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História Nada Ficou no Lugar - Dizer não é dizer sim


Escrita por: MissParrilla1

Notas do Autor


Espero que gostem, boa leitura <3

Capítulo 2 - Dizer não é dizer sim


A primeira impressão que teve ao entrar no apartamento de sua vizinha foi o delicioso cheiro de comida que inundava o apartamento. Só agora ela tinha consciência de que estava com fome, lembrou-se que se mantinha em pé apenas com o café da manhã e o mísero hambúrguer que comeu à tarde, mas seu pensamento foi cortado ao ver a loira que chegara a sala num rompante, usando apenas uma toalha.

- Mary. – Ela gritou ainda do corredor. – Combinamos que hoje seria o meu dia de colocar a música, faça-me o favor de ligar... – Ela parou quando chegou à sala e encontrou Regina em pé próxima ao sofá. A loira lançou um olhar acusatório a Mary que dizia claramente que ela deveria ter sido avisada que tinham visitas, talvez assim pudesse ter vestido algo que a deixasse menos exposta antes de ir até a sala, seus olhos se voltaram a Regina com um sorriso tímido entre os lábios.

-Emma, essa é Regina, ela é nossa vizinha e nós estávamos a incomodando com o som alto. – Agora eram os olhos de Mary que lançavam a Emma faíscas acusatórias.

- É um prazer, Regina. – Ela estendeu à mão a morena que a apertou. – E nos desculpe pelo som, não sabíamos de sua existência.

- Eu só cheguei esta madrugada e ainda não tive tempo de socializar com vizinhos. – Sua voz soou descontraída, mas por dentro ela sabia da ironia contida naquelas palavras. Nem sempre foi de fazer amizades com vizinhos, mal lembrava quais eram os nomes dos caras que moraram, por pelo menos uns 5 anos no apartamento ao lado do seu, em Nova Iorque.

Regina aceitou ficar para comer depois da insistência de Mary e da loira, mas no fundo também era porque estava com fome e sabia que não teria nada em casa ou aberto na rua à uma hora dessas. Emma decidiu que se vestir era a melhor opção antes de sentar para comer e Mary pediu a Regina ajuda para colocar a mesa e a explicou o porquê de estarem jantando tão tarde. Aparentemente Emma era a xerife e sempre trabalhava até as 20:00 nos dias de semana, e Spock era professora pela manhã e dava aulas particulares a tarde e a noite, o que as faziam sempre jantar tarde. O apartamento das duas não era grande, mas nada mal para um casal. A sala era interligada com a cozinha de modo que a televisão, não muito grande, ficava posicionada de um jeito que era possível assisti-la tanto da sala quanto da cozinha, com uma leve dificuldade.

Emma abriu uma garrafa de vinho com a desculpa de que “Sexta é dia de comemorar que o fim de semana chegou” e elas sentaram para comer a macarronada acompanhada do vinho. Depois de reclamarem sobre os personagens de alguma novela ou série que passava na televisão, a qual Regina não assistia, começaram com a inquisição que já era esperada.

- Então Regina, de onde você veio? – Mary perguntou de modo descontraído, mas sua curiosidade era quase palpável.

- Eu venho de Nova Iorque... – Não conseguiu terminar a frase.

-Sério? Eu também venho de lá. – A voz de Emma soou um pouco estridente e tinha um brilho nos olhos verdes que fez a morena sorrir.

- Sim, vim a trabalho, praticamente forçada para falar a verdade. – Falou a ultima frase quase como se fosse apenas para si mesma, segurando o instinto de revirar os olhos.

-Sei como é, também vim a trabalho. Fui transferida para assumir a delegacia de Storybrook por 5 meses... Estou aqui a um ano. – Emma fez uma careta involuntária.

- Não faça essa cara, Emma, eu sei que você gosta daqui. – Mary soou magoada.

- Eu me acostumei, e isso é bem diferente de gostar. – Ela ria da cara de indignação de Mary. – Mas então, Regina –Ela virou-se para a morena - Que tipo de trabalho veio fazer aqui? – Regina suspirou internamente, ainda não admitia para si mesma que fora obrigada, em nome de sua carreira, a ir para aquele fim de mundo.

-Eu sou advogada, trabalho para uma grande firma na cidade – não quis de modo algum parecer convencida ao dizer isso, mas percebeu os olhos das duas se arregalarem. - e estava me preparando para subir de cargo... É complicado explicar, mas para resumir eu preciso fazer a assessoria jurídica de uma empresa durante um tempo para conseguir esse cargo mais alto e o meu chefe me mandou para assessorar uma empresa localizada exatamente aqui nesse fim de mundo. – Ela falou tudo de uma vez só dando espaços entre os goles de vinho que tomava.

 - Bom, Storybrook não é lá essas coisas, mas tem seus encantos, principalmente se você tiver ao seu lado as pessoas certas ao conhecer o lugar. –Elas duas se olharam de modo malicioso e Regina sorriu.

Estavam sentadas na mesa da cozinha, mas Mary as convidou para sentarem na varanda, pois segundo ela “A lua estava linda e merecia ser apreciada”.

Regina sentou-se em um banco estofado no canto esquerdo da varanda e se perdeu em pensamentos enquanto observava o caís ao longe e recebia golpes leves de um vento gelado, mas ao mesmo tempo gostoso.

- Então, por quanto tempo vai ficar por aqui? – Mal percebeu que Emma sentou-se ao seu lado, lhe entregando sua taça de vinho que esquecera na mesa da cozinha.

- Não sei ao certo, mas acredito que alguns meses... Não muito. –A ultima frase soava mais como uma súplica.

-Olha, eu moro aqui a um tempo e tenho que te dizer que o canto dos pássaros na janela pela manhã é algo que jamais me acostumei, então boa sorte. – As três riram e decidiram tomar mais uma taça de vinho.

- Mas, então, você não tem mais planos de ir embora daqui, tem? Digo, eu vejo que é difícil pra você se acostumar com a cidade, mas você encontrou a Mary, certo? – Perguntou não por real interesse, queria mais mudar o foco do assunto para qualquer coisa que não fosse sua vida particular. As duas se olharam e trocaram olhares divertidos.

-Regina, nós não somos namoradas. – Mary ria enquanto falava. – E nem moramos juntas. Na verdade Emma mora no apartamento em frente ao seu, mas prefere ficar aqui porque é extremamente solitária, coitada.

- Hey, isso não é verdade. – Elas riam muito, e a morena procurava um lugar onde esconder o rosto que deveria estar queimando nesse momento.

- Oh me desculpem, eu imaginei... Na verdade não sei por que imaginei isso... 

-Ei, tudo bem, não se preocupe. – Mary sorria de modo acolhedor para Regina, vendo que ela estava visivelmente constrangida, enquanto Emma ainda ria para os quatro cantos.

Conversaram por mais algum tempo, mas se sentiam cansadas, tanto pelo dia corrido quanto pelo álcool que ajudava bastante com o sono.

Regina chegou ao seu apartamento desejando desesperadamente um banho quente e sua cama. Checou o seu celular e viu algumas ligações de sua mãe, algumas de sua irmã e uma de Belle, resolveu que ligaria para todas pela manhã, não tinha mais forças para falar com ninguém. Deixou a banheira enchendo enquanto foi procurar um pijama confortável nas caixas etiquetadas como “roupas” e se deparou com a caixa que pegou durante a tarde.

 As duas camisas no fundo, a camisa do time de basquete de número 23 e a outra camisa de cor azul como o céu em um dia claro. Não queria se permitir pensar no que aquelas blusas significavam, principalmente porque, mesmo sem admitir, sentia-se emotiva com toda a história da mudança e sabia que isso era um gatilho para a tristeza, e não queria passar esse final de semana mergulhada em memórias e dores do passado. Colocou essa caixa específica dentro do armário que havia em seu quarto, ficaria ali e ela não iria mexê-la, nem nos seus dias mais tristes.

Mesmo afastando de si todos esses pensamentos dolorosos, entrou na banheira com um aperto no peito. Sentia a ansiedade se instalar em seu corpo e se reprimiu mentalmente por ter dado uma das camisas a um estranho. No fundo sabia que havia agido do jeito certo, mas quando algo nos é precioso, certo e errado poucas vezes contam como base para se tomar uma decisão. Sabia que havia passado o restante do dia como se não ligasse para o que tinha feito, como se desapegar daquela camisa/lembrança fosse algo natural e fácil, mas lá dentro, no fundo, não era, e ela esteve ciente disso o tempo todo. Certo sentimento de culpa começou a invadi-la e ela sentia as lágrimas se formarem no canto dos olhos. Afundou na banheira esperando que aquela água quente não lavasse somente seu corpo, mas também sua alma.

 Acordou com a impressão de que alguém lhe chamava. Não era exatamente uma voz, mas alguém realmente a chamava, pelo celular pelo menos, que tocava sem parar. Olhou grogue para a tela do aparelho e com a visão ainda turva de sono conseguiu identificar o nome “Zel” clamando. Quase podia ouvir, antes mesmo de atender, o desespero mesclado com irritação de sua irmã por ainda não ter dado noticias.

-Hey, Zel!

-Regina você quer me enlouquecer? Pode me dizer que está viva e esse telefonema não foi atendido diretamente do céu, por favor?

Zelena era extremamente dramática, principalmente quando se tratava de Regina, sua irmã caçula. Esse jeito desesperado e cuidadoso sempre divertia a morena, e a aquecia por dentro. Zelena era de longe a sua melhor amiga, mesmo que elas já não dividissem o mesmo teto a anos. Quando eram mais novas as pessoas tinham problemas para acreditar que elas eram de fato irmãs porque as diferenças entre as duas eram bastante visíveis. Zelena puxara ao pai que não era o mesmo pai de Regina, e tinha olhos de um azul profundo e seu cabelo era ruivo e caiam em cachos perfeitos, já Regina possuía olhos de um castanho encantador e seu cabelo era preto e muito liso.

Depois de contar sobre o dia anterior e ouvir piadas e insinuações do tipo “Ele era ao menos gostoso?”, “Ele foi atrás de você com a desculpa de uma camisa e você nem deu seu número?”, “ Eu não acredito que mal chega a cidade e já recebe visitas de caras gostosos em seu apartamento”. Regina riu quase todo o telefonema, conversar com sua irmã trazia um grande alívio a seu coração, ela era sempre tão alto astral que Regina chegava a ter inveja disso.

Ao desligar, checou novamente quem teria lhe ligado e resolveu mandar uma mensagem bem direta para sua mãe “Cheguei bem e está tudo ótimo por aqui. Desculpe não avisar ontem, estava ocupada. Beijos.”. Não estava exatamente em boas condições para falar com sua mãe no momento.

Depois de tomar um banho e vestir uma roupa mais quente, o dia estava frio, resolveu descer para tomar um café. Eram 8 da manhã e Emma e Mary haviam prometido chegar as 10 para a ajudarem com a arrumação do apartamento. Enquanto tomava o café e comia um bagel no balcão, pensava como era incrivelmente estranho ter contato com vizinhos, e até imaginar ter uma amizade com eles. Ela já teve isso, mas foi a muito tempo e já desacostumara com esse tipo de coisa, a cidade grande não permitia esse tipo de interação.

-Hey. – Regina quase derramou o café que tomava e Robin riu. – Você realmente se assusta com muita facilidade.

- E você realmente gosta de chegar de fininho assustando as pessoas.

- Eu não cheguei de fininho, acho que você está tão absorta em pensamentos que não viu que até café eu já pedi aqui do seu lado. – Ele sorria, e agora que estava mais descansada, Regina pôde perceber como seu sorriso era bonito, assim como seus olhos azuis. Ela tomou mais um gole de café e deu de ombros mudando de foco sua atenção, enquanto ele sentava ao seu lado. –Então, Regina, presumo que não seja daqui, está só de passagem? – Disse em meio a um gole de café. A menção ao seu nome fez com que ela voltasse sua atenção a ele.

-Então descobriu o meu nome e ainda aparece aqui duas vezes enquanto estou no lugar, está me perseguindo Robin? – Ela arqueou uma das sobrancelhas e em seus lábios se projetaram um sorriso malicioso.

-Eu sou bom em pesquisas – Ele lhe devolveu o sorriso.- E estou sempre aqui, então acredito que seja você que esteja me perseguindo... – Ela riu.- Ah, e sobre a pergunta de ontem, não, não sou muito fã de mistérios.

- Você disse que presume que não sou daqui, o que o faz pensar isso? – Ela o olhava segurando um sorriso.

- É simples, eu conheço quase todo mundo dessa cidade, e me lembraria se já tivesse visto o seu rosto ao menos uma vez por aqui. – Ela o olhou nos olhos por um segundo e pôde sentir a profundidade com qual eles pareciam observá-la, soltou um sorriso no canto da boca  desviando o olhar. Vendo que ela não o respondia, Robin continuou. –Então, vai me dizer o que veio fazer em Storybrook?

Regina riu.

- Posso saber que interesse todo é esse em minha vida? Quer saber se apresento algum risco a sua preciosa cidade?

-Claro, não posso permitir que saia por ai banhando as pessoas com refrigerante. – Os dois riam.

- Bom, já que foi tão rápido em descobrir meu nome, lhe dou uma tarefa mais difícil, de saber o que vim fazer aqui. Porque você pode não gostar de mistérios, mas eu gosto. – Ela piscou pra ele com um sorriso no canto dos lábios, e ele abriu um sorriso brilhoso.

-Acho que posso arrancar de você, talvez? Sou muito bom em persuasão. – Ela riu solto.

-Você pode tentar, mas não acredito que vá conseguir.

-Então... Eu posso tentar concluir minha pesquisa depois de uns drinks, hoje a noite? – Ela paralisou por um segundo o encarando, e em poucos segundos recobrou a consciência.

- Eu não tenho tempo para drinks. – Falou secamente, levantando-se para sair dali.

-Eu disse algo que a chateou? -Ele disse ao segurar o braço de Regina de forma delicada e os dois se olharam nos olhos por alguns instantes.

-Não, eu só... Eu estou ocupada e preciso ir, é só isso.

 Se despediu com um aceno rápido, para subir para seu apartamento, deixando um Robin confuso no balcão. Enquanto subia a escada pensou em como, no súbito, quase aceitou o convite que ele fizera para saírem, e em como queria ter aceitado.

 

 

 

 


Notas Finais


Gente me desculpem pelos erros, eu to cheia de coisa da faculdade então ta meio difícil, mas espero que tenham gostado. Me digam o que acharam, do capítulo, isso ajuda muito.
Música do nome do capítulo: Dizer não é dizer sim, do Kid Abelha.


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