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História Nada Ficou no Lugar - É só mistério, não tem segredo


Escrita por: MissParrilla1

Notas do Autor


Esse capítulo é introdutório, mas logo logo posto o capítulo dois, e espero que vocês comentem e me digam o que acharam, isso ajuda muito!
Ps: O nome dessa fanfiction foi retirado da letra de uma música de Adriana Calcanhotto chamada "Mentiras", que tem muito a ver com a história e vocês verão isso ao longo dos capítulos. o título desse primeiro capítulo também é de uma musica.
Boa Leitura! ♥

Capítulo 1 - É só mistério, não tem segredo


Era quase quatro da tarde e Regina se maldizia por não ter saído mais cedo para procurar um lugar onde pudesse almoçar, como a cidade era minúscula não deveria haver muitas opções de restaurantes e todos provavelmente já estariam fechados a essa hora. Olhou para as caixas no canto da parede mais uma vez, ainda levaria um tempo para terminar de arrumar todo o apartamento e a ideia de viver em um local desorganizado a apavorava, seu estômago roncou e ela acreditou que poderia ser ouvido a léguas de distância. Resolveu descer até a lanchonete que se posicionava abaixo dos apartamentos, não sairia a procura de um restaurante a essa hora, principalmente se ainda não conhecia a cidade, e nem estava com ânimo e disposição para conhecer.

Sentou no balcão, não tinha planos de ficar por ali, pediria um hambúrguer e voltaria ao pequeno apartamento que alugara a três dias atrás por um site chamado PensãoDaVovô.com. Jamais moraria em um lugar com esse nome em condições normais, acontece que essa era a única hospedaria da cidade onde se podia alugar um apartamento por um período maior de tempo. O resquício de esperança de conseguir estabelecer uma boa estada no interior foi embora na tarde que alugou aquele apartamento.

- Hey. –Gritou um pouco mais alto para ter certeza que dessa vez faria efeito.

- Oh, me desculpe, estou sozinha hoje, minha avó teve que sair e está tudo uma bagunça... –Ela finalmente tirou os olhos do balcão em que limpava e os direcionou para Regina e a julgar pelo modo como sua voz morreu e seu rosto exalava apreensão teve a certeza de que sua cara de mais puro deboche para a historia da garota havia surtido efeito.

Regina estava de shorts jeans e camiseta e seu cabelo estava preso num rabo de cavalo, mas ainda assim conseguia passar a sensação de um porte autoritário. Aliás, esse era o tipo de combinação que jamais a faria sair na rua, mas não se daria ao trabalho de se arrumar apenas para descer alguns lances de escada e comer em uma lanchonete. Teve um pequeno momento de indecisão enquanto atravessava a porta que dava para o lugar, mas logo avistou a mesma garota que agora a atendia, vestida em uma mini saia, um cropped e botas vermelhas que iam até o joelho e deu de ombros já não se achando tão desarrumada assim.

- O que você deseja? – Ela se recompôs e sorriu com sinceridade.

- Primeiro acredito que você deva me entregar o cardápio, para que então eu possa escolher algo. –A fome a deixava ainda mais estressada, mas resolveu aliviar com a moça quando fleches da sua própria adolescência dispararam em sua cabeça. – Mas acho que não há necessidade, quero apenas um hambúrguer e uma coca diet para levar, por favor.

Enquanto esperava o hambúrguer ficar pronto a garota se apresentou como Ruby, tinha 18 anos e era neta da dona do lugar, uma tal de Granny. Regina respondia a suas perguntas com desinteresse, sua mente devaneava sobre um milhão de coisas, seus pensamentos mais pareciam um bolo de lã enlinhado, e deu amém quando seu lanche ficou pronto no momento em que Ruby se preparava para agora perguntar sobre toda a sua vida. A garota a entregou a coca em um copo sem tampa com mil desculpas, pois estava em falta, e a morena já estava cansada demais para discutir, além do mais só precisaria subir as escadas, era impossível que conseguisse derramar o liquido entre essa pequena distância.

-Ruby a conta, por...

 Revisou em sua cabeça o pensamento anterior, "nunca diga que algo é impossível de acontecer, Regina, nunca". Um cara havia se aproximado do balcão sem que a morena percebesse, e chegou perto demais, perto a ponto de tomar um banho de coca diet. Sim, exatamente como nas cenas mais clichês de filmes românticos, tirando é claro a parte em que eles se olham nos olhos e se apaixonam no mesmo instante.

-Oh me desculpe, eu me assustei e... Foi reflexo, deixe-me limpar... – Todas as aulas de defesa pessoal a deixaram com reflexos muito rápidos, mas estava distraída demais para discernir o que era ameaça e o que era só um cara tentando pagar uma conta, e o objetivo de todas as aulas não era sair por ai derramando refrigerante nas pessoas, era? Regina corria os olhos por todo o balcão a procura de lenços “que porcaria de lugar é esse que não tem guardanapos?”.

- Hey, hey –Ele a chamou retirando-a de sua busca frenética por lenços de papel, fazendo-a olha-lo em seus olhos azuis. – Não precisa se preocupar. – Ele lhe lançava um sorriso sincero.

- Você tem certeza? Quero dizer, posso ter alguma camisa lá em cima que sirva em você.

- Acho que nenhuma de suas camisetas deve caber em mim. – Ele falou de modo irônico apontando para a apertada camiseta de Regina, sem tirar o sorriso divertido dos lábios, com certeza se divertindo de toda a confusão.

- Nem que coubessem não ficariam boas em você, quer dizer, não combinariam com as botas sujas e o short caindo... – Revirou os olhos.- Devo ter algumas camisas masculinas, mas já que não está interessado, por favor, me dê licença.

- Não saia correndo, não vou mordê-la só porque me deu um banho de refrigerante, aqui, deixe-me pagar outra coca, eu a assustei não foi? A culpa é minha. – Ele continuava sendo irônico o que estava deixando Regina ainda mais puta.

- Não preciso que pague nada pra mim. – Disse a meio metro de distância enquanto já caminhava para a escada.

Subiu em poucos passos, pulando dois degraus de cada vez, com ímpeto de chegar logo a seu pequeno apartamento. A ideia de seu pequeno lar a esperando parecia agora bem calorosa. Tirou as chaves e se atrapalhou um pouco, sua mão tremia e não sabia dizer se estava tendo uma crise de ansiedade ou era apenas por causa da fome. Entrou de súbito no apartamento virando-se apenas para bater com a porta diretamente na mão do cara, o cara da coca, o cara engraçadinho que fez piadinha com sua camiseta apertada que deixava seus seios um pouco a mostra demais.

-Vou aceitar a oferta de uma camisa. – Seu sorriso era gentil, mas de seus olhos azuis emanavam um brilho divertido.

-Eu retiro a oferta. – Disse com seu habitual tom autoritário, empurrando com ainda mais força a porta contra o braço do loiro parado a sua porta, sem muito sucesso é claro.

- Ei, mas foi você que derramou refrigerante em mim, e aqui tem aquecedor, mas lá fora está frio, quer mesmo que eu pegue uma gripe por sua causa?

- Tudo bem, mas você espera aqui. – Ela se deu por vencida, odiava perder, mas só queria que ele saísse logo para que pudesse comer e deitar. Sua cabeça já latejava com uma enxaqueca crescente e seu corpo estava cansado por todas as caixas que carregou de um lado para outro. Deixou-o na sala e seguiu até o quarto para olhar entre as caixas se encontrava alguma coisa, se arrependia amargamente por ter dito que tinha algo que ele poderia usar, sua cabeça latejou ainda mais com a ideia. Encontrou três camisas em uma das caixas, sentou por infinitos segundos que mais pareceram horas, se perguntando como faria para dizê-lo que não havia encontrado nada, não tinha obrigação nenhuma de emprestar uma camisa a um desconhecido, principalmente se a culpa do “acidente” não tinha sido completamente dela, o balcão era grande, ele não precisava ter chegado tão perto não é mesmo? Por outro lado, por mais que ele tenha sido irônico, ela sabia que lá fora deveria estar muito frio, e sua camisa estava encharcada, e isso seria um problema. Respirou fundo e pegou a camisa branca, colocando as outras no fundo da caixa onde ainda ficariam por muito tempo.

- Você precisa de ajuda com essas caixas? Posso leva-las aos cômodos a que se destinam e...

-Não, não preciso. –Seu tom era firme e cortante. – Aqui, veja se essa camisa dá em você, se não der vai ter que ir com a camisa molhada mesmo. O banheiro fica logo... – Seus olhos se abriram um pouco demais com a cena. - Ei, o que está fazendo? – Ele tirou a camisa no meio da sala exibindo seu peitoral definido. Não era do tipo de cara que você imagina que passe horas na academia e tinha uma parede de músculos ao invés de um abdômen. O dele era natural, forte e extremamente atraente. Ele percebeu o olhar de Regina e sorriu maliciosamente fazendo-a corar e se enraivecer ainda mais.

- Ficou um pouco apertada, não tanto quanto a sua é claro, mas acho que vai dar para ir pra casa com essa aqui. – A piadinha maldosa a fez revirar os olhos.

- Bom, você pode ir agora, por favor? Tenho coisas a fazer. –Ela o direcionava até a porta com ele andando a sua frente.

- Antes de ir, foi um prazer conhece-la. Meu nome é Robin. – Disse recostado na parede de entrada do apartamento e sorria sincero, mas seu olhar ainda era malicioso.

- Passar bem, Robin.

-Hey, não vai me dizer seu nome? – Ele disse impedindo outra tentativa dela de tentar fechar a porta.

- Não gosta de mistérios, Robin? – Impeliu a porta com força contra o trinco e dessa vez não foi impedida.

Depois de comer deitou em sua cama sentindo suas pernas formigarem, Deus estava realmente cansada. Tinha 27 anos, mas se sentia aos 90 nesse momento, o corpo inteiro doía de todas as caixas que carregou, de cada canto que limpou, de cada coisa que pôs no lugar. Mesmo com a dormência no corpo sentia-se até um tanto feliz, faltavam algumas varias coisas para organizar, mas só começaria a trabalhar na segunda, o que lhe dava o sábado e o domingo para adiantar a arrumação e talvez até descansar. Fez bem em vir esses dias antes. Olhou o relógio e marcava 19 horas, podia sair e procurar algo para comer que, definitivamente não fosse hambúrguer, mas o cansaço foi maior e resolveu ficar ali deitada até adormecer. Teve sonhos estranhos com cavalos, gritos e uma grama verde, os sonhos de sempre, mas dessa vez tinha algo diferente, um par de olhos azuis talvez? 

Regina gostaria de dizer que foi acordada com o beijo de um amor verdadeiro, ou ao menos com o beijo de alguém, mas não. A cama vibrava e ela achou que seus porta-retratos cairiam da estante a qualquer momento pelo modo como tremiam com o som alto que ultrapassava a parede fina entre os apartamentos. Bateu três vezes na porta antes que uma mulher de cabelo curto, no maior estilo Spock, viesse atender.

-Acredito que os Rolling Stones serão perfeitamente ouvidos se o volume diminuir. – Falou com sarcasmo.

-Ohh me desculpe, não sabíamos que tínhamos vizinhos. Os apartamentos desse andar quase nunca estão ocupados. –Ela falou enquanto ia ate o aparelho de som e o desligava, pelo modo como estava corada parecia realmente constrangida.

-Tudo bem, e não precisa desligar, baixar o som já é de grande ajuda. – Disse já virando em direção a sua porta.

-Ei, você não quer entrar? Como eu disse, quase nunca temos vizinhos e acho que a gente pode conversar e se conhecer. – A mulher tinha baixa estatura e a pele muito alva, suas expressões corporais e seu sorriso passavam a sensação de que a gentileza era a característica mais marcante de sua personalidade.

-Acho que vou entrar, preciso terminar as coisas da mudança e acredito que você esteja ocupada também, ouvindo musica no volume máximo às 10 da noite. –Tentou, jurava que tinha tentado não ser sarcástica.

   -Oh vem cá, vai ser bom nos conhecermos, por falar nisso, meu nome é Mary Margaret.

Foi arrastada para dentro.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, e me digam o que acharam! ♥
Música em que foi retirado o nome do capítulo: Infinito Particular, da Marisa Monte.


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