1. Spirit Fanfics >
  2. Na Sombra da Cerejeira >
  3. Reconhecimento, admiração e paixão

História Na Sombra da Cerejeira - Reconhecimento, admiração e paixão


Escrita por: Shinoda_Yuuka

Notas do Autor


Boa leitura, especialmente pra você que tá vindo reler!

Capítulo 1 - Reconhecimento, admiração e paixão


Fanfic / Fanfiction Na Sombra da Cerejeira - Reconhecimento, admiração e paixão

Era um fim de tarde conturbado em toda Soul Society. Não importava em qual área de qual esquadrão, quase nenhum shinigami poderia ser visto. Aqueles de patente alta e outros fortes guerreiros estavam no Mundo Real, onde um caos se alastrava. Uma legião de hollow atacava os espíritos konpaku compulsivamente, causando um desequilíbrio entre os mundos. Os esquadrões se dividiam entre várias partes do mundo, tentando conter toda e qualquer ameaça vinda daqueles monstros. E depois de quase dois meses de muita luta e alguns sacrifícios de bravos guerreiros, a situação parecia ter voltado a ser controlada pelos ceifeiros. 

Dentro da Sereitei, Yamamoto Genryuusai controlava a ida e vinda de todos os soldados, enquanto seu tenente montava os relatórios para prosseguirem na grandiosa missão de extermínio dos hollows. Enquanto desfrutava de uma xícara de chá, o comandante das 13 divisões observava por seus olhos semicerrados a imagem deplorável de um tenente de cabelos num tom de vermelho chamativo.

— Com que intenção ousa vir até aqui, Abarai Renji? — vociferou o grisalho, deixando de lado a xícara verde.

— Vim pedir que deixe-me lutar ao lado dos meus companheiros, senhor! — exclamou com determinação, curvando o corpo alto ainda mais.

— Negado!

— Mas-

— É inaceitável que me faça um pedido desses logo após ter falhado em sua última missão! Coloque-se em seu lugar, pirralho! 

Renji apenas engoliu seco, ouvindo as palavras duras de seu comandante.

— Sua zampakutou continua danificada, e mesmo se estivesse em boas condições, não faria muita diferença. Você foi fraco, Tenente Abarai. Reconheça isso.

Cada sentença chegava a seu coração como cortes profundos de espadas. Sabia que o outro estava sendo franco. Não podia fazer nada para ajudar seus companheiros, iria apenas atrapalhá-los. Ergueu seu corpo e saiu dali, voltando para casa, fingindo não se importar com o que ouviu. 

As ruas vazias do esquadrão eram incômodas naquele momento. Renji sentia um vazio em seu interior, sentindo que não poderia recorrer a ninguém naquele momento, não ter com quem conversar ou alguém que reconhecesse sua força. Gostaria de ouvir palavras reconfortantes, não importava de quem fosse.

Renji era esforçado, dedicado ao seu trabalho e se empenhava ao máximo para se tornar mais forte. Contudo, parecia que era o único a enxergar isso sobre si mesmo. Era como se todos os anos em que treinou para superar, ou pelo menos chegar ao mesmo nível de Kuchiki Byakuya fossem todos em vão. 

— O quão lamentável eu sou... — murmurou ele, levando sua mão direita até a cabeça.

 

Após duas longas semanas, Renji recebeu a visita de uma borboleta infernal, que vinha informá-lo que deveria ir imediatamente ao escritório de seu esquadrão. Seu capitão e seus companheiros já haviam retornado. Desanimado, o ruivo seguiu caminho para a sede, temendo o que poderia encontrar quando chegasse ao seu destino.

— Com licença — disse, empurrando a porta e deparando-se com Kuchiki Byakuya em sua costumeira postura e sua expressão séria e imponente. 

Os olhos castanhos percorreram todo aquele homem, em sua comum análise e tentativa de  descobrir algo além de toda aquela imagem indiferente. Queria entendê-lo para, quem sabe, se aproximar mais dele. Admirava-o de forma vigorosa, chegando a sentir seu coração palpitar com força só por vê-lo. Sabia o quão errado e perigoso poderia ser aquele sentimento nascendo e crescendo dentro de si. No entanto, controlar-se era uma missão impossível. Além de tudo, Renji também possuía um coração fraco.

— O sexto esquadrão foi o escolhido para auxiliar nos relatórios de todas as missões que estão sendo realizadas. — Byakuya disse tudo sem pausas, sem dar-lhe tempo de perguntar algo. — Isso quer dizer que nós dois teremos mais trabalho do que o normal, uma vez que concluímos nossa missão mais cedo em relação aos demais.

Renji pensou um pouco. Ter mais trabalho não era um problema, no entanto, o que deixava o ruivo intrigado era o fato do Kuchiki ter dito “concluímos nossa missão”. Não ajudou em nada e acabou perdendo feio contra um adjuchas com poder altíssimo, mesmo depois de tê-lo atacado com todas as suas forças. Foi ferido, humilhado com sua zampakutou quebrada em mãos,  enquanto seu sangue manchava o chão onde estava estirado.  

— Renji — A voz grave do mais velho chegou a seus ouvidos, despertando o tenente de seus devaneios. — Por que não voltou para nos auxiliar? Pensei ter sido claro quando ordenei que voltasse ao mundo real assim que estivesse melhor.

— Eu não pude, senhor. — O tenente abaixou a cabeça, evitando o olhar frio de Byakuya. — Zabimaru ainda está em recuperação. Eu não ajudaria em nada sem a shikai.

— Estar desprovido de shikai nunca o impediu de lutar ao meu lado. 

O jovem shinigami levantou o olhar ao ouvir aquilo. Usando seu vasto conhecimento sobre o capitão, Renji concluiu que aquelas palavras eram nada menos do que uma ordem. Era uma forma discreta de  mandar contar o verdadeiro motivo de não ter ido à luta.

— O comandante Yamamoto me impediu de ir ajudá-lo, senhor — disse sem desviar o olhar do mais velho. — Ele disse que eu… fui fraco.

Kuchiki Byakuya franziu as sobrancelhas, tentando decifrar o seu subordinado mais dedicado. Renji nunca fugiu de uma luta, independente de suas condições. Ele sempre entrava em sua sala com um olhar motivado, às vezes até um sorriso adornava seus lábios bonitos, em uma clara demonstração de felicidade. Apesar de não admitir em voz alta, adorava ver o rosto radiante daquele jovem. A determinação e a coragem irradiavam dele, e o capitão nunca viu isso em ninguém antes, ao menos não com tanta intensidade. Cada vez que o treinava, o Kuchiki percebia a mudança e o progresso de seus ataques. Como Yamamoto podia desmerecê-lo daquela forma, se sequer convivia com Renji? Pode finalmente entender o motivo do ruivo estar tão desanimado naquele dia.

— Renji — começou Byakuya, levantando-se de sua cadeira e encarando Abarai fixamente. Nunca foi um homem bom em consolar alguém, mas também nunca foi de tolerar injustiças. — Você é meu subordinado, portanto, acredito que sou o único a quem deve ouvir. Estou certo?

O tenente permaneceu calado, não acreditando naquilo que seu superior dizia. Os olhos cinza de Byakuya fitavam-no em uma intensidade tremenda, capaz de fazer as pernas do ruivo tremerem e o coração acelerar. Não podia se controlar diante de tal figura tão bela e imponente.

— T-Taichou... — conseguiu soltar com a voz trêmula, nervoso com a repentina aproximação. 

— Você não só foi, como é forte, Abarai Renji. Tente não se esquecer disso.

Cada palavra chegava aos ouvidos do jovem como um remédio forte contra as dores profundas provocadas pelo menosprezo e descrença de Yamamoto. Sentiu-se imediatamente aliviado e, posteriormente alegre quando notou que, no rosto do homem que tanto admirava, havia um sutil sorriso. Parecia uma miragem de tão bonito. Seu estômago borbulhou com aquela visão perfeita e Renji teve a certeza que seu próprio rosto estava vermelho, já que sentia sua pele ferver. Desviou o olhar e deixou um sorriso tímido brincar em seus lábios, pedindo em silêncio que Byakuya não pensasse mal dele por aquela reação impossível de se conter.

Mas o que Abarai não sabia era que Byakuya só conseguia achá-lo extremamente adorável. Seu interior insistia de que havia agido certo e que havia deixado-o feliz, mas a mente do grande Kuchiki Byakuya repreendia aquela ação. Era orgulhoso e frio, mas mesmo assim, esqueceu-se disso ao ver seu tenente triste por uma grandiosa injustiça. Por que sentiu que deveria defendê-lo? E por que seus batimentos cardíacos estavam descontrolados? Pigarreou e virou de costas para o mais alto, dizendo algo que não pode segurar: 

— Não se importe com quem não reconhece seu esforço. Saiba que sua determinação foi que me instigou a escolhê-lo como meu tenente, e não palavras vazias de um comandante.

Renji precisou de um autocontrole enorme para não abraçar aquele homem. Guardou aquelas palavras em seu coração, sentindo-se motivado o suficiente para continuar a ser quem era antes de sua última derrota.

— Sim, senhor! Muito obrigado! — agradeceu de maneira animada enquanto sorria. Mal podia lidar com o fato de ter o reconhecimento do homem que mais admirava e respeitava na vida. Nada poderia tirar o sorriso imbecil da face do tenente naquele momento.

 

Os dias passavam devagar, e o tenente do sexto esquadrão tinha a certeza de que a qualquer momento sua mão iria cair. Não sabia quantos relatórios já havia preenchido naquela semana, pois todas as manhãs chegavam pilhas de papéis em sua mesa. Às vezes queria poder fugir de seu trabalho, mas então ele acabava se lembrando de que tinha um ótimo motivo para comparecer ao escritório do esquadrão todos os dias. 

Kuchiki Byakuya tinha a face serena e calma como era costumeiro. Sua mão se movia com rapidez, preenchendo todos os relatórios como se não fosse grande coisa. Havia virado um passatempo para Abarai observar seu superior a todo tempo, captando suas diversas manias ou qualquer coisa que se assemelhasse a um sorriso. Almejava ver aquela raridade mais uma vez, mas não obteve sucesso.

E apesar de ser imperceptível, o nobre capitão estava longe de seu estado normal. 

Era impossível um homem de seu porte e nível não perceber os olhares descarados e demorados do seu tenente em si. Confessava o quanto aquilo lhe constrangia, afinal não estava acostumado a ter Renji o olhando tanto a troco de nada. Seria por causa da forma que o tratou há algumas semanas ao consolá-lo? Que tolice! Não fez mais do que sua obrigação, então não havia motivos para aquele tipo de comportamento.

E mesmo pensando assim, Byakuya não agia muito diferente. Vez ou outra seus olhos sérios se esquivavam dos documentos postos em sua mesa, direcionando o olhar ao rapaz ruivo do outro lado da sala. Não demorava, era um olhar rápido e impossível de se perceber. Sentia-se curioso e fascinado, admirando coisas em Renji sem mesmo se dar conta. Gostava de prestar atenção nos mínimos detalhes de sua personalidade e aparência, sentindo o coração acelerar por causa disso. Passou a tomar a iniciativa de dizer “bom dia” todas as manhãs, ao invés de esperar que Abarai o cumprimentasse. 

Byakuya se sentia esquisito. O homem que era hoje não diminuía seu orgulho para comportar-se daquela maneira. Porém, era inevitável. Estava agindo por impulso desde que seu tenente teve o coração partido. 

Byakuya franziu as sobrancelhas e, de olhos fechados, levantou-se de sua cadeira. Sabia que Renji estava o olhando outra vez, e por isso teve que se controlar para que o rosto não ardesse em vergonha. Ficou de frente para a janela da sala, abrindo os olhos para observar as ruas da Sereitei. Sentia-se tão confuso! Lembrava-se bem de quando algo assim aconteceu pela última vez, anos atrás, no momento em que viu uma bela moça de quimono azul em uma de suas rondas pelo Rukongai... 

— Renji, me traga um pouco de chá. — Byakuya se sentou novamente na cadeira, focando toda a sua atenção nos documentos postos em sua mesa. — Sinto que vou enlouquecer se não tomar ao menos um pouco. 

— Sim, senhor.

O tenente ficou de pé e andou em direção a porta, porém parando diante dela. Olhou para trás, demorando alguns segundos para processar a última frase dita pelo capitão. Aquilo não era algo que ele diria normalmente, ao menos não para si. Respirou fundo, tomando coragem para conversar com Byakuya antes de ir fazer o chá.

— Taichou, o senhor está bem? — Abarai lançou a pergunta, tendo imediatamente o olhar do outro sobre si. — Me parece diferente hoje. 

Byakuya sentiu seu coração falhar ao notar aquela preocupação tão explícita no tom de voz e nas palavras usadas por seu subordinado mais dedicado. Não negava o quão bem se sentia quando o outro era tão sincero e gentil, portanto decidiu respondê-lo com uma meia verdade.

— Estou um pouco cansado, Renji. Obrigado por perguntar, porém não se preocupe. Traga meu chá e ficarei bem. 

Os olhos de Renji cresceram em surpresa. Nunca, em toda sua vida, imaginou que o orgulhoso capitão do sexto esquadrão o agradeceria de forma tão agradável. Byakuya estava tão diferente.... Sorriu largo, decidindo ir logo fazer o chá. Não gostava daquela bebida, nem do cheiro e nem da cor. No entanto, cumpria a ordem com prazer, só por saber que o capitão ficaria feliz ao beber o chá.

O Kuchiki observou as costas largas até sumirem de suas vistas. Suspirou então, afastando todos aqueles documentos do centro da mesa e substituindo-os por alguns registros que tinha separado mais cedo. Mordeu de leve o lábio inferior, folheando a papelada até achar o registro que continha as informações sobre um certo shinigami de cabelos vermelhos. Botou a mão esquerda sobre o queixo, segurando o papel velho com uma foto colada no canto superior direito; nela havia a imagem de um rapaz de aparência exótica e de expressão mal-humorada. Era uma foto de identificação, mas mesmo assim a achava bonita demais. Suspirou, encarando o semblante sério e intimidador do homem da foto. Era engraçado, já que o Renji que conhecia só ficava sério daquela forma em situações de batalha ou quando ficava realmente bravo. O Renji que conhecia era bobo, risonho e engraçado. Byakuya não costumava pensar muito nisso antes, mas agora, aquelas pequenas qualidades estavam listadas como parte de suas coisas favoritas naquele homem.

“Maldição! Não consigo parar de pensar nele!”

Byakuya levou a mão que apoiava seu queixo até a testa, fechando os olhos e tornando a suspirar. Renji era fascinante, único, e possuía características bem marcantes. Tais como sua fama de escandaloso, impetuoso e pavio curto, as tatuagens tribais chamativas espalhadas pela parte superior de seu corpo, o cabelo longo cor de fogo nada discreto e sua extrema confiança em certas situações. Nada disso poderia ser bonito para os outros, mas de alguma forma, o nobre Kuchiki Byakuya via beleza em tudo o que envolvia o nome Abarai Renji. 

— Taichou, trouxe o chá!

Principalmente a voz, céus, essa voz! Rouca, arrastada, belíssima! Principalmente quando chamava seu nome. O capitão sorriu sem querer, levantando o olhar ao rapaz que trazia uma xícara de seu tão amado chá verde. O sorriso foi breve, não durando uma fração de segundo, porém foi o suficiente para que Renji sentisse o coração bater com força contra suas costelas e que sua face fosse pintada com um leve rubor… 

Havia conseguido ver outra vez o lendário sorriso de seu capitão! Sentiu-se nas nuvens com aquela visão tão bonita, mas tentou não demonstrar sua felicidade. Sem dizer mais nenhuma palavra, o ruivo entregou a xícara ao capitão, derretendo-se por dentro em seguida ao escutar baixinho um “obrigado” vindo dele. Acenou com a cabeça, meio abobado, voltando para seus afazeres em seguida. Céus, o que estava acontecendo? 

Quando pensou que não podia se surpreender mais naquele dia em relação à Byakuya, Renji acabou sendo pego desprevenido por uma pergunta completamente fora dos padrões de conversa que tinha com aquele homem:

— Por que você não gosta de chá?

O tenente demorou um pouco para processar a pergunta, como fez com o comentário informal dito mais cedo pelo Kuchiki. Sentiu que ele queria iniciar uma conversa casual, e isso nunca havia acontecido antes. Será que iria finalmente ver outro lado daquele shinigami tão orgulhoso? Ao que parecia, Renji teria enfim uma chance de se aproximar mais de seu capitão. Respirou fundo, analisando a pergunta que foi feita. 

— Não sei bem. Eu nunca gostei de bebidas fracas — respondeu com bom humor, sorrindo e coçando a cabeça. — E sem querer ofender o senhor, esse chá verde é o pior que eu já provei.

Byakuya franziu as sobrancelhas, incrédulo com o que acabara de ouvir. Era um amante assíduo de chás de todos os tipos, justamente por ser uma bebida fraca e calmante, além de extremamente deliciosa! O que agradaria o paladar daquele homem então? Conteve-se um pouco, lembrando que foi ele mesmo quem havia feito a pergunta ao ruivo, querendo sanar sua curiosidade sobre o assunto. Respirou fundo, encarando a bebida verde ainda quente dentro do copo.

— Entendo — disse, sentindo os olhos de Renji sobre si. — O que você gosta de beber, então?

— Eu gosto de bebidas fortes, como o Shochu de arroz. No mundo real eles misturam com limão. O gosto é sensacional! — O ruivo sorriu, aparentando gostar daquela conversa. — Mas eu não gosto só de bebidas alcoólicas. Eu ando tomando muito café. O senhor já ouviu falar? Tem uma leve semelhança com o chá, mas o gosto é muito mais forte. E doce também!

E então, Abarai passou quase cinco minutos falando sobre aquele tal de café, explicando como era feito, de onde vinham os grãos e a melhor forma de tomá-lo, já que havia várias misturas e acompanhamentos. Byakuya ouvia-o falar, sem saber o que era mais estranho: seu tenente dizer gostar de algo que se parece com chá logo após condená-lo veemente, ou ele saber tanta coisa sobre uma simples bebida. Confessava ter ficado interessado em provar o café ao lado de Renji, só por ver sua empolgação com o assunto. 

Quando o ruivo acabou seu relato detalhado sobre os benefícios que o café traz para os humanos (e possivelmente também para os shinigami), Byakuya cruzou os braços, se controlando para não sorrir pela conclusão que tirou com tudo aquilo. 

— Resumindo — começou, encarando o ruivo. — Você é uma daquelas pessoas que adora informação demais. 

Renji não pode evitar soltar uma gargalhada gostosa e espontânea com aquele comentário. Conhecia bem seu capitão, tinha absoluta certeza de que aquela conclusão não fora tomada apenas com seu discurso de amante de café, mas também por ocasiões passadas. Relatórios sobre as lutas que travara, evolução de suas próprias habilidades que costumava escrever para Rukia e aquela análise detalhada da Senbonzakura que fizera ao longo dos anos de treinamento com Byakuya. Lembrava de ter demonstrado o quanto conhecia o modo de luta do velho Kuchiki também...

— Acho que sim, senhor — respondeu ele, cessando as risadas. — Mas só daquilo que eu gosto muito.

O contato visual entre os dois membros do sexto esquadrão mantinha-se firme. Byakuya ficou sem jeito por um momento, mesmo sabendo que não deveria. Sua mente orgulhosa e correta interpretava aquela frase de qualquer jeito, sem intenção de se aprofundar mais em seu suposto significado. No entanto, o coração de Byakuya resolveu se manifestar, como recentemente vinha fazendo em relação àquele subordinado em específico. “Então ele gosta de mim?” pensou, não conseguindo evitar que um rubor leve colorisse sua face. Talvez fosse errado pensar assim, mas sabia o quanto Renji possuía informações suas, mesmo antes de tê-lo nomeado tenente. 

Já era noite do lado de fora, porém aqueles dois ainda não haviam percebido. Byakuya não disse mais nada após o último comentário de Renji, que já havia voltado a trabalhar. O capitão queria poder fazer o mesmo, mas estava muito distraído. O coração estava amolecido, batendo com velocidade absurda por pensar em algo que não sabia se fazia sentido. 

No fundo, queria acreditar nisso. Que problema teria se ele gostasse de si? Gostava dele também. Não era a mesma coisa de estar apaixonado.

— Apaixonado…? — sussurrou para si próprio, arregalando os olhos. 

De repente, Byakuya se lembrou da sensação de gostar de alguém daquela forma. Fazia tanto tempo que quase havia se esquecido. Hisana havia despertado em si sensações muito semelhantes àquelas no passado. O interesse, a vergonha, o coração acelerado, a felicidade… Sentiu ficou constrangido ao se dar conta de que Renji estava de pé em frente a sua mesa, o olhando com uma expressão confusa. 

— Taichou — disse ele, aproximando-se mais. — O senhor está bem? Já passou da hora de irmos para casa.

— Estou sim — respondeu rápido, tentando manter a compostura. Byakuya guardou os documentos e os relatórios inacabados com pressa, não prestando atenção no sorriso leve que brotava nos lábios do ruivo. 

— Taichou. — Renji esperou que o capitão terminasse o que estava fazendo para chamá-lo. Aproveitou o fato de ter passado uma tarde repleta de conversas agradáveis com o outro, decidindo pedir algo que já queria faz tempo, porém não tinha coragem. — O senhor pode voltar a me ensinar kidou? — perguntou sem jeito, coçando a nuca.

— Pensei que Rukia estava o ajudando — disse calmo, já andando em direção à saída. — Ambos sabemos que ela é a melhor em kidou da sua geração, portanto, não precisa de mim. Você está em ótimas mãos.

— Eu queria voltar logo com os treinos, mas ela ainda está no mundo real  — insistiu, olhando as costas daquele homem. — Além disso, o senhor é o melhor em kidou de todas as gerações! Não só na prática, como também no modo de ensinar. Por favor, Kuchiki Taichou… 

Renji sabia que era perigoso pedir alguma coisa mais de uma vez àquele homem, mas precisava daquela oportunidade! Haviam se tornado próximos naquele dia, de alguma forma inexplicável. Não queria chegar ao escritório no dia seguinte e ter o mesmo Kuchiki Byakuya de sempre, frio e apático. Desejava do fundo de seu coração ter alguma intimidade com ele, mesmo que pouca.

— Tudo bem — disse o moreno, virando-se para olhar nos olhos castanhos do mais alto. — Vamos recomeçar o treinamento de kidou apartir amanhã. 

— Muito obrigado! — O ruivo exclamou, sorrindo largo, transparecendo toda sua felicidade.

Kuchiki Byakuya agora tinha certeza de que seus sentimentos eram idênticos aos de quando conheceu Hisana. Estava bem nítido, tanto em seu coração que batia forte, quanto em suas feições tranquilas. Sorriu de leve, sem mostrar os dentes. Havia ficado alegre, apenas por saber que Renji queria sua presença. 

"Quem diria que eu, Kuchiki Byakuya iria me apaixonar novamente! E logo por quem..."


Notas Finais


Até o próximo capítulo!

Outras RenBya: https://www.spiritfanfiction.com/listas/renbya-da-nat-7811190


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...