História Na terra dos puros - Sombras no escuro

Aquela visão se repetiu na escuridão, agora um pouco mais clara porém não definitiva. Era uma criança, menina, usava um capuz preto e corria em direção a uma floresta assustadora. Estava frio e ela se encontrava muito cansada...
Tudo escureceu de novo depois veio uma luz fraca e eu acordei. Um pouco zonza, perdida, confusa, dolorida.
Estava em uma sala, pequena. Mais como uma prisão, se desse um passo batia o rosto na parede. A porta era de um vidro meio nublado, dava pra ver a movimentação do outro lado.
Tentei me mover, e senti uma corrente nós meus pés. Olhei para baixo, estava presa na parede.

Droga!

Não, isso não ta acontecendo, é um pesadelo. Tem que ser.
Respira. Me sentei, minha cabeça doía por conta da pancada era como se alguém estivesse dando marteladas.

- olá, tem alguém aí!!! – gritei, a dor ficou mais forte. Péssima ideia...

Nenhuma resposta. Melhor não gritar de novo ou minha cabeça vai explodir. Fiquei bem quieta, esperando. Uma hora ou outra alguém ia vir, tinha que vir.

O tempo foi passando, eu podia ver o sol de pôr através da janela. Estava com fome, sede. Rezando mais e mais, na esperança de sair dalí.
Quase desistindo, quando ouvi um barulho. Fiquei bem quieta, esperando... Os passos estavam cada vez mais perto, e meu coração mais acelerado.
A porta se abriu silenciosamente e dela surgiu alguém, usava um uniforme branco cujo capuz cobria boa parte do rosto. O resto dele era tampado por uma mascara, nas mãos luvas de silicone e botas. Tudo branco.
Nas mãos, esse alguém trazia uma bandeja com comida.
Se abaixou e colocou ela no chão , se virou e fechou a porta. Isso durou cerca de um minuto, sequer pude respirar e estava só de novo.

Me abaixei e puxei a bandeja pelo canto, tinha suco, água, arroz e salada. Comecei a comer, estava com tanta fome que tenho que parar pra lembrar de mastigar.
Acabei.
Fiz um esforço para olhar pra cima, agora estava de noite. E todas as perguntas continuavam sem resposta, na verdade elas só aumentaram.
As luzes se apagaram uma por uma, apenas uma no corredor permaneceu acesa. Senti um frio na espinha.
E em meio ao silencio mórbido, um grito assustador.
Parecia um homem. Aquele grito ficava mais alto, ele dizia: “ stop, no!” e gritava de novo.
Vi uma movimentação, através da porta. Sombras.
O homem que antes gritara, estava caido no chão, e se arrastava em vão. Alguém, outra sombra surgiu do nada.
E bem lentamente cortou o homem. Mas não para mata-lo e sim para causar dor. Pois ele gritava cada vez mais, até não ter mais voz.
Quando o silêncio voltou a reinar em meio a escuridão. A sombra do assassino se virou para mim, meu coração acelerou ainda mais.
Ele podia ver meu desespero?
Ele estava quase tocando a porta, quando algo ou alguém chamou a sua atenção. Ele se retirou.
O homem ainda ferido no chão se contorcia de dor.
E eu não podia fazer nada... Comecei a chorar, mais pelo morrendo ao lado do que por mim. No fim, acabei pegando no sono.