamente por estar no banco atrás dele, mas podia ver, pelo espelho retrovisor, que ele estava com um sorriso sacana.

— E que travessura foi essa? — Junmyeon pergunta, totalmente alheio à situação.

Bom, ainda tínhamos um tempo até chegarmos no meu apartamento, que era o mais próximo. E o que pode ser melhor do que atualizar os amigos dos babados depois de um rolêzinho no Shopping? Exatamente, não tem nada melhor que isso.

— Minseok gravou um vídeo usando calcinha e rabinho de gato para Jongdae. — Kyungsoo dispara para Junmyeon ao seu lado, antes que eu possa dizer qualquer coisa. 

Quando abro a boca para falar, Luhan me interrompe afobado:

— E ainda usou um vibrador, Myeon. Um vibrador! Você acredita? — Luhan gesticulava para Junmyeon, que se contorcia todo no banco de carona para encarar Luhan e eu com olhos arregalados.

— Eu não acredito, eu não acredito! Como ele reagiu? Como você reagiu, como foi? — Junmyeon perguntava eufórico, parecia animado demais com um dos seus shipps, Xiuchen.

—  Você quer mesmo saber o que ele disse? Eu acho que não...— respondi minha própria pergunta ao ver o rostinho corado de Junmyeon. — E sobre mim... foi umas das coisas mais divertidas que já fiz. A sensação de provocar alguém de tal modo, fazer aquelas coisas e saber que tem uma pessoa observando e que ela está louca pra ter você. Ah, Myeon, eu com certeza faria isso mais vezes, realmente algo que eu posso definir como: excitante. — encaro o mais novo, que me devolve o olhar, com um pouco de incredulidade presente.

— Nossa, Minseok, melhor ator pornô que você respeita. — Kyungsoo diz rindo, fazendo nós três rirmos também. O dia que Kyungsoo prestar, ele precisa ser urgentemente internado.

— Tenho que admitir que me senti muito pornozão mesmo. — confesso rindo com Luhan ao meu lado. — Ainda mais quando mandei um quase nude pro Chanyeol...

Eita...

Okay, não era pra eu ter dito isso. Mas tive pouco tempo pra notar Junmyeon virando a cabeça em minha direção como a menina do exorcista, e menos tempo ainda pra perceber que Luhan diria algo, quando percebi, ele já estava aterrissando em mim, me esmagando completamente no lado esquerdo do carro em uma curva violenta que Kyungsoo fez.

Depois do meu quase infarto e um mini-ataque de pânico por achar que iria morrer cedo demais, ouvi o som de uma buzina e de um senhor de meia idade gritando algo como ‘Maluco! Vai aprender a dirigir! ‘

— Kyungsoo, o que foi isso? Você quer matar a gente?! — Junmyeon se alterou, enquanto arrumava seus cabelos que ficaram bagunçados naquela curva homicida.

O que diabos aconteceu pro Kyungsoo se desconcentrar desse jeito?

— Kyungsoo, se você quase matou a gente porque viu um boy magia na rua, eu juro que...

— M-Me desculpem. — Luhan é cortado por Kyungsoo, que gaguejava ao falar, de repente parecia ter ficado muito nervoso. — E-Eu não sei o que aconteceu, me perdoem, por favor.

Kyungsoo pedindo perdão? Normalmente ele não dirigia mal e no caso de cometer um deslize desses, faria sua típica expressão de “vá à merda” ao invés de se desculpar. O pior de tudo era vê-lo envergonhado. Eu nem sabia que Kyungsoo tinha a capacidade de se envergonhar. Só quando falamos de...

— Só presta mais atenção, a gente podia ter morrido. —  é Junmyeon que fala, cortando minha linha de raciocínio. — Mas então, Min, que história é essa do Channie? Vocês dois...

— Não! — me apresso em dizer. Olho de soslaio para o retrovisor, vendo Kyungsoo soltar o ar que parecia estar prendendo. — Foi sem querer, Myeon, você acredita? Eu fui mandar uma foto provocante pro Jongdae, e aí enviei pro Chanyeol.

— Tenho certeza que Chanyeol vai correr atrás de você agora... Se o conheço bem, já deve ter proposto que vocês dois ficassem, não é? — me encara. Não queria responder aquilo em voz alta, pois algo nesse assunto ainda me incomodava muito. Junmyeon toma meu silêncio como resposta. — Eu sabia... 

Maldito Junmyeon, que repara e observa todos os detalhes. 

Desvio meu olhar para o reflexo de Kyungsoo. Me sinto envergonhado de falar sobre Chanyeol em sua frente e acho que meu incômodo não passa despercebido. Resolvo falar sobre outro alguém que estava me deixando balançado igualmente.

— Myeon, esquece o Chanyeol, preciso contar uma coisa... — murmuro mais baixo a última parte, meio desacreditado que tomei coragem pra dizer em voz alta.

— Diz, Min, não me mata de curiosidade, vai logo! — Junmyeon me apressa, parecendo contribuir com a minha tentativa de desviar de Park Chanyeol. Suspiro antes de falar:

— Eu... Eu acho que gosto... Eu acho que estou mesmo gostando do Kai. — praticamente sussurro, mas o barulho lá fora era quase mínimo, ali dentro, então...

— Tá falando sério, Minseok? — Junmyeon sorri largamente com os olhos brilhando. Escuto Luhan dar um risinho baixo ao meu lado enquanto balança a cabeça negativamente. — Eu sabia, sabia!

Resolvo ignora-lo para não criar nenhuma paranoia.

— Isso é sério mesmo? — Kyungsso que se mantinha calado até então questiona.

— Tipo... A gente se beijou no domingo, e na segunda... e na terça, quarta, quinta e...

— Kyahhhhh! O Kai... O Kai é perfeito. Mesmo ele tendo namorado pouquíssimas vezes, todo mundo vê o jeito carinhoso que ele te trata, se ele já cuida tão bem de você, imagina quando descobrir que você gosta dele. Porque tá na cara que ele corresponde. — Myeon dispara completamente eufórico. Não consigo não sorrir também, pois a forma como se preocupava com a minha felicidade era extremamente fofa.

— Eu concordo com o Junmyeon, Minseok. Nini é a pessoa certa pra te fazer esquecer o Sehun. — Kyungsoo fala. — E gostoso daquele jeito, vai te fazer esquecer o Sehun rapidinho. — diz naturalmente.

— Kyungsoo... consegue não pensar em sexo por dois segundos? Estamos falando de gostar, não de transar.— Luhan revira os olhos.

— Não. E pare de ser chato, claro que gostar também é importante. Por isso eu super concordo que o Minseok deveria investir no Jongin. — Kyungsoo afirmou. Coisa que eu estranhei, já que ele nunca disse nada assim do Jongin antes.

Na verdade, tinha certeza que ele me zoaria e agora ele parece certo do que diz. Por que eu tinha a sensação de que algo estava errado?

Respiro fundo antes de dizer alguma coisa.

— Meninos, eu tenho total certeza de que quero esquecer o Sehun pra sempre. Quando me pego pensando nele tenho vontade de me espetar com um garfo por tamanha estupidez. — massageio as têmporas. — E vou ser sincero em dizer que guardo rancor, sim, sabe. Aquele desgraçado vai perceber que assinou a própria sentença quando me traiu... — deixo a frase no ar livre às interpretações. — Não vou ficar bem para um novo relacionamento enquanto não me sentir vingado. Por isso eu quero evitar falar sobre Jongin, Chanyeol... qualquer coisa que envolva sentimentos amorosos.  — ditei, me sentindo um pouco mais confortável naquela conversa.— Mas eu me sinto feliz em poder desabafar com vocês, muito mesmo. E sobre o Kai, eu só não queria que fosse um choque quando tudo isso terminar. — completo, recebendo um olhar compreensível de Junmyeon e Luhan.

— Minseok... Esse papo de " assinar a própria sentença"... Isso tá me cheirando a travessura. A festa do Yuri é depois de amanhã, o que você vai aprontar, hein? — Kyungsoo insinua, cheio de malícia. Ele parecia normal agora.

Sorrio amarelo, pensando em algo pra responder.

— Se ela, digo, a noona, estivesse aqui eu até que aprontaria um pouco, mas vou me contentar em só curtir mesmo. — dei uma risada, realmente não tinha planejado nada.

— Ah, vocês já receberam o convite pra festa do Yuri também? Ótimo. —Junmyeon fala.

— Yuri? Quem é Yuri ? — Luhan tinha uma expressão confusa, similar a que Yixing costuma fazer... 100% do dia.

— O Yuri é um colega nosso, do colegial. A gente estudou junto por muito tempo, todo ano ficávamos na mesma sala que aquele demônio.

— Ai, Min, ele não é tão horrível assim... — Junmyeon disse com o rostinho vermelho. — Ele é um gato, pelo menos.

— Ele é gato? — Luhan se anima, sem nem mesmo disfarçar.

— Você não sabe como...— é Kyungsoo quem responde, com um de seus sorrisos maliciosos.

O Kyungsoo acanhado tinha sumido.

— E ele é viado que nem a gente? — Luhan diz, me fazendo dar uma gargalhada. Quanta delicadeza ao falar da nossa orientação sexual.

— Ele é Bi, hétero, gay, se duvidar até Drag... O que você quiser. — Junmyeon responde rindo.

Luhan dá um sorrisinho para Junmyeon e logo após se vira para mim,  cruzando os braços.

— Por que você não gosta dele, Min? —  parecia indignado com o fato de eu não gostar de um cara gato.

— Eu não disse que não gosto dele. — sorrio falsamente. — Ele é super gente boa, até... Só que ele é aquele tipo.

— Ohh, aquele tipo? — Luhan gesticula, arregalando os olhos. — Piada de pedreiro?

— Sim, piada de pedreiro... — olho pra Luhan por um segundo, e depois rimos um pro outro, como os dois idiotas que éramos.

— Estão rindo de que? — Junmyeon nos encarava como os dois idiotas que éramos.

— Memes estrangeiros que eu e o Lu vimos no Twitter, não vem ao caso. A questão, Lu, é que o Yuri vai dar uma festança enorme com a galera que estudou com ele no ensino médio. Vai ser uma daquelas festas que dura até de manhã com muita bebida e gente transando na mesa, sabe? Ah, não, não é exagero, ele é um pouco radical...

— Minha nossa... que legal! — Luhan sorri de uma forma fofa. — E será que eu posso ir? — fez uma expressão dengosa.

— Você não pode, você deve. Essa festa vai ser o que eu estava precisando pra sair da seca e é claro que você vai com a gente, vai ser um rodízio de boys.

— Que legal, eu...

— Tá na seca mas tem dois gatos chamados Yifan e Jongdae correndo atrás. — Junmyeon finge uma torce em meios às palavras e Luhan ri exagerado de sua fala.

Mando um olhar nada agradável para o  mais novo.

— Jongdae e Yifan estão meio que incluídos no meu ciclo de amizade, e bom, pegar amigo não conta, Jun. Então, Luhan, o que você dizia? — me dirijo ao garoto ao meu lado.

Espero o Lu começar a falar sabendo que esse assunto de festa se estenderia até chegarmos em casa...

...

Algo errado não estava certo por aqui... Me lembro — quase — perfeitamente de ter trancado a porta ao sair hoje mais cedo.

Giro a maçaneta para o lado, só para constatar se eu não estava louco e a porta de fato não estava trancada. Quando a porta se abre, encaro a minha sala estático, o metal da maçaneta parecia estar mais gelado sob meu toque. Alguém havia entrado aqui.

Caminho a passos lentos e pesados paro o meu quarto, pegando um frigideira no caminho pela cozinha. Certo, Minseok, os ladrões dos filmes sempre vão pro quarto da vítima, é só você chegar furtivamente e arremessar essa frigideira na cabeça do infeliz, muito simples...

Continuo furtivamente até o meu quarto, e o frio na barriga aumenta quando escuto um barulho vindo de lá.

Merda, alguém tinha realmente invadido a minha casa. Sinto uma vontade imensa de chorar, pois nunca tinha lidado com um assalto antes, mas continuo assim mesmo e seja o que Deus quiser. Se fosse algum espião da Minhee querendo bisbilhotar minhas roupas de grife, eu ia fazer um escândalo na casa dela.

Quando chego ao meu quarto, me surpreendo por não ter ninguém lá. As coisas estavam todas no lugar e as grandes janelas de vidro estavam fechadas. O dia estava bastante bonito para um assalto em domicílio, inclusive. Apenas a minha mala com os meus apetrechos e fantasia sexuais estava aberta em cima da cama.

Espera aí... e se for alguém querendo abusar do meu corpinho? Um estuprador ou uma maníaco por homens extremantes fofos e baixinhos? Alguém me ajude, eu vou ter um ataque. Não estou pronto pra usar os meus brinquedos enquanto sou abusado.

Pelo amor da minha Passivinha de Guadalupe, eu não quero ser abusado, eu não quero.

— Eu não quero ser...

— Oi, delícia... — sinto uma mão em meu ombro.

Ai meu orifício...

O pulo que eu dei poderia ser digno de um troféu, mais alto que um cisne desabrochando. 

— Eu não quero ser abusado! Por favor, não! Leva tudo mas não encosta em mim. — em um ato de desespero, me ajoelho no piso com as mãos juntas, em súplica ao meu agressor.

Meu coração estava acelerado e o pânico estava tomando o meu corpo, me impedindo de raciocinar de forma lógica. Como por exemplo, o fato do estuprador ter voz de mulher.

Quando percebi o meu super mico já era tarde, ela já estava rindo.

— Berrooooo! — eu diria que ela riu, mas imaginem uma hiena com a pata machucada que faria mais jus à cena.

Encarei estático a figura ruiva à minha frente, percebendo como a senhora coringa continuava igual: sádica e risonha. Essa garota não muda, não?

— Como? Q-quando... quando você... — balbuciei atônito.

— Espera, idiota, eu ainda estou rindo. — ela já havia parado, mas de repente suas risadas de hiena machucada encheram o ambiente. — Você precisava ver... você precisava ver a sua cara. “Oh, não quero ser abusado, eu não quero” — dizia entre um riso e outro, recuperando o fôlego. — Mas, tirando esse seu vexame, deixa eu te falar, Minseok, você tá um gato. — sorriu maliciosamente, mais uma de suas costumeiras expressões. 

 Percorro meu olhar por sua silhueta, encarando seu sorriso de canto. O fato dos meus brinquedos sexuais estarem espalhados pela minha cama parecia bem explicado agora. E para comprovar a minha tese, a escuto dizendo:

 — Deve estar dando muito.

E aí está ela, meus amigos.

E aí está ela. A razão de eu ser um trouxa com distúrbios de vingança. A razão do meu lema ser : Devolva na mesma moeda. A razão de eu estar bolando quinhentos mil planinhos de como arrasar Oh Sehun.

Aí está Kim Sohee, minha irmã mais velha.

— Noona...

— Não vai me dar um abraço, maninho? — ela abriu os braços em minha direção, sorrindo para mim. Corri para abraça-la, esquecendo a vergonha que passei há 5 minutos, como se não nos víssemos há muito tempo, e de fato, era verdade.

Aquele abraço era a definição de saudade.

...

— Eu não acredito nisso, maninho, que loucura. — Sohee falava com a boca cheia de Cheetos. — Gente, pretérita estou eu...

— Às vezes eu nem acredito que tudo isso aconteceu mesmo, quer dizer, que loucura... até ontem eu tinha certeza do que queria, de que tudo que eu vivi com Sehun foi real e que ele me faria feliz. Nossa casa em Nova York, meu próprio consultório de pediatria, nós dois criando nossas crianças com muito amor e ficando juntos o resto da vida. E então, como uma granada explodindo, eu descubro que estava sendo trocado todo esse tempo... A dor... Noona... você não tem noção do quanto dói. — não percebi direito quando comecei a ter um tom mais choroso e emotivo, mas droga, chorar não estava nos meus planos.

— Ah, não fique assim, bebê, você é bonito demais pra chorar por alguém, sabe disso. — Sohee se aproximou fazendo uma leve carícia em meu rosto e me envolvendo em um abraço. Aquilo me acalmou instantaneamente, e logo me senti melhor. Eu adorava esse efeito que ela tinha sobre mim.

Esse já deveria ser o quinto abraço trocado, mas parecia o primeiro. Sempre era uma novidade abraça-la, pois cada um de seus abraços eram carregados de sentimentos diferentes. Ela era ótima em passar seus sentimentos através de ações.

Como esse aperto excessivo, ela queria dizer: "Estou aqui, sabe disso" com uma mistura de: "Ninguém pode te machucar"

Poxa vida, noona...

— Como eu senti a sua falta... — não consegui segurar o meu enorme sorriso junto a algumas pequenas lágrimas de felicidade.

Ouvi sua sonora risada, agora bonita e elegante, mas de forma alguma ela ria de mim.

Ria para mim. Como se dissesse: "Eu também senti a sua falta".

Sohee era uma garota extremamente dissimulada e louca, mas ela era única. Sabia ser compreensível e abrir os meus olhos nos momentos certos. Ela me conhecia melhor do que eu mesmo, e eu amava cada fase da nossa relação de irmãos.

— Se você fugir pro ocidente de novo e me deixar...

— Eu voltei, Min. Mamãe não vai te machucar, papai não vai te machucar e muito menos Sehun. — me apertou.— Nós vamos machuca-lo. — ela segura meu queixo me fazendo encara-la. — Você é um felino.

— Você tem toda razão, Noona. Sehun vai se arrepender de ter feito isso comigo, ou não me chamo Kim Minseok. — dito, ouvindo-a rir abafado.

— Você podia começar ficando com alguém novo. Aposto que algum moralista já lhe disse que isso não é certo, que você precisa se valorizar. — Junmyeon era esse moralista, penso rindo. — Tolisse. Sehun era um garoto dotado de ciúmes, imagine como ele ficaria louco se visse você com alguém — ela parecia deslumbrada com a possibilidade. 

Pena que chegou um pouco tarde.

— Sohee... — a interrompo. — Eu já fiz isso... — digo a olhando nos olhos. — Eu fui em um encontro com um cara chamado Jongdae e o Sehun estava lá, aí eu beijei o Jongdae na frente dele. — sorrio com uma expressão convencida. — E também teve o Kris, que foi uns dias antes...

— Eu não acredito que você finalmente está seguindo o caminho das passivas que você respeita. Regra número um do código das passivas: "O coração tá machucado, a boca não."

— Sohee...

— Sim?

— Mal posso esperar pelas merdas que você vai me convencer a fazer. — falei sorrindo, eu estava vibrando em entusiasmo e ansiedade.

— Ah, maninho... você não faz ideia.

. . .

— Aish, Minseok, tem certeza que essa cor ficou boa em mim?

— Claro, Noona, se combina comigo, combina com você, nós somos quase gêmeos. — respondo sorrindo.

— Não quero ficar estranha na festa, acabei de chegar, eu quero causar. — me olha.

— Vai por mim, você está maravilhosa, olha só quanto glamour. — aliso uma mexa recém descolorida.

— Viado, você tem razão, me dá esse espelho aqui. — estende a mão em minha direção a qual eu entrego o objeto de vidro. — Você loiro já é uma delícia, agora, nós dois... quem vai resistir? — vejo seu sorriso largo e perverso, exatamente como eu me lembrava.

— Ninguém vai. — retribuo sua carinha malvada com um sorriso de canto.

Esse sábado promete. E essa festa promete. Sabem por quê?

Porque a minha Noona está de volta... Nós dois estamos.